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Quadro II Comissão Administrativa do PRN após o I Congresso

9. A cisão no PRN e a formação da “Acção Republicana”

Após a demissão do governo do PRN o Presidente da República deveria encontrar uma solução governativa estável para o país depois de ouvir todas as forças políticas com assento no Congresso. José Domingues dos Santos defendeu a formação de um «Governo Nacional», que ele distinguia de um governo de concentração, pelo facto de poder contar com figuras nacionais que estivessem fora e dentro do parlamento, com o intuito de resolver os graves problemas nacionais731. Outros altos dirigentes democráticos, como Correia Barreto e Domingos Pereira deram entrevistas à imprensa seguindo a mesma linha de raciocínio de José Domingues dos Santos e defenderam essa tese junto do Presidente da República.

Álvaro de Castro começou a aparecer na imprensa como o possível líder de um executivo de concentração, que os democráticos chamavam Nacional. O líder nacionalista defendeu precisamente a formação de um governo nacional onde os nacionalistas deveriam colaborar com os democráticos. A tese defendida por Álvaro de Castro era a continuação da já anteriormente defendida por Afonso Costa, aquando da sua malograda tentativa de formar governo. Esta tese foi apresentada na reunião do grupo parlamentar nacionalista efectuada na tarde de 14 de Dezembro732. Nesta reunião enfrentaram-se duas correntes: a minoritária protagonizada por Álvaro de Castro e a maioritária liderada por Moura Pinto e Pedro Pitta. Álvaro de Castro defendeu que o PRN deveria ser mais transigente e flexível, apoiando a formação de um governo nacional que concentrasse as principais correntes republicanas na resolução dos problemas nacionais mais urgentes. Por sua vez, Moura Pinto e Pedro Pitta defenderam que o PRN não podia ter uma atitude de subserviência em relação ao PRP, uma vez que tendo apoiado os governos de António Maria da Silva no passado, apenas receberam ingratidão por parte dos democráticos durante o curto mês que estiveram no poder. Álvaro de Castro não sentiu apoio na assembleia em relação à sua tese, pelo que apenas Moura Pinto e Pedro Pitta apresentaram moções semelhantes, tendo as mesmas sido aprovadas apenas com os votos contrários de Álvaro de Castro, Ferreira da Rocha e Sá Cardoso. Estas moções realçavam o facto de o governo nacionalista ter sido deposto pelos democráticos, pelo que deveriam ser estes a assumir as rédeas do Poder. Discordavam da formação de um governo de concentração, independentemente da sua designação e da liderança do mesmo e continuavam a achar-se aptos a exercer o Poder “desde que o Presidente da República lhes facilitasse os indispensáveis meios constitucionais”733

, isto é, dissolvesse o Congresso e marcasse eleições gerais. Foram precisamente estas ideias que os representantes do PRN, Afonso de Melo e Ferreira de Mira, transmitiram ao Presidente da República734.

A unidade interna dentro do PRN estava a desintegrar-se. As divergências internas no PRN já eram antigas, em particular as protagonizadas por Álvaro de Castro e Sá Cardoso735. António Videira, governador civil de Lisboa, em entrevista ao Diário

de Lisboa, constatou o clima insurreccional que se vivia na capital em Dezembro de

1923, tendo declarado que “ou nos salva uma ditadura firmada na força da opinião pública e na força do exército, ou... estamos perdidos!” Distancia-se desse clima insurreccional declarando que “quanto a mim, posso gabar-me de não ter fornecido uma

731

Diário de Lisboa, 14-10-1923, p. 1.

732 Cf., entrevista de Álvaro de Castro, Diário de Lisboa, 14-10-1923, p. 5. 733 Diário de Lisboa, 14-10-1923, p. 8.

734

Diário de Lisboa, 14-10-1923, p. 8.

pistola sequer, a nenhuma das inúmeras pessoas que me solicitaram armamento; E mais ainda, de não ter feito um só revolucionário civil.” E quando o jornalista lhe disse que esse facto lhe “deve ter causado dissabores” respondeu: “Não me importo: quero cá saber da política... quero cá saber do meu partido...”736

.

