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MITO DE DEUCALIÃO E PIRRA

No documento Hist 7º ano (páginas 94-100)

Tendo conhecido vários altos e baixos na sua História e tendo sofrido várias catástrofes como tremores de terra e erupções de vulcões, a civilização minóica acabou por se extinguir. Alguns estudiosos pensam que a erupção de um vulcão situado na ilha de Santorini, ao Norte de Creta, foi o responsável por essa queda. Contudo, outros pensam que a erupção se tenha dado mais tarde e tenha sido a responsável principal da queda de uma outra civilização que sucedeu à minóica: a civilização micénica.

Porta dos Leões, em Micenas

Esta Civilização foi fundada pelos Aqueus e pelos Jónios, aproveitando muito da herança cultural dos Minóicos, como a metalurgia e a construção de barcos. Foram dos primeiros a cultivar oliveiras em grande extensão, o que mais tarde se veio a tornar um dos produtos económicos mais importantes para os Gregos.

A propósito de "Gregos", é importante dizer que eles nunca se chamaram assim a si mesmos. A palavra é de origem latina e foram os Romanos que lhes deram esse nome. Eles diziam chamar-se Helenos, descendentes de Deucalião e Pirra, como já te dissemos acima.

MITO DE DEUCALIÃO E PIRRA

Deucalião era filho de Prometeu (deus que trouxe o fogo aos Homens) e casou com Pirra. A dada altura, Zeus (deus mais importante do panteão grego) considerou que os Homens se tinham tornado maus e era preciso destruí-los. Resolveu , então, inundar a Terra com um grande dilúvio poupando apenas dois justos: Deucalião e Pirra. Prometeu aconselhou-os a construir uma arca e a meter-se lá dentro, não se atrevendo a sair antes que o dilúvio acabasse. Flutuaram durante 9 dias e 9 noites até parar no cimo da montanha Tessália. Zeus enviou-lhes então Hermes (deus que era quase sempre escolhido como mensageiro dos deuses) para que lhes concedesse um desejo. Deucalião disse estar muito só e desejou outros homens que pudessem ser companheiros do casal. Então Hermes ordenou-lhes que atirassem por cima dos ombros os «ossos de suas mães». Pirra ficou horrorizada mas Deucalião percebeu que se tratava de pedras, os «ossos» da Terra, Mãe universal. Atiraram então pedras para trás dos ombros. As pedras lançadas por Deucalião deram origem a homens, das atiradas por Pirra nasceram mulheres. E assim se renovou a Humanidade.

(Texto elaborado a partir da entrada - Deucalião, in Dicionário da Mitologia Grega e Romana, direcção de Pierre Grimal, tradução de Victor Jabouille, Difel, Lisboa,1992)

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Deucalião e Pirra renovando a Humanidade

A civilização micénica existiu entre 1600 e 1100 grande civilização. e as principais cidades foram Micenas, Tebas, Tirinto e Esparta.

Espreita um pouco da vida micénica:aqui

Os Dórios, grandes guerreiros e que dominavam o fabrico do ferro, tinham armas que lhes permitiram dominar facilmente os Aqueus e, ou através da conquista pura e simples ou através de «converterem» os micénicos aos seus próprios costumes, acabaram por pôr fim à civilização micénica. Toda a região mergulha então numa «Idade das Trevas» que dura até ao sec. VIII a.C. também chamado «periodo dos tempos homéricos» uma vez que a única fonte de informação sobre esta época é a que encontramos nos poemas de Homero., Ilíada e Odisseia.

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CRONOLOGIA

Podemos considerar os seguintes períodos na História da Grécia Antiga:

Idade das Trevas ou Período dos Tempos Homéricos (século XII ao IX a.C.)

Como já dissemos, é principalmente com base nos poemas de Homero que esta época é estudada:

Nestes tempos, a sociedade estava dividida em grupos familiares, uma espécie de clãs cujos membros descendiam de um antepassado comum e que prestavam culto a um mesmo deus protector. Esses clãs chamavam-se ghene (singular: ghenos) e eram chefiados por um patriarca (geralmente o mais velho), o pater, com poderes religiosos, políticos e militares. Eram normalmente agricultores e pastores e a propriedade era colectiva e explorada por todo o ghenos.

