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ESPARTA E ATENAS

No documento Hist 7º ano (páginas 101-107)

COLONIZAÇÃO GREGA

Muito pouco tempo depois do aparecimento das primeiras poleis, muitos Gregos começaram a abandoná-las e a partir para outras regiões nas costas do mar Mediterrâneo e do Mar Negro. Aí fundavam novas cidades, colónias a que davam o nome de apoikias (significa: abrir uma nova casa). Este movimento dura de finais do sec. VIII até o século VI a.C.

As causas dessa expansão podem estar relacionadas com problemas sociais provocados por questões de posse de terras e de solos pobres para a agricultura. As famílias ricas, os aristoi, possuíam as melhores terras, deixando para os camponeses os solos mais pobres. Os alimentos começaram a não chegar para as necessidades e, assim, para fugir à miséria, muitos migraram em busca de novas paragens onde pudessem prover ao sustento das suas famílias.

A principal actividade económica destas colónias começou por ser a agricultura mas, com o tempo, tornaram-se importantes centros comerciais e portos que favoreceram o desenvolvimento da navegação e as trocas comerciais mas também culturais entre os Gregos e outros Povos.

Expansão Grega

ESPARTA E ATENAS

Esparta e Atenas foram as cidades mais importantes da Hélade, pela influência que exerceram em seu redor, pela capacidade de liderança, pela actuação decisiva em vários momentos da Historia da Antiga Grécia. Contudo, eram muito diferentes uma da outra. Atenas está muito mais próxima do pensamento contemporâneo e os costumes rígidos de Esparta parecem aos olhos de hoje, de uma crueldade quase insuportável. Porém, não podemos esquecer-nos de que a maioria dos testemunhos que nos chegaram foram escritos por atenienses ou simpatizantes dos atenienses. Sabe-se que estão correctos na sua maioria mas há que dar algum desconto...

Esparta: Oligarquia

Esparta, na península do Peloponeso, nunca possuiu terras muito férteis para a agricultura nem se dedicou muito nem ao fabrico de produtos nem ao comércio. O objectivo principal de um Espartano era tornar-se um excelente militar.

A sociedade espartana dividia-se em três categorias: os Esparciatas, os Periecos e os Hilotas.

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 Esparciatas: Espartanos mais importantes que podiam participar do

governo e possuir terras e outro tipo de propriedades mas estavam proibidos de exercer comércio ou qualquer outra profissão que não fosse a militar. Estavam à completa disposição do Estado a quem dedicavam a sua vida.

 Periecos: Eram também homens livres mas considerados socialmente um degrau abaixo dos Esparciatas. Tinham ofícios ligados ao comércio e ao artesanato e eram descendentes dos povos conquistados. Não podiam participar do governo, pagavam impostos e não tinham quaisquer direitos políticos.

 Hilotas: Não eram exactamente escravos mas era como se o fossem. Trabalhavam a vida inteira nas terras pertencentes aos Esparciatas e, se é verdade que não podiam ser expulsos delas, também não podiam abandoná-las e partir em busca de uma nova vida. Era o produto do seu trabalho que sustentava os Esparciatas. Explorados e desprezados, revoltavam-se de vez em quando contra o Estado. A fim de dominar essas revoltas através de um clima de terror, os Esparciatas organizavam perseguições anuais de extermínio dos Hilotas que considerassem mais perigosos. Essas perseguições anuais chamavam-se criptias. Existem alguns testemunhos que nos dizem que se um Hilota fosse encontrado com aspecto de bem-alimento fazia parte do tal grupo dos perigosos e, como tal, deveria ser morto.

Perseguição aos Hilotas (detalhe de um sarcófago)

Esparta era governada por dois reis com funções militares e religiosas. Quando havia uma guerra, um destes reis comandava o exército enquanto o outro ficava na cidade. Estes reis eram auxiliados por 3 órgãos: a Gerusia, um conselho vitalício de Anciãos de que faziam parte os dois reis e mais 28 esparciatas que deveriam ter mais de 60 anos, a Ápela, assembleia de Esparciatas maiores de 30 anos, e o Conselho dos Éforos grupo de 5 membros eleitos todos os anos pela Ápela. A Gerusia supervisionava e fazia as leis, a Ápela elegia os membros da Gerusia e aprovava ou rejeitava as leis que esta elaborava, e o Conselho dos Éforos era quem realmente governava: os seus membros podiam vetar as leis e até fiscalizar a actividade dos próprios reis. O governo era, pois, composto apenas pela elite e a este sistema político chama-se Oligarquia.

