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CULTOS DOMÉSTICOS

No documento Hist 7º ano (páginas 185-190)

A RELIGIÃO ROMANA PRIMITIVA

CULTOS DOMÉSTICOS

Desde os princípios de Roma que se praticam cultos e rituais privados de cada família e de cada gens. Eram praticados pelas famílias patrícias (as que pretenciam a uma gens) no lararium (também chamado sacrarium) que era o altar familiar. Cada família tinha os seus próprios deuses protectores. Além destes, veneravam-se outras divindades com determinadas «funções»: os Penates protegiam o interior das residências, os Lares protegiam os campos agrícolas pertencentes à propriedade familiar (mais tarde foram associados aos Manes e considerados, tais como estes, personificação das almas dos antepassados) e o deus Ianus protegia as portas de entrada.

Paterfamilias presidindo Um Larariu ao culto familiar

Os Manes eram espíritos dos antepassados e o paterfamilias (o chefe da família) era o sacerdote que praticava todos os cultos da religião doméstica. Assim que nascia o dia, oferecia alimentos e bebidas aos Manes e aos outros deuses familiares. Em certos dias especiais, presidia a cerimónias também elas especiais como, por exemplo, quando chegava a altura do ano em que se acreditava que os mortos regressavam e tinham de ser apaziguados. À meia noite, lançava para trás das costas, sobre o ombro, nove favas negras enquanto pronunciava nove vezes fórmulas de esconjuro.

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Os Romanos, Patrícios ou Plebeus, evitavam sempre praticar todo e qualquer acto que pudesse ofender os deuses: fitar um mocho durante a noite, assistir a qualquer acto público com uma toga que estivesse suja ou tivesse algum rasgão, espalhar sal perto de casa ou nos campos, pisá-lo, etc...

Perto do lararium havia sempre fogo ou, pelo menos, cinzas que se deveriam manter permanentemente ardentes. Era obrigação do paterfamilias manter a chama sempre acesa e era considerado muito mau presságio se alguma vez se apagasse. O fogo só deveria ser extinto se todos os elementos da família (incluindo os escravos) morressem. Uma deusa patrocinava esse fogo sagrado, protegendo todo o lar: Vesta. E, dado que Roma era considerada o lar de todos os Romanos, Vesta foi uma das primeiras deusas a ter um templo onde ardia o fogo sagrado guardado por sacerdotisas virgens chamadas vestais. Estas gozavam de vários privilégios e eram muito respeitadas e influentes.. Tinham mesmo o direito de poder perdoar a qualquer condenado que se cruzasse no seu caminho. Mas tinham de manter-se virgens durante o tempo que durasse o seu sacerdócio (normalmente 30 anos) e não podiam deixar apagar o fogo, o que seria considerado um presságio de catástrofe e até do fim da Cidade.

Este fogo, porém, tanto o da Cidade como os vários fogos domésticos, era apagado um dia por ano. Deveria ser aceso no dia seguinte segundo ritos muito rigorosos: com dois pedaços de madeira (que só podia ser de oliveira ou de loureiro) procurava-se um sítio onde o Sol incidisse e esfregavam-se os mesmos até fazer fogo que era depois transportado para o lararium. Durante o ano, a chama tinha de ser alimentada com o mesmo tipo de madeira e com a gordura dos animais sacrificados. Nada mais era permitido.

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CULTOS PÚBLICOS

Além da Religião doméstica também existiam vários deuses e cultos que pertenciam a toda a Cidade. Os seus sacerdotes chamavam-se pontífices e havia- os de vários tipos: as vestais, de que já falámos, os sálios (sacerdotes do deus Marte), os flâmines (encarregados do culto em templos de deuses patrocinados pelo Estado), os feciais ( a quem cabia determinar se as razões para uma guerra eram justas ou não), os Áugures e Arúspices (que interpretavam o futuro através de elementos como o voo das aves ou as entranhas de animais sacrificados) etc. Presidia a todos estes pontífices o Pontifex Maximus (que no Império passou a ser quase sempre o próprio Imperador). Era ao Pontifex Maximus que cabia, no princípio de cada ano, interpretar os sinais e determinar quais seriam os dias fastos (protegidos pelos deuses e considerados dias de sorte) e os nefastos (dias em que os deuses não protegeriam e poderia acontecer desgraças).

As cerimónias públicas variavam e podiam incluir procissões, jogos, divertimentos, combates rituais. Também incluíam sacrifícios de animais (chamados victimas quando eram de grande porte e hostias quando eram pequenos). Os animais sacrificados não podiam apresentar manchas nem defeitos e deveriam ser enfeitados com faixas e grinaldas.

Sacrifício de um animal

Os deuses públicos romanos reflectiam o seu carácter de agricultores, pastores e militares. Assim, e por ordem alfabética:

 CERES - deusa dos frutos dos cereais e da agricultura.  CONSO - deus protector do grão antes de germinar.  FAUNO - deus protector dos pastores e dos rebanhos.  FLORA - deusa protectora das plantas e flores.