Durante a maior parte deste período, a Escrita desapareceu bem como os edifícios em pedra. Quando, séculos mais tarde, a Escrita reaparece, é já com o alfabeto fenício que os gregos adaptaram à estrutura fonética da sua língua.

Período Arcaico (século VIII ao VI a.C.)

À medida que a população ia aumentando, os alimentos iam escasseando, bem como os artefactos necessários a cada clã familiar. Os ghene deixaram de ser auto- suficientes e uniram-se em grupos aparentados entre si chamados fratrias que, por sua vez, se agruparam em tribos. Algumas tribos conseguiram melhores terras, fabricaram melhores utensílios e armas, acumularam mais riquezas e começaram a considerar-se melhor do que as outras e a intitularem-se aristoi (de onde vem a palavra aristocratas). Foram-se afastando cada vez mais do resto da população e esquecendo os costumes de cooperação e de vida comunitária e familar dos ghene. Foram estas tribos que estiveram na origem da polis grega de que falaremos mais adiante e que acabou por tornar-se cidade-estado. Existiram várias cidades-estado mas as mais conhecidas foram Atenas e Esparta.

Também foi durante este período que começou a expansão e a fundação de colónias nas costas dos mares Egeu, Mediterrâneo e Negro.

Guerreiros Espartanos

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Período Clássico (século V ao IV a.C.)

É o período mais estudado e mais conhecido, aquele de que normalmente nos lembramos imediatamente quando falamos da Grécia Antiga. Apesar de ser uma época de guerras também foi um tempo de grandes transformações económicas e de um enorme florescimento cultural e social.

Entre 492 e 479 a.C. deram-se as Guerras Médicas (entre os Gregos e os Medos, outro nome para Persas). Como teve um papel importantíssimo na derrota dos Persas, Atenas tornou-se a cidade- -estado mais importante. Reuniu várias cidades na Liga de Delos para se protegerem de mais possíveis ataques como o que tinham sofrido. Mas, ao fim de algum tempo, acabou por tentar impor o seu domínio, os seus costumes, a sua forma de viver às outras cidades que começaram a revoltar-se, lideradas por Esparta. Isso deu origem à Guerra do Peloponeso: Peloponeso era o nome de uma nova liga que Esparta fundou. Foram 27 anos de luta ao fim dos quais Atenas foi derrotada e se submeteu a Esparta.

O domínio desta cidade durou cerca de 30 anos até que houve uma nova revolta de várias cidades chefiadas por Tebas que derrotaram e dominaram o mundo grego entre 371 e 362 a.C.

Batalha de Salamina - Guerras Médicas

Período Helenístico (século IV ao I a.C.)

Os Gregos tinham entrado em decadência e, aproveitando-se desse facto, Filipe, rei da Macedônia conquistou a Grécia em 338 a.C.

Quando Filipe morreu, o seu filho Alexandre que ficou conhecido como Alexandre Magno (Grande) subiu ao trono da Macedónia e, portanto, da própria Grécia que seu pai tinha conquistado.

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Alexandre, o Grande

A fusão das duas culturas e, mais tarde, através da enorme expansão levada a cabo por Alexandre, a integração da cultura oriental, fizeram nascer duas correntes de filosofia muito importantes: o Estoicismo e o Epicurismo. Eram, praticamente, opostas uma à outra. Enquanto o Estoicismo dizia que todos os homens eram iguais e que todos se deveriam resignar ao seu destino e suportá-lo com dignidade, o Epicurismo valorizava o prazer, sobretudo o intelectual e desafiava os Homens a procurar perder o medo de tudo quanto fosse sobrenatural e a atingir um estado de felicidade serena nesta vida e não depois da morte.

Durante este período vários ramos do Conhecimento desenvolveram-se muito:

Astronomia: Hiparco elaborou um método que permitia desenhar mapas astrais, inventou o astrolábio e é considerado o Pai da Trigonometria. Aristarco de Samos garantiu que eram os planetas, entre eles a Terra, que giravam em torno do Sol e não ao contrário.

Sistema heliocêntrico proposto por Aristarco de Samos

Matemática: Euclides escreve os Elementos de Geometria, Arquimedes faz avançar o Estudo de volumes e a Mecânica.

Medicina: Herófilo, entre outros, dissecava cadáveres e, através disso, elaborou uma descrição muito pormenorizada do cérebro.

