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Cristo, o Fim do Princípio da Lei em Favor Daqueles Que São Salvos

Coisas Realizadas por Cristo em seu Sofrimento e Morte

II. Cristo, o Fim do Princípio da Lei em Favor Daqueles Que São Salvos

A discussão mais extensa da lei com referência ao seu propósito, seu domínio e seu término, ainda a ser empreendidos sob o tema geral da Eclesiologia, não está em ordem aqui. A questão imediata é a verdade que, pela morte de Cristo e por aqueles que crêem, o sistema legal e meritório das obras chega ao fim. Em seus aspectos mais amplos, a lei existe como duas realidades amplamente diferentes, a saber, a lei de Moisés e a inerente.

A lei de Moisés é aquela regra de conduta que Deus deu a Israel no monte Sinai, lei essa que seguiu o seu curso por 1.500 anos e, então, foi substituída pela "graça e verdade" (Jo 1.17). Foi esse pacto que Deus fez com Israel (Ex 19.5), quando Ele "os tomou pela mão, para os tirar da terra do Egito, esse meu pacto que eles invalidaram" (Jr 31.32). A lei do pacto era estritamente um acordo condicional com bênçãos divinas condicionadas à fidelidade humana. A afirmação oficial e final desse pacto é registrada em Deuteronômio 28. A luz de novas bênçãos e relacionamentos que se seguiram na presente era da graça e que ainda acontecerão na era futura, a lei mosaica era o ad ínterim, ou seja, um trato divino com o Descendente - Cristo - que ainda viria. Ela foi o TrcaSaycúyós, um instrutor de infantes, ou um disciplinador, para levar os homens a Cristo. Mas em Cristo, o objeto da fé, veio, e nós "não mais estamos debaixo de um aio [Traiôaywyós]" (Gl 3.19-25).

Não obstante, embora o princípio da lei não mais esteja em vigor - e de necessidade, por causa da sua incompatibilidade com a norma de conduta que a graça proporciona — quando Israel retornar à terra sob o reinado do Messias, a lei será restabelecida. Daquelas exigências e a respeito do retorno de Israel à terra, Moisés disse: "Tu te tornarás, pois, e obedecerás à voz do Senhor, e observarás todos os seus mandamentos que eu hoje te ordeno" (Dt 30.8). Embora seja a lei a real lei que Moisés ordenou que Israel viesse a obedecer, a situação deles será alterada. Cristo reinará no trono de Davi sobre Israel e sobre toda a terra; Satanás será lançado no abismo; e essa lei, antes do que meramente dirigida a Israel formalmente, será escrita nos corações deles (Jr 31.33); mas o seu caráter legal não será mudado. E essa lei que Moisés lhes ordenou.

De passagem, é importante observar que essa regra mosaica, ou código de governo, não existia antes de ela ser proclamada por Moisés no monte Sinai; sob qualquer circunstância, ela foi dingida aos gentios; e tão certamente como ela nunca foi designada para os cnstãos, embora os cnstãos e os gentios não-salvos podem, por causa da ignorância, por intermédio da vontade de Deus para com eles, assumir aa obrigações desse sistema de leis. Esses são lembrados que, quando assumirem qualquer porção da lei de Moisés, eles estão debaixo do autocompromisso de guardar toda a Lei. Sendo ad ínterim, em seu caráter, a lei que Moisés ordenou, ela chegou ao seu término no tempo e sob as circunstâncias divinamente decretadas. Uma exposição deste grande conjunto de verdades, que vai justificar essas afirmações dogmáticas, será empreendida no seu lugar próprio.

