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0 Fato da Eleição Divina

I. Os Termos Usados

1. U s o BÍBLICO. N O uso bíblico, a palavra eleição designa o propósito soberano divino formulado para ser independente do mérito, pendor ou cooperação do homem. A doutrina total está em harmonia com a verdade, previamente observada, que, na criação de Deus, tanto a variedade quanto a seleção estão presentes em qualquer lugar. O termo é usado a respeito de Israel (Is 65.9, 22), da Igreja (Rm 8.33; Cl 3.12; 1 Ts 1.4; 2 T m 2.10; 1 Pe 5.13), e de Cnsto (Is42.1; 1 Pe 2.6).

2. E S C O L H I D O S . Este vocábulo é apenas u m sinónimo da palavra eleição. Aqueles eleitos de Deus são escolhidos por Ele desde toda a eternidade. Igual

eleição, o termo é aplicado a Israel (Is 44.1), à Igreja (Ef 1.4; 2 Ts 2.13; 1 Pe 2.9),

e é também usado a respeito dos apóstolos (Jo 6.70; 13.18; At 1.2).

3. A T R A Í D O S . Há uma atração geral mencionada em João 12.32: "E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim"; e há uma atração irresistível que Cristo mencionou: "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia" (Jo 6.44).

4. C H A M A D O S . Este aspecto da atividade divina é semelhante ao de atrair. Nenhum texto da Escritura define o chamamento divino, com tudo o que ele significa em sua eficácia, melhor do que o texto de Romanos 8.30: "E aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou".

REVELAÇÃO CLARA

5. P R O P Ó S I T O D I V I N O . Além disso, aquilo que é intimamente parecido com a eleição é sugerido pela palavra propósito. Está escrito: "...fazendo-nos conhecer o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que nele propôs" (Ef 1.9); "segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor" (Ef 3.11).

6. PRESCIÊNCIA. Este termo específico significa meramente que Deus conhece de antemão. Ele é usado a respeito de Israel (Rm 11.2) e da Igreja (Rm 8.29).

7. P R E O R D E N A Ç À O E P R E D E S T I N A Ç Ã O . Estas palavras, sinónimos quase completos, são usadas no Novo Testamento para declarar a verdade de que Deus determina o que vai acontecer antes que aconteça. Essas palavras são mais relacionadas ao que os homens são divinamente apontados do que eles mesmos. A preordenaçào e a predestinação precedem toda a história. Como a presciência reconhece a certeza dos eventos futuros, a preordenaçào e a predestinação tornam esses eventos certos. As duas atividades divinas de prever e preordenar, não poderiam funcionar separadamente. Elas não ocorrem em sucessão, mas são dependentes uma da outra ou uma é impossível sem a outra.

II. Revelação Clara

Qualquer que seja a reação ao fato da eleição divina, pode ser registrado pela mente humana, que a doutrina coloca-se como uma revelação inequívoca. Isto não significa dizer que ela seja livre de qualquer complexidade, ou que haja problemas envolvidos na doutrina que sejam insuperáveis; e, como foi observado anteriormente sob circunstâncias semelhantes, onde a apreensão humana alcança o seu limite máximo, a fé é ainda o fator orientador. Uns poucos momentos de reflexão sem preconceitos ajudarão muito, para que uma simples proposição possa ser aceita, isto é, a de que este é o universo de Deus; todas as inteligências criadas são obra de Suas mãos e, portanto, devem ser dispostas como Ele as escolhe. Somente resta descobrir o que é igualmente verdadeiro, que o que Ele determina está dirigido pelo entendimento infinito, executado pelo poder infinito, e é a manifestação de amor infinito.

