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qualidade na construção civil

No documento Gestão Da Qualidade_Livro (páginas 55-57)

A construção civil é um setor em expansão no Brasil.

Um passar de olhos pelas maiores cidades brasileiras, como São Paulo, por exemplo, mostra a proliferação de novas edi- ficações, tanto comerciais quanto residenciais. Tradicional- mente, o setor tem sido um grande gerador de empregos, especialmente para trabalhadores com baixa escolarização.

No entanto, da mesma forma que proliferam as obras, aumentam as reclamações de consumidores insatisfeitos. Já chegou a ser registrado, pelo setor, o impressionante índi- ce de 40% de não-conformidades, as mais diversas — materiais utilizados diferentes dos constantes nos memoriais descritivos, paredes tortas, vãos de portas fora do padrão, pisos desnivelados, atrasos na entrega de obras, gastos além dos

orçados, documentações irregulares etc. Enfim, o setor não tem tradição na gestão da qualidade; a maior parte das em- presas adotam-na de maneira superficial, ou por questões relativas a marketing ou para cumprimento de exigências legais em licitações. Há algumas empresas que a praticam adequadamente, mas essa não é a regra.

Costuma-se atribuir a falta de qualidade no setor à bai- xa qualificação da mão de obra. Sem dúvida, esse é um fator importante, mas, conforme explica Santana (2006), não é o único. A autora, em sua dissertação de mestrado, esten- de essa baixa qualificação também à gestão das empresas, apontando, ainda, como principais particularidades do se- tor a centralização da gestão, a pouca valorização da mão de

obra, a mecanização insuficiente e a deficiente capacitação tecnológica e empresarial.

Em 1998, o Governo Federal lançou o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional (PBQP-H ), mais tarde rebatizado como Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat. Ligado a ele, existe o Sistema de Avaliação da Confor- midade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil (SiAC ).

Os principais objetivos do PBQP-H giram em torno da modernização e do aporte tec- nológico para o setor. Tal tecnologia deve ser entendida no sentido amplo — não apenas tecnologia construtiva em si (como o uso de componentes industrializados e melhoramento Em parte, o crescimento do setor de construção civil deve- -se à maior oferta de crédito — está mais fácil para o brasilei- ro ter sua casa própria.

Segundo o Ministério do De- senvolvimento, Indústria e Co- mércio Exterior, os principais desafios para o setor da cons- trução civil concentram-se nos seguintes aspectos, que coincidem com os apontados por Santana (2006): „ „ desenvolvimento de me- canismos de financiamen- to sustentáveis; „

„ capacitação de mão de obra;

„

„ incentivo e disseminação da

tecnologia industrial básica;

„

„ promoção da construção

de insumos em geral, por exemplo), mas também tecnologias de gestão, que permitam maior qualificação da mão de obra e melhor gerenciamento de recursos, além de organização, pa- dronização e consequente otimização de produtos e processos produtivos.

Já o SiAC tem por objetivo avaliar a conformidade do sistema de gestão da qualidade das empresas de serviços e obras do setor da construção civil, baseando-se nos requisi- tos da família de normas ISO 9000. Os Organismos de Certi- ficação de Obras (OCO) são credenciados pelo Inmetro e cer-

tificam a qualidade em diferentes níveis. A ideia é que esses

níveis sejam buscados pela empresa de forma progressiva, facilitando a implantação gradual do sistema de qualidade. Falconi Campos (2004) afirma que a padronização é a base da gestão da qualidade total. Na construção civil, a falta de padronização, juntamente com o desperdício, são os principais problemas.

É senso comum que uma obra, seja ela construção ou reforma, custará sempre mais do que o previsto em orçamento. Não há brasileiro que não saiba disso ao se dispor a tal em- preitada. Seja a casa de uma família, seja o prédio construído por uma grande incorporadora, o mau planejamento e o desperdício no canteiro de obras são tidos como os principais vilões financeiros. Insumos mal dimensionados, materiais expostos a intempéries e mal acondicio- nados, trabalhos fora das especificações, que geram retrabalho e mais consumo de insumos, trabalhos feitos sem o devido cálculo ou com cálculos equivocados etc. são os maiores cau- sadores de perdas financeiras. Quem paga a conta, no final, sempre é o cliente.

Retomando o conceito de qualidade e focando a redução de custos, parece não haver saída para o setor, a não ser a drástica redução das não-conformidades. Para que se possa identificar a não-conformidade, no entanto, é necessário que se estabeleçam padrões. Tais padrões devem começar pela fabricação de materiais e insumos e estender-se ao seu uso nos canteiros de obras, sem esquecer os projetos e a qualificação da mão de obra.

Especialmente para a indústria da construção civil, a conquista da qualidade significará crescimento para o setor, pois, além da confiabilidade gerada para a marca que a adotar, ela abrirá as portas do mercado externo. Além disso, uniformizar o setor trará em longo prazo mais possibilidade de inovação, que será, então, o diferencial que nos permitirá competir com igualdade no mercado internacional.

Existem, ainda, ganhos mais imediatos: reduzindo-se as não-conformidades, reduz-se também o custo e, consequentemente, aumentam-se as possibilidades de compra pelo con- sumidor. Vale lembrar que, embora esteja mais fácil para o brasileiro comprar sua casa própria, como dissemos em parágrafo anterior, ele ainda depende, em sua imensa maioria, de órgãos financiadores, os quais tendem a exigir algum tipo de controle ou certificação de qualidade.

No final da cadeia estão os ganhos individuais e sociais. Os individuais estão diretamen- te ligados ao produto de qualidade — traduzindo em linguagem direta, menos dor de cabeça No site do Ministério das Cida-

des é possível consultar as em- presas já certificadas. O endere- ço é <http://www2.cidades.gov. br/pbqp-h/projetos_siac_em- presas.php>.

na hora de construir, reformar ou comprar o imóvel. No caso de obras públicas, qualidade se traduz por dinheiro do contribuinte sendo bem utilizado.

No documento Gestão Da Qualidade_Livro (páginas 55-57)