A lei inerente seja talvez melhor definida como o direito do Criador sobre a criatura e, portanto, a responsabilidade da criatura perante o Criador. Em sua suposição ímpia de independência de Deus, o homem perdeu o senso dos direitos do Criador e olha para a autoridade de Deus como uma intrusão injustificável na esfera da autonomia humana. Contudo, a filosofia do autogoverno, que Satanás persuadiu Adão a adotar, embora tão indispensável ao homem caído, para que ele não possa pensar em outros termos, nunca anulou a obrigação inerente da criatura em relação ao seu Criador. "Sede santos, porque eu sou santo", é uma exigência razoável, embora drástica, e só pode ser requerida por um Deus santo. Israel foi condenado por ter fracassado em guardar os mandamentos de Moisés — "que violaram o meu pacto" - mas do homem em geral que está sob a lei inerente, é dito: "como está escrito: Não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda; não há quem busque a Deus. Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só" (Rm 3.10-12).

Durante u m período de mais ou menos 2.500 anos, entre Adão e Moisés, somente a lei inerente foi obtida; mas essa lei foi suficientemente definida, para que Deus julgasse os homens como ofensores e purificasse a terra com u m dilúvio. Muitas coisas foram conhecidas naquele período sobre as exigências da lei inerente do que está registrado. A Palavra de Deus com respeito à obediência de Abraão, registrada em Génesis 26.5, é mais sugestiva: "Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis" (cf. Gn 18.19; Rm 5.13). A exigência para o homem de agradar ao seu Criador é uma obrigação da qual ele não pode escapar.

Estas duas exigências legais — o sistema mosaico e a lei — são iguais em u m aspecto: elas almejam o estabelecimento do mérito humano como base da bênção divina. Igualmente, essas obrigações legais impõem sobre o homem que somente um Deus poderia aceitar e que o homem caído nunca operou nem mesmo uma semelhança delas. O fracasso de Israel sob o sistema mosaico foi tal que a Lei, que em si mesma era "santa, justa e boa", tornou-se uma ministração de condenação e de morte (Rm 7.12; 2 Co 3.7, 9), enquanto que o fracasso da lei inerente é tal que somente a retribuição aguarda os que não estão livres dela.

Estas palavras introdutórias extensas foram escritas como uma preparação para u m entendimento correto de um conjunto extenso de textos da Escritura

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que tratam deste tema - Cristo, o fim da lei para aqueles que crêem. A passagem central será a primeira em ordem e ela será seguida de uma série de textos que revelam a natureza exata desse aspecto da realização de Cristo em sua morte.

Romanos 10.4 registra: "Pois Cristo é o fim da lei para justificar a todo aquele que crê".

O contexto, que não leva em conta a intrusão da divisão de capítulos, começa com Romanos 9.30, e apresenta um paradoxo estranho, que é aquele em que os crentes gentios, que não seguiam a retidão, obtiveram a justiça, ao passo que Israel, que seguia a retidão, não obteve a justiça. Assim, há a introdução de dois métodos de se conseguir a justiça. Israel, pelo auto-esforço, que a lei prescrevia, e por ignorar a fé, não havia alcançado a meta da justiça. As obras da lei deles, como sempre, foram um fracasso miserável. Em oposição a isto. os gentios, que não estavam sob a lei, visto que ela nunca foi a porção deles, mas que exerceram a fé, alcançaram a meta da perfeita justiça. Uma verdade profunda a respeito do propósito divino em dar a lei a Israel é revelada aqui. Está afirmado que Deus deu a lei como "uma pedra de tropeço e rocha de ofensa", com o fim de que Ele pudesse acentuar esta verdade sob discussão, a saber, "aquele que crer não será envergonhado".

O exemplo de Abraão, que creu em Jeová, e isso (sua fé) foi contado como justiça (Gn 15.6), esteve sempre perante Israel, e Davi havia descrito a bênção do homem a quem Deus imputa justiça sem as obras (Rm 4.6); não obstante, Israel tropeçou na pedra-de-tropeço do mérito humano, como a humanidade sempre esteve pronta a fazer — mesmo muitos que através da fé já estão de posse da justiça infinita. O apóstolo imediatamente assinala que a dificuldade de Israel não era uma falta de zelo; pois, assevera ele, eles tinham u m grande "zelo por Deus". O problema deles era a ignorância. Eles não conheciam a verdade de que a fé em Deus, como testemunhada por Abraão, Davi, e os profetas, produziria a graça divina, u m ajuste da satisfação de Deus - uma justiça tão perfeita quanto o próprio Deus. O estudante deve se lembrar das discussões anteriores a respeito da base justa estabelecida pelo aspecto do suave cheiro da morte de Cristo pelo qual Deus é livre para imputar tudo o que Cristo é — mesmo a justiça de Deus — àqueles que crêem, e Ele próprio ser justo, quando Ele justifica o ímpio.

