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ORIGEM E INÍCIO DAS CONVERSÕES

No documento Hist 7º ano (páginas 190-192)

CRISTIANISMO

ORIGEM E INÍCIO DAS CONVERSÕES

Já te dissemos em textos anteriores que os Romanos aceitavam muito facilmente os deuses dos povos conquistados. A cerimónia da Evocatio tinha como objectivo convidar as divindades das nações vencidas a entrar na grande família romana divina. Por isso mesmo, a chegada de uma nova religião não era algo que incomodasse muito este povo prático. Então, por que motivo o Império Romano demorou tanto tempo a aceitar a religião cristã?

Ao contrário dos Romanos, os Judeus e os Cristãos praticavam a Religião Monoteísta e não reconheciam mais nenhum deus além do seu. Tal fé era considerada por muitos como sendo «intolerante». Acresce o facto que tanto o Cristianismo como o Judaísmo, graças às suas ideias religiosas, punham em causa os fundamentos do próprio Estado Romano, entre eles o culto ao Imperador, o culto a outros deuses e as desigualdades sociais no Império.

O Cristianismo surgiu no século I numa província romana, chamada Palestina. Pensa-se que Jesus, o seu fundador, tenha nascido em Belém, na Judeia. Foi por volta dos trinta anos que Jesus começou a pregar a sua Palavra Divina, que consistia acima de tudo numa mensagem de paz e de tolerância, de compaixão e de perdão.

Fresco de Jesus Cristo numa catacumba romana

O que tornava este Homem tão diferente de muitos outros profetas de então? Tal como o Judaísmo (o Cristianismo era inicialmente considerado um ramo do Judaísmo e não uma religião separada e autónoma) Jesus acreditava na existência de um único Deus e tinha fé na ressurreição da Alma Humana e na Vida Eterna. Porém, a religião Cristã é universal, aberta a todos os Homens e a todas as raças. Trata-se de uma fé a que qualquer ser humano pode ter acesso, o que já não acontecia com a fé religiosa de muitos povos: naquele tempo, nascia-se dentro de uma religião e muito dificilmente eram aceites as conversões. A Fé Cristã não era algo que se herdava, era uma escolha pessoal de cada indivíduo.

As ideias revolucionárias de Jesus entraram em imediato choque com o poder fortíssimo dos Fariseus, um grupo de Judeus que tinha como objectivo principal estudar a Torah, um conjunto de livros dos mais místicos e mais sagrados da religião Judaica. Estes criaram um conjunto de leis orais e foram responsáveis pela

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criação da instituição da Sinagoga. Com o tempo, tornaram-se muito influentes e poderosos e os próprios Romanos temiam-nos.

Jesus falando com o fariseu Nicodemus

Convém também salientar que o Judaísmo acreditava (e ainda acredita) na chegada de um Messias, um salvador descendente da linha do rei bíblico David, que reconstruirá a nação de Israel e, desta forma, trará a paz a este mundo. No entanto, o «Reino» de Jesus, como rezam os Evangelhos do Novo Testamento, «não é deste mundo». Concluímos que Jesus não estava interessado nem em declarar guerra ao Império Romano nem em criar um império material. Os seus objectivos eram bem diferentes do que todos esperavam: eram essencialmente de ordem moral.

O fim da história é conhecido por todos nós: Cristo é acusado de ser um agitador, é preso, torturado e crucificado. Ora a crucificação era uma das formas mais violentas e mais bárbaras de se condenar à morte um ser humano…

Após a morte de Jesus, os seus apóstolos continuaram o seu trabalho e espalharam a Fé Cristã pelos quatro cantos do mundo, tendo sido S.Pedro e S.Paulo os dois apóstolos que mais viajaram pela Ásia e pela Europa.

Os primeiros a serem convertidos foram os próprios judeus, devido à sua proximidade religiosa. Com efeito os apóstolos, na falta de templos religiosos cristãos, expunham as suas doutrinas nas sinagogas. Com o tempo, foram conquistando também os gentios, isto é, aqueles que adoravam outros deuses. A religião cristã funcionou muito num processo de "passa-a-palavra" (aliás, a palavra Evangelho significa precisamente "Boa Nova") e os bons exemplos dos seus fiéis inspiraram muito os que os conheciam, particularmente os escravos, que encontravam no Cristianismo uma liberdade interior.

A Fé Cristã expunha ideias bastante apelativas:

 Luta pela igualdade de direitos entre todos os homens. No início, por razões essencialmente económicas e políticas, não condenou abertamente o regisme esclavagista. Assim que as condições o permitiram, o Cristianismo opôs-se fortemente a esta prática.

 A consolação de uma vida eterna, que recompensava não os ricos e poderosos mas as pessoas que tinham bom coração, partilhavam os seus pertences com os seus irmãos e sabiam perdoar. Desta forma, o «Reino dos Céus» era uma porta aberta para todos, mesmo aqueles que eram escravos.

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Um centurião pede ajuda a Jesus para curar um dos seus servo.

 A presença de um Deus bom e misericordioso, que aceita o lado pecador do ser humano e está sempre disposto a dar uma «segunda oportunidade» até ao pior dos criminosos. Tudo o que é preciso é termos consciência do mal que fizemos e arrependermo-nos do nosso passado.  Não deixa de ser irónico, mas o Império Romano ajudou a Fé Cristã a

espalhar-se por toda a parte, graças às suas ruas, pontes, transportes e vias de comunicação.

 Os próprios deuses romanos já não satisfaziam as necessidades das populações do Império, por isso estavam cada vez mais desacreditados.

PERSEGUIÇÕES E RECONHECIMENTO DO CRISTIANISMO

Já apontámos acima as razões que levaram os Romanos a temer e a perseguir os fiéis cristãos e esta «caça ao Homem» durou cerca de três séculos. As perseguições começaram logo no século I d.C mas foram particularmente cruéis e violentas nos séculos III e IV d.C, graças aos imperadores Valeriano e Diocleciano. Muitos destes religiosos passaram a ser a diversão favorita dos circos de Roma e era bastante comum as multidões adorarem estes espectáculos sangrentos onde homens, mulheres, velhos e até crianças eram torturados e devorados por animais ferozes nas arenas. Ironia das ironias, foi graças a estes "entretenimentos" que cada vez mais pessoas, chocadas com o que viam e comovidas pelo sofrimento destes mártires, se convertiam ao Cristianismo, de tal forma que, no século IV, a maioria dos Romanos já professava a Fé de Cristo, até mesmo membros da família imperial.

A última prece dos mártires cristãos, de Jean-Léon Gérôme (1883)

No documento Hist 7º ano (páginas 190-192)