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Educação dos Espartanos

Como o objetivo principal do Espartano era ser um bom militar, o treino físico era muito importante na sua educação. As mulheres recebiam uma educação quase igual à dos homens, de forma a possuirem corpos sãos e que pudessem gerar filhos perfeitos. Quando nasciam, as crianças eram examinadas e, se fossem saudáveis, eram protegidas pelo Estado mas, se apresentassem deficiências, podiam ser mandadas matar. Quando atingiam os 7 anos, os pais não mandavam mais na educação dos filhos que eram entregues a professores especializados sob ordens do Estado. Passavam a usar a mesma roupa de Inverno ou de Verão e caminhavam descalços para se habituarem a suportar frio e calor.

Eram suficientemente alimentados de forma a que não adoecessem mas também em quantidades que os fizessem ter de sentir um pouco de fome. Nestes casos, podiam roubar alimentos mas sem ser apanhados no acto ou seriam castigados.

Uma vez por ano, os rapazes eram chicoteados em público, diante do altar de Ártermis, e deviam mostrar resistência à dor física.

Na adolescência começavam a prestar pequenos serviços como ficar de guarda à noite ou entregar mensagens, sempre obedecendo cegamente aos mais velhos ou superiores. Com 20 anos, o Esparciata juntava-se ao exército. Aos 30, adquiria todos os direitos políticos e passava a fazer parte da Ápela.

Jovens Espartanos

Atenas: Democracia

A sociedade de Atenas também se dividia em três categorias principais:

Eupátridas ("Bem Nascidos") ou Cidadãos. Para se ser um Eupátrida, um Ateniense tinha que ter um pai e uma mãe atenienses, ser dono de terras e ter mais de dezoito anos. Com efeito, era a propriedade que definia o estatuto de cidadão e todos os respectivos direitos políticos. Caso as perdesse, podia descer de estatuto.

Metecos. Eram cidadãos livres, normalmente de origem estrangeira, que residiam na cidade e exerciam ofícios ligados ao comércio e ao artesanato. Diferenças em relação aos periecos espartanos: tinham que fazer serviço militar, ao contrário dos periecos, que eram afastados do exército e, por vezes, podiam tornar-se Cidadãos.

Escravos. Eram normalmente prisioneiros de guerra ou habitantes que tinham ficado de tal maneira na miséria que esta era única forma de pagarem a vida. Frequentemente, eram eles mesmos que se ofereciam ou vendiam algum membro da família. Este era também o destino de muitas crianças não reconhecidas.

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A sociedade Grega, contudo, não era esclavagista, no sentido que iremos encontrar mais tarde em Roma, ou seja, a economia não era baseada no trabalho de escravo. De facto, o escravo ateniense era muitas vezes recebido no seio da família e relativamente bem tratado.

Já vimos que a diferença entre os aristoi e a restante população levou à migração de muitos e criação de colónias. Cada cidade-estado ligou com este facto à sua maneira. Em Atenas, o caminho para a Democracia foi longo: de início foi uma monarquia que acabou por ser derrubada pelas famílias mais nobres, os Eupátridas, dando origem, assim, a uma nova forma de governo: a Assembleia dos Homens Livres, Ekklesia, passou a eleger três magistrados chamados Arcontes. O primeiro, Arconte Rei, exercia funções religiosas; o segundo, Arconte Epónimo, era o juiz supremo; o terceiro, Arconte Polemarco, encarregava-se dos assuntos militares. Mais tarde, por exigência popular, juntaram seis arcontes que tinham como função passar as leis a escrito e velar para que as mesmas fossem cumpridas.

