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Os Sacrifícios Prescritos no Antigo Testamento

0 Sofrimento e a Morte de Cristo nos Tipos

II. Os Sacrifícios Prescritos no Antigo Testamento

1. O C O R D E I R O PASCAL. A redenção permanente e nacional de Israel, assim como a segurança do primogénito de cada família, foi assegurada pelo cordeiro pascal. Tão profunda foi esta redenção que de Israel era exigido que, em reconhecimento dela, fosse restabelecida a Páscoa por todas as gerações - não como uma renovação da redenção, mas como u m memorial. Os dois aspectos gerais do significado da Páscoa são bem expressos por C. H. Mackintosh:

"Tomarão do sangue do cordeiro, e pô-lo-ão em ambos os umbrais e na verga da porta, nas casas em que o comerem. E naquela noite comerão a carne assada ao fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão. Não comereis dele cru, nem cozido em água, mas sim assado ao fogo; a sua cabeça com as suas pernas e com a sua fressura" (Ex 12.7-9). Temos de contemplar o cordeiro pascal em dois aspectos, a saber, como a base da paz, e como o centro da unidade. O sangue sobre a verga da porta assegurava a paz de Israel - "vendo eu o sangue" (v. 13). Não havia algo mais exigido, a fim de se desfrutar a paz estabelecida, em referência ao anjo da morte, do que a aplicação do sangue da aspersão. A morte tinha de fazer a sua obra em cada casa, por toda a terra do Egito. "Está destinado aos homens morrerem uma só vez" Mas Deus, em sua grande misericórdia, encontrou um substituto imaculado para Israel, sobre o qual a sentença de morte foi executada. Assim, as reivindicações de Deus e a necessidade de Israel foram satisfeitas pela mesma coisa, a saber, o sangue do cordeiro. Esse sangue derramado provou que, por causa da providência divina,

tudo foi perfeitamente estabelecido; e, portanto, a paz perfeita reinou. Uma

sombra de dúvida na vida de um israelita teria sido uma desonra mostrada à base da paz que havia sido divinamente designada - o sangue da expiação...

Consideraremos agora o segundo aspecto da Páscoa, como o centro ao redor do qual a assembleia se reunia, em comunhão pacífica, santa e feliz. Salvo pelo sangue, Israel era uma coisa; e Israel, ao alimentar-se do cordeiro, era algo totalmente diferente. Eles eram salvos somente pelo sangue; mas o objeto ao redor do qual eles se reuniam, manifestamente era o cordeiro assado. Esta não é, de modo algum, uma distinção sem uma diferença. O sangue do cordeiro forma o fundamento tanto de nossa conexão com Deus quanto de nossa união uns com os outros. E como aqueles que são lavados naquele sangue, que somos apresentados a Deus e um ao outro. A parte da perfeita expiação de Cristo, obviamente não poderia haver comunhão com Deus ou a Sua assembleia. Ainda devemos nos lembrar de que é para um Cristo vivo no céu que os crentes são reunidos pelo Espírito Santo. E com o Cabeça vivo que somos conectados - a uma "Pedra viva estamos

Os SACRIFÍCIOS PRESCRITOS NO ANTIGO TESTAMENTO

conectados. Ele é o nosso centro. Por termos encontrado a paz através do seu sangue, nós o possuímos como o nosso grande ponto-de-encontro e nosso elo de conexão: "Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" (Mt 18.20). O Espírito Santo é o único Reunidor; o próprio Cristo é o único objeto junto ao qual somos reunidos; e a nossa assembleia, quando assim convocada, deve ser caracterizada pela santidade, para que o Senhor nosso Deus possa morar entre nós. O Espínto Santo pode somente unir-nos a Cristo. Ele não pode juntar-nos a u m sistema, um nome, uma doutrina, ou uma ordenança. Ele nos junta a uma pessoa, e essa pessoa é o Cristo glorificado no céu. Isto deve estampar um caráter peculiar na assembleia dos que são de Deus. Os homens podem se associar em qualquer base, ficar ao redor de qualquer centro, ou podem se agradar de qualquer objeto; mas quando o Espírito Santo se associa a nós com base na redenção realizada, ao redor da pessoa de Cristo, é com a finalidade de formar u m santo lugar de habitação para Deus (1 Co 3.16, 17; 6.19; Ef 2.21, 22; 1 Pe 2.4-5).37

As seis exigências essenciais a serem encontradas no cordeiro pascal eram: sem mancha; testado; morto; partido como alimento; seu sangue a ser aplicado; e como uma propiciação perfeita contra os juízos divinos. Dificilmente se pode duvidar que Cristo seja o antítipo em tudo isto.

2. As C I N C O OFERTAS (LV 1.1-7.38). As cinco ofertas são: a queimada, a de comida, a pacífica, a pelo pecado, e a de ofensa. Essas são devidamente classificadas como ofertas de suave cheiro, grupo esse que inclui as primeiras três, e as ofertas que não são classificadas como de suave cheiro, em que se incluem as duas últimas. Foi feita referência anteriormente a estas cinco ofertas, e será suficiente, a esta altura, reafirmar que as ofertas de suave cheiro representam Cristo, que se ofereceu a si mesmo sem mácula a Deus (Hb 9.14), e que este é substitutivo ao grau em que, como o pecado é totalmente carente de mérito perante Deus (Rm 3.9; Gl 3.22), Cristo liberou e tornou disponível, com base em sua perfeita equidade, o seu próprio mérito como a prova da aceitação do crente e de sua posição diante de Deus. Por outro lado, deveria ser lembrado que as ofertas que não são de suave cheiro apresentam Cristo como um sacrifício pelo pecado, e, como tal, a face do Pai é desviada e o Salvador grita: "Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?" (SI 22.1; Mt 27.46; Mc 15.34). A base para um perdão justo e completo na morte de Cristo é, assim, prefigurada nas ofertas que não são de suave cheiro.

