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AVANÇOS E DESAFIOS EM SERVIÇO DE RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

No documento CATEGORIA GRADUANDO - ORAL (páginas 92-94)

Anna Karolinne de Oliveira Silva Ana Paula Mousinho Tavares Márcia Astrês Fernandes Aline Raquel de Sousa Ibiapina.

INTRODUÇÃO: A reforma psiquiátrica consiste em construções, reflexões e transformações nos âmbitos assistenciais,

culturais e conceituais. Nesse contexto, surge a desinstitucionalização, com vistas a estabelecer novas relações com a loucura, construindo um novo elo que vise à coexistência, à troca, à solidariedade e aos cuidados necessários (AMARANTE, 1997). No Brasil, no início dos anos 90 surgem iniciativas pioneiras conhecidas por residências terapêuticas, termo que se origina do Serviço Residencial Terapêutico (SRT), oficialmente nomeado pelo Ministério da Saúde em 2000, através das Portarias 106 e 1.220 que tratam da organização, funcionamento e financiamento dessas residências (FURTADO, 2006). Segundo Brasil (2000), Serviços Residenciais Terapêuticos são moradias ou casas inseridas, preferencialmente, na comunidade, destinadas a cuidar dos portadores de transtornos mentais, egressos de internações psiquiátricas de longa permanência, os quais não possuam suporte social e laços familiares.

OBJETIVOS: Objetiva-se no presente estudo relatar a experiência de uma cuidadora em um Serviço de Residência Terapêutica,

localizado no município de Teresina, Piauí. Além disso, tem como propósito descrever as atividades desenvolvidas pelos moradores e cuidadores e discorrer sobre a autopercepção do profissional no seu papel como ator social no processo de reinserção desses moradores na comunidade.

MÉTODOS: Trata-se de um relato de experiência vivenciado pela cuidadora do Serviço Residencial Terapêutico II, do município

de Teresina. Referente à Sistematização levou-se em consideração a trajetória percorrida pela servidora desde o momento inicial em que optou por realizar o concurso na área, sua expectativa ao assumir o emprego e as dificuldades com as quais teve contato dentro do serviço desde a sua admissão no serviço, ou seja, de junho de 2012 até o presente momento.

RESULTADOS: Ao primeiro contato com o Serviço em 2012 e com as pessoas que residiriam nesse local, o desejo inicial foi

o de construir junto com elas a sua reinserção na sociedade e sua autonomia para realizarem atividades consideradas difíceis, visto que por um período prolongado vivenciaram uma realidade de reclusão e abandono, fato este que motivou a equipe para o cuidar humanizado e educador, embora sabendo não ser uma tarefa fácil. E, assim, ao longo do tempo foram construídos confiança, amor, respeito e responsabilidades, o alicerce entre a equipe e os moradores. A cada plantão era ensinada pelo cuidador uma tarefa diferente e reforçadas as demais. Varrer, lavar louças, lavar roupas, escrever, ler e comunicar. A realização de tarefas cotidianas é negociação constante entre necessidade, vontade expressa e disponibilidade, fazendo parte do processo de reabilitação psicossocial (BRASIL, 2004, p. 12). O mesmo autor traz a importância do profissional cuidador no projeto, pois o mesmo infere uma presença impactante numa dosagem de cuidado e auxílio na aquisição da autonomia do morador de uma residência terapêutica.

ANÁLISE CRÍTICA: Partindo do pressuposto da descentralização do modelo hospitalar para o comunitário e da redução dos

leitos em hospitais psiquiátricos propostos pela reforma psiquiátrica, percebe-se que muito ainda precisa ser realizado, mesmo com a existência dos Centros de Atenção Psicossocial e dos Serviços Residenciais Terapêuticos, pois há descrença e negação, principalmente por parte da sociedade. Silveira e Santos Júnior (2011) enfatizam ser árduo desfazer o paradigma traçado historicamente da imagem do “louco” como um ser agressivo, perigoso e incurável. Observando a realidade de Teresina nota-se

1 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI - 2 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI - 3 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI - 4 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI.

que não destoa da realidade nacional, o retorno do convívio com a família é um processo doloroso. O ato de ligar e pedir uma visita e receber um “não” como resposta é repetidamente vivenciado, sendo este amenizado pelo carinho proporcionado pelos cuidadores aos moradores. E agora, aqueles que trazem os vestígios da “loucura”, ao romperem os princípios que norteiam as relações em diferentes representações sociais numa determinada cultura, tornam-se excluídos, não mais nos hospitais psiquiátricos, mas, agora, nos Residenciais Terapêuticos (SILVEIRA e SANTOS JÚNIOR, 2011). No entanto, é possível perceber o avanço pessoal de todos e acreditar que o cuidado comunitário é uma realidade, apesar de reconhecer que muito ainda precisa ser feito, para todos os direitos dessas pessoas serem atendidos efetivamente.

CONCLUSÃO: Conclui-se, portanto, que é possível notar o tamanho do crescimento pessoal de todos, moradores e profissionais.

O cuidador mesmo desempenhando muitas vezes o papel de familiar não sana a falta deixada por estes na vida desses moradores. As tarefas repetidas vezes ensinadas hoje são desempenhadas facilmente e automaticamente, mas é preciso que a sociedade aprenda a necessidade de convivência em grupo destas pessoas e a família entenda o verdadeiro significado dela na vida dos moradores para que, de fato, ocorra transformações positivas e definitivas na vida dessas pessoas, as quais saíram da exclusão de um hospital psiquiátrico para se reintegrarem como cidadãos na sociedade.

REFERÊNCIAS:

AMARANTE, P. Loucura, cultura e subjetividade: conceitos e estratégias, percursos e atores da reforma psiquiátrica brasileira. Saúde e Democracia. In FLEURY, S. (org.), Saúde e Democracia – A luta do CEBES. Rio de Janeiro: Lemos Editorial, 1997, p.163- 185.;

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Residências terapêuticas: o que são, para que servem. Brasília (DF); 2004.;

BRASIL. Portaria/GM no 106, de 11 de fevereiro de 2000. Institui os Serviços Residenciais Terapêuticos no âmbito do SUS. Disponível em http://www.saude.sc.gov.br/geral/planos/programas_e_projetos/saude_mental/portaria_106.htm. Acessado em 20/08/2015;

FURTADO, J. P. Avaliação da situação atual dos Serviços Residenciais Terapêuticos no SUS. Ciência e Saúde Coletiva, jul/set 2006 ; v. 11, n. 3, p. 785-795.;

SILVEIRA, M. F. A. e SANTOS JUNIOR, H. P. O. S., orgs. Residências terapêuticas: pesquisa e prática nos processos de desinstitucionalização [online]. Campina Grande: EDUEPB, 2011. 320p. Disponível em SciELO Books.;

PALAVRAS-CHAVE: Serviços Residenciais Terapêuticos; Desinstitucionalização; Moradias Assistidas; Saúde

ENSINO DE CUIDADOS PALIATIVOS NO BRASIL E

No documento CATEGORIA GRADUANDO - ORAL (páginas 92-94)

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