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PALCO E ACTORES

No documento Hist 7º ano (páginas 135-139)

A área da Plateia, chamada Théatron (de onde vem o nome Teatro), era construída na encosta de uma montanha, dando a impressão de que saía dela, e tinha a forma de um semi-círculo, uma sucessão de degraus que desciam até ao centro, onde estava a Orquestra. A Orquestra era um recinto onde se encontravam os músicos que acompanhavam os actores e o Coro. Em cima da plateia era colocado o palco, feito de madeira, com o Proskeinon área de representação. Do termo Keinon surgiu a palavra «cena». Atrás dele estava a skene, onde ficava o pessoal que lidava com os adereços de palco, guarda-roupa e actores que não estavam a representar a cena que decorria no palco.

Os Periactos (na ilustração Parodos) foram mais tarde construídos para poder mover o palco e mudar os cenários. Assim, o público tinha acesso a fundos diferentes, consoante a peça:

Tragédia - Palco com Palácio ou Templo. Comédia - Palco com casa particular.

Também faziam cenários com paisagens naturais.

Os géneros mais importantes do antigo Teatro Grego foram a Tragédia e a Comédia. Contudo, eles também tiveram géneros mistos, como a Tragicomédia ou a Sátira. Porque não tentas saber mais sobre elas?

PALCO E ACTORES

Pode parecer estranho para nós, mas durante milhares de anos (até à chegada do Cinema) a profissão de actor foi alvo de medos irracionais e de superstição. Os actores eram famosos já no tempo da Grécia Antiga mas, infelizmente, eram postos à margem da sociedade. Por outras palavras: eles serviam para ser convidados para as festas, mas não serviam para acompanhar um jantar de família.

Porque é que, durante tanto tempo, as pessoas temeram os actores? A resposta é muito simples: eles encarnavam uma personagem. Não se limitavam a representá- la - eles eram a personagem. Um bom actor (sempre um homem; as mulheres não eram actrizes) era uma espécie de camaleão, que mudava de personalidade.

E quando era muito bom naquilo que fazia, chegava a ficar irreconhecível em relação ao verdadeiro homem que encarnava as personagens. Ele não tinha um feitio e um nome: tinha vários.

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Dado que as pessoas foram durante muito tempo supersticiosas e tiveram uma forma de pensar em que a Magia e o Sagrado estavam ligados, tornou-se normal marginalizar o actor.

Porque é que o palco era alto? Para que todos pudessem ver bem a peça e para proteger os espectadores dos actores. Quando subia para o estrado, o artista entrava numa espécie de dimensão diferente da nossa, onde mudava de personalidade.

Durante muito tempo, os actores e dramaturgos (escritores de peças de Teatro) eram enterrados em lugares que não eram considerados sagrados. Na Era Cristã, até quase ao sec. XIX, eles não podiam ser sepultados nos mesmos cemitérios, em «Chão Sagrado». Acreditava-se que eles eram «criaturas amaldiçoadas» e que os seus corpos, em chão benzido iriam «contaminar» os outros corpos ali enterrados. Eram enterrados no lugar onde estavam os assassinos, as prostitutas, os loucos, os pagãos (que não eram cristãos) e os suicidas. Há até uma história incrível (é verdadeira!) que diz respeito ao dramaturgo francês Moliére (século XVII!). Luís XIV, o rei de França adorava as suas peças e, quando Moliére morreu, quis enterrá- lo num cemitério normal. Como a Igreja recusou (que horror, um dramaturgo em «chão sagrado»!), o rei mandou desenterrar o corpo à noite e, sem dizer nada à Igreja, enterrou-o à mesma num cemitério.

O prestígio da profissão de actor só se tornou constante com a chegada do Cinema, quando os actores e actrizes se tornaram «estrelas», olhados como semi-deuses e copiados por todos os seus fãs.

A Arte de representar na Grécia Antiga e, mais tarde, na Civilização Romana, não tinha nada a ver com o que estamos acostumados a ver num actor: era carregada de «tiques» e gestos muito estranhos. Era a entoação da voz e a posição corporal que dizia tudo ao público já que o actor usava muita maquilhagem ou uma máscara. A maquilhagem estava cheia de simbolismo, com as cores muito carregadas. A máscara representava as emoções. Se um homem do século XXI se metesse numa Máquina do Tempo e fosse ver uma peça num teatro grego, iria ficar confuso com tantos movimentos de corpos, braços, mãos, dedos e posturas.

Posturas corporais - O actor descobre algo; sente-se derrotado; pede piedade.

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Tens aqui um pequeno anúncio brasileiro sobre «o mau comportamento no teatro». Ficas com uma ideia de como poderia ter sido:aqui.

Da mesma maneira que existiam rituais para a arte de representar, havia rituais no espaço do palco:

Nascimento - Era expressamente proibido exibir uma personagem grávida (nem que fosse um homem com uma máscara de mulher e com um volume na barriga).

Morte - Representar a Morte estava fora de questão. Quando uma personagem morria, esta tinha que estar fora do palco. O público sabia que a personagem tinha morrido, através de outros actores que anunciavam o seu falecimento, no decorrer da peça ou através do Coro.

Estes rituais, que nos parecem hoje um preconceito, tinham a sua razão de ser: os Gregos acreditavam que o Teatro era uma representação da Realidade e havia certas coisas que nunca poderiam ser postas em cena num palco, porque isso atrairia a ira dos deuses. A palavra «Obsceno» ou «Obscena» vem dessa mesma raiz. Significa «Fora de cena». Tem que se retirar da Skene tudo o que não é aconselhável. Hoje o termo «obsceno» é interpretado por nós como algo inapropriado, feio, mas no início não teve este sentido. Ainda hoje os actores utilizam a mesma expressão antes de começar um espectáculo, dizendo: «Fora de cena quem não é de cena!»

Resta-nos falar da música utilizada nas orquestras: muito pouca coisa chegou até nós. O que conhecemos vem de fragmentos tardios, alguns dos quais de época romana que são uma cópia de cópia, de cópia... Não temos, pois, a certeza de qual o grau de exactidão. Noutros casos, estudiosos «carolas» metem-se a aprender ou reconstruir instrumentos clássicos com base em frescos ou esculturas. Estas músicas eram tocadas em cerimónias sacras e, quem sabe, em teatros.

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Fragmento de Música Grega

Para ficares com uma ideia:

Música Grega Antiga (dirigida por Seikilos): aqui

Músicas ligadas aos ritos dionisíacos (recriação de Michael Atherton): aqui

Hino Délfico a Apolo (tardio, do sec II a.C.): aqui

Hino a Zeus (Com pequeno poema): aqui

Lamentos: aqui

O Teatro também teve muitos «Efeitos especiais»: maquinaria, fogos, vapores, etc... mas das invenções tecnológicas iremos tratar, num outro capítulo.

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