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POLÍTICA DE ATENÇÃO AO USO ABUSIVO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS

No documento CATEGORIA GRADUANDO - ORAL (páginas 90-92)

Carolina Veras Vieira Chesly Jaynara Barbosa de Sousa Eduardo Araújo Brito Sobrinho Maria do Socorro de Souza Meireles Sylmara Cleonyce Magalhães Jacobina João Paulo Sales Macedo.

INTRODUÇÃO: Historicamente, as utilizações de substâncias psicoativas sempre fizeram parte da história da humanidade,

em diversos contextos e em diferentes formas. Algumas vezes relacionadas ao desejo do homem em querer modificar o estado de sua consciência, em tentativas de dominação da mortalidade, ou até mesmo como desejo de consertar a realidade. A relação estabelecida entre a droga e o homem na pós-modernidade esteve entrelaçada na ideia do consumismo estabelecida com o avanço do capitalismo, que vincula ao homem, o consumo acelerado e inconsequente desses psicoativos. As práticas manicomiais em saúde mental, dirigidas a usuários de drogas, variaram entre os cuidados pautados na religião ou em modelos médicos centrados, não garantindo a eficácia e a resolutividade nos cuidados desses pacientes. Dessa forma, reforçam o modelo que exclui esses usuários e os segrega, sendo a internação a única forma de intervenção, partindo sempre da ideia da abstinência.

OBJETIVOS: O objetivo desse estudo foi fazer uma revisão bibliográfica sobre a política de atenção ao uso abusivo de álcool

e outras drogas, focalizando as discussões sobre a Redução de Danos (RD).

MÉTODOS: Foram analisadas publicações nacionais sobre o tema, de 2010 e 2013. E entre as principais literaturas selecionadas

encontram-se informações extraídas do Conselho Federal de Psicologia e também contribuições relacionadas à IV Conferência Nacional de Saúde Mental.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados evidenciados pela literatura demonstram que, desde 1988, as possibilidades

ligadas ao uso de drogas eram três, sendo a primeira possibilidade ligada à saúde, na qual as drogas são vistas como uma doença e o usuário como dependente, sendo assim, os mesmos eram encaminhados para uma clínica psiquiátrica, e dependendo do nível de dependência poderiam ir do ambulatório até a internação em hospitais psiquiátricos. A segunda possibilidade é do ponto de vista da justiça, na qual o uso de drogas é um delito e deve ser punido com reclusão, nesse caso, penalizando apenas os mais pobres, pois os ricos conseguiam advogados especializados para se livrarem da condenação. A terceira possibilidade é na visão das religiões, na qual o uso de drogas é um pecado, que só poderia ser absolvido com a adesão à religião e a aceitação dos preceitos desta. O Movimento da Psiquiatria Democrática Italiana surgiu como proposta de um melhor trabalho no campo da saúde mental, buscando descontruir as verdades legitimadas anteriormente, pelo saberes hegemônicos. A Reforma Psiquiátrica Brasileira se baseia nessa proposta, que no contexto da droga inicialmente encontrou nas práticas relacionadas à prevenção do Human Immunodeficiency Virus, denominada de Redução de Danos, um modelo de atenção que visa o sujeito para além do seu contexto das drogas, inserindo, assim, o problema do uso de drogas na saúde pública brasileira. A RD inserida nas políticas públicas do governo brasileiro busca, através do seu tratamento, um aumento do grau de liberdade e de corresponsabilidade do usuário, possibilitando, assim, o protagonismo dos mesmos e dos familiares. Propõe, através disso, esquemas de proteção, sem exigências de abstinência, dando-se importância aos múltiplos fatores que influenciam os usuários nas suas diferentes formas de uso, suas causas, suas consequências e levando em consideração todo o contexto onde o mesmo está inserido. Com a criação dos Centros de Atenção Psicossocial, esses serviços tornaram-se responsáveis pela organização das redes de cuidados para pacientes drogaditos e pessoas com transtorno mental grave. Neste contexto, o tratamento dos usuários deve ser estabelecido sem a mediação por parte de valores e crenças, sendo necessário um vínculo para com eles, sem julgamentos de ilicitude, totalmente voltado para a demanda do tratamento. Sobre os usuários, eles podem ser classificados em funcionais

1 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI - 2 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI - 3 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI - 4 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI - 5 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI - 6 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI.

ou disfuncionais, aqueles ainda possuem vínculos sociais e estes apresentam graves quebras de vínculos. Diversos elementos interferem na vulnerabilidade do usuário, entre eles: gênero, idade, vínculo com instituições, escolaridade baixa, conflito, dívidas com o tráfico, relações de cuidado e acesso aos serviços de saúde.

CONCLUSÃO: Podemos concluir que a Redução de Danos inserida no Brasil desde 1994 tem como desafios: qualificar o

cuidado da rede com relação às pessoas que usam drogas; tornar a ação mais reflexiva, não reduzindo o fazer aos insumos e a orientação à prevenção; problematizar a tradicional forma de gestão em termos de hierarquia e fragmentação, fortalecer o controle social e diversificar possibilidades e estratégias de educação e saúde. O modelo psicossocial aborda a problemática de forma tangente, ou seja, não se impõe a abstinência e não traz a droga como principal objetivo na escuta. O trabalho tem como fim trazer à tona o sujeito com seus desejos, sofrimentos e história, gerando uma reflexão sobre o que está interno e externo. Caso isso não ocorra, mesmo que se retire a droga, o contexto de sofrimentos e as causas que o levam a procurar a droga ainda existem e não foram levados à reflexão.

REFERÊNCIAS:

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Referência técnica para atuação de psicólogas (os) em políticas públicas sobre álcool e outras drogas. Brasília: CFP, 88 p. 2013. Disponível em: . Acesso em: fev. 2014.;

LIMA, C. R. C. Álcool e outras drogas como desafio para a saúde e as políticas intersetoriais: contribuições para a IV conferência nacional de saúde mental –Intersetorial. In: VASCONCELOS, E. M. (Org.). Desafios políticos da reforma psiquiátrica brasileira. São Paulo: Editora Hucitec, 2010.;

MAYER, R. T. R. A contribuição do centro de referência em redução de danos: nossas palavras sobre o cuidado de pessoas que usam drogas. In: SANTOS, L. M. B. (Org.). Outras palavras sobre pessoas que usam drogas. Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Ideograf, 2010. p. 87-98. Disponível em:. Acesso em: fev. 2014.;

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Abordagens terapêuticas a usuários de cocaína/crack no sistema único de saúde. Coordenação Nacional de Saúde Mental. Brasília, 18p. 2010. Disponível em:. Acesso em: fev. 2014.;

PASSOS, E. Pensar diferentemente o tema das drogas e o campo da saúde mental. In: SANTOS, L. M. B. (Org.). Outras palavras sobre pessoas que usam drogas. Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Ideograf, 2010. p. 7-14. Disponível em:. Acesso em: fev. 2014.;

SIQUEIRA, D. Construindo a descriminalização. In: SANTOS, L. M. B. (Org.). Outras palavras sobre pessoas que usam drogas. Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Ideograf, 2010. p. 65-69. Disponível em:. Acesso em: fev. 2014.;

AVANÇOS E DESAFIOS EM SERVIÇO DE RESIDÊNCIA

No documento CATEGORIA GRADUANDO - ORAL (páginas 90-92)

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