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MATEMÁTICA E ASTRONOMIA

No documento Hist 7º ano (páginas 65-71)

Para se construir uma Pirâmide é necessário ter conhecimentos matemáticos e astronómicos.

Matemática - A Civilização Egípcia estava bastante adiantada para a época, em termos de Matemática. Sabiam operações simples, tais como somar e subtrair mas já sabiam lidar com operações mais complexas, desde fracções, raíz quadrada, ou calcular a área de um círculo. Não sabiam multiplicar ou dividir e não tinham um símbolo para o 0. São os fundadores de dois ramos da Matemática: Aritmética e Geometria. Foram estes conhecimentos matemáticos que permitiram que edifícios complexos como as Pirâmides se tornassem possíveis.

Exemplo de Sistema numérico egípcio

Astronomia - Quando se desejava construir uma pirâmide, o Faraó dirigia-se, à noite, para o terreno previamente escolhido, acompanhado da Sacerdotisa-mor e dos seus escravos. A cerimónia era sempre feita à noite, porque era necessário observar as estrelas. O Faraó enterrava uma estaca no chão e, com a ajuda da Sacerdotisa, tentava alinhar a estaca com a estrela Polar (uma estrela que indica o sentido Norte), que faz parte da constelaçao Ursa Maior. Era importante fazê-lo, porque uma das faces da pirâmide tinha que estar dirigida a Norte.

Toda a Civilização do Egipto estava voltada para o Nilo e, consequentemente, também as Pirâmides. Considerava-se que a melhor época para se procurar o local de construção de uma Pirâmide era na época em que a estrela Sírius estivesse visível no firmamento.

A estrela Sírius, importantíssima para os Egípcios, anunciava a chegada das inundações do Nilo e o começo de um novo ano. Um ano solar egípcio tinha 365 dias, com meses de 30 dias. No fim do ano somavam-se 5 dias para formar um calendário completo. O nosso calendário é um descendente directo do egípcio. Foi Júlio César quem decidiu introduzi-lo em Roma, sem grandes modificações, com excepção do ano bissexto.

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MEDICINA

Estatueta de Imhotep

A reputação dos médicos egípcios era de tal forma elevada, que todos os reis do mundo antigo desejavam ter um nas suas cortes. Pessoas de várias proveniências deslocavam-se de propósito à terra dos faraós para aprenderem a sua Medicina. Que havia de tão especial nas «artes de curar» egípcias?

A explicação para o seu sucesso era muito simples: a Medicina Egípcia era eficaz - resultava. A taxa de sucesso, na época, era muito alta. Os médicos não se limitavam a recitar encantamentos e fórmulas mágicas, eles utilizavam ingredientes que eram muito eficazes, tais como o mel para as feridas, ou carne crua para as hemorragias. Inventaram formas de acalmar as dores de dentes (pastas de sementes esmagadas, mel e leite, que eram usadas para bochechar). Inventaram inclusive próteses para os dentes! Só isso já fazia com que os médicos fossem vistos pelos seus contemporâneos como «milagreiros».

Um dos médicos mais amados da História do Egipto foi o grande Arquitecto Imhotep: grande matemático, arquitecto, criador da primeira pirâmide do Egipto, sacerdote mais importante no reinado do Faraó Djoser (2664-2646 a.C.)...e médico. A sua reputação era tal que, com o passar do tempo, foi deificado (passou a ser considerado um deus, venerado em templos). Milhares de pessoas acorriam ao Egipto, em peregrinação ao templo de Imhotep.

Observa este vídeo e aprende um pouco sobre a Medicina Egípcia.

A medicina egípcia considerava o coração como sendo a sede principal de todo o corpo humano: era nele que se alojava a nossa alma e as nossas emoções. Sabiam medir a pulsação e o lugar onde colocavam os dedos para a medir era na garganta ou no pulso, tal como os médicos fazem hoje, o que demonstra que já tinham uma ideia da circulação sanguínea. Pensa bem: quando falamos em expressões como «ter bom coração» ou «ouve o que diz o teu coração», talvez estejas a repetir uma velha sabedoria egípcia.

Igualmente, quando colocamos uma aliança no dia do casamento, estamos a repetir uma velha crença desta Civilização: o dedo anelar tinha uma veia que ia dar ao coração. Daí colocar um anel abençoado pelos sacerdotes no dedo anelar, para atrair a sorte.

