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ROCHA, VALDEIR ARAÚJO LIMA, JOSÉ APARECIDO FERNANDES, JOSÉ DOS REIS NASCIMENTO, JOVITO

Capitulo V – Dos Títulos

ROCHA, VALDEIR ARAÚJO LIMA, JOSÉ APARECIDO FERNANDES, JOSÉ DOS REIS NASCIMENTO, JOVITO

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FERNANDES DE SOUZA, AGAPINTO FERNANDES DE SOUZA, ALBERTINO MOURA DA SILVA, PEDRO DE LIMA SILVA, MARIA JUDITE FERREIRA DE SOUZA, AGENARO FERNANDES DE SOUZA, ERALDO FER- NANDES DE SOUZA, VANILSON FERREIRA ROCHA, ELIANE FERREIRA SANTOS, JANEIS FERNANDES DE SOUZA, ANA MARIA BARBOSA DE JESUS e VANETE APARECIDA FERNANDES SOUZA RIBEIRO (f. 140).

Por ofício, informando, na oportunidade, a denominação e o CNPJ da proprietária (f. 268), o nome e CPF do requerente/arrendatário (f. 2) e o número do certificado de cadastro do imóvel no Incra (f. 30):

Solicitar ao Ministério do Trabalho informações quanto à eventual irregularidade em relações trabalhistas no

imóvel objeto desta lide;

Solicitar ao Ibama e ao IEF informações acerca de eventual ocorrência de ilícito ambiental no imóvel; Solicitar ao Igam informações quanto à regularidade do uso de recursos hídricos no imóvel;

Requisitar à Polícia Ambiental local a averiguação da prática de ilícitos ambientais no imóvel pelos ocupantes.

Em curso normal, está aberto o prazo de contestação. Decorrido o prazo sem manifestação dos requeridos citados por edital, nomeio-lhes curador especial na pessoa do defensor público, Dr. Heverton Flávio Ronconi da Rocha, que deverá ser intimado pessoalmente a apresentar defesa no prazo legal.

Intimem-se as partes e o Ministério Público.

Belo Horizonte, 1 de novembro de 2007. (Publicação Minas Gerais, 15.11.2007)

Osvaldo Oliveira Araújo Firmo Juiz de Direito

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2 – iNtErDito proiBitÓrio

processo n

o

0024.07.567.827-6

OSMAR GUIMARÃES e ANA NUNES GUIMARÃES aforaram AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO contra JOSÉ MAURÍCIO CORREIA e requeridos incertos e desconhecidos, integrantes do Movimento Terra, Trabalho

e Luta (MLTT). (Verificar a sigla: é MLTT ou MTTL?) Dizem-se proprietários e possuidores de 5 (cinco) glebas de terras que compõem o imóvel rural Fazenda Cerradão, em Guimarânia (MG), com área total de 1.816,47,85 ha. Destacam que exercem a atividade agropecuária, com criação de gado bovino e plantação de soja e milho, res- peitando as normas trabalhistas e ambientais. Sendo de seu conhecimento que os requeridos pretendem invadir o imóvel, mesmo porque recentemente foram desalojados de fazenda vizinha, têm por justo o receio de iminente

moléstia à sua posse. Pedem desde a concessão liminar, e sem audiência da parte contrária, à ordem interdital, a

fim de obstar aos requeridos a prática de atos que importem turbação ou esbulho (f. 3-15). Juntam documentos (f. 16-203 e 223-236).

O Ministério Público é pela justificação e conciliação (f. 239-242).

Citação do movimento social, na pessoa de PAULO JANUÁRIO DA SILVA, JOSÉ CAETANO DE OLIVEIRA, JOSÉ OSVALDO OLIVEIRA BEZERRA, CLÉCIA FERREIRA DE CASTRO, SÉLIO RODRIGUES DA SILVA, JOÃO ADÃO, ONÉZIO QUINTINO DA ROCHA, ELMA A. BARBOSA e JOSÉ REINALDO (f. 270).

Edital de citação (f. 251 e 278). Pendente a citação do requerido nominado (f. 273).

