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PERSEGUIÇÕES E RECONHECIMENTO DO CRISTIANISMO

No documento Hist 7º ano (páginas 192-195)

Um centurião pede ajuda a Jesus para curar um dos seus servo.

 A presença de um Deus bom e misericordioso, que aceita o lado pecador do ser humano e está sempre disposto a dar uma «segunda oportunidade» até ao pior dos criminosos. Tudo o que é preciso é termos consciência do mal que fizemos e arrependermo-nos do nosso passado.  Não deixa de ser irónico, mas o Império Romano ajudou a Fé Cristã a

espalhar-se por toda a parte, graças às suas ruas, pontes, transportes e vias de comunicação.

 Os próprios deuses romanos já não satisfaziam as necessidades das populações do Império, por isso estavam cada vez mais desacreditados.

PERSEGUIÇÕES E RECONHECIMENTO DO CRISTIANISMO

Já apontámos acima as razões que levaram os Romanos a temer e a perseguir os fiéis cristãos e esta «caça ao Homem» durou cerca de três séculos. As perseguições começaram logo no século I d.C mas foram particularmente cruéis e violentas nos séculos III e IV d.C, graças aos imperadores Valeriano e Diocleciano. Muitos destes religiosos passaram a ser a diversão favorita dos circos de Roma e era bastante comum as multidões adorarem estes espectáculos sangrentos onde homens, mulheres, velhos e até crianças eram torturados e devorados por animais ferozes nas arenas. Ironia das ironias, foi graças a estes "entretenimentos" que cada vez mais pessoas, chocadas com o que viam e comovidas pelo sofrimento destes mártires, se convertiam ao Cristianismo, de tal forma que, no século IV, a maioria dos Romanos já professava a Fé de Cristo, até mesmo membros da família imperial.

A última prece dos mártires cristãos, de Jean-Léon Gérôme (1883)

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Não é verdadeira a história de que muitos Cristãos passaram a viver nas catacumbas, ou seja, túneis que serviam para enterrar mortos ou lugares onde se praticava o culto cristão. Este mito tem como origem o facto de os Cristãos, tal como os judeus, serem contra a cremação e preferirem o sepultamento dos seus amigos e familiares. Na verdade, era impossível ali viver, uma vez que o cheiro dos corpos em putrefacção, bem como o ar rarefeito não criavam condições para que um ser humano ali habitasse. Todos os artistas que pintavam as catacumbas sofriam imenso com o frio destes túneis, frio este capaz de rivalizar com as nossas arcas frigoríficas. Os encontros entre Cristãos eram feitos quer em casas de amigos e familiares que professavam a mesma religião (ou em quem confiavam absolutamente) quer, quando as circunstâncias eram difíceis, nas catacumbas. Mas isso era temporário e não uma residência permanente.

Os Cristãos reconheciam-se através de um símbolo: o peixe. Porquê este animal? Há várias explicações, mas a mais comum está ligada à palavra grega Ictus («peixe»), que corresponde às iniciais do nome Iesus Christus Theos Uios Soter ( «Jesus Cristo Filho de Deus, Salvador»). Qualquer casa que apresentasse o desenho de um peixe poderia ser a casa de uma família Cristã. Por fim, este símbolo não só era fácil de ser entendido como era fácil de passar despercebido (pelo menos nos primeiros tempos…). Afinal, não há nada de errado numa parede pintada ou esculpida com peixinhos alegres aos saltos!

Desenhos de peixes e uma âncora nas catacumbas de Domitilla, em Roma

Foi graças ao imperador Constantino que esta perseguição sofreu uma reviravolta: reza a lenda que no mês de Outubro do ano 313, durante a sua guerra contra o imperador rival Maxêncio, uma cruz surgiu no céu e nela estava escrita a seguinte frase: Por Este Sinal Vencerás. Nessa mesma noite, Cristo apareceu-lhe em sonhos e pediu-lhe que fizesse um estandarte brasonado com os símbolos cristãos, pois só assim venceria a batalha. Constantino mandou então fazer o que Jesus lhe pediu e exigiu também que os seus soldados pintassem uma cruz nos seus escudos. Desta forma, o seu exército derrotou o inimigo na Batalha da Ponte Mílvio, sobre o rio Tibre. Maxêncio morreu afogado e Constantino entrou em Roma vitorioso.

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Constantino e a cruz no céu, ilustração do século XVI

Esta foi obviamente a versão oficial que foi contada aos povos do Império Romano. Outra «versão dos factos» aponta para a mãe de Constantino como sendo aquela que conseguiu converter (ou pelo menos convencer) o seu filho a valorizar a Fé Cristã, uma vez que era uma devota dos ensinamentos de Jesus. Provavelmente, Constantino deve ter-se apercebido que o poder dos Cristãos podia ser usado para sua vantagem, visto que o Império Romano já se encontrava numa fase de grande declínio e descrédito. A sua unidade espiritual podia ser uma grande vantagem para um Imperador! Além disso, era inútil proibir uma fé religiosa que, para todos os efeitos, não só não parava de crescer como já era a fé principal de muitos povos do Império. Assim, no ano de 313, o imperador, através do Edicto de Milão, concedeu a liberdade de culto aos Cristãos, mantendo-se, apesar de tudo, tolerante para com as outras religiões. Foi só no ano de 381 d.C que o imperador Teodósio reconheceu o Cristianismo como a religião oficial do Império Romano e, pouco tempo depois, proibiu o culto e a adoração dos deuses pagãos. Como era de se calcular, muitos templos foram fechados, saqueados, queimados. Em seu lugar nasceram as igrejas romanas, criou-se uma administração própria dirigida por bispos e o Papa passou a residir em Roma.

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No documento Hist 7º ano (páginas 192-195)