• Nenhum resultado encontrado

A Retirada dos Pecados antes da Cruz Que Haviam Sido Cobertos pelo Sacrifício

Coisas Realizadas por Cristo em seu Sofrimento e Morte

IX. A Retirada dos Pecados antes da Cruz Que Haviam Sido Cobertos pelo Sacrifício

A economia divina com respeito à disposição de tais pecados, representados nos sacrifícios de animais durante o extenso período entre Abel e Cristo, foi a de

cobrir, como mostra a raiz hebraica kãphar, traduzida como 'expiação". Antes

da morte de Cristo, esta economia divina baseou a sua ação justa com respeito ao pecado na antecipação dessa morte, por ser o sacrifício animal um símbolo ou tipo da morte do Cordeiro de Deus. Pela apresentação de um sacrifício e pela imposição de mãos sobre a cabeça da vítima, o ofensor reconhecia o seu pecado perante Deus, e entrava inteligentemente num arranjo no qual um substituto morria no lugar dele. Como afirmado em Hebreus 10.4, embora seja "impossível que o sangue de touros

e de bodes tire pecados" - Deus, não obstante, proporcionou um livramento para o ofensor, mas com a expectativa, em Si mesmo, de que houvesse uma base justa para tal livramento que eventualmente fosse assegurada pela morte sacrificial de seu Filho, morte essa que era tipificada pelo sacrifício de animal.

A palavra hebraica kãphar expressa com exatidão divina precisamente o que aconteceu do ponto de vista de Deus na transação. O pecado foi coberto, mas não "retirado", pois aguardava a morte prevista de Cristo. Traduzir kãphar por "expiação", que etimologicamente pode significar 'expiação', poderia comunicar não mais do que o ofensor ser um com Deus por uma transação que repousava somente num simbolismo. Do lado humano, o ofensor foi perdoado; mas do lado divino a transação precisava de um único ato que pudesse fazê-la conformar-se com as exigências da santidade infinita. Duas passagens do Novo Testamento lançam luz sobre a ação restrita de Deus a respeito daqueles pecados que foram cobertos pelo sacrifício de animais. Em Romanos 3.25, o objetivo divino na morte de Cristo é declarar ser "para a remissão de pecados que são passados através da paciência de Deus".

Neste texto, a palavra Tropeais, traduzida como remissão e usada apenas uma vez no Novo testamento, e num sentido muito distante com respeito ao significado de â(f)eo~iç (que indica um perdão pleno), sugere não mais do que a procrastinação do juízo e revela que Deus deixou de lado o pecado, em vista dos sacrifícios. Igualmente, em Atos 17.30, e com referência à mesma economia divina, lemos: "Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens em todo lugar se arrependam". A tradução da Authorized Version da palavra grega í/rrepeiSov pelas palavras 'não levou em conta' (ou "fez vista grossa") hoje sugere indiferença, ou uma falta de seriedade, da parte de Deus, para com os julgamentos justos em que o pecado deve inevitavelmente incorrer, visto que

o real significado de úrrepeiSov neste contexto são aqueles juízos inevitáveis, iminentes que foram ignorados somente temporariamente.

Uma séne de contrastes vitais entre a eficácia dos sacrifícios animais da antiga dispensação e a eficácia do sacrifício definitivo de Cristo é apresentada na carta aos Hebreus. Entre eles, e por ser a consumação da série, está afirmado (Hb 10.2) que os adoradores da antiga ordem nunca receberam liberdade de uma "consciência de pecados", e retornavam ano após ano, como sempre fizeram, com os sacrifícios de animais. Isto era inevitável, afirma o escritor, "porque é impossível que o sangue de touros e de bodes tire pecados" (10.4). Cristo, é dito (10.9), retirou a velha ordem, para que Ele pudesse estabelecer a nova. Que a velha ordem é retirada, está claro em Hebreus 10.26 pelas palavras: "já não mais resta sacrifício pelos pecados". Este fato é igualmente apresentado nas seguintes palavras: "Ora, todo sacerdote se apresenta dia após dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca pode tirar pecados; mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, assentou-se para sempre à direita de Deus" (Hb 10.11,12).

Desta maneira, é visto que a morte de Cristo foi uma consumação justa da antiga ordem, assim como o fundamento da nova. Visto que na antiga ordem Deus havia perdoado pecados com base no sacrifício que ainda era futuro, esse sacrifício, quando realizado, não somente tirou, pelo justo juízo, os pecados que

A SALVAÇÃO NACIONAL DE ISRAEL

Ele antes havia perdoado, mas mostrou que Deus havia sido justo em procrastinar os seus juízos sobre aqueles pecados. Este é o testemunho de Romanos 3.25, onde, na procrastinação da morte de Cristo, está afirmado: "ao qual Deus propôs como propiciação, pela fé, no seu sangue, para demonstração da sua justiça por ter ele, na sua paciência, deixado de lado os delitos outrora cometidos". Aqui, a maneira de Deus tratar, que deixou de lado os pecados do passado, foi baseada na paciência de Deus, enquanto que o modo presente de Deus tratar com o pecado é uma transação completa que resulta na absolvição do pecador e na garantia de sua justificação com base tão justa que Deus é dito ser justo em justificar o pecador que não faz algo além de crer em Jesus (Rm 3.26).

Por não haver uma base sob a antiga ordem para uma absolvição completa do pecador, essa transação é levada a efeito e se toma uma parte do novo testamento que Cristo fez em seu sangue, e por ela os eleitos da velha ordem receberam "a promessa da eterna herança". Lemos: "E por isso é mediador de um novo pacto, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões cometidas debaixo do primeiro pacto, os chamados recebam a promessa da herança eterna" (Hb 9.15).

A conclusão a ser tirada deste extenso conjunto de textos é que os pecados cometidos no período entre Adão e a morte de Cristo, que foram cobertos pelas ofertas sacrificiais, foram retirados e perfeitamente julgados em justiça, como o objetivo mais importante na morte de Cristo.