O PRN reuniu a Junta Consultiva no Palácio do Calhariz na noite de 15 de Dezembro para se pronunciar em relação à possibilidade de participar em governos de concentração. Após acalorada discussão na qual interveio Álvaro de Castro e Cunha Leal, foram apresentadas duas moções. A primeira subscrita por Carlos Frederico de Castro Pereira Lopes, amigo pessoal de Ribeiro de Carvalho, defendia a participação do PRN em governos de concentração. A segunda da autoria de PedroNavarro advogava a não participação do PRN em governos de concentração ou nacionais737. Esta moção seguia a linha maioritária do directório, a orientação do último Congresso e a posição do grupo parlamentar e acabaria por vencer a votação por 57 votos contra 18. Após a reunião alguns membros do PRN, como Alberto Xavier, anunciaram a cisão dentro do partido, uma vez que iriam seguir a decisão de Álvaro de Castro, no sentido de formar um governo de concentração738 e não aceitaram a forma como alguns membros da reunião se dirigiram a Álvaro de Castro, tendo o cunhado de Cunha Leal, António Videira, por exemplo, chamado «traidor» ao antigo líder parlamentar do PRN, facto que motivou a preparação de um duelo entre os dois, mas que não haveria de consumar- se739. A imprensa nacionalista foi bastante hostil em relação à atitude de Álvaro de Castro, especialmente por andar sempre a mudar de partido e à procura de poder740.

736 António Videira, Diário de Lisboa, 15-12-1923, p. 5. 737

“A Junta Consultiva do Partido Nacionalista, solidariza-se coma a energia, a ebriedade e a nobre atitude dos seus correligionários que compuseram o ministério demissionário, e persistindo em todas as resoluções tomadas e aprovadas nas suas anteriores reuniões, entende que na actual conjuntura, o seu Directório, zelando o brio e a dignidade do Partido, deve continuar a orientar a sua política partidária com lógica dos factos que provocaram a sua saída do poder, repudiando ministérios de concentração e pseudo ministérios nacionais ou permitindo partidários sem que seja ele a indicar os membros que o devem compor, rectificando assim as resoluções tomadas pelo grupo parlamentar”, O Debate, 16-12-1923, p. 1.

738

Diário de Lisboa, 15-12-1923, p. 8; República, 16-12-1923, p. 1; idem, 23-1-1924, p. 1; Correio da

Extremadura, 22-12-1923, p. 1.

739 Cf., entrevista ao senador Lima Alves, Diário de Lisboa, 17-12-1923, p. 5; Correio da Manhã, 16-12-

1923, p. 2.

740 “D. Álvaro

D. Álvaro faz-me lembrar, Um acrobata afamado, Dando saltos, cabriolas! Tomando ares de engraçado, De partido, p’ra partido Com seus saltos, de pantera, É tal qual como no conto Que diz: - «O era e não era...» ... Veio depois a notícia

- Oh! Gente, vós não pasmais?!... Democrático... depois chefe Se juntou aos liberais!!!... Foi seu gran representante Mostrou-se, com todos, terno Mas deixou-os. Porque queria, Ser chefe do governo!!! E, por fim realizou Esta sua aspiração. A uns a outros mentiu «Água benta e presunção...» «Cada qual toma a que quer»

Os apoiantes de Álvaro de Castro reuniram-se à uma da tarde do dia 16 de Dezembro no Centro Republicano 10 de Janeiro para tomar decisões face ao que tinha sucedido na reunião da noite anterior741. Estes políticos sentiam que representavam o verdadeiro PRN e por isso recusaram-se a abandonar a sigla e os pergaminhos deste partido conservador742. Nessa reunião foi decidido demitir o antigo directório do PRN e nomear um novo directório743. Foram ainda marcadas as eleições para eleger o Directório definitivo, tendo sido escolhido o dia 14 de Janeiro de 1924, data do Congresso partidário. Iniciaram imediatamente contactos para aliciarem o maior número possível de estruturas partidárias para participarem neste Congresso. O antigo PRN continuava instalado na Rua da Bica e o novo PRN de Álvaro de Castro e dos seus amigos ficou instalado na Rua do Mundo, 17, 2.º, na sede do Centro Republicano 10 de