Infelizmente, essa devastadora ignorância a respeito da justiça imputada, que tanto prejudicou a Israel, tem caracterizado a Igreja de Cristo também. Grandes multidões daqueles que pertencem à Igreja, como seus membros, nunca conceberam qualquer relacionamento com Deus além da "lei e as obras". A repreensibilidade deles é muito maior do que a de Israel; pois, enquanto Israel tinha o testemunho de Abraão e Davi, a Igreja possuía o exemplo do fracasso de Israel e, além disso, o grande conjunto da revelação da Escritura do Novo Testamento. A noção arminiana de que as pessoas não terão existências justas, a menos que se coloquem sobre a base de obras do relacionamento com Deus, tem penetrado na Igreja em larga escala, Essa ignorância manifesta-se na Igreja pelo fato de que o maior incentivo à vida santa que o coração humano pode conhecer, é ignorado, que é: "andar dignamente na vocação em que foi chamado" (Ef4.1).

O indivíduo que compreende que ele conseguiu pela fé, através da graça, chegar à perfeita justiça de Deus, será incitado por tão grande honra e confiança a andar mais fielmente no caminho da própria escolha de Deus do que o indivíduo que espera - contra a esperança, pois é reconhecido como uma tarefa impossível - satisfazer a u m Deus santo por suas obras sempre falhas.

Mas é a perfeita justiça de Deus, assegurada como uma posição, como uma veste de casamento, para os que não fazem algo além de crer em Jesus? Certamente que sim, mas a ignorância de Israel e de muitos na Igreja hoje não torna nem dá lugar a essa verdade tão gloriosa. Naturalmente, não é levantada qualquer objeção à exigência de que o indivíduo deveria crer em Jesus. Seria desonrado, se não fizer isso; mas o arrependimento, confissão, consagração, boas obras etc. devem ser acrescentados - é alegado - para completar o que é crido ser razoável, sem entender que o acréscimo de um só aspecto do mérito humano introduz u m princípio que, necessariamente, é compreender erroneamente o caráter total daquela graça pela qual unicamente a alma é salva.

Veja a Escritura testemunhar dessa verdade: "Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque no evangelho é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé" (Rm 1.16, 17); através "da justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos os que crêem; pois não há distinção... para demonstração da sua justiça nesse tempo presente, para que ele seja justo e também justificador daquele que tem fé em Jesus" (Rm 3.22, 26); "porém, ao que não trabalha, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é contada como justiça" (Rm 4.5); "porque, se pela ofensa de u m só, a morte veio a reinar por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por u m só, Jesus Cristo" (Rm 5.17); "mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos que crêem" (Gl 3.22); "pois Cristo é o fim da lei para justificar a todo aquele que crê" (Rm 10.4).

Ao voltamos à passagem central - Romanos 10.4 - será visto que alguma diferença de opinião se obtém com respeito ao sentido em que Cristo é dito ser o

fim da lei. Alguns vêem somente que Ele, por seus sofrimentos e morte, pagou a

penalidade que a lei impunha e, assim, retirou a acusação contra o pecador, que está inclusa no perdão. Outros vêem que Cristo cumpre a lei, por suprir o mérito que o santo Criador exige, que está incluso na justificação. Sem dúvida, esses dois conceitos estão inerentes no versículo anterior; mas deverá ser observado que o que quer que tenha sido realizado, está feito por aqueles que crêem - sem qualquer outra exigência acrescida - e que a crença resulta na concessão da justiça de Deus. Como já foi observado, o contexto da passagem sob consideração contrasta dois princípios de procedimento muito diferentes, i.e., (1) uma tentativa de estabelecer justiça por obras zelosas, e (2) a segurança da perfeita justiça pela fé.

