• Nenhum resultado encontrado

OS PASSOS DA ROMANIZAÇÃO

No documento Hist 7º ano (páginas 181-185)

São muito raras as nações que se juntaram aos romanos de livre vontade. Mas a esmagadora e maciça maioria era simplesmente vencida, após uma ou várias guerras. À medida que expandiam o seu Império, os Romanos anexavam todos os povos que nele passavam a viver. É então colocada a pergunta: que fazer com estas populações? Estamos a falar de centenas de nações diferentes, com costumes, língua, religião e cultura próprias!

Para que estes povos, uma vez conquistados, não se sentissem «invadidos», os Romanos aceitavam-nos, tal como eram. Não impunham nada: não forçavam os conquistados a aprender a sua língua e a adoptar a sua cultura; não proibiam a sua religião; não impunham, sequer, que saíssem das suas casas e fossem morar para as cidades romanas (que entretanto construíam). Desta forma acabavam por conquistar «socialmente» os povos sob o seu domínio, que se romanizavam. Através da tolerância, Roma tornava-se uma Civilização que todos queriam imitar. Houve sempre algumas excepções: A região da Palestina nunca os aceitou e as Ilhas Britânicas tiveram sempre, para com os Romanos, uma resistência persistente. Quando os exércitos saíram da Bretanha, durante a Queda do Império, os Bretões rapidamente recuperaram as suas tradições e costumes, já que nunca se romanizaram inteiramente.

Podes ver aqui um excerto cómico de um filme cuja acção se passa numa região conquistada pelos Romanos:aqui

OS PASSOS DA ROMANIZAÇÃO

1 - Evocatio: após a conquista de uma terra (é preciso não esquecer que a Romanização vem sempre a seguir à Anexação), o poderoso exército romano seguia um ritual que tinha, como função, persuadir os deuses do povo derrotado a juntar-se aos deuses da nação vencedora.

Centurião Romano, chamando os deuses vencidos, para se juntarem a Roma

Isto pode parecer estranho para nós, mas as pessoas que viveram na Antiguidade (tirando algumas excepções) não estranhavam a existência de vários deuses. Se olharmos para a Mitologia Grega encontraremos centenas de criaturas imortais de todos os tipos, desde Ninfas a Sátiros, desde Titãs a Harpias, desde Deuses da 3ª geração a «Animais Imortais», como o Unicórnio ou o Pégaso. Por isso, os povos da Antiguidade nunca se espantavam quando encontravam deuses de que nunca tinham ouvido falar e que protegiam outras nações para além das suas.

182

www.japassei.pt

Os Romanos foram conhecidos por todo o Mundo como sendo um povo prático, que sempre gostou de atingir as metas através da organização e do método. Na óptica deles, enfurecer os deuses da nação derrotada era «pouco prático». Para ganhar a confiança desses deuses, procediam ao ritual Evocatio: numa cerimónia solene, com «Honras de Estado», as imagens dos ídolos das nações vencidas eram levadas em procissão até à cidade de Roma. Ali eram colocadas no Panteão (Panteão era o conjunto de todos os deuses. Também se dava este nome a um templo consagrado a todos os deuses), num lugar só para elas, construído de propósito para as receber. Desta forma, os deuses passavam a fazer parte da «Grande Família Divina» de Roma. E também conseguiam obter o respeito por parte das nações vencidas, ao perceberem que os seus invasores não só não os rejeitavam como os aceitavam, passando a considerá-los como sendo deles.

2 - Construção de uma nova Cidade: os Romanos «exportavam» a sua Civilização. Onde quer que estivessem havia sempre uma cidade romana, com todas as instituições, hábitos e comodidades a que estavam habituados: templos, anfiteatros, aquedutos e termas, só para citar alguns exemplos.

Era através da cidade que se faziam as trocas comerciais mais importantes. Os povos invadidos traziam as suas mercadorias e, a pouco e pouco, começavam a acostumar-se aos hábitos e ao modo de vida das cidades romanas: ir ao anfiteatro ver os jogos do circo; assistir às corridas de quadrigas; tomar banho nas termas; gozar de um sistema de canalização que abastecia as ruas e a maioria dos bairros; tomar contacto com mercadorias «exóticas» que nunca tinham visto, vindas de países distantes. Além do mais era na cidade romana que muitos encontravam uma nova forma de subir de condição social: muitos indivíduos nunca teriam chegado a lugares cimeiros na sua sociedade se não tivessem tido acesso ao Sistema de Ensino Romano.