Quão terrível poderia ser o estado da criatura, onde ela estivesse nas mãos de u m insano, um déspota perverso! Quão universal, também, é a confiança na mente do homem de que Deus é bom! Por que não deveria ser assim? Mas por que, quando a Sua bondade é mesmo vagamente reconhecida, ela não é uma base de descanso e confiança? Não está claro para todos que questionar o plano eletivo de Deus é o mesmo que questionar a verdadeira sabedoria e dignidade de Deus? Os anjos, que conhecem muito mais do Ser de Deus não cessam de adorá-lo por todas as épocas. Fazer menos que isso seria, para eles, descer ao nível cia infâmia satânica. Em vista da verdade que Deus designou, criou e executou tudo que existe, e que caminha para a consumação que Ele preordenou, não seria considerado estranho ou irrazoável que Ele determine o curso e o destino da história humana.

Os homens escolhem o seu curso pelo que lhes parece uma vontade livre e eles se gloriam no fato de que são sábios o suficiente para se ajustarem às circunstâncias, mas Deus é o autor das circunstâncias. O homem responde cegamente às emoções de seu coração, mas Deus sonda o coração do homem e é capaz de cnar e controlar cada sentimento que agita as mentes dos homens. Nenhum jogo igual de competição por supremacia existe entre Deus e o homem. Quando toda a presunção vã do homem está em sua manifestação superlativa, ele ainda é a criatura que funciona como Deus a cnou para funcionar. E razão comum dar a Deus o lugar de direito e reconhecer o seu propósito eletivo soberano em tudo o que Ele fez com que existisse. A Bíblia é ajustada à verdade de que Deus é supremo, com a autoridade e direito soberanos na criação que normalmente pertencem ao Criador. Ele pode dar extensão aos homens, mas a esfera de liberdade deles nunca exorbita a esfera maior de Seu propósito eterno. Certos textos da Escritura bem podem ser citados, pois assinalam a autoridade inflexível de Deus.

N e n h u m exemplo mais notável da eleição poderia ser encontrado do que o que foi asseverado por Jeová, quando Ele proclama os Seus sete "Eu farei" que formam o pacto incondicional feito com Abraão: "Eu te abençoarei, farei de ti uma grande nação, e em ti serão benditas todas as famílias da terra", Estes propósitos, centrados em um homem à parte de quaisquer condições humanas a serem cumpridas, atingem toda a terra e sugerem a ascendência e jurisdição divinas não sobre o destino humano somente, mas sobre os governos e nações até o fim dos tempos. A luz disto não será difícil observar que a eleição de uma pessoa é uma questão muito pequena quando comparada ao alcance de tal pacto, e que Abraão é o eleito de Deus por essa distinção.

Atenção deverá ser dada à predição, que nunca falhou em ser executada, na qual Jeová declarou a Abraão: "Eu abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei aquele que te amaldiçoar". Aos habitantes das nações que deverão comparecer diante do trono da glória de Cristo, para serem julgados

(Mt 25.31-46), o Rei dirá àqueles que estiverem à sua direita: "Vinde, benditos", e para aqueles que estiverem à sua esquerda: "Apartai-vos de mim malditos". Contudo, deve ser observado que na predestinação u m reino está preparado desde a fundação do mundo para aqueles que estão à mão direita; mas nenhuma preparação específica está indicada para aqueles que estão à esquerda. Eles vão para o lago de fogo preparado para o diabo e seus anjos.

Os homens não têm direito algum naquele destino, mas somente quando participam da mesma sorte com os inimigos de Deus e, como Satanás, repudiam a autoridade do Criador, Multidões de homens viveram na geração de Abraão, mas Deus preparou e falou-lhe somente. Seria racionalístico argumentar com Jeová por causa do fato dEle não ter feito exatamente a mesma coisa com todas as pessoas como fez com Abraão, e por causa do fato de que o que fez foi feito em graça soberana, à parte de qualquer consideração de mérito ou demérito da parte de Abraão.

