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ÓBITOS POR SUICÍDIO EM UMA MICRORREGIÃO DA BAHIA

No documento CATEGORIA GRADUANDO - ORAL (páginas 72-74)

Giselle de Santana Vilasboas Dantas Marcela Andrade Rios Ayêsha Alannah Fonseca Mota Jaine Kareny da Silva.

INTRODUÇÃO: O suicídio é um grave problema de saúde pública que tem atraído atenção de muitos filósofos, médicos,

teólogos, sociólogos, por ser considerado um fenômeno complexo que requer cuidados. Estima-se que cerca de um milhão de pessoas tenham cometido suicídio no ano de 2000 e ainda que as taxas de suicídio aumentaram 60% nos últimos 50 anos, colocando-o entre as dez causas de morte mais frequentes em muitos países do mundo (OMS, 2006). O suicídio e o risco para tal estão intimamente ligados aos fatores sociais, biológicos, genéticos, ambientais, econômicos e principalmente psicológicos, pois estudos apontam que indivíduos com problemas psiquiátricos possuem maior risco para suicídio (LOVISI et al., 2009; OMS, 2006; VIDAL; GONTIJO; LIMA, 2013). O Brasil possui realidades sociais variadas, por esse motivo faz-se necessária análise epidemiológica do suicídio nas diversas regiões, para que as políticas de saúde pública sejam formuladas conforme perfil populacional (VIDAL; GONTIJO; LIMA, 2013).

OBJETIVOS: O estudo teve por objetivo descrever o perfil dos óbitos por suicídio na microrregião de saúde de Guanambi/BA,

entre os anos 1996 a 2012, quanto as características sociodemográficas dos indivíduos e causa da morte.

MÉTODOS: Trata-se de um estudo descritivo e transversal, que utilizou dados secundários sobre os óbitos por suicídios

de residentes na microrregião de Guanambi/BA entre 1996 e 2012. Foram incluídos todos os óbitos registrados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), tendo como causa básica da morte o suicídio, identificado pelas categorias de X60 a X84 da 10ª Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Esta microrregião apresentou população total de 434.037 habitantes em 2012, segundo projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, disponibilizada pelo Departamento de Informática do SUS (Datasus) (DATASUS, 2015). Os dados foram obtidos por via eletrônica, por meio Datasus, do Ministério da Saúde, com coleta nos meses de março e abril de 2015. As variáveis estudadas foram: ano do óbito, sexo, estado civil, escolaridade e causa da morte. O programa TabWin foi utilizado para tabulação dos dados e análise descritiva, com cálculos de frequências absolutas e relativas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram registrados 293 suicídios na microrregião estudada, entre os anos 1996 a 2012. Notou-

se que o número de casos subiu de 10 (3,4%) em 1996 para 24 (8,2%) em 2012, sendo que em 2011 registrou-se o maior número de óbitos, 39 (13,3%). Os coeficientes de mortalidade padronizados variaram de 3,01 óbitos/100.000 habitantes em 1996, para 5,53 em 2012, atingindo 8,32 óbitos/100.000 habitantes em 2011. Em todo o período estudado o sexo com maior frequência de óbitos foi o masculino, com 250 registros (85,3%) e 43 mortes foram de mulheres (14,7%). Quanto à faixa etária, a maioria ocorreu em indivíduos com idade entre 30 a 39 anos (n= 68; 23,2%), seguido por 20 a 29 anos (n= 63; 21,5%). Outros estudos contemplam esses achados afirmando que o suicídio no sexo masculino é prevalente em relação ao sexo feminino, sendo que os suicídios masculinos são predominantemente caracterizados por lesões autoprovocadas enquanto as mulheres por autointoxicação (LOVISI et al., 2009; MACHADO; SANTOS, 2015; MINAYO et al., 2012). Entretanto Vidal, Gontijo e Lima (2013) apontam que as tentativas de suicídio não letais foram mais frequentes e predominantes entre as mulheres. Ressalta- se que foram encontrados óbitos 26 óbitos (8,9%) envolvendo adolescentes (até 19 anos de idade), bem como 40 registros