U m é um sistema de mérito - o inimigo mortal dagraça - que oferece autojustiça a Deus, com a esperança de que Ele a aceitará, por avaliar generosamente as imperfeições; o outro é u m sistema baseado totalmente na esperança para com

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Deus, que recebe em Cristo Jesus a perfeita justiça de Deus, e, embora as obras sejam totalmente excluídas da base pela qual essa justiça é recebida, esse plano assegura o mais sério cuidado da parte daquele que recebe essa justiça, para que a vida diária possa estar em harmonia com a posição que lhe foi conseguida pela fé somente. Seja esse incentivo superior por uma vida santa, valorizado ou não, permanece o plano inquestionável de Deus para os que são salvos pela graça através da fé. O sistema de mérito não tem término, enquanto o sistema da fé sela o seu objetivo no momento em que o indivíduo cré.

O sistema de mérito representa o melhor que o homem pode fazer, enquanto que o sistema da fé representa o melhor que Deus pode realizar. O sistema de mérito nunca foi, nem poderá jamais ser, qualquer coisa, a não ser um fracasso ignominioso, que culmina na condenação eterna, enquanto que o sistema de fé nunca foi, nem jamais será, algo além da perfeição infinita, que culmina na glóna eterna.

Quão honestamente o grande apóstolo labora para deixar clara a verdade de que estes dois sistemas - lei, obras, e mérito, de um laco. e graça, fé, e promessa, do outro - não podem coexistir! Ele declara: "Mas se e oela graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça" (Rir. 11.61: "Xão íaço nula a graça de Deus, porque, se a justiça vem mediante a lei. icso Cnsto morreu em vão"

(Gl 2.21); "Pois se da lei provém a herança, já não provem mais da promessa; mas Deus, pela promessa, a deu gratuitamente a Abraão... E. se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa" (Gl 3.18, 29).

É em conexão com esta última passagem citada - Gaiatas 3.29- que o apóstolo declara: "Porque todos quantos fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo" (v. 27). O batismo do Espírito em Cristo resulta no "colocar em" Cristo, a bênção d a / é abraâmica e a posição de u m herdeiro, de acordo com & promessa, são ganhos com a base mais justa. Nenhuma base doutrinária é estabelecida em Génesis 15.6 em defesa do ato divino de imputar justiça a Abraão, mas a imputação da justiça ao crente, como foi observado, repousa sobre a provisão absoluta assegurada pela morte substitutiva de Cristo. A palavra aos crentes a respeito de se estender a eles a bênção de Abraão, com base na fé abraâmica, é assegurada: "Ora, não é só por causa dele que está escnto que lhe foi imputado; mas também por causa de nós a quem há se ser imputado, a nós os que cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor" (Rm 4.23, 24).

Outras passagens que dão o mesmo contraste com a lei, obras, ou mérito, deverão ser consideradas. São elas:

Atos 15.10: "Agora, pois, por que tentais a Deus. pondo sobre a cerviz dos

discípulos u m jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar?"

Esse capítulo todo forma o contexto desse único versículo. A questão diante do primeiro concílio da Igreja é o da relação do sistema mosaico com aqueles que dentre os gentios são salvos. O concílio determinou que os gentios cristãos não fossem nem circuncidados nem guardassem a lei (cf. v. 24); e foi asseverado por esses judeus que estavam em autoridade sobre a Igreja que a guarda da lei como u m sistema de mérito havia sido para os que estavam debaixo do seu jugo como "um jugo de escravidão" do qual os crentes estavam livres (cf. Gl 5.1).

Romanos 1.16, 17: "Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder

de Deus para a salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque no evangelho é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé".

A contribuição notável que esse texto faz a esse grande tema é que a disponibilidade da justiça de Deus é u m aspecto vital - ao menos com relação a esse texto - do evangelho da graça divina.

Romanos 3.21, 22: "Mas agora, sem lei, tem-se manifestado a justiça de

Deus, que é atestada pela lei e pelos profetas; isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos os que crêem; pois não há distinção".

