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SAÚDE DO TRABALHADOR: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UMA HORTA COMUNITÁRIA

No documento CATEGORIA GRADUANDO - ORAL (páginas 78-80)

Evellyn Stefanne Bastos Marques Manalde Ferreira da Silva Marta Pereira da Cruz Márcia Astrês Fernandes Márcia Teles de Oliveira Gouveia.

INTRODUÇÃO: A saúde do trabalhador integra a área da Saúde Pública e objetiva o estudo das relações entre o trabalho e a

saúde, através da elaboração e da aplicação de medidas que visem à promoção, proteção e recuperação da saúde do trabalhador. A saúde no trabalho é determinada por fatores sociais, econômicos, tecnológicos e organizacionais, além de fatores de risco de natureza físicos, químicos, biológicos, mecânicos e ergonômicos (SERVILHA; LEAL; HIDAKA, 2010). Diante dessa complexidade, a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora foi instituída e com finalidades, princípios, diretrizes e estratégias, visando o desenvolvimento da atenção integral à saúde do trabalhador (BRASIL, 2012). Na agricultura, a segurança no trabalho está relacionada à preocupação com a qualidade, sendo um dos itens exigidos por empresas certificadoras para a exportação, além da preocupação com a preservação do meio ambiente (CARVALHO; BORÉM; RABELO, 2008).

OBJETIVOS: Conhecer as atividades realizadas na horta comunitária, os riscos a que os trabalhadores estavam expostos, as

condutas em casos de acidentes e identificar a aplicabilidade das Normas Regulamentadoras neste ambiente de trabalho.

MÉTODOS: Trata-se de um relato de experiência desenvolvido a partir de uma visita técnica em uma horta comunitária,

localizada na zona norte do município de Teresina/PI, sendo uma atividade da disciplina Enfermagem e a Saúde do Trabalhador da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Para o levantamento de dados foi realizada a observação participativa do ambiente, além de entrevistas com os trabalhadores.

RESULTADOS: O horário de trabalho depende do trabalhador, mas geralmente ocorre pela manhã das 6 às 9 horas e

pela tarde, de 16 às 18 horas. Quanto às reuniões, não há uma frequência estabelecida e ocorrem por demanda. Quanto ao funcionamento, cada trabalhador é responsável por cuidar dos seus lotes e comercializar a produção no próprio local. O trabalho no plantio é desgastante, em grande parte devido ao sol e às altas temperaturas. Uma reclamação frequente é a dor na coluna vertebral devido aos movimentos repetitivos. Os trabalhadores estão expostos a risco de natureza físicos, químicos, biológicos, mecânicos e ergonômicos. Notou-se a ausência da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). Os acidentes não são frequentes, mas quando ocorrem, em geral, são cortes na parte dorsal do pé, por materiais esquecidos no chão. Nesses casos, os trabalhadores procuram atendimento na Unidade Básica de Saúde ou Hospital Municipal do bairro, por serem mais próximos da horta comunitária. Observou-se ainda a falta de conhecimento sobre o assunto e a ausência de documentação nos casos de acidentes. Identificou-se ainda que os trabalhadores têm pouco conhecimento quanto à importância do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), e quando os possuem, são poucos, sendo estes comprados pelos próprios trabalhadores. Outra observação foi o reduzido investimento que recebem da Gestão Municipal, a qual disponibiliza apenas o carro para a busca de materiais, como o adubo.

ANÁLISE CRÍTICA: O sol e o calor são os principais fatores para a curta duração da jornada de trabalho. A atividade realizada

expõe os trabalhadores a riscos físicos e interfere na sua qualidade da vida. A ausência de CIPA no ambiente de trabalho está em desacordo com a Norma Regulamentadora n° 5, a qual aborda a CIPA como um instrumento que objetiva a prevenção de

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acidentes e doenças decorrentes do trabalho. Assim, tornando compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. Essa ausência reflete-se nas condutas em caso de acidentes e constituem riscos para os trabalhadores que podem levar a incapacidades temporárias ou permanentes. Segundo a Norma Regulamentadora n° 6, EPI é todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. Como observado, os trabalhadores da Horta Comunitária possuem poucos EPIs e carência de conhecimentos quanto à necessidade e importância do seu uso. A ausência de investimento por parte da gestão pública municipal agrava a situação na qual esses trabalhadores se encontram.

CONCLUSÃO: A atividade exercida em conjunto com a ausência de investimentos impacta negativamente na qualidade de

vida e predispõe os trabalhadores a riscos ocupacionais que poderiam ser evitados ou minimizados, pela adoção de instrumentos contidos nas Normas Regulamentadoras e na Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, instituída pela Portaria nº 1823 de 23 de agosto de 2012. A pouca informação e conhecimento dos trabalhadores são fatores que perpetuam a situação degradante a qual permanecem expostos. Importa ressaltar que a educação em saúde se constitui em um importante instrumento que proporciona informações para o empoderamento da classe trabalhadora e, por conseguinte, impulsiona a lutar por melhorias nas suas condições de saúde e trabalho. Nesse contexto, concluímos que a Enfermagem exerce papel relevante e a experiência descrita foi extremamente valiosa.

REFERÊNCIAS:

BRASIL. Portaria nº 1.823, de 23 de agosto de 2012. Institui a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, nº 165, Seção I, p. 46-51, 24 de agosto de 2012. Disponível em: . Acesso em: 08 de agosto 2015.;

CARVALHO, C. C. S.; BOREM, F. M.; RABELO, G. F. Levantamento dos riscos existentes à segurança e à saúde do trabalhador na pós-colheita de café (Coffea arabica) conforme as exigências das normas regulamentadoras. Ciênc. agrotec., Lavras , v. 32, n. 2, p. 463-468, Apr. 2008. Disponível em: . Acesso em: 08 de agosto 2015.;

NR, Norma Regulamentadora Ministério do Trabalho e Emprego. NR-5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. 2009.;

NR, Norma Regulamentadora Ministério do Trabalho e Emprego. NR-6 - Equipamento de Proteção Individual. 2009.;

SERVILHA, E. M.; LEAL, R. O. ; HIDAKA, M. T. U. Riscos ocupacionais na legislação trabalhista brasileira: destaque para aqueles relativos à saúde e à voz do professor. Rev. soc. bras. fonoaudiol. V.15, n°4, São Paulo, Dec. 2010. Disponível em:. Acesso em: 08 ago. 2015.

ATIVIDADES EDUCATIVAS COMO INSTRUMENTO

No documento CATEGORIA GRADUANDO - ORAL (páginas 78-80)

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