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Verdades Essenciais Abraçadas

0 Fato da Eleição Divina

III. Verdades Essenciais Abraçadas

1. D E U S , P O R E L E I Ç Ã O , E S C O L H E U A L G U N S PARA A SALVAÇÃO, MAS N Ã O T O D O S . Esta verdade, muito frequentemente resistida pela falta de u m entendimento da natureza de Deus, ou da posição que Ele ocupa em relação às suas criaturas, é razoável, mas ela é distintamente uma revelação. Isto, como já foi afirmado antes, não pode ser duvidado por aqueles que são sensíveis à Palavra de Deus. Está revelado a respeito de indivíduos que eles foram escolhidos no Senhor (Rm 16.13), escolhidos para a salvação (2 T s 2.13), escolhidos em Cristo antes da fundação do mundo (Ef 1.4), predestinados para a adoção de filhos (Ef 1.5), eleitos de acordo com a presciência de Deus (1 Pe 1.2), vasos de misericórdia que de antemão preparou para a sua glória (Rm 9.23). Não pode haver uma dúvida levantada exceto que estas passagens contemplam u m ato de Deus pelo qual alguns são escolhidos, mas não todos.

A ideia de eleição, ou seleção, não pode ser aplicada a toda raça como desconectados uns dos outros. Escondida na palavra eleição está a verdade implícita, que é inevitavelmente uma parte dela, que os outros não sejam escolhidos, ou deixados de lado. Isto sugere novamente a distinção, já particularizada quando se discutiu os decretos divinos, de que a predestinação aponta para a eleição ou a retribuição, e que a eleição não pode ser entendida por qualquer outra luz que os outros - os não-eleitos - são deixados de lado. O pensamento expresso pela palavra eleição não pode ser modificado. Ele assevera uma intenção expressa da parte de Deus para conferir salvação a certas pessoas, mas não a todas. Não é um mero propósito dar salvação àqueles que possam crer; ela antes determina quem vai crer.

2. A E L E I Ç Ã O D I V I N A F O I REALIZADA NA E T E R N I D A D E PASSADA. Todas as coisas que se relacionaram à história humana foram determinadas nos conselhos eternos de Deus antes do homem ter sido criado. Três passagens servem para afirmar esta verdade: "...como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor" (Ef 1.4); "...que nos salvou, e chamou com uma santa vocação, não segundo as

VERDADES ESSENCIAIS ABRAÇADAS

nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e a graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos" (2 T m 1.9); "...diz o Senhor que faz estas coisas, que são conhecidas desde a antiguidade" (At 15.18). Alguns têm sustentado que a eleição acontece no tempo e que foi o envio do Evangelho aos homens que Deus propôs nessas eras.

Reivindica-se somente que os homens são eleitos, quando eles exercem a sua própria vontade em aceitar as ofertas da graça divina. Para tal, uma passagem da Escritura proporciona uma correção: "Mas nós devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos, amados do Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, mediante a santificação do Espírito e a fé na verdade, e para isso vos chamou pelo nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo" (2 Ts 2.13, 14). Assim, é dito que a eleição para a salvação é " desde o princípio", que corresponde ao que está citado em João 1.1. É dito que o Evangelho é a chamada que cumpriu a eleição eterna para a salvação.

3. A E L E I Ç Ã O N Ã O R E P O U S A M E R A M E N T E NA PRESCIÊNCIA. A distinção

óbvia entre a presciência e a preordenação, ou predestinação, deu ocasião para muita discussão, pois há os que asseveram que Deus, por sua presciência, discriminou entre os que por sua própria escolha haveriam de aceitar a salvação e os que a rejeitariam, e, por assim informado, Deus foi capaz de predestinar os que Ele sabia que iriam crer. O caráter superficial desta noção é vista (1) no fato de que a presciência e a preordenação, ou predestinação, não poderiam ser colocadas numa sequência. Nada poderia ser pré-conhecido como certo que tivesse sido tornado certo pela preordenação, nem poderia qualquer coisa ser preordenada, que não tivesse sido conhecida de antemão. Das três passagens que tratam do relacionamento entre essas duas atividades divinas, duas mencionam a presciência como a primeira na ordem, enquanto que outras revertem este arranjo.

Em Romanos 8.29 está escrito: "Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que seja o primogénito entre muitos irmãos"; e em 1 Pedro 1.2 os crentes são mencionados como "eleitos de acordo com a presciência de Deus". Mas em Atos 2.23, onde o propósito divino na morte de Cristo está em vista, está escrito: "...a este que foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus". (2) As Escrituras declaram que o que vem a acontecer é preordenado por Deus e não meramente pré- conhecido por Ele. A salvação é pela graça à parte das obras. Os homens não são salvos por causa das boas obras que sejam antecipadas ou realizadas. A eleição é de acordo com a graça e não de acordo com as obras. Se a salvação é pela graça, ela não mais é pelas obras, e se ela é pelas obras, ela não mais é pela graça (Rm 11.5,6).