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envolvendo idosos, o que representa 13,6% do total de suicídios. Ao analisar as variáveis sexo e faixa etária, verificou-se que a frequência de suicídio envolvendo adolescente do sexo feminino foi superior a encontrada para o sexo masculino (18,6% e 7,6%, respectivamente). O inverso foi encontrado para os idosos, uma vez que o homem idoso cometeu mais suicídio do que a mulher idosa (14,4% e 6,3%, respectivamente). Em uma análise de tendência Minayo et al. (2012) mostrou crescimento significativo para o homem idoso brasileiro, enquanto as mulheres idosas tiveram quedas nas taxas. A autora ainda afirma que é necessário atentar-se para situação dos homens idosos oportunizando o momento de aposentaria para novas realizações pessoais afim de prevenir o suicídio. Quanto ao estado civil, a maior parte de óbitos ocorreu em solteiros (n= 128; 43,7%). Em concordância Lovisi et al. (2009) e Vidal, Gontijo e Lima (2013) apontam em seus achados prevalência de suicídio em solteiros, desempregados e com nível baixo de escolaridade. No presente estudo a variável escolaridade apresentou percentual elevado de não informação (n= 94; 32,1%). A causa do óbito mais frequente foi aquela classificada com o código X70 da CID 10 “lesão autoprovocada intencionalmente por enforcamento, estrangulamento ou sufocamento”, apresentando 116 registros (39,6%), seguido por X68 “Autointoxicação intencional com pesticidas”, com 65 casos (22,2%). Um estudo de Machado e Santos (2015), corrobora com esses achados, afirmando que no Brasil entre 2000 a 2012 os óbitos por suicídio decorrentes de lesões autoprovocadas totalizaram 86,9% das notificações, tendo como principal causa o enforcamento e lesões por arma de fogo.

CONCLUSÃO: Observou-se um número crescente de óbitos por lesão autoprovocada entre os anos estudados, atingindo

especialmente homens, solteiros, jovens e utilizando enforcamento, estrangulamento ou sufocamento para levar ao óbito. Ressalta-se que, também foram encontrados registros de óbitos nas faixas etárias de adolescente e idosos, envolvendo especialmente indivíduos do sexo masculino. Foi encontrada elevada frequência de não completude de dados para a variável escolaridade, sugerindo a necessidade de melhorias no processo de preenchimento das declarações que óbito que alimentam o sistema de informação sobre mortalidade. Sugere-se a realização de estudos que busquem possíveis fatores associados aos suicídios na microrregião, podendo, desse modo, identificar grupos de risco e possibilitando a adoção de medidas preventivas.

REFERÊNCIAS

DATASUS. Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Ministério da Saúde. Informações de saúde. População residente. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?ibge/cnv/popba.def. Acesso em: 10 Ago. 2015. ;

LOVISI, Giovanni Marcos et al. Análise epidemiológica do suicídio no Brasil entre 1980 e 2006. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2009, vol.31, suppl.2, pp. S86-S93. ISSN 1809-452X. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462009000600007.;

MACHADO, Diane Borges; SANTOS, Darci Neves dos. Suicídio no Brasil de 2000 a 2012. J. bras. psiquiatr. vol.64 no.1 Rio de Janeiro Jan./Mar. 2015.;

MINAYO, Maria Cecília de Souza et al. Tendência da mortalidade por suicídio na população brasileira e idosa, 1980- 2006. Rev. Saúde Pública vol.46 no.2 São Paulo Abr. 2012.;

Organização Mundial da Saúde - OMS. Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias. Prevenção do suicídio

um recurso para conselheiros. Genebra, 2006. Disponível: http://www.who.int/mental_health/media/counsellors_portuguese. pdf. Acesso em: 14 Ago. 2015.;

VIDAL, Carlos Eduardo Leal; GONTIJO, Eliane Costa Dias Macedo; LIMA, Lúcia Abelha. Tentativas de suicídio: fatores prognósticos e estimativa do excesso de mortalidade. Cad. Saúde Pública vol.29 no.1 Rio de Janeiro Jan. 2013.;

PREVALÊNCIA E FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À

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