Cidadãos deliberando

Com o aumento da população e a instabilidade económica foram aparecendo várias revoltas sociais. O que torna Atenas inovadora em relação às outras cidades-estado foi a forma radicalmente diferente e revolucionária como lidou com os problemas. Assim, três legisladores tiveram um papel preponderante em épocas diferentes e contribuíram para que a Democracia surgisse:

Drácon - Ascendeu ao cargo de Arconte no ano de 621 a.C. De forma a acabar com o clima de vinganças entre famílias proibiu a justiça privada e redigiu um código de leis que hoje podemos considerar bastante severo (daí o termo "draconiano") mas que, na época, pareceu ser a única forma de criar alguma estabilidade.

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Sólon - Ascendeu ao cargo de Arconte no ano de 594 a.C. Modificou as

leis já existentes, tornando as leis de Drácon mais suaves mas aproveitando algumas delas. Perdoou todas as dívidas e proibiu que qualquer devedor pudesse vir a tornnar-se escravo, o que foi um rude golpe na escravatura. Além disso, redigiu um código de leis iguais para todos.

Sólon - Fresco romano encontrado em Óstia

Clístenes - Ascendeu ao cargo de Arconte no ano de 508 a.C. Dividiu a população ateniense em 100 demos, conjuntos de população distribuídos pelas várias áreas da cidade (próximo daquilo a que hoje chamaríamos "bairros"). Estes demos estavam agrupados em 10 tribos, cujos cidadãos eram iguais entre si. Cada tribo elegia um representante para o governo da cidade, o que impedia que só os mais ricos pudessem tomar nas suas mãos o destino da cidade. É, pois, considerado o Pai da Democracia e todos os regimes modernos democráticos foram influenciados pelas ideias de Clístenes. Não podemos, contudo, esquecer as diferenças no tempo: enquanto hoje nós consideramos "Democracia" a igualdade de direito e de deveres entre TODOS os cidadãos, na época de Clístenes só os Cidadãos do sexo masculino tinham acesso a ela. Contudo, neste tempo, este sistema era brilhante e avançado.

Clístenes

Como era de esperar, os poderosos não ficaram lá muito contentes e tentaram criar obstáculos a este novo sistema político e social. Para evitar isso, Clístenes instituiu uma prática que permitia aos Cidadãos, por meio de voto secreto, afastar aqueles que eram contra estas novas ideias. A isso se chamou Ostracismo. O nome deriva da palavra Ostraka, pedaço de cerâmica usado para este tipo de voto.

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Ostraka

Todos os anos se realizava uma assembleia de cidadãos, que escreviam sobre um pedaço de cerâmica, a Ostraka, o nome daquele que pretendiam afastar de Atenas por um período de dez anos. No final da assembleia conferiam-se os cacos e quem tivesse mais de 6000 vezes o seu nome mencionado era candidato a esse afastamento (Ostracismo). Se houvesse mais do que um cidadão com 6000 nomeações, era aquele que mais vezes fosse mencionado.

Educação dos Atenienses

Ao contrário de Esparta, a educação dos dois sexos era totalmente diferente da dos rapazes. Poucas eram aquelas que aprendiam a ler e a escrever. Eram entregues aos cuidados das mães, raramente saindo do gineceu (parte da casa destinada às mulheres) e aprendiam o necessário para serem boas esposas e boas mães. Não possuíam direitos políticos e estavam totalmente dependentes do pai e do marido. Contudo, a maioria delas possuía influência sobre a família e eram respeitadas dentro da esfera familiar, sendo muito mal visto o Cidadão que as maltratava.

Mulher Ateniense Platão e seus discípulos

Quanto aos rapazes, os Metecos aprendiam essencialmente os ofícios das respectivas famílias e os Cidadãos seguiam um programa de estudos que privilegiava os vários ramos do Conhecimento.

O sistema das escolas públicas, como mais tarde existirá em Roma, era aqui desconhecido. Em vez disso, havia mestres respeitados que reuniam à sua volta discípulos como, por exemplo, Sócrates ou Platão, de quem falaremos mais tarde. Os Atenienses mais abastados completavam a sua educação viajando, sobretudo, para o Egipto. Heródoto foi um deles. Com efeito, muito do que conhecemos desta antiga civilização, a ele o devemos.

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