A luz desta revelação, é impossível construir uma estrutura prevista de obras como a base da salvação de qualquer pessoa. Semelhantemente, há uma autoridade divina para negar que a fé e a santidade pessoal, mesmo previstas, determinam a eleição divina. A Bíblia reverte essa ordem por declarar que a eleição é para a fé e a santificação. Não é um erro pequeno confundir essas questões e tornar a fé e a santidade a causa e a eleição, o efeito. A fé pode servir a u m propósito não maior do que o de ser o meio pelo qual aquilo que

Deus determinou possa ser realizado. Ao reportarmos novamente à passagem já citada, será visto que Deus escolheu desde o princípio aqueles para serem salvos, e predestinou-os para "a fé na verdade" (2Ts2.13); e Ele escolheu alguns antes da fundação do mundo, para que eles sejam santos e irrepreensíveis perante Ele em amor (Ef 1.4).

Assim, está revelado que os homens não são primeiro santos e, então, eleitos; mas eles são primeiro eleitos e que a eleição é para a santificação. Gomo uma ilustração dessa ordem na verdade, o apóstolo se refere à escolha que Deus fez de Jacó, e não de Esaú, antes deles terem nascido, e antes que tivessem feito qualquer coisa boa ou má. Tudo isto, é dito, é com a finalidade de que a eleição divina pudesse prevalecer, não por obras, mas por aquele que chama (Rm 9.10, 13). Pode ser acrescentado que as obras e as qualidades aceitáveis não residem em qualquer ser humano caído, exceto que essas características são operadas no coração humano pela energia divina. Portanto, seria tolice esperar que Deus previsse nos homens o que poderia nunca ter existido. Sem dúvida, multidões de pessoas se agarram a uma eleição condicional para que não sejam forçadas a reconhecer a depravação do homem.

4. A ELEIÇÃO DIVINA E IMUTÁVEL. Não somente o que foi determinado nas épocas passadas será realizado, mas será imutavelmente realizado. E alegado, por aqueles que dão uma ênfase indevida à capacidade da vontade humana, que o propósito de Deus na salvação pode ser frustrado, que o eleito de hoje pode, por causa da determinação humana, se tornar o não-eleito de amanhã. Está implícito que Deus não pode fazer mais do que ajustar-se à vontade do homem, e Sua determinação a respeito de Suas criaturas pode mudar. Em resposta a esta ideia, pode ser observado que Deus nunca criou uma vontade humana como um instrumento para derrotar o seu próprio propósito. Ele as cria para que elas possam servir à sua vontade imutável. Visto que Deus é o Criador de todas as coisas, é absurdo supor que aquele que ena não pode determinar a escolha e o destino daquilo que Ele operou.

Ao referir-se àqueles que haviam errado e, pela incredulidade deles, haviam "pervertido a fé a alguns", o apóstolo declara em termos seguros: "Todavia, o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os seus, e: Aparte-se da injustiça todo aquele que profere o nome do Senhor" (2 T m 2.18, 19). A linguagem humana não pode expressar uma afirmação mais positiva do que a que aparece em Romanos 8.30: "...e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou". O texto, em harmonia com a totalidade da Bíblia, afirma que todos os que são predestinados são chamados, que todos os que são chamados são justificados, e que todos os que são justificados são glorificados. Não poderia haver u m a mais ou um a menos, pois, se isso acontecesse, Deus teria fracassado na consecução de seu beneplácito.

5. A E L E I Ç Ã O E M R E L A Ç Ã O À M E D I A Ç Ã O D E C R I S T O . Na investigação teológica, surge u m problema que não tem uma relação com a vida e o serviço diário do crente, mas que se relaciona à ordem dos decretos eletivos — a ser considerado no capítulo IX --, se Cristo morreu pelos homens por

OBJEÇÕES À DOUTRINA DA ELEIÇÃO

causa da eleição deles para a salvação, ou se eles são eleitos porque Cristo morreu por eles. A questão nada apresenta de cronológico. Ela tem a ver com o que é lógico, ou com a matéria de causa e efeito na mente de Deus. Em outras palavras, visto que é tão evidente que Deus não foi influenciado em sua escolha eletiva pela fé e obediência previstas do eleito, foi Ele influenciado pela relação prevista do eleito com o Salvador? Isto p o d e ser conhecido-. Havia algo em Deus que o moveu a dar o seu Filho ao m u n d o (Jo 3.16). A partir deste e de outros textos das Escrituras, pode ser concluído que, embora o Cordeiro tenha sido morto desde a fundação do m u n d o

(Ap 13.8), a eleição de alguns para a salvação, através da morte do Cordeiro, estabeleceu a necessidade daquela morte.

Por esta interpretação, a eleição vem primeiro na ordem não influenciada por outras questões, e ela é assim distintamente uma eleição de acordo com a sua graça. O tema total é muitíssimo difícil de ser compreendido, e Romanos 11.34 pode bem ser lembrado aqui: "Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor? Ou quem se fez seu conselheiro?" Se o melhor dos homens fosse delinear u m programa para o Todo-poderoso, é provável que ele não incluísse de forma alguma a eleição, e é mais do que certo que o esquema dele não começaria com a eleição da graça soberana à parte de todos os valores do mérito humano.

A doutrina da eleição não se apresenta sem dificuldades - como, na verdade, são normais quando a mente finita tenta traçar os caminhos daquilo que é infinito. Dentro de sua própria consciência, o homem reconhece pouca coisa fora de seu próprio poder de determinação; contudo, no fim, e a despeito dos meios pelos quais o homem atinge o seu destino, será aquele destino que foi não somente previsto, mas que também foi divinamente designado. Tal deve ser a convicção de toda alma devota que contempla a verdade óbvia de que o Criador está tão animado na execução de seus propósitos, como esteve na formulação deles.