N e n h u m fracasso h u m a n o maior poderia ser descrito do que aquele mencionado em Romanos 1.18—3.20. A partir do pano de fundo escuro do qual o apóstolo se volta abruptamente, nas palavras "mas agora" (3.21), para a provisão mais gloriosa, que é aquela perfeita justiça, que está disponível através da simples fé em Cristo. Esta bênção está assegurada totalmente à parte de qualquer ajuda e independente de qualquer contribuição do sistema de mérito da lei. Esta justiça divinamente proporcionada está revelada a todos e vem sobre os que crêem. Duas vezes essa condição simples aparece. Ela vem através da fé em Jesus Cristo e estende-se a todos os que crêem. A linguagem não afirma mais claramente que essa é distintamente u m a justiça que procede de Deus e é recebida pela fé, à parte de qualquer coisa que pertença ao mérito humano.

Romanos 3.31: "Anulamos, pois, a lei pela fé: De modo nenhum; antes

estabelecemos a lei".

Duas interpretações dessa passagem crucial têm sido desenvolvidas: (1) que, através do poder capacitador do Espírito Santo, a justiça que a lei exige pode ser cumprida pelo crente; e (2) que os não-salvos podem estabelecer a lei, por permanecer naquele cumprimento dela que Cristo realizou. Tudo o que a lei poderia exigir, é satisfeito naquele que é aperfeiçoado em Cristo. A primeira interpretação é somente uma forma exaltada das obras humanas, que são cumpridas no crente e nunca pelo crente; todavia, essas obras são creditadas para o crente, visto que por elas, ele receberá uma recompensa. A última interpretação está em harmonia com toda a verdade revelada, mas será aceita somente por aqueles que apreenderam a doutrina da justiça imputada.

Romanos 4.5: "Porém, ao que não trabalha, mas crê naquele que justifica o

ímpio, a sua fé lhe é contada como justiça".

A frase "não trabalha" não sugere despreocupação na vida diária do crente; ela antes refere-se à verdade de que ele não depende das obras meritórias. A passagem revela a importante verdade que confiar é o oposto das obras meritórias. Crer não é fazer uma obra meritória; é confiar na obra terminada de outro. Mesmo o ímpio pode ser contado como justo, com a base na fé em Cristo.

Romanos 4.11: "E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé que teve

quando ainda não era circuncidado, para que fosse pai de todos os que crêem, estando eles na incircuncisão, a fim de que a justiça lhes seja imputada".

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O que Abraão recebeu antes de ser circuncidado e séculos antes da lei ter sido dada, não pode ser dito que teve um reconhecimento divino das obras meritórias. Abraão é o padrão e, portanto, o pai de todos que recebem a justiça imputada pela fé.

Romanos 4.13-16: "Porque não foi pela lei que veio a Abraão, ou à sua

descendência, a promessa de que havia de ser herdeiro do mundo, mas pela justiça da fé. Pois, se os que são da lei são herdeiros, logo a fé é vã e a promessa é anulada. Porque a lei opera a ira; mas onde não há lei t a m b é m não há transgressão. Portanto, procede da fé o ser herdeiro, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a descendência, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé que teve Abraão, o qual é pai de todos nós".

No caso de Abraão, como é a situação de todos os que exercitam a fé abraâmica, a promessa da justiça imputada é (1) pela fé (nada da parte do homem - cf. v. 5), que pode ser pela graça (tudo da parte de Deus), com a finalidade de que a promessa possa ser assegurada. Xada poderia ser tão inseguro como a justiça baseada no mérito humano.

Romanos 4.23, 24: "Ora, não é só por causa de nós a quem há se ser imputado,

a nós os que cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus, nosso Senhor; o qual foi entregue por causa das nossas transgressões, e ressuscitado para a nossa justificação".

Reafirmemos que Abraão é o padrão de um cristão sob a graça e não de um judeu debaixo da lei. O caráter de sua fé, como definido nos versículos 17-22,