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Três Palavras Doutrinárias

Por quem Cristo Morreu?

IV. Três Palavras Doutrinárias

Embora c o m u n s no uso teológico, os termos redenção limitada e redenção

ilimitada são i n a d e q u a d o s para expressar a totalidade do p r o b l e m a que

ora é estudado. Há três aspectos importantes da verdade apresentados na doutrina do Novo Testamento com benefícios imensuráveis que são p r o p o r c i o n a d o s para os não-salvos através da morte de Cristo; e redenção é apenas u m a das três. Cada u m destes aspectos da verdade é, por sua vez, expresso por u m a palavra, cercado como cada palavra é de u m grupo de derivados ou sinónimos dessa palavra. Estas palavras são: áTroXÚTpwms, traduzida c o m o redenção; KaTaX.\ayfj, traduzida c o m o reconciliação, e i \ a a | i ó s ' , traduzida como propiciação. As riquezas da graça divina que estas palavras apresentam transcendem todo p e n s a m e n t o ou linguagem h u m a n o s ; mas essas verdades devem ser declaradas em termos h u m a n o s , se realmente forem declaradas.

Como é necessário ter quatro evangelhos, visto que é impossível para um, dois, ou mesmo três, apresentar a plena verdade a respeito de nosso Senhor Jesus Cristo, assim as Escrituras abordam o grande benefício da morte de Cristo para os não-salvos a partir de três ângulos, a fim de que o que possa faltar em um seja suprido nos outros. Há, ao menos, outras quatro grandes palavras -perdão,

regeneração, justificação e santificação — que apresentam bênçãos espirituais

asseguradas pela morte de Cristo; mas estas devem ser distintas das três mencionadas anteriormente num particular muito importante, a saber, que essas quatro palavras se referem a aspectos da verdade que pertencem somente àqueles que são salvos. Em oposição a estas, as três palavras — redenção, reconciliação e

propiciação - embora incorporem no bojo do significado delas as verdades vitais

que pertencem ao estado dos salvos, elas se referem especificamente àquilo que Cristo operou pelos não-salvos em sua morte na cruz.

O que é chamado obra consumada de Cristo pode ser definido como a soma total de tudo que essas três palavras conotam quando restritas aos aspectos do significado delas que se aplicam somente aos não-salvos. A

redenção está dentro da esfera do relacionamento que existe entre o pecador

e seus pecados, e essa palavra, com as agrupadas a ela, contempla o pecado como uma escravidão, o pecador como u m escravo, e a liberdade a ser assegurada somente através da redenção, ou resgate, que está em Cristo Jesus (Jo 8.32-36; Rm 6.17-20; 8.21; Gl 5.1; 2 Pe 2.19). A reconciliação está dentro da esfera do relacionamento que existe entre o pecador e Deus, e contempla o pecador como u m inimigo de Deus, e Cristo como o pacificador entre Deus e o h o m e m (Rm 5.10; 8.7; 2 Co 5.19; T g 4.4).

A propiciação está também dentro da esfera do relacionamento que existe entre Deus e o pecador, mas a propiciação contempla a necessidade mais ampla de Deus ser justo quando Ele justifica o pecador, e de Cristo como uma Oferta, um Sacrifício, u m Cordeiro morto, que, por satisfazer toda exigência da santidade de Deus contra o ofensor, considera Deus propício para com o ofensor

(Rm 3.25; 1 Jo 2.2; 4.10). Assim, pode ser visto que a redenção é o aspecto da cruz em relação ao pecado, a reconciliação é o aspecto da cruz em relação ao

homem, e a propiciação é o aspecto da cruz em relação a Deus, e que essas três

grandes doutrinas, nos melhores termos possíveis aos homens, combinam na declaração de apenas u m empreendimento divino.

Daquilo que foi dito anteriormente, será visto que o problema em questão entre os defensores da redenção limitada e os da ilimitada é uma questão de reconciliação limitada ou ilimitada, de propiciação limitada ou ilimitada, como o é de redenção limitada ou ilimitada. Por ter feito um estudo cuidadoso dessas três grandes palavras e do grupo de palavras que deve ser incluído em cada uma delas, dificilmente alguém poderia negar que há uma aplicação dupla da verdade apresentada em cada uma delas.

Há o aspecto da redenção que é apresentado pela palavra àyopáC w, traduzida como redimir, que significa comprar no mercado; e, conquanto seja usada para expressar o tema geral da redenção, o seu sentido técnico sugere somente a compra do escravo, mas não necessariamente comunica o pensamento de sua libertação da escravidão. A palavra e£ayopá£to, também traduzida como

redimir, sugere muito mais, porque é£, que significa fora de, é combinado

com àyopct£w e, assim, indica que o escravo é comprado para fora do mercado (observe aqui, também, que os termos mais fortes XuTpóto e (XTTOTXiJTpcjcas significam libertar e libertação). Há, então, uma redenção que paga o preço, mas que necessariamente não liberta o escravo, assim como a redenção que é para a liberdade permanente. E provável que a referência à redenção em VIII, 6 e VIII, 8 da Confissão de Fé de Westminster, tem a redenção eficaz em vista, que é concretizada naqueles que são salvos.

De acordo com 2 Coríntios 5.19, há uma reconciliação declarada ser universal e operada totalmente por Deus; todavia, no versículo que se segue no contexto, está indicado que o pecador individual tem a responsabilidade, em adição à reconciliação universal operada por Deus, de se reconciliar com Deus. O que Deus realizou mudou tanto o mundo em sua relação com Deus que Ele, de acordo com as demandas da infinita justiça, se satisfaz com a morte de Cristo como uma solução da questão do pecado para cada um. O desideratum não é alcançado, contudo, até que o indivíduo, já incluso na reconciliação do mundo, em si mesmo tenha satisfeito com aquela mesma obra de Cristo que satisfez a Deus como a solução de seu próprio problema do pecado. Assim, há uma reconciliação que de si mesma não salva, mas que é uma base para a reconciliação de qualquer e de todos que vêm a crer. Quando eles crêem, são reconciliados experimental e eternamente, e se tornam filhos de Deus através das riquezas de sua graça.

N u m versículo curto, 1 João 2.2, Deus declara que há uma propiciação para os nossos (dos crentes) pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro. Conquanto venha a ser dado mais tarde o devido reconhecimento à interpretação dessa e de outras passagens semelhantes, oferecida pelos defensores da redenção limitada, é óbvio que o mesmo duplo

A CRUZ N A O É O Ú N I C O INSTRUMENTO DE SALVAÇÃO

aspecto da verdade - que é aplicável aos não-salvos e aos salvos - seja indicado a respeito da propiciação como é indicado no caso tanto da redenção quanto da reconciliação.

A partir da breve consideração dessas três grandes palavras doutrinárias, pode ser visto que os defensores da redenção ilimitada crêem na reconciliação ilimitada, na propiciação ilimitada assim como crêem na redenção ilimitada. Por outro lado, os defensores da redenção limitada raramente incluem as doutrinas da reconciliação e propiciação especificamente na sua discussão dessa questão.