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reqdos: Associação dos moradores do Quilombo de Brejo dos crioulos e outros imóvel: Fazenda Aparecida

i – rElAtÓrio

VISTOS, ETC.

Trata-se de AÇÃO DE MANUTENÇÃO, transmutada em AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE, c/c RE-

PARAÇÃO DE DANOS aforada por RAUL ARDITO LERÁRIO, VITO ARDITO LERÁRIO e ANA ROSA MAR- CONDES LERÁRIO contra ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DO QUILOMBO DE BREJO DOS CRIOULOS, FRANCISCO CORDEIRO BARBOSA, SENHORINHO FERNANDES, CIRÍACO CARDOSO, JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA NETO, VALDIVO SILVA e os demais integrantes da associação, incertos ou desconhecidos. Dizem-se

os requerentes possuidores da Fazenda Aparecida, em Varzelândia/MG, com área medida de medida 513,4762

ha e de cuja posse teriam sido turbados pelos requeridos em 28.04.2004. Alegam que o imóvel, onde exercem

atividade pecuária, é produtivo, respeitadas, na exploração, as disposições de regência das relações de trabalho e a legislação ambiental. Pedem a ordem de manutenção, desde a concessão liminar, e a reparação de danos (f. 02-09). Juntam documentos (f.10-196).

Com o parecer favorável do Ministério Público (f.199-201), houve a concessão liminar da ordem (f. 202-205),

cumprida (f. 365).

Contestação com alegação de que o imóvel litigioso estaria inserido em território remanescente de quilombolas,

de quem os requeridos seriam descendentes, e negativa da prática de atos de turbação (f.210-215), com documen-

tos (f. 227-234 e 236-334).

Indeferimento do pedido de ampliação dos limites objetivos da lide (f. 449-451) feito pelos requerentes,

quanto a estender-se a concessão liminar à gleba acrescida à Fazenda Aparecida com a unificação das matrículas (f.370-377), pondo-se contrário o Ministério Público (f. 447-448). Juntam documentos (f.392-393).

O INCRA informa que a Fazenda Aparecida insere-se em território da Comunidade Remanescente do Quilombo

do Brejo dos Crioulos (f. 390), cujo processo de regularização fundiária está em curso (f. 444-445).

Em audiência de 14.06.2006, ouviram-se três testemunhas (f.438-441).

Por representação processual irregular, SENHORINHO FERNANDES, CIRIACO CARDOSO e JOSÉ CARLOS

DE OLIVEIRA NETO são revéis (f. 459).

Memorial com razões finais só dos requerentes (f. 460-461). O Ministério Público é pela procedência do pedi-

do reintegratório, condicionada à averbação da reserva legal, e improcedência do indenizatório (f. 170-176). É o relatório.

ii – FuNDAmENtAção

1 – CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES GERAIS * (...) *

3 – o cASo NA ESpEciAliDADE

Estabelecidas as premissas a cuja luz decidir-se-á a lide, passamos aos termos do caso na especialidade.

1. Restou provada nos autos a prática de atos de turbação, preparatórios à invasão do imóvel, que afinal se consumou. A autoridade policial relata, em 29.04.2004 (f. 32-33), a denúncia de ilícito de dano, consubstanciado

no corte dos arames das cercas que guarneciam o imóvel e na retirada de mourões. Arrimam a inicial fotografias, não impugnadas, que registram bastante a situação alegada (f. 172—177 e 184-188). Em que pese a unilateralidade

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da produção do boletim de ocorrência, confeccionado tão-somente com base nas informações prestadas por preposto dos requerentes, as testemunhas ouvidas em audiência foram unânimes em confirmar a prática de atos de turbação e esbulho, pelos requeridos:

“que tem conhecimento [de] que houve uma invasão à aludida fazenda do Sr. Raul pelo pessoal dos quilombolas, que cortaram o arame em trezentos metros da cerca dos dois lados de um corredor; que, quando cortaram o arame, não entraram na fazenda, todavia, de uma segunda vez, invadiram a fazenda; (...) que conhece a Associação dos Moradores do Quilombo do Brejo; que conhece o presidente da Associação, que tem o apelido de ‘Ticão’; que conhece Valdivino, marido da dona Iolanda; que conhece as pessoas de Senhorinho Fernandes, Ciríaco Cardoso, José Carlos de Oliveira Neto, Edim, Tarcilo e Mané Preto; que todos eles participaram da referida invasão; (...) que na primeira tentativa de invasão houve corte dos arames das cercas, de cinco em cinco metros, atingindo todos os cinco fios; que na segunda oportunidade invadiram a casa do curral” (depoimento de ANTÔNIO FERNANDO SILVA – f. 439);

