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POLÍCIA INVESTIGA FIAT POR MORTE DE JOVEM

No documento Gestão Da Qualidade_Livro (páginas 154-157)

Promotoria pediu apuração de responsabilidade no acidente com Stilo em Araraquara Jean de Souza — de Ribeirão Preto A Promotoria de Araraquara pediu a abertura de inquérito policial para apurar a responsabi- lidade criminal de dirigentes da Fiat na morte de uma estudante na rodovia Washington Luiz, em Araraquara, em 2008.

O acidente que causou a morte de J. F. S., 18, teria sido causado pelo mesmo motivo que levou a montadora a anunciar um recall de 60 mil unidades do Stilo em março deste ano: o material utilizado no cubo da roda traseira era, supostamente, frágil, o que fazia a roda se soltar com o carro em movimento.

Segundo o promotor de Araraquara, um laudo técnico aponta que há indícios de falhas na peça do carro.

“A lei penal brasileira diz que todo aquele que concorre para a prática de um crime responde por ele.”

Daí a investigação policial, que determinará, nos quadros da empresa, quem foi responsável pela mudança na confecção da peça, que, até março de 2004 era feita de aço, e a partir dessa data, passou a ser feita de ferro, “o que a tornou não confi ável”, segundo o promotor.

É a primeira tentativa, no Estado, de responsabilizar criminalmente a montadora italiana por uma morte envolvendo o Stilo.

A acusação, nesse caso, seria de homicídio culposo — sem intenção de matar. Outras sete mortes podem estar relacionadas ao Stilo no país, segundo o relatório do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) que deu origem ao recall.

O ilustrador T. T. O., 23, ex-namorado de J. F. S., que dirigia o Stilo, disse que também se pre- para para ingressar com uma ação cível, por danos morais e materiais, contra a Fiat.

Ele disse ter poucas lembranças do acidente. T. T. O. voltava para São Paulo, onde mora, após passar o Carnaval em Votuporanga. No carro estavam ainda dois amigos. Somente T. T. O. estava acordado quando a roda se soltou e o Stilo capotou várias vezes, antes de bater em uma árvore.

Um tio do rapaz que esteve no local do acidente foi quem chamou a atenção para o cubo da roda quebrada. “Ele trabalha com carro e na hora que viu o carro reconheceu que tinha alguma coisa errada com a peça.”

Após obter informações de outros acidentes similares ao seu, o designer disse ter entrado em contato com a Fiat. Ele critica a posição da montadora de, mesmo diante das evidências de que o cubo da roda tinha defeitos, só decidir fazer o recall após ser obrigada pela União.

A mãe da jovem, H. F., 43, que mora em Corumbá (MS), também entrou com uma ação de reparação contra a Fiat, na última quinta. Ela elogiou a abertura da investigação criminal.

Desde o início deste livro, temos associado qualidade a competitividade, afi rmando que para uma empresa ser competitiva ela precisa oferecer a seus clientes produtos que satisfa- çam e até superem suas expectativas. Nos dois últimos capítulos fomos além, acrescentando à qualidade o conceito de confi abilidade.

É impossível não estabelecermos relações entre a reportagem apresentada e o exemplo do freio da bicicleta, que demos no início deste capítulo para ilustrar os efeitos que a falha de um produto pode ter sobre seus clientes. Caso o inquérito policial confi rme que o acidente que matou a jovem J. F. S. tenha sido realmente causado pela fragilidade do cubo da roda traseira do veículo em que ela estava, estaremos diante de um caso real de falha no produto, com consequências trágicas para o cliente.

Provavelmente, esse não é o primeiro caso do tipo, tampouco será o último. Quantos outros acidentes já devem ter sido causados ao redor do mundo por falhas em produtos nos quais os clientes confi avam? Impossível saber. Mas pode-se refl etir a respeito da responsabi- lidade dos fabricantes.

1. Segundo o texto, a troca do aço pelo ferro na fabricação do cubo da roda é a causa da fragilidade da peça, e a investigação policial determinará, nos quadros da empresa, quem foi diretamente responsável por essa mudança. Presumindo o tamanho de uma fábrica de automóveis, a complexidade do processo produtivo e a quantidade de pes- soas nele envolvidas, você acha que é possível chegar a responsabilidades individuais? Por quê?

2. A imprensa noticia com frequência casos como este, em que a falta de qualidade de um produto ou serviço provocou graves acidentes. Para fi car em apenas três exemplos, pode- mos citar o caso do desabamento do metrô, em São Paulo, em janeiro de 2007, com sete vítimas fatais; a queda do avião da Tam, em julho de 2007, que causou a morte de 199 pessoas; e a explosão da plataforma de petróleo da British Petroleum, no Golfo do México, em abril de 2010, causadora do maior desastre ambiental da história. Pesquise rapidamen- te na Internet sobre esses casos, ou outros semelhantes, e responda:

a. As causas dos acidentes foram determinadas?

b. Os responsáveis foram encontrados e devidamente punidos?

3. Quando pensamos na relação entre qualidade e confi abilidade, normalmente nos vêm a mente situações ligadas a falhas materiais, como o exemplo do freio da bicicleta, ana- lisado neste capítulo, ou o problema no cubo da roda do Fiat Stilo, discutido aqui. No entanto, a falta de qualidade na prestação de serviços também pode torná-los pouco confi áveis, bem como trazer prejuízos signifi cativos ao usuário. Mencione alguns exem- plos disso e explique o que poderia ser feito para evitar tais falhas.

4. Com base na matéria lida, explique a relação que podemos estabelecer entre qualidade e ética.

na aCadeMia

„

„ Você seguramente já usou algum produto que apresentasse uma falha. Pode ser

uma caneta cuja tinta tenha vazado e manchado sua roupa, um fi o dental que tenha desfi ado entre seus dentes, deixando aquela sensação típica e incômoda, um alimento que tenha estragado antes do prazo de validade, uma roupa que tenha deformado após a primeira lavagem etc.

„

„ A título de exercício, escolha uma falha que você já tenha constatado em algum

produto e analise o modo, o efeito e a causa dela. Em seguida, tente materializar seus requisitos a respeito daquele produto em características técnicas que pode- riam melhorar sua qualidade.

„

„ Se possível, compartilhe com seus colegas suas dúvidas e as soluções encontradas.

Pontos importantes

„

„ O desdobramento da função qualidade (QFD ) é fundamental para o

controle de qualidade off-line, pois se dedica a materializar a voz dos clientes em características técnicas a serem incorporadas ao produto.

„

„ A principal matriz utilizada pelo QFD é a casa da qualidade, que

permite não apenas relacionar os requisitos dos clientes com suas correspondentes características técnicas, mas também determinar em que medida elas devem ser incorporadas e quais dessas características devem ser prioritariamente assumidas

„

„ A análise do modo e efeito da falha é uma técnica que pode

ser usada tanto para analisar e evitar a reincidência de falhas ocorridas em produtos e processos quanto para investigar falhas potenciais e suas causas, determinando ainda seus graus de impacto no cliente, de modo a apresentar soluções para o desenvolvimento de produtos mais robustos e confi áveis.

referências

JURAN, Joseph. M; GRYNA, Frank. M. Controle da qualidade: conceitos, políticas e fi losofi a da qualidade,

Processos de melhoria

No documento Gestão Da Qualidade_Livro (páginas 154-157)