Janeiro. O jornal República tornou-se o porta-voz desta facção, tendo como director

Ribeiro de Carvalho, passando a ter como sub-título desde 18 de Dezembro: «órgão do Partido Republicano Nacionalista». Álvaro de Castro enviou uma carta ao Directório do PRN desligando-se desse agrupamento político e como forma de manter uma certa equidistância não integrou o directório do novo PRN, assim como Sá Cardoso, uma vez que se tinham comprometido com o Chefe de Estado em formar governo como independentes744.

Iniciou-se então, uma luta interna pelo domínio de um maior número de deputados, senadores, centros políticos, comissões políticas, jornais do PRN e

Também já diz o ditado Com franqueza, este D. Álvaro É um acrobata, afamado!!! ... Mas um dia, por descuido, No jogo de equilibrar... Se cair... Uh! Nem a alma «Se lhe pode aproveitar!!!» Depois de tal trambolhão Que o há-de escangalhar D. Álvaro – o intrujão Não se deve acreditar E muito embora ele volte Muito humilde, submisso, Nós devemos retrucar: - São os ossos dom ofício Vai D. Álvaro, «bugiar» Não temos nada com isso!!!”

O Penafidelense, 25-12-1923, p. 1

741

República, 16-12-1923, p. 1.

742 Os nacionalistas do Calhariz achavam que eram os “detentores dos papyrus, que é como quem diz, das

suas tradições, da sua força política, da sua importância nacional”, Fernando Reis, República, 28-12- 1923, p. 2.

743 O novo directório ficou constituído desta forma. Efectivos: Pereira Nunes (Presidente); Dr. Caetano

Gonçalves; Ribeiro de Carvalho; Dr. Lima Duque; Dr. Sampaio e Maia; Dr. Maurício Costa; Dr. Pedro Fazenda. Substitutos: Dr. Xavier da Silva; Dr. António Correia; Dr. Lima Alves; Dr. Castro Lopes; Dr. João Ornelas; Dr. Carlos Vasconcelos; Dr. Alexandrino de Albuquerque (República, 18-12-1923, p. 1). O Partido Republicano Nacionalista escreveu a todos os que figuravam nesta Lista, para confirmar se foi com o seu pleno assentimento que o seu nome apareceu no República como membros do Directório (República, 3-1-1924, p. 1). João de Ornelas e Silva respondeu ao Directório declarando que não tinha autorizado a utilização do seu nome, pelo que continuava fiel ao Calhariz (cf., O Jornal, 2-1-1924, p. 1).

744

Cf., República, 16-12-1923, p. 1; idem, 18-12-1923, p. 1; idem, 23-12-1923, p. 1; idem, 29-12-1923, p. 1. Veja-se a carta de Álvaro de Castro para Ribeiro de Carvalho, em que o chefe do executivo declina o convite para participar no Congresso do novo PRN: “Como sabe, aceitei o encargo de formar governo como independente – e rigorosamente independente me quero conservar enquanto estiver no poder, para corresponder aos patrióticos desejos do Chefe de Estado”, República, 10-1-1924, p. 1.