Os Egípcios já conheciam o óleo de rícino e o Propólis (cera das abelhas) para a cicatrização. Já conheciam o ácido acetilsalicílico (extraído da casca de uma

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variedade de salgueiro e ingrediente principal da aspirina) e os opiácios (analgésicos poderosos à base de ópio) para as dores. E sabiam prever uma gravidez. Quando uma mulher suspeitava que estava grávida, ela urinava para um recipiente contendo sementes de cevada. Se as sementes germinassem, era sinal de que estava à espera de bébé.

( Propolis vem de pro polis - pela cidade. Foi o nome que lhe deram os Gregos que a aplicaram e espalharam os conhecimentos antibióticos e cicatrizantes desta cera natural. Devem ter tomado conhecimento dela no contacto com os Egípcios. Consideravam-na «pela cidade» pelo bem que fazia aos cidadãos. Hipócrates, conhecido como pai da medicina, recomendava-a.)

ALQUIMIA

Sabias que a palavra Alquimia deriva do arábico Al-Khen que sinifica «País Negro» (Kemi), nome dado ao Egipto na Antiguidade? Não é por acaso que, mais uma vez, esta Civilização está na vanguarda de quase tudo o que é inovador, até dos produtos artificiais. Sim, os egípcios já produziam materiais sintéticos!

Lembram-se quando mencionámos que a cor azul (que tanto cobiçavam) tinha que ser importada? Pois eles encontraram uma forma de fazer um azul artificial, misturando óxido de cobre e cobalto com bicabornato de sódio e cálcio e aquecendo a mistura a altas temperaturas.

Resulta? Claro que sim. O resultado era uma pedra azul, que era moída e guardada. Quando fosse preciso usá-la para pintar, era só preciso misturar o pó com clara de ovo ou goma arábica. E pronto, criava-se uma tinta líquida, pronta a usar. Muitas paredes de túmulos foram pintadas com esta tinta. Engenhoso, não é?

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ESCRITA E LITERATURA

A civilização Egípcia também produziu Literatura e Poesia fabulosas. Os seus livros ainda hoje são lidos. Os poemas de Amor são lidos no mundo inteiro e traduzidos para imensas línguas.

A obra mais famosa é, sem dúvida, O Livro dos Mortos, de que já falámos num capítulo anterior.

Outra obra conhecida é A Sátira dos Ofícios, de Képhi, que pretende ridicularizar as actividades agrícolas e artesanais, ao mesmo tempo que valoriza a profissão de escriba. Eis alguns excertos:

[...] O pedreiro tem sempre a doença à espreita, porque está exposto às intempéries, construíndo penosamente as casas, agarrado aos capitéis em forma de lótus.[...]

[...] O tintureiro, com os dedos a cheirar a peixe podre e os olhos cansados, não deixa parar as mãos nem por um momento[...].

[...] O sapateiro é muito infeliz; mendiga permanentemente [...].

[...] O lavadeiro lava a roupa no cais; é vizinho dos crocodilos. Para o pescador, a vida ainda corre pior do que para os outros ofícios."

Sátira dos Ofícios

Também foi muito popular a saga Aventuras de Sinhué, as histórias de um funcionário da corte exilado entre os povos estrangeiros. Estas são as últimas frases do livro, quando Sinhué regressa à corte do Faraó.

«(...)Todos os meus sofrimentos desapareceram como que por encanto; o encontro foi afectuoso "e foi como se os anos tivessem sido apagados do meu corpo; fizeram-me a barba, pentearam-me; a sujidade foi deixada no deserto, vestiram- me com linhos finíssimos, ungiram-me com perfumado óleos e finalmente deixei a areia para aqueles que ali habitavam e o óleo de madeira para aqueles que com eles se ungiram.

E vivi até o dia de minha partida, sob os favores de meu soberano".»

Este excerto (retirado de um site ) teve algumas correções, dado que havia algumas gralhas:

http://en.octopop.com/Community_-Pensar-o-Mundo-_1446476_-A-Historia-de- Sinuhe-_4999930.html

Há outras obras com um conteúdo triste. Diálogo de um Homem com a sua Ba (alma).

(...)A Morte chegou hoje diante de mim como uma cura que se segue a uma enfermidade,

Tal como a Liberdade a seguir ao encarceramento,

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(...) Tal como um homem anseia há tanto tempo por ver a sua casa depois de anos de cativeiro.(...)

Tradução livre, da minha autoria, de um excerto retirado do site: http://www.perankhgroup.com/destiny_journies.htm

Como já devem ter percebido, o tema é muito triste. Escrito em tempos conturbados na História do Egipto, esta obra narra o desespero de um homem cansado da vida, que desabafa a tristeza com a sua própria alma.