Arte: a Arte deste período mostra uma preocupação muito grande com as grandes dimensões, o efeito do espanto, a ostentação de luxo e riqueza, um certo dramatismo. As obras mais conhecidas foram o Farol de Alexandria e o Colosso de Rhodes de que nenhum vestígio chegou até nós.

Uma reconstituição possível do Farol de Alexandria

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POLIS

Como já dissemos, a partir do sec. VIII a.C., começam a formar- -se entre os Helenos diversas cidades independentes umas das outras e cuja origem tinham sido os ghene. Cada uma delas tinha o seu próprio governo, cunhava a sua própria moeda, regia-se pelas suas próprias leis, tinha formas próprias de prestar culto aos deuses. Eram as Poleis (plural de Polis), a que hoje chamamos cidades-estado.

Reconstituição de uma Polis

(a zona rural estendia-se pela base da colina)

O território ocupado pela polis não era, geralmente, muito grande: variava entre 1000 e 10000 Km2 e era dividido em duas áreas:

 uma rural, onde a população cultivava trigo e cevada, videiras e, sobretudo vinha. Também criavam ovelhas, cabras e, quando as condições o permitiam, cavalos. Estas actividades pastoris e agrárias permitiam à cidade alimentar-se, exportar os excessos e ganhar o suficiente para importar o que não pudesse produzir. As cidades mantinham-se, assim, independentes umas das outras embora comerciassem muito entre si.

 uma área urbana que, na maior parte das vezes, era construída à volta de uma colina que fortificavam previamente e à qual chamavam acrópole (de akrós - alta e polis - cidade). Era na área urbana que se concentravam as tendas de comércio e de fabrico de artefactos: roupas e tecidos, calçado, produtos em vidro e cerâmica, entre outros.

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Existiram várias cidades como, por exemplo, Corinto, Delfos, Epidauro, Mégara, Mileto, Olímpia, Plateias, Tebas, Téspias, entre outras mas as mais importantes foram Atenas e Esparta.

Os habitantes das diversas poleis eram diferentes uns dos outros, tinham ideias e costumes diferentes e, por vezes, entravam em conflito. Apesar disso, tinha muito maior importância aquilo que os ligava: falavam todos a mesma língua e acreditavam nos mesmos deuses. Assim, todos se consideravam Helenos e o seu mundo comum era a Hélade. Os estrangeiros, os que não falavam a sua língua eram chamados Bárbaros. O exemplo mais importante dessa cultura comum é o dos Jogos Olímpicos ou Olimpíadas assim chamados porque, de 4 em 4 anos, a partir de 776 a. C. os habitantes das mais variadas cidades pertencentes à Hélade se reuniam em Olímpia para competirem em honra de Zeus.

JOGOS OLÍMPICOS

Como já dissemos, realizavam-se em honra de Zeus. Eram anunciados por todas as cidades dez meses antes de se realizarem. Eram tão importantes para os Gregos que estes até interrompiam guerras entre cidades para que nada pudesse impedi- los ou atrasá-los. Chamava-se a estes períodos de paz temporários, as tréguas sagradas. Havia provas de saltos, corridas, arremesso de disco, etc. Ao mesmo tempo, também se realizavam uma espécie de Jogos Florais, com competições de Teatro, de Poesia e de Música.

Discóbolo de Míron

Vinham atletas e espectadores de toda a parte mas as mulheres estavam proibidas de competir e mesmo de assistir. O prémio dos vencedores era uma coroa feita com ramos de oliveira (e não de louro como é costume pensar-se). pode parecer pouco mas quem recebesse esse prémio cobria-se glória a si e à sua família. Quando voltava à sua cidade era recebido com recepções magníficas e até se compunham cânticos em seu louvor.

Os Jogos continuaram até 393 d.C.. Nesse ano, o imperador romano Teodósio I, que era cristão, ordenou o encerramento do templo de Zeus e os Jogos Olímpicos acabaram.

No sec. XIX, um educador e desportista francês, Pierre de Fredy, Barão de Coubertin, lutou pela restauração dos Jogos Olímpicos. Graças aos seus esforços, os primeiros da era moderna foram realizados em Atenas, em 1896.

No documento Hist 7º ano (páginas 94-100)