3 - Construção de estradas que liguem a cidade a todo o império: o Império Romano estava interligado por uma rede de estradas que unia todas as províncias.

Estrada romana. Ainda hoje muitas estão de pé!

As estradas eram excelentes veículos para os viajantes, para a circulação das mercadorias, do correio, das notícias e até para enviar exércitos quando havia alguma crise numa província.

4 - Língua unificadora: agora que a região já se encontrava sob o poder dos romanos era necessário consolidar a vida na própria cidade. Não bastava oferecer termas com banhos quentes ou anfiteatros com espectáculos de gladiadores. É preciso mais para conquistar uma população. Para tal oferecia-se uma Cultura à qual todos podiam aceder: uma cultura onde a grande base era a língua dos Romanos, o Latim (não te esqueças que o povo que criou este império vinha do povo dos Latinos). O Latim não era obrigatório, quem quisesse podia aprendê-lo,

183

www.japassei.pt

mas aqueles que o aprendiam tinham logo a sua vida melhorada. É que o Latim estava para o Mundo de então como está para nós o Inglês. Aqueles que o dominavam tinham uma «porta aberta» para todos os negócios, trabalhos, contratos e até para atingir certos cargos importantes dentro do próprio Sistema Romano: funcionários, juízes, senadores e...quem sabe, futuros imperadores de Roma. Sim, muitos imperadores romanos não vieram necessariamente de Roma. Muitos vieram das populações das províncias conquistadas... que se romanizaram.

5 - Moeda única: as moedas romanas circulavam por todo o Mundo da época e todas as nações desejavam usá-las. Era a moeda mais forte que existia, o que reflectia o Poder dos Romanos. Uma das faces de cada moeda era cunhada com o rosto do Imperador.

Moeda Romana - com a face do Primeiro Imperador, Octávio Augusto (c.20 a.C.)

6 - Legislação e Conhecimentos Novos: e quem fala em Latim, fala, igualmente, de tudo o que deriva de uma língua: a Literatura e a Legislação, por exemplo. O Direito Romano ainda hoje é estudado. Ficas a saber que todos os alunos na Faculdade de Direito têm uma cadeira intitulada «Direito Romano». Porquê? Porque os nossos tribunais, os nossos julgamentos, os advogados e os juízes são uma cópia de tudo o que vemos no Sistema de Justiça Romano (com algumas mudanças, claro) e que era aplicado em todos os cantos do Império. As leis eram as mesmas, quer estivéssemos em Massília, em Cartago ou na Lusitânia. Isto fornecia ao Império um sentido de união e estabilidade.

Não foi só a Justiça que se espalhou por todas as Províncias, foi também todo o tipo de Conhecimentos: Engenharia, Matemática e Medicina.

Vale a pena mencionar um assunto importante: os Romanos também receberam as suas influências. O povo que mais marcou esta nação vencedora foi a civilização dos Helenos (a quem eles chamavam «Gregos»). Com efeito, a Civilização Grega, ao ser anexada pelo Império deixou um imenso legado cultural que iria mudar a face de Roma para sempre. Os Romanos já admiravam os Gregos ainda antes de os invadir. Uma das ordens que o exército recebeu, antes que chegar à Magna Graecia (hoje Sicília) foi a de poupar os sábios que ali viviam (filósofos, matemáticos, artistas, por exemplo). Um nome muito respeitado era o de Arquimedes. Infelizmente Arquimedes parecia mais um mendigo do que um sábio. Quando os romanos chegaram à ilha e começaram a dominar as populações, repararam num idoso sentado no chão a escrever na areia com um galho fino.

184

www.japassei.pt

A Morte de Arquimedes

O sábio, que tinha a sua cabeça «na lua» (que nem se apercebeu que a sua terra estava a ser invadida), disse para o soldado que se encontrava ao seu lado: «não pisem os meus círculos!». O soldado irritou-se com a insolência do «maltrapilho» e matou-o. Imaginem a cara com que ficou quando ficou a saber quem era aquele que acabara de matar!

Os Gregos conquistaram os Romanos a nível cultural e, através dessa influência, a cultura do Império Romano, que se espalhou para todas as províncias já estava muito «Helenizada». O Teatro, a Filosofia, a Poesia, a História e várias formas de saber gregos, sobreviveram e prosperaram graças à admiração de Roma.

185

www.japassei.pt

No documento Hist 7º ano (páginas 181-185)