Em audiência de 22.8.2007, foram ouvidas duas testemunhas (f. 280-284).

Os requerentes reiteram o pedido de concessão liminar (f. 286-289), juntando documento (f. 291). O Ministério Público é pela concessão (f. 293-298).

É o relatório.

Versam os autos, inequivocamente, sobre conflito coletivo estabelecido em torno da posse de imóvel rural de

propriedade particular.

A matéria em questão desafia, como já observado na mais atualizada doutrina e mais competente jurisprudência, uma reflexão fundada prioritariamente em preceitos constitucionais, dentro daquilo que hoje já se conhece como o

movimento de constitucionalização do direito.

Assim, as exigências constitucionais que dizem respeito ao direito de propriedade, direito inequivocamente

fundamental – já não só de caráter individual, mas social – impõem uma leitura da lei civil sob as luzes e de acordo

com a Constituição vigente. Nessa esteira, exsurge a questão da função social da propriedade, que, intrínseca ao

exercício do direito de propriedade, salutarmente contamina o consectário da posse que lhe diga respeito.

É certo, no entanto, que em ações como a presente não se mostra razoável exigir uma prova completa, exausti-

va, desse requisito para o fim de atender ao pedido de concessão liminar. Mas isso não isenta o autor da ação em ao

menos indicar que tal se dá.

Aqui, os requerentes pleiteiam a concessão liminar da ordem interdital para obstar qualquer ato dos requeridos que importe esbulho ou turbação da posse que exercem sobre os imóveis descritos na inicial. Em se tratando de

INTERDITO PROIBITÓRIO, faz-se necessária a comprovação do justo receio de moléstia à posse, bem como da iminência de turbação ou esbulho. A par disso, a posse a que se pede proteção deve ser exercida em consonância

com a sua função social, nos termos previstos na Constituição e nas leis.

O cumprimento da função social da propriedade, tal como delineado no art. 186, I a IV, da CRFB, exterioriza- se, em última instância, como posse qualificada pelos requisitos cumulativos da produtividade, utilização ade-

quada dos recursos naturais e preservação do meio ambiente, observância de normas trabalhistas e exploração

conducente ao bem-estar de proprietários e trabalhadores, enfim, de toda a coletividade.

Com base nestes parâmetros, tenho por suficientes os indícios e provas produzidos pela requerente, ao menos em um juízo de cognição sumária em que se processa a análise da tutela de urgência pleiteada.

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1 – Labora já em prol da pretensão dos requerentes a classificação dos imóveis, pelo Incra, como propriedades produtivas (f. 72, 79, 83 e 93). Os diversos contratos de arrendamento agrícola (f. 20-24, 75-77, 87-89, 98-102 e

103-107) demonstram o exercício de agricultura no imóvel, com plantação de cana-de-açúcar, milho e soja. A seu turno, as notas fiscais de f. 109-152 evidenciam a produtividade da atividade que ali se exerce, com a comercializa-

ção, em média, de 27 (vinte e sete) toneladas de grãos de soja por dia, no período compreendido entre 30.4.2007 e

24.5.2007. As fichas de controle sanitário do IMA registram a existência, em maio de 2007, de um efetivo pecuário de 776 (setecentos e setenta e seis) cabeças de gado (f. 154-156), indicando que os requerentes, direta ou indiretamente, vêm exercendo posse sobre os imóveis e, mais, respaldam o alegado cumprimento da função social da propriedade em seu aspecto de produtividade e aproveitamento econômico adequado.

2 – Há nos autos prova da utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente.

Com efeito, à margem das matrículas imobiliárias encontram-se averbadas áreas de reserva legal e de preserva-

ção permanente (f. 80-81, 84-86 e 94-97). A par da regularidade formal, consta do laudo firmado por engenheiro

agrônomo que o imóvel possui uma área de 363,29,57 ha destinados à formação de reserva legal e 90,02,19 ha de área de preservação permanente, ao longo dos cursos d’água e no entorno de lagos e nascentes (f. 48-52). As fotogra- fias que integram o referido laudo evidenciam o bom estado de conservação da vegetação nas áreas de reserva legal e preservação permanente (f. 49-51).