No começo do seu ministério, Cristo asseverou a verdade indesejável da eleição divina, quando disse: "Em verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel nos dias de Elias, quando o céu se fechou por três anos e seis meses,

REVELAÇÃO CLARA

de sorte que houve grande fome por toda a terra; e a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva em Sarepta de Sidom. Também muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu, mas nenhum deles foi purificado senão Naamã, o sírio" (Lc 4.25-27),

Porque, na verdade, uma mulher desconhecida foi escolhida para ser a mãe do Redentor? Não havia uma multidão para ressentir-se disto com base numa aparente parcialidade? Todavia, o anjo disse a Maria: "Salve, agraciada; o Senhor é contigo" (Lc 1.28).

Foram certos homens escolhidos para serem apóstolos, ao acaso? Cristo pegou os primeiros homens que Ele encontrou após ter determinado associar homens a si mesmo, ou foram esses homens escolhidos nos conselhos divinos da eternidade? Foi uma mera coincidência que Saulo de Tarso foi preparado educacionalmente e chamado para a maior de todas as tarefas humanas - a formação da doutrina cristã? Deus poderia dizer a Faraó: "Para isto mesmo te levantei: para em ti mostrar o meu poder, e para que seja anunciado o meu nome em toda a terra" (Rm 9.17). Assim, está revelado que u m propósito poderoso é cumprido através de Faraó; todavia, ele não entendeu isso. Sem dúvida, considerou-se digno de todo o crédito pelo que ele era, por ser tanto auto centrado quanto qualquer outro homem que se faz a si mesmo.

O caso de Giro é igualmente instrutivo. Deus chamou-o pelo nome quando este ainda não havia nascido. Esse rei poderoso foi chamado, para que pudesse saber que Jeová é o Deus de Israel, e para que pudesse conhecê-lo. O profeta declara: "Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Giro, a quem toma pela mão direita, para abater nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis; para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão; eu irei adiante de ti, e tornarei planos os lugares escabrosos; quebrarei as portas de bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro. Dar-te-ei os tesouros das trevas, e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chamo pelo teu nome. Por amor de meu servo Jacó, e de Israel, meu escolhido, eu te chamo pelo teu nome; ponho-te o teu sobrenome, ainda que não me conheças" (Is 45.1-4).

Por que, na verdade, dos dois maiores reis da terra - Faraó e Giro - a serem eleitos assim, deveria u m ter o coração endurecido e o outro deveria conhecer Jeová? As Escrituras não deixam espaço para uma sugestão de que esses

destinos foram de acordo com os desígnios humanos ou com as peculiaridades deles; o testemunho em cada caso é o de que Jeová fez exatamente conforme Ele quis. Deus não pede para ser eximido de tal responsabilidade. Por que deveria Deus eleger Jacó e rejeitar Esaú? Por que deveria a descendência santa proceder de Isaque e não de Ismael? Somente porque Deus quis que fosse assim. E não havia uma razão digna para essa seleção feita por Deus? Deveria ser dito que não há uma razão para qualquer das ações de Deus na eleição e isto somente por causa do fato de que os homens, talvez, não as entendam? Há alguma vida que tenha vivido - seja no caso de Faraó ou no de u m apóstolo — que não cumpra o propósito de seu Criador? Não é verdadeiro que nem mesmo dois seres humanos semelhantes quando vistos por Deus e que nenhum poderia

servir como um substituto do outro; ou poderia o propósito divino para um ser estendido para outros, como querem os homens?

E racional, ao menos, ao dizer que cada pessoa entre alegremente na vontade de Deus para si mesma e especialmente visto que, dentro do propósito eterno, Ele estende o convite gracioso: "Aquele que quiser vir". Não se deve esperar que os não-salvos aceitem a verdade a respeito da soberania divina na eleição. A mente energizada por Satanás (Ef 2.2) não fará qualquer concessão no que diz respeito à autoridade de Deus. O tema total diz respeito somente àqueles que são regenerados e esse tema nunca deveria ser apresentado aos não-salvos, ou mesmo discutido na presença deles.