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ROMA SOB O PODER DE AUGUSTO

No documento Hist 7º ano (páginas 175-180)

AS INSTITUIÇÕES DO IMPÉRIO

ROMA SOB O PODER DE AUGUSTO

A Decadência do Sistema da República desencadeou um período de constante instabilidade no seio do Território Romano. As Guerras civis sucediam-se e não parecia haver fim para as constantes intrigas e rivalidades entre as famílias influentes. Com a morte de Júlio César, a Guerra Civil atinge o seu auge e três figuras influentes lutam pelo poder: Marco António, Lépido e Caio Octávio, filho adoptivo de Júlio César. Como já vimos, primeiro criaram o Segundo Triunvirato mas acabaram por desentender-se. Octávio conseguiu derrotar os seus oponentes, estabelecendo-se definitivamente em 27 a.C. como Princeps (que significa «Primeiro cidadão»).

Debate no Senado

Octávio, que viria a ser chamado Augusto (que significa sagrado), não desejou repetir os erros da maioria dos seus antecessores. Em vez disso, desenvolveu estratégias de governação muito inteligentes, que visavam unir os oponentes e não afastá-los:

1 - Antes de Octávio Augusto, os oponentes tentavam tomar o Poder através da Guerra e da eliminação dos seus rivais. Devido ao clima constante de guerra, as famílias patrícias viviam no medo, saltando de partido em partido consoante a conveniência. Quando apoiavam o indivíduo errado, as consequências prejudicavam toda a família: homens, mulheres e crianças não eram poupados.

Augusto preferiu chamar a si os seus possíveis rivais, colocando-os como conselheiros, aliados, estabelecendo contratos e acordos com eles. Desta forma, os Patrícios reaprenderam a saber tomar em conjunto as decisões importantes da Urbs, integrados numa vida política menos destrutiva.

Para evitar o destino de seus antecessores, criou um novo sistema de Governo - o Principado - um regime que não pretendia acabar com os cargos tradicionais da República mas sim, reuni-los todos em torno de uma única pessoa, o Princeps. A partir de então, Augusto manteria a ilusão de que a República estava viva quando, na realidade, os poderes mais importantes já estavam a ser transferidos para as suas mãos. O Sistema de Principado durou até 23 a.C.

2 - Impressionado pelo excelente desempenho de Octávio, o Senado (que tinha absoluta confiança nele) começou, a pouco e pouco, a atribuir os cargos políticos e religiosos mais importantes de Roma (para além daqueles que já tinha, antes de se

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estabelecer no poder). Acreditavam que só ele seria capaz de restaurar a República, devolver a estabilidade e manter a ordem. Assim, todo o Poder ficou nas suas mãos. Durante o período da duração dos cargos, Augusto instaurou reformas:

- Reorganizou os exércitos, premiando as figuras militares (de todos os lados rivais) que se destacaram pela sua bravura nas guerras.

Legiões Romanas

- Transformou o exército numa força permanente e criou salários decentes para os soldados e reformas mais estáveis para aqueles que se reformavam.

- Coordenou toda a reconstrução da Cidade de Roma (muito massacrada pelas guerras constantes), devolvendo à Urbs a sua antiga grandiosidade e mandou erigir novos edifícios, sendo um dos mais famosos o Panteão.

- Reabilitou a lei da proibição do porte de armas dentro da cidade e estabeleceu a Pax Romana (Paz Romana) em todo o território do Império.

- O cuidado extremo que teve com os exércitos levou a que todas os soldados ficassem do seu lado. Com o passar do tempo, o Poder Militar começou a ser transferido para as mãos de uma única personalidade. É devido a Augusto que o termo Imperator ganha um sentido inteiramente novo. Outrora tinha sido um título honorífico que os soldados ofereciam a um general que admiravam. Quando um exército tinha uma grande vitória numa batalha ou campanha, os soldados aclamavam o seu general como Imperator (significa «Aquele que tem Poder»). Quem obtivesse esse título poderia entrar em Roma através de uma Parada Triunfal. Júlio César, por exemplo, foi aclamado desta forma pelas suas tropas. São conhecidas as suas entradas triunfais em Roma, onde foram exibidos prisioneiros de guerra como Vercingétorix, da Gália e Arsinoe, irmã de Cleópatra.

A Partir de Octávio Augusto (aclamado em 29 a.C.), este título transformou-se e começou a estar ligado a um único indivíduo: a figura cimeira do Império Romano, o Imperador.

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3 - Augusto aceitou, um a um, os cargos concedidos pelo Senado (com excepção de um, o Consulado), mas devolvia-os sempre, quando o prazo destes terminava. Esta atitude, nada comum na Aristocracia Romana, provocava admiração nas massas e nas famílias influentes. É-lhe finalmente concedido (por pressão do povo, que já o via como uma figura sagrada) o cargo religioso mais importante da República: Pontifex Maximus (que significa «Supremo Construtor de Pontes»). Este título é vitalício. Uma vez concedido, já não pode ser tirado. O Máximo Pontífice ocupou-se assim de todos os aspectos relativos à Religião de Roma (Cerimónias Sagradas; Templos; nomeação de novos pontífices, entre outras). Ele está acima de todos os sacerdotes e nem o Senado tem poder sobre ele.

Sacerdotes executando um sacrifício

Mas a partir deste momento, o mais importante cargo religioso da República também passou a estar associado ao Imperador.