 IANUS - deus protector das entradas. Era representado com dois rostos (um atrás e outro à frente); o seu templo mantinha as portas abertas em tempo de guerra.

 JUNO - esposa de Júpiter, deusa protectora do casamento e dos nascimentos.

 JÚPITER - deus considerado o mais importante de todos, da chuva e do raio.

 LIBER - deus das vinhas.  MARTE -deus da guerra.

 MINERVA - deusa da inteligência, da sabedoria e da arte.  POMONA - deusa dos frutos de árvores.

 SATURNO - deus das sementeiras.

 TELURE - deusa da terra e dos seus fenómenos (tremores de terra, crescimento de montanhas, etc...

 VÉNUS - deusa do amor

 VERTUMNO - deus do comércio e das estações do ano.  VESTA - deusa do lar e do fogo sagrado.

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A INFLUÊNCIA DA RELIGIÃO GREGA

A expansão romana transformou também a sua religião. O Senado sempre aceitara os deuses dos povos vencidos que eram convidados a instalar-se em Roma pela cerimónia da evocatio de que já te falámos. Quando os Romanos assimilaram a Grécia passaram a identificar os seus deuses com os do panteão grego. Como os Romanos não acreditavam que os seus deuses fossem iguais aos humanos, não lhes tinham atribuído as histórias e aventuras dos deuses gregos. Ao conhecer estes, porém, ficaram fascinados e, embora conservassem os nomes romanos, atribuíram aos seus deuses as aventuras e histórias de vida dos deuses gregos. A este fenómeno chamamos Sincretismo Religioso.

COMPARAÇÃO ENTRE OS PANTEÕES GREGO E ROMANO:

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O Nascimento de Vénus, de Sandro Botticelli

Vários deuses romanos

Com a chegada do Império, vários imperadores foram divinizados e o culto às suas figuras espalhou-se pelos quatro cantos do Império, sendo um dos meios utilizados por Roma para manter a unidade entre as suas vastas e longínquas províncias. Mais tarde, essa foi uma das razões para a perseguição aos Cristãos que se recusavam a prestar homenagem ao Imperador enquanto deus. Apenas em 313 d.C., pelo Édito de Milão, o Imperador Constantino estabeleceu liberdade de culto para os Cristãos. Em 381, o Imperador Teodósio tornou o Cristianismo a religião oficial do Estado Romano.

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CRISTIANISMO

ORIGEM E INÍCIO DAS CONVERSÕES

Já te dissemos em textos anteriores que os Romanos aceitavam muito facilmente os deuses dos povos conquistados. A cerimónia da Evocatio tinha como objectivo convidar as divindades das nações vencidas a entrar na grande família romana divina. Por isso mesmo, a chegada de uma nova religião não era algo que incomodasse muito este povo prático. Então, por que motivo o Império Romano demorou tanto tempo a aceitar a religião cristã?

Ao contrário dos Romanos, os Judeus e os Cristãos praticavam a Religião Monoteísta e não reconheciam mais nenhum deus além do seu. Tal fé era considerada por muitos como sendo «intolerante». Acresce o facto que tanto o Cristianismo como o Judaísmo, graças às suas ideias religiosas, punham em causa os fundamentos do próprio Estado Romano, entre eles o culto ao Imperador, o culto a outros deuses e as desigualdades sociais no Império.

O Cristianismo surgiu no século I numa província romana, chamada Palestina. Pensa-se que Jesus, o seu fundador, tenha nascido em Belém, na Judeia. Foi por volta dos trinta anos que Jesus começou a pregar a sua Palavra Divina, que consistia acima de tudo numa mensagem de paz e de tolerância, de compaixão e de perdão.

Fresco de Jesus Cristo numa catacumba romana

O que tornava este Homem tão diferente de muitos outros profetas de então? Tal como o Judaísmo (o Cristianismo era inicialmente considerado um ramo do Judaísmo e não uma religião separada e autónoma) Jesus acreditava na existência de um único Deus e tinha fé na ressurreição da Alma Humana e na Vida Eterna. Porém, a religião Cristã é universal, aberta a todos os Homens e a todas as raças. Trata-se de uma fé a que qualquer ser humano pode ter acesso, o que já não acontecia com a fé religiosa de muitos povos: naquele tempo, nascia-se dentro de uma religião e muito dificilmente eram aceites as conversões. A Fé Cristã não era algo que se herdava, era uma escolha pessoal de cada indivíduo.

As ideias revolucionárias de Jesus entraram em imediato choque com o poder fortíssimo dos Fariseus, um grupo de Judeus que tinha como objectivo principal estudar a Torah, um conjunto de livros dos mais místicos e mais sagrados da religião Judaica. Estes criaram um conjunto de leis orais e foram responsáveis pela

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