3. A s D U A S AVES (LV 14.1-7). Como no dia da Expiação, quando os dois bodes eram requeridos para cumprir a descrição total da morte de Cristo, assim as duas aves são exigidas na purificação da lepra - o tipo do pecado. A primeira ave morta fala de Cristo "entregue pelas nossas ofensas", enquanto que a segunda ave, submersa no sangue da primeira ave e solta, fala de Cristo

"ressuscitado para a nossa justificação" (Rm 4.25).

4. O D I A DA E X P I A Ç Ã O . Além disso, o alcance maior e o cumprimento da morte de Cristo são demonstrados tipicamente em detalhes magníficos pelos eventos e exigências específicas do dia da Expiação. Do significado tipológico

das ofertas prescritas para o dia da Expiação - o boi para o sumo sacerdote, e os dois bodes — o Dr. G. I, Scofield afirma:

A oferenda do sumo sacerdote por si mesmo não tem antítipo em Cristo (Hb 7.26,27). O interesse tipológico centra-se sobre os dois bodes e o sumo sacerdote. Tipologicamente (1) tudo é feito pelo sumo sacerdote (Hb 1.3, "por Si mesmo"), as pessoas somente trazem o sacrifício (Mt 26.47; 27.24, 25). (2) O bode morto (porção de Jeová) é aquele aspecto da morte de Cristo que vindica a santidade e a justiça de Deus expressa na lei (Rm 3.24-26), e é expiatório. (3) O bode vivo tipifica aquele aspecto da obra de Cristo que retira os nossos pecados da presença de Deus (Hb 9.26; Rm 8.33, 34). (4) O sumo sacerdote, ao entrar no lugar santíssimo, tipificava Cristo, que penetrou no "próprio céu" com "seu próprio sangue" por nós (Hb 9.11, 12). Seu sangue faz aquele ser o "trono da graça" e o "propiciatório", que também deve ter sido um trono de julgamento. (5) Para nós, os sacerdotes do Novo Pacto, há o que Israel nunca teve, um véu rasgado (Mt 27.51; H b 10.19, 20). De m o d o que, para adoração e bênção, temos de entrar, em virtude do seu sangue, onde Ele está, no lugar santíssimo (Hb 4.14-16; 10.19-22). A expiação de Cristo, da forma em que foi interpretada pelos tipos sacrificiais do Antigo Testamento, tem esses elementos necessários: (1) ele é substitutivo - a oferta toma o lugar do ofertante na morte; (2) A lei não é evitada, mas honrada - toda morte sacrificial era uma execução da sentença da lei. (3) A impecabilidade de Cristo que suportou os nossos pecados é expressa em todo sacrifício animal — devia ser sem mancha. (4) O efeito da obra expiatória de Cristo é tipificado (a) nas promessas; "lhe será perdoado"; e (b) na oferenda pacífica, a expressão de comunhão — o mais alto privilégio do santo.3S

Os aspectos específicos assim referidos são: o touro para o sumo sacerdote, a substituição do animal pela pessoa pecaminosa, a manutenção da lei, o caráter perfeito do sacrifício, o pecado coberto pelo sangue do primeiro bode, e a culpa retirada pela soltura do segundo bode.

5. O N O V I L H O V E R M E L H O (Nm 19.1-22). A doutrina do Novo Testamento que trata da purificação do crente está afirmada em 1 João 1.7, 9. A depravação é removida pelo sangue de Cristo, mediante a confissão. O tipo de tal purificação, que servia também para u m grande propósito na economia do sistema mosaico, é visto na ordenança do novilho vermelho. Sobre isto, J.N. Darby escreve:

O novilho era queimado completamente fora do acampamento, m e s m o o seu sangue, exceto aquele que era espargido diretamente perante o Tabernáculo da congregação, isto, onde o povo devia encontrar-se com Deus. Ali o sangue era espargido sete vezes (porque era ali que Deus se encontrava com o seu povo), u m testemunho perfeito aos olhos de Deus para a expiação feita pelo pecado. Eles tinham acesso ali de acordo com o valor desse sangue. O sacerdote

VÁRIOS TIPOS DA MORTE DE CRISTO

atirava ao fogo madeira de cedro, hissopo, e escarlate (isto é, tudo que era d o h o m e m , e sua glória h u m a n a no m u n d o ) . "Do cedro até o hissopo" é a expressão da natureza da sua parte mais elevada até a sua mais baixa profundeza. O escarlate é a glória externa (o mundo, se lhe agrada). A totalidade era queimada no fogo que consumiu Cristo, o sacrifício pelo pecado. Então, se alguém contraía corrupção, embora fosse meramente através de negligência, ou em qualquer m o d o que pudesse ser, Deus tomava conta da corrupção. E este é u m fato solene e importante: Deus faz os arranjos para a purificação, mas em caso algum Ele p o d e tolerar qualquer coisa em sua presença inadequada. Pode ser difícil u m caso inevitável, alguém morrer repentinamente na tenda. Mas foi para mostrar que por Sua presença Deus julga aquilo que é adequado à Sua presença. O homem foi corrompido e ele poderia ir para o tabernáculo de Deus. Para limpar uma pessoa cheia de poluição, eles tomavam água corrente, na qual colocavam as cinzas do novilho, e o h o m e m era borrifado no terceiro e no sétimo dias; então era purificado.39

Os aspectos essenciais desta ordenança eram: um cordeiro sem macha, a morte do animal, cada parte consumida pelo fogo, a retenção das cinzas para purificação, a mistura da cinza com a água, e a aplicação aa água e cinzas para a purificação da corrupção.