correligionários. A luta mais renhida era pelo controlo dos influentes locais, como João Cardoso Moniz Bacelar. Este político coimbrão em meados de Dezembro de 1923 ainda não tinha decidido para que lado haveria de tombar, tendo decidido “consultar primeiro os seus eleitores”745, para depois tomar uma resolução. O novo PRN tinha esperança que uma parte do antigo Directório integrasse na nova organização, bem como as estruturas intermédias: centros políticos, comissões distritais, concelhias e de freguesia e jornais. Por isso, marcaram imediatamente reuniões destas estruturas para os aliciar a ingressarem no novo PRN para acabarem com o «marasmo» e a «estagnação» que grassava no antigo PRN746. Uma parte da comissão municipal de Lisboa e alguns membros das comissões de freguesia da capital aderiram à cisão, tendo sido formada uma nova comissão municipal de Lisboa do novo PRN a 19 de Dezembro747. A luta pelo controle do PRN passava até por influenciar os serviços dos correios para remeter para a nova sede, na Rua do Mundo, toda a correspondência remetida ao Directório do PRN748, conhecido também já em Lisboa por “Directório dos cismas”, “PRN de Avinhão”749

ou “O Avinhão da Rua do Mundo”750

.

Os nacionalistas que avançaram para a cisão culparam os camachistas dos problemas que o PRN teve, à semelhança do que tinha sucedido noutras experiências partidárias e por isso, António Pinto Figueiras, da Comissão Nacionalista da freguesia de Santa Isabel, em Lisboa, apelou para que ingressassem “na Rua do Mundo [sede do novo Directório do PRN] todos os antigos reconstituintes e todos os antigos partidários de António José de Almeida”, pois se isso sucedesse tinha “a certeza absoluta de que dias melhores e prósperos, terá o povo português”751

.

No parlamento, os deputados e senadores que saíram do PRN tiveram de adoptar outra estratégia, uma vez que já existia um grupo parlamentar do PRN. Passaram a denominar-se independentes dos partidos, estando associados a um núcleo, intitulado

Grupo Parlamentar de Acção Republicana, sendo Carlos Olavo o seu líder na Câmara

dos Deputados, onde passaram a contar com o apoio inicial de 15 deputados752 a partir do dia 17 de Dezembro quando se apresentaram na Câmara dos Deputados753. No Senado o Grupo Parlamentar de Acção Republicana passou a contar com o apoio de 745 Diário de Lisboa, 18-12-1923, p. 1. 746 Cf., República, 18-12-1923, pp. 1-2. 747 Cf., República, 19-12-1923, pp. 1-2. 748 Cf., República, 20-12-1923, p. 1. 749 O Jornal, 5-1-1924, p. 1 750 O Jornal, 28-12-1923, p. 2 751

António Pinto Figueiras, República, 4-1-1924, p. 3.

752

Faziam parte inicialmente do Grupo Parlamentar de Acção Republicana os seguintes deputados: Alfredo Ernesto de Sá Cardoso, Amaro Garcia Loureiro, Ângelo de Sá Couto da Cunha Sampaio Maia, António Correia, Carlos Eugénio de Vasconcelos, Carlos Olavo Correia de Azevedo, Custódio Maldonado de Freitas, João Pereira Bastos, Joaquim José de Oliveira, Joaquim Ribeiro de Carvalho, Manuel Alegre, Américo Olavo Correia de Azevedo, Henrique Pires Monteiro e José Pedro Ferreira (cf.,

Diário da Câmara dos Deputados, 17-12-1923, pp. 5-6; Diário de Lisboa, 17-12-1923, p. 8).

Abandonaram ainda o PRN, embora nesse momento não integrassem o Grupo Parlamentar de Acção Republicana os seguintes deputados: Álvaro Xavier de Castro; Viriato Gomes da Fonseca; Jaime Pires Cansado (cf., República, 21-12-1923, p. 1).

