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Assessoria de imprensa no esporte

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III. MARKETING ESPORTIVO: conceitos e ferramentas

3.8 Assessoria de imprensa no esporte

Antes da explanação do conceito de assessoria de imprensa no esporte, como mais uma ferramenta do marketing esportivo, vale destacar alguns pontos-chave que inserem a assessoria de impresnsa como área profissional.

A assessoria de imprensa ainda está em fase de consolidação enquanto campo profissional e de estudo. Embora não seja uma área