Encontram-se atendidas, pois, as disposições da legislação ambiental (art. 2o e 16, §2o, da Lei no 4.771/65).

Também evidenciam à utilização adequada dos recursos naturais as certidões de registro de uso de águas pú- blicas estaduais, para consumo humano e dessentação de animais, expedidas em favor dos requerentes pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (f. 194-200).

Há, nos contratos de arrendamento agrícola, cláusulas que obrigam o arrendatário, no exercício de sua ativida- de, a atender ao licenciamento ambiental; cuidar das áreas protegidas pelo Código Florestal; conservar os mananciais e proteger a fauna e a flora, demonstrando a sensibilidade o cuidado dos requerentes com a questão do meio ambien- te (f. 75-77, 87-90, 99-102 e 103-107).

A prova documental sinaliza, pois, o bastante cumprimento da dimensão ambiental da função social.

3 – Há nos autos, ainda, indícios da regularidade das relações trabalhistas ali mantidas, conforme se extrai dos

registros de empregados (f. 156-163), recibos de pagamento de salários e outros direitos trabalhistas (f. 169-171), certidões negativas de débitos relativos a contribuições previdenciárias (f. 184 e 187) e certificados de regularidade do FGTS (f. 185 e 186).

A seu turno, não vieram aos autos provas de que o exercício da posse pelos requerentes torne conflituosas as relações mantidas com os trabalhadores rurais, sinalizando, ao menos em um juízo perfunctório, uma exploração da

propriedade favorável ao bem-estar social.

4 – Por fim, o receio de moléstia se nos apresenta justo o quanto basta ao ensejo de concessão liminar da medida

interdital. Consta do boletim de ocorrência lavrado em 5.6.2007 que os requeridos, forçados a desocupar fazenda vizinha, acamparam-se à margem de rodovia naquela região e anunciaram à autoridade policial a intenção de invadir

outro imóvel (f. 224).

A prova oral, colhida sob o crivo do contraditório, corrobora a alegação de violência iminente à posse. Nesse sentido, o depoimento da testemunha:

“Tem conhecimento de apenas um grupo de sem-terras acampado próximo a Guimarânia, mas não conhece nenhum de seus membros; nunca conversou com nenhum deles; ao lado do acam- pamento existe um barzinho onde servem uma piabinha frita e o depoente é frequentador dali, com sua família; numa de suas frequências, estando na mesa ao lado de dois sujeitos, o depoente ouviu deles, ao conversarem entre si, que planejam fazer uma invasão em Osmar Guimarães ou do finado José Emiliano; (...) ouviu esta conversa há aproximadamente noventa dias.”

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Por convencido, então, sobre a existência de indícios suficientes a comprovar os respectivos pressupostos, DE-

FIRO A CONCESSÃO LIMINAR DA ORDEM INTERDITAL, ordenando aos requeridos que se abstenham de praticar qualquer ato que importe turbação ou esbulho à posse exercida pelos requerentes sobre a FAZENDA CERRADÃO, em Guimarânia (MG), sob pena de configurar crime de desobediência, além de incidir multa de R$100,00 (cem reais) por dia de descumprimento.

Depreque-se a expedição e cumprimento do MANDADO PROIBITÓRIO, assim como a citação e intimação do

requerido nominado. Fica desde já autorizada a requisição de força policial, acaso necessária. Comprovem os requerentes a publicação do edital (art. 232, II, do CPC).

Cientifiquem-se o Incra, o Iter e a PMMG do teor desta decisão. Intimem-se as partes e o Ministério Público.

Belo Horizonte, 10 de setembro de 2007. (Publicação Minas Gerais, 13.9.2007)

Osvaldo Oliveira Araújo Firmo Juiz de Direito

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processo n

o

0024.06.078.570-6

RYO MATSUURA, MARIA KOSIMA MATSUURA, SÉRGIO KENDI MATSUURA, LILIANE ESTEVES CARDO-

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