753 Alberto Xavier fez a apresentação do novo grupo parlamentar tendo destacado que “o grupo que acaba

de se constituir não tem — é preciso frisá-lo — nenhum intuito partidário. A sua acção é restrita, exclusiva a exercer a sua função dentro desta Câmara. Para que fim? Para um fim muito nítido e claro. O nosso pensamento é engrandecer e reivindicar o império da lei e da Constituição, combatendo sem tréguas todas as tentativas, ou todos os actos que tenham por fim diminuir ou deslustrar a pureza e lógica das instituições parlamentares republicanas, mas colaborando em todos os actos e em todas as atitudes que vierem a estabelecer o método e a lógica nos trabalhos desta Câmara, para que se tornem eficazes e fecundos”, Diário da Câmara dos Deputados, 17-12-1923, p. 5.

quatro senadores754. No entanto, o jornal República continuou a designar este grupo como pertencendo ao verdadeiro Partido Republicano Nacionalista. No primeiro momento Álvaro de Castro não aparece integrado neste núcleo, possivelmente como forma de reforçar a independência do grupo face ao governo em preparação e permitindo que a estratégia de absorção dos recursos do PRN tivesse maior sucesso.

Nas primeiras semanas houve vários deputados que vacilaram quanto a acompanharem Álvaro de Castro ou a manterem-se no PRN. Custódio Maldonado de Freitas acabaria por ficar com os nacionalistas do Calhariz755, enquanto Júlio Ernesto de Lima Duque se tornou independente, vindo posteriormente a juntar-se a Álvaro de Castro756. Noutros casos a imprensa partidária de um dos lados colocava os notáveis numa das trincheiras sem a sua autorização. Foi o caso doRepública que colocou João

de Ornelas e Silva no novo directório do PRN757. Porém, este deputado escreveu ao Directório do PRN do Calhariz declarando que não tinha autorizado a utilização do seu nome, pelo que continuava no verdadeiro PRN758.

Os amigos de Álvaro de Castro conseguiram angariar uma série de estruturas partidárias logo nas primeiras semanas da dissidência. Ao nível da imprensa passaram, a ter o apoio do República, antigo órgão do PRL de Lisboa, d’ O Torreense, antigo órgão do PRL de Torres Vedras, d’ A Norma, antigo órgão do PRRN da Póvoa do Varzim, A

República de Vila do Conde e d’A Concórdia de Arcos de Valdevez. N’O Marão houve

uma luta pelo poder, acabando Sebastião Augusto Ribeiro por abandonar a direcção do jornal por apoiar Álvaro de Castro, sendo substituído por José Augusto Fernandes759. O PRN passou a contar em Março de 1924 com apenas 20 jornais oficiosos e oficiais, quando em Maio de 1923 contava com 24 (ver o Mapa IV). Os Centros Políticos que se colocaram ao lado dos dissidentes foram o Centro 10 de Janeiro (Lisboa); o Centro Ribeiro de Carvalho (Lisboa); o Centro Ribeiro de Carvalho (Alvaiázere); o Núcleo Nacionalista Ribeiro de Carvalho (Almada)760 e o Centro Republicano Nacionalista de Portalegre761. Ao nível das comissões políticas uma parte das estruturas antigas do PRN vão apoiar a ruptura. Merecem destaque a Comissão Distrital de Lisboa, Coimbra e Portalegre. Ao nível concelhio avançaram para a dissidência as comissões de Torres Vedras762, Niza, Sabugal763; Pedrógão Grande, Valongo764, Mealhada765, Arcos de Valdevez766, Póvoa do Varzim e Coimbra767. Nas freguesias formaram-se rapidamente

754 No Senado o Grupo Parlamentar de Acção Republicana contou com o apoio dos seguintes senadores:

Júlio Ernesto de Lima Duque; César Justino de Lima Alves; Rodolfo Xavier da Silva; José Mendes dos Reis. O senador Roberto da Cunha Baptista abandonou o PRN em 18 de Dezembro de 1923 tornando-se independente, embora com alguma proximidade ao Grupo Parlamentar de Acção Republicana. Cf.,