Já agora, um pequeno poema de Amor: Tu minha és, meu amor,

O meu coração esforça-se para alcançar o cimo do teu amor, Vê, encanto, a armadilha que montei com as minhas

próprias mãos.

Vê os pássaros de Punt, Perfume de asas

Como chuva de mirra Caindo sobre o Egipto.

Vamos ver o trabalho que as minhas mãos fizeram, Vamos os dois, juntos por esses campos.

In Rosa Do Mundo, 2001 Poemas para o Futuro, direcção editorial de Manuel Hermínio Monteiro, Assírio e Alvim, Lisboa, 2001

Toda esta Literatura se tornou possível graças a um complexo sistema de escrita que englobava quase 7000 caracteres. Surgiu no Egipto por volta de 3000 a.C. e começou por ser composta por Hieróglifos (termo que deriva das palavras hierós - sagrado; e glýphein - escrita). A escrita hieróglifica era composta por caracteres representativos (para escrever «casa» utilizava-se uma imagem semelhante a uma casa, para escrever Sol usava-se um disco, etc...). Havia uma certa componente fonética (de sons), mas a escrita egípcia era predominantemente representativa. Os hieróglifos eram escritos sobre pedra, madeira e, especialmente, sobre papiro. E eram pintados de duas cores: o preto, que era lido por todos e o vermelho, que não era lido.

Complicado? Vamos explicar: Quando um escriba desejava escrever no texto uma palavra com um significado «mágico», ele desenhava-a, a tinta vermelha. A partir desse momento, essa palavra deveria ser evitada na leitura. Estranho? Bem, a escrita naqueles tempos era Sagrada. Acreditava-se que as palavras estavam vivas (no verdadeiro sentido do termo). Por vezes chegavam a cortar algumas «caudas», «asas» e «patas» das figuras com forma de animais, para que estas não fugissem da pedra ou do papiro.

Com o passar do tempo os escribas começaram a simplificar a escrita. A centralização do Poder e o excesso de registos levou a que se desenvolvesse uma escrita mais rápida, com símbolos mais fáceis de desenhar. Nasce então, o Hierático, por volta de 1900 a.C.. Não significou que a escrita hieróglifa tivesse desaparecido (até porque continuavam a ser hieróglifos): ela continuou a ser usada para a Literatura e poesia mas, no dia-a-dia, utilizava-se o Hierático, mais simples e mais fácil e rápida tanto de ler e escrever como de aprender.

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Escrita Hierática (em cima; em baixo -

escrita Hieróglifa)

No período tardio da História do Egipto (por volta de 712 a.C.), uma nova forma de escrita substituiu as anteriores: o Demótico. Era uma escrita cursiva, onde os fonemas (caracteres mais ligados ao som do que à imagem de um objecto) se tornam dominantes, erradicando o que restava de uma herança muito antiga: os hieróglifos egípcios.

Queres saber como se escreve o teu nome em Antigo Egípcio? Então, faz uma pausa nos estudos e diverte-te um pouco: aqui OUTROS SABERES, LIGADOS À ALEGRIA DE VIVER

Não podemos falar nos Egípcios sem mencionar a sua característica principal: eram um povo alegre, que adorava comer bem, beber boa cerveja e vinho, vestir-se bem, pintar-se e perfumar--se, dançar e jogar. O Egipto era conhecido pelas nações estrangeiras como sendo uma «terra de tentações». Eis alguns pormenores muito interessantes:

 Tinham a obsessão pela limpeza. Qualquer Egípcio que se prezasse, depilava-se de cima a baixo (cabeça, pestanas, sobrancelhas...tudo!). Esse costume era muito vulgar, porque o calor sufocante provocava a transpiração e atraía insectos, tais como como piolhos e percevejos. Cobriam a cabeça com perucas elaboradas e maquilhavam os olhos e sobrancelhas com Khol, para proteger os olhos das areias do deserto, evitando as inflamações e pequeninos grãos alojados nas pestanas.

 Por causa da «mania das limpezas» inventaram o primeiro desodorizante do mundo.

 Tinham cremes de Beleza: uma espécie de cones feitos a partir de gordura, mel, óleos aromáticos e pétalas de rosa maceradas. Colocavam esse cone em cima das cabeças e, durante as noites de Verão, o calor derretia-os, hidratando a pele e tornando-a pronta para um novo dia.

Mulheres egípcias num banquete, com os seus cones «cosméticos» nas cabeças

Se queres saber mais sobre a vaidade dos egípcios, espreita este vídeo.

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