Quando Augusto morreu, em 19 de Agosto de 14 d.C., a República tinha já desaparecido. Aos olhos do povo romano parecia ainda funcionar, com todos os seus cargos activos, cada qual com as suas anteriores funções. Contudo, tinha-se transformado em algo completamente diferente: um sistema que tinha, à cabeça, o Imperador, que concentrava todos os tipos de poder sob a sua autoridade. Roma já não era uma república; era um Imperium.

IMPERIUM

A Palavra Imperium significa algo como «executar o Poder». Não se refere a uma pessoa, refere-se, isso sim, ao poder dado a uma pessoa para esta exercer autoridade sobre alguém. Aqueles que detinham o imperium estavam autorizados a fazer cumprir ordens e a punir aqueles que não as cumpriam. Fora da cidade de Roma chegavam a ter poderes religiosos e judiciais. O título Imperator foi, como já dissemos antes, um título honorífico que os exércitos davam ao seu general vitorioso, por aclamação e significa «Aquele que tem o Poder». A partir de Augusto, esta palavra passou a estar associada ao Imperator, que «tem o Poder» de tomar todas as decisões importantes no território romano. Que poderes são esses? Bem, basicamente...todos.

Nota: É interessante verificar como, por exemplo, Octávio Augusto é representado de diversas maneiras consoante o tipo de cargo que, na altura, estava a exercer:

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Com armadura como general; de toga como magistrado; ou com uma ponte da toga cobrindo a cabeça como Sumo Sacerdote.

Poder Religioso - O Imperador é a figura religiosa mais importante do Estado. Ele é o Supremo Sacerdote, que dirige todas as cerimónias sagradas da Religião Romana. Com o passar do tempo virá a adquirir a dimensão de um verdadeiro deus-vivo, com templos específicos para ser adorado. O Culto do Imperador virá a ser, no futuro, uma das causas das perseguições aos cristãos, que se recusarão a fazer sacrifícios ao Imperador e a adorá-lo como um deus.

Octávio Augusto enquanto Sumo Sacerdote

Poderes Militares - Para além dos poderes religiosos, ele é também, o Chefe Supremo dos exércitos. Faz-se acompanhar por uma guarda especial, a Guarda Pretoriana que serve unicamente o Imperador e que o defende de todos os seus inimigos, funcionando como uma espécie de corpo de guarda-costas. Contra todas as expectativas, houve casos, raríssimos, em que a Guarda Pretoriana se virou contra um Imperador, como no caso de Calígula - 12 a 41 d.C. - a quem mataram por se ter transformado num monstro de crueldade.

O Imperador tomava todas as decisões militares relativas a todas as províncias.

Octávio Augusto enquanto General

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Poder Judicial - Regula e fiscaliza todo o funcionamento da Justiça e vela para que esta seja bem executada.

Octávio Augusto enquanto Magistrado

Poder Financeiro - Também tem o poder de gerir e fazer crescer a riqueza de Roma, controlando o Tesouro Imperial. Esta autoridade pode, por vezes, trazer dissabores. Muitos Imperadores delapidaram a fortuna do Estado, deixando milhões de habitantes na miséria. Quando Vespasiano subiu ao poder a seguir à morte de Nero em 68 d.C., teve de gerir um Império com cofres vazios. Para salvar Roma da bancarrota, mandou cobrar centenas de impostos sobre toda a população. Esta tendência que os Imperadores sempre tiveram para desperdiçar a riqueza do Estado, será uma das muitas causas que virão a causar a Queda de Roma.

Juntando todos os seus poderes, o Imperador pode nomear quem deseja para todas as magistraturas e funcionários superiores, além de convocar o Senado e Comícios quando lhe interessa.

Quando é que os Romanos se começaram a aperceber de que já não viviam numa República? A noção de que viviam num regime muito diferente não apareceu de repente, levou tempo a surgir. No «reinado» de Tibério, sucessor de Augusto (que governou de 14 a 37 d.C.), já havia várias vozes descontentes, que se queixavam de que já não viviam numa República. As multidões (menos atentas a jogos de poder e à vida política nos Senados) mantiveram, durante duas gerações a ilusão de que ainda viviam num sistema político fundado pelos seus antepassados a seguir à expulsão dos Etruscos. Antepassados que se tinham recusado a ter, a partir de então, um rei.

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A ROMANIZAÇÃO

A INTEGRACÃO DOS POVOS NO IMPÉRIO

A Civilização Romana, como vimos anteriormente, teve as suas origens numa pequena terra pantanosa do Lácio e que, com o passar dos séculos, se transformou numa nação poderosa, com imenso território conquistado. Numa etapa inicial, os Romanos guerrearam contra outros povos em defesa das suas terras. Chegaram mesmo a conquistar regiões longínquas (como a Península Ibérica) para se defenderem de futuras invasões de povos como os Cartagineses.

Galera Romana (sec II a I a.C.)

Depois os papéis inverteram-se. Os Romanos começaram a invadir e a anexar cada vez mais regiões. Transformaram-se numa nação agressiva, com um número crescente de habitantes. O aumento demográfico levou, por sua vez, a outras necessidades: quanto maior é a população, maior é a necessidade de procurar alimento e matérias-primas para todos. Daí a procura, cada vez maior, de novos territórios. É uma «bola de neve» que não pára de crescer e parece ter ganho uma vida própria. No século II d.C., o Império Romano já dominava todas as costas que circundavam o Mar Mediterrâneo.

No documento Hist 7º ano (páginas 175-180)