Diário do Senado, 18-12-1923, p. 5; idem, 7-7-1925, p. 27. O órgão nacionalista da Figueira da Foz

indica que inicialmente “abandonaram o PRN 15 deputados e parece-nos dois senadores” (O Figueirense, 20-12-1923, p. 2). 755 República, 23-12-1923, p. 1. 756 República, 19-12-1923, p. 1. 757 República, 18-12-1923, p. 1. 758 O Figueirense, 20-12-1923, p. 2; O Jornal, 2-1-1924, p. 1. 759 O Povo do Norte, 23-12-1923, p. 2. 760 República, 28-12-1923, p. 1. 761 República, 4-1-1924, p. 1. 762 Cf., República, 20-12-1923, pp. 1-2; idem, 3-1-1924, p. 1. 763 República, 27-12-1923, p. 1. 764 República, 4-1-1924, p. 1. 765 República, 5-1-1924, p. 2. 766 A Concórdia, 06-01-1924, p. 1; O Jornal, 15-1-1924, p. 2. 767 O Jornal, 18-1-1924, p. 4.

comissões políticas na Póvoa do Varzim768, e nas seguintes freguesias de Lisboa: Pena, Encarnação769, Santa Isabel770, Camões771 e Encarnação772.

A luta política entre as duas facções centrou-se nas estruturas políticas e nas páginas dos jornais. Na reunião no Centro Ribeiro de Carvalho o Dr. Castro Lopes lembrou que logo que se formou o Partido Republicano Liberal os unionistas amesquinharam correligionários dos outros grupos, facto que tinha continuado no PRN. No final da reunião foi aprovada uma moção por aclamação onde solicitam que o novo directório “convide o directório deposto a não perturbar mais a Nação e a integrar-se abnegadamente no novo pensamento que dirige e movimenta o Partido”773

. Do lado dos nacionalistas históricos Raul Lelo Portela enquadrou a cisão desta forma: “Quando a maioria parlamentar, tendo derrubado um governo nosso em especialíssimas condições – após o julgamento de uma rebelião, facto inédito na vida parlamentar de qualquer país – claramente nos empurrava para a oposição. E para mais, quando o partido, ao fim de dois anos de benévola expectativa para com governos adversos que nada fizeram, que deixaram agravar todos os problemas, vinha de abandonar o poder, caindo de pé, após a afirmação corajosa e inteligente dos seus pontos de vista em relação à crise nacional. Foi nesse momento, em que todo o partido vibrava de entusiasmo, ao reconhecer que estava representando toda a grande aspiração de um país, que algumas pessoas entenderam que deviam ir-se embora”. Raul Lelo Portela tem uma explicação crua para este facto. Segundo ele o grupo apoiante de Álvaro de Castro “não queria ir para a oposição verdadeira, para a autentica defesa dos interesses do país, porque lhes convinha mais receber as benesses e os favores de um governo feito de retalhos, coados através de uma oposição complacente, benévola, cúmplice em tudo do partido democrático. Esta é a verdade – dura de dizer, mas a verdadeira...”774. Os nacionalistas não compreendiam que Álvaro de Castro tivesse apresentado a moção de confiança ao governo e depois de esta ser rejeitada aceitasse formar governo de concentração contra as decisões do Congresso e do Directório775.

O Congresso do novo PRN inicialmente previsto para 14 de Janeiro não se realizou por decisão da Junta Consultiva, dos parlamentares e do Directório que se reuniram no Centro 10 de Janeiro. As razões invocadas prenderam-se com a recusa de Álvaro de Castro e Sá Cardoso em participar em actividades partidárias, uma vez que o chefe do executivo tinha-se comprometido com o Presidente da República em liderar o ministério na condição de independente776. Carlos Vasconcelos, na mesma linha de pensamento, referiu que ao “nacionalistas da rua de S. Roque” não vão realizar o congresso partidário inicialmente previsto porque “o momento não é oportuno, porque as principais figuras do partido que fazem parte do governo e que haviam de constituir possivelmente o Directório, não podem nele tomar parte - em virtude da sua situação. O governo quer manter o seu carácter de extra-partidário e não se podia ocupar neste momento, da realização de um Congresso partidário”. Carlos Vasconcelos, à semelhança de outros correligionários, tinha sentido o desejo de participar no

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