“que o Sr. Raul é proprietário da fazenda Aparecida, no município de Varzelândia; que tem conhecimento [de] que houve uma invasão à aludia fazenda do Sr. Raul pelo pessoal dos quilombolas; que os Quilombolas tinham invadido uma fazenda vizinha à do Sr. Raul e quando saíram de lá invadiram a fazenda do Sr. Raul; que houve uma primeira tentativa, quando os invasores cortaram o arame em trezentos metros da cerca dos dois lados de um corredor; que, quando cortaram o arame, não entraram na fazenda, todavia, de uma segunda vez, invadiram a fazenda” (depoimento de GERALDO BATISTA ANTUNES – f. 440);

“que tem conhecimento [de] que houve uma invasão à aludida fazenda do Sr. Raul nas terras do Furado Seco, pelo pessoal da Associação dos Moradores do Quilombo de Brejo dos Criolos; que na época dos fatos o presidente da Associação era o Sr. Francisco Cordeiro Barbosa, conhecido como Ticão; (...) que conhece as pessoas de Senhorinho Fernandes, Ciríaco Cardoso, José Carlos de Oliveira Neto, Joaquim Toco, Edim, Tarcilo e Mané Preto; que todos eles participaram da referida invasão, exceto Tarcilo, que o depoente não tem certeza da participação; (...) que ficou sabendo que antes da invasão houve o corte dos arames das cercas de parte da fazenda” (depoimento de JOSÉ AFONSO SILVA – f. 441).

2 – Superada a questão dos fatos de turbação e esbulho, então reconhecidos por incontroversos, passamos a

apreciar os elementos atinentes ao direito de os ora requerentes virem a Juízo pleitearem proteção possessória.

3 – No tocante ao aproveitamento racional e adequado da propriedade, acompanham a inicial notas fiscais

de produtor rural e guias de trânsito animal (f. 145-154, 166 e 169), hábeis a comprovar a alegação de exercício de atividade pecuária no imóvel, com criação de gado bovino. As fichas de controle sanitário registram um efe-

tivo pecuário de 1.273 reses ao tempo do ajuizamento da presente ação (f. 42). Os demonstrativos de produção rural relativos aos exercícios de 2002 e 2003 informam a existência em estoque de, além de eqüinos, suínos e aves,

610 e 962 cabeças de gado, e a comercialização, nos mesmos períodos, de 610 e 972 reses, respectivamente, bem como a plantação de cana-de-açúcar, feijão, mandioca e milho em 32 ha (f. 135-136). Consta da declaração de lançamento do Imposto Territorial Rural, exercício de 2003, a existência de uma área com 506 ha de pastagens formadas (f. 138-144).

Também a prova oral vai ao encontro da alegação de produtividade do imóvel, havendo as testemunhas decla- rado que na fazenda se exerce atividade pecuária de ”cria, recria e engorda de gado” (f. 439-441).

Resta suficientemente demonstrado, pois, o exercício de atividade econômica no imóvel, no período imedia- tamente anterior ao ajuizamento da presente ação.

4 – Há nos autos prova da utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente.

O Ministério Público é pelo julgamento de procedência do pedido reintegratório desde que condicionado à re-

gular averbação da área de reserva legal. Contudo, muito embora este juiz entenda ser cogente a norma do Código

de Defesa Florestal que trata da matéria (art. 16, § 2o da Lei no 4.771/65), de se destacar, ainda, a controvérsia

jurisprudencial que paira sobre a questão da obrigatoriedade da averbação. A própria Corte Superior do Tribunal

de Justiça de Minas Gerais, no julgamento do Mandado de Segurança no 1.000.00.279477-4/000, assentou o

entendimento de que o Código Florestal não impõe a averbação da reserva legal a todo e qualquer imóvel rural nem condiciona a prática de atos notariais e registrais à averbação, ali tratada como mero ato administrativo autônomo, sem caráter auto-executório.

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Conquanto não se ignore a incipiente (e salutar) mudança na orientação, na esteira de precedente do Supe-

rior Tribunal de Justiça (RMS no 18.301/MG, Rel. Min. JOÃO OTÁVIODE NORONHA, j. 24.08.2005), grassa ainda

a controvérsia no T.J.M.G., de que são exemplos, favoráveis à obrigatoriedade da averbação, os recentes julga- dos no 1.0694.06.031274-1/001(1), Rel. Des. MAURÍCIO BARROS, j. 03.07.2007; 1.0499.06.000299-9/001(1), Rel. Des. ARMANDO FREIRE, j. 12.06.2007; 1.0309.04.001296-0/001(1), Rel. Des. EDGARD PENNA AMORIM, j. 01.03.2007; 1.0694.06.030368-2/001(1), Rel. Des. EDILSON FERNANDES, j. 09.01.2007 e 1.0517.05.978219-6/000(1), Rel. Des. MARIA ELZA, j. 06.04.2006. E, contrários, os julgados no 1.0283.05.002623-8/001(1), Rel. Des. SILAS VIEIRA, j. 26.04.2007; 1.0000.07.449726-4/000(1), Rel. Des. BELIZÁRIO DE LACERDA, j. 29.05.2007; 1.0283.06.004492-4 /001(1), Rel. Des. BELIZÁRIODE LACERDA, j. 22.05.2007; 1.0694.06.031433-3/001(1), Rel. Des. ALBERGARIA COSTA, j. 29.03.2007 e 1.0283.06.004242-3/001(1), Rel. Des. ALBERGARIA COSTA, j. 08.03.2007.

Revela-se, pois, desproporcional exigir do jurisdicionado a observância de conduta cuja imposição nem ao me- nos pacífica perante os tribunais. Assim, milita em prol da legitimidade da pretensão dos requerentes o memorial descritivo dos limites e confrontações da área de reserva legal (f. 25-26), com 103,30,86 ha, atingido o parâmetro

legal mínimo de 20% da superfície total (art. 16, §2o da Lei no 4.771/65). A reserva legal está demarcada na

planta de f. 29, confeccionada e assinada por profissional habilitado em Engenharia de Agrimensura, sob a fé de seu grau. Além, todas as testemunhas declararam que na exploração econômica do imóvel preserva-se a “reserva de mata natural” (f. 439-441).

E por derradeiro, mas não em último, é de se privilegiar, em análise teleológica da norma, a concreta preserva-

ção de área de reserva legal, em detrimento da exigência de observância de formalidade administrativa. A própria

Justiça Federal, a quem compete julgar ações de desapropriação para fins de reforma agrária, vem entendendo que a

irregularidade formal não compromete o cumprimento da função social da propriedade. A tal propósito, lúcida ma-

nifestação da Procuradoria da República, em parecer da lavra da i. Procuradora Dra. MARIANE G. DE MELLO OLIVEIRA, nos autos do processo no 2003.35.011233-7, em trâmite perante a 9a Vara da Justiça Federal de 1a Instância, Seção Judiciária do Estado de Goiás:

“Entende este Órgão Ministerial que, muito embora tenha ficado caracterizado nos autos que a indigitada reserva legal não fora devidamente averbada antes da vistoria administrativa, mas somente após a mesma, a confirmação de sua existência torna-se suficiente para que esta seja considerada no cálculo do Grau de Utilização da Terra – GUT do imóvel em estudo. (...) A obrigação de preservar a área relativa à reserva legal decorre de lei, ainda que não esteja averbada. Segundo o Código Florestal, o proprietário está impedido de explorar pelo menos 20% de sua propriedade rural (art. 16, “a” e parágrafos 2o e 3o), indepen- dentemente de haver assinado e averbado no registro imobiliário o termo de compromisso de preservação de reserva legal. (...) O Ministério Público Federal, apesar de ter conhecimento e respeitar a posição adotada pelo Supremo Tribunal Federal [de não considerar como reserva legal área não averbada], não pode com ela concordar. Se assim o fizesse, estaria sendo conivente com uma formalidade que despreza a real situação fática do imóvel, prejudicando de forma desproporcional uma das partes, o que não pode ser tolerado. A Lei Ambiental tutela a preservação do meio ambiente e não a burocracia. De se ressaltar que a Lei no 8.629/93, em seu art. 10, IV, considera a área de reserva legal não aproveitável para fins de cálculo da produtividade do imóvel, não condicionando esta exclusão ao fato de estar averbada no registro imobiliário.” 2091

No caso concreto, pois, as provas documental e testemunhal sinalizam o bastante cumprimento da dimensão

ambiental da função social, além do que a matéria não foi eficientemente apreciada em contraprova pelos requeridos

a sobreviver ao contraditório.

5 – O valor social do trabalho, fundamento da República Federativa do Brasil e, de modo específico, da ordem

econômica (art. 1o, V e art. 170 da C.R.F.B./88), repercute na função social da propriedade, razão por que, no cum-

primento, hão de se observar as disposições de regência das relações de trabalho (art. 186, III da C.R.F.B./88). Assim, dentro da lógica do razoável, a valoração do trabalho há de privilegiar não apenas a observância de direitos trabalhistas em sentido estrito (direitos do trabalho), mas também e principalmente o direito ao trabalho, assim entendida a oportunidade de emprego remunerado e, por corolário, de ascensão social, existência digna e redução

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de desigualdades. Sob esse aspecto, cumprirá a função social a posse que se exerça não mais individualmente, mas

coletivamente, de modo compartilhado com aqueles que carecem de trabalho.

No caso dos autos, os requerentes mantinham um único trabalhador no imóvel ao tempo da moléstia à posse, ao que se infere da Relação Anual de Informações Sociais prestadas ao Ministério do Trabalho e Emprego (f. 60) e do Resumo de Informações à Previdência Social constantes do Arquivo do Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS (f. 61-106). A adequação da mão-de-obra única para a exploração econômica do imóvel é questão não explorada nos autos. Há, por outro lado, documentação idônea a demonstrar a higidez do vínculo empregatício mantido com o trabalhador. De fato, os lançamentos apostos no livro de registro de empregados sinalizam o recolhimento de contribuição sindical; revisão anual do salário; concessão de férias; jornada legal de trabalho rural, com intervalo para almoço; inscrição no Programa de Integração Social; recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e de contribuição à Previdência Social e pagamento de 13o salário (f. 46-47, 60 e 108).

Não há prova, indício ou alegação de que no imóvel se patrocinasse trabalho escravo ou degradante, condutas

que, por afrontarem a dignidade humana, fundamento do Estado Democrático de Direito, repugnam à Consti-

tuição e à lei, tais a embasar a negativa da tutela possessória. Aqui como aquém, a matéria não foi eficientemente

apreciada em contraprova pelos requeridos a sobreviver ao contraditório.

6 – A par de racional e adequada, a exploração econômica também se mostra favorecedora do bem-estar dos

proprietários, empregados, vizinhos, sem indícios de que ali se exerçam atividades periculosas, penosas ou insalubres, em risco à integridade física e psíquica de quantos circulem naquele microcosmo social, nem de que a posse exer- cida pelos requerentes gere conflitos e tensões sociais no imóvel.

De tudo, pelo contrário, alegam os requerentes que o imóvel é dotado de casa de colono, poço artesiano, rede

de energia elétrica e outros equipamentos capazes de atender às necessidades básicas dos trabalhadores (f. 04),

alegação que, a par de incontroversa, foi corroborada pelos documentos – não impugnados – que acompanham a petição inicial (f. 14 e 187-188).

Em que pese a relevância e a legitimidade do pleito dos requeridos, albergados por norma constitucional que reconhece aos remanescentes das comunidades dos quilombos a propriedade definitiva das terras que ocupem (art. 68 do A.D.C.T. da C.R.F.B./88), nesta seara cumpre-nos tão-somente analisar se o requerente, à luz da função social, faz jus à proteção possessória vindicada. E é o que resta feito, sem prejuízo de, em sendo efetivamente provado, já em via própria e bastante, façam valer os requeridos seus direitos em razão do viés

étnico-cultural.

7 – Pedem os requerentes ainda a reparação dos danos materiais que teriam sido causados pelos requeridos,

consistentes na destruição da cerca “limítrofe de um corredor que dá acesso ao povoado de Furado Seco, em dois lugares distintos, numa extensão de 300,00 metros”.

Ao contrário do que sustenta o Ministério Público, restaram provados os pressupostos do dever de in-

denizar: a ação dolosa dos requeridos; o dano experimentado pelos requerentes e a relação de causalidade

entre um e outro.

O Oficial de Justiça relacionou os danos constatados por ocasião do cumprimento do mandado de reintegra- ção de posse: “No local, constatei alguns danos que passo a relacionar: cercas do curral foram desmanchadas pelos ocupantes para servirem de lenha. Algo em torno de 40% do curral foi danificado” (f. 366). As testemunhas também confirmaram o corte de arames das cercas, a danificação do curral e a queima dos mourões das cercas e do curral, para fazer lenha, construir barracas e iluminar o acampamento (f. 439-441).

Em sede de contraprova, não lograram convencer os requeridos de estarem isentos da responsabilidade quanto aos danos contemporâneos ao esbulho levado a cabo por eles, requeridos. De outras sorte, aliás, seria mesmo uma

inconseqüência aplaudida, deixar pender a presunção absoluta a favor de quem invade (violência ínsita) imóvel

alheio, sem que assuma a responsabilidade pela manutenção e conservação do patrimônio então apropriado na subtração. Cumpriria aos requeridos afastarem, nesta discussão cível, por provas bastantes, aquelas trazidas pelos requerentes, seja da lavra acreditada por fé pública do Sr. Oficial de Justiça, seja pelo depoimento testemunhal; e aliado a isso a evidência inafastável do dano material visível.

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Muito embora não se especifique a participação de cada requerido no evento danoso, certo é que a associa-

ção requerida, atuando como entidade coletiva, assim também será civilmente responsabilizada pela conduta

de seus integrantes, que agiram em unidade de desígnio, na estratégia de concretizar conteúdo programático da associação. Caberá à associação, querendo, exigir do associado culpado, em ação de regresso, o ressarcimento de prejuízo que experimente.

Para não ensejar enriquecimento sem causa, a extensão do dano mensura-se pelo menor denominador comum, tendo em vista as ligeiras divergências quantitativas que os subconjuntos das provas documental e oral apresentam. Assim, deve a associação requerida reparar os danos consistentes no corte de 300 metros da cerca, com cinco fios de arame (f. 439-440), e na destruição de 40% das cercas do curral (f. 366) ou 70 “réguas” (f. 440), o que for menor, segundo se apure em fase de liquidação de sentença.

iii - DiSpoSitivo

POSTO ISSO, e considerando o mais quanto dos autos consta, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO AVIADO NA INICIAL RAUL ARDITO LERÁRIO, VITO ARDITO LERÁRIO e ANA ROSA MARCONDES LERÁRIO con-

tra ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DO QUILOMBO DE BREJO DOS CRIOULOS, FRANCISCO CORDEIRO

BARBOSA, SENHORINHO FERNANDES, CIRÍACO CARDOSO, JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA NETO e os demais

integrantes da associação, incertos ou desconhecidos, TORNANDO DEFINITIVA A LIMINAR CONCEDIDA.

CONDENO a associação requerida à REPARAÇÃO DOS DANOS MATERIAIS havidos na cerca e no curral da

propriedade, em montante a ser apurado em liquidação de sentença, por arbitramento.

CONDENO os requeridos nas custas processuais, além de suportar honorários de R$1.500,00 (mil e qui-

nhentos reais) devidos ao Advogado dos requerentes, tendo em conta, por um lado, o comprido tempo do serviço, a relevância da causa, que trata de um sério conflito social de proporção considerável, e o empenho demonstrado no trabalho do profissional, atuante em todas as fases do processo (art. 20, §§ 4O e 3O do C.P.C.).

Altere-se a classe da ação para REINTEGRAÇÃO DE POSSE. Transitada em julgado, arquivar, com baixa.

P.R.I.C..

Belo Horizonte, 5 de dezembro de 2007. (Publicação Minas Gerais, 12.12.2007) Osvaldo Oliveira Araújo Firmo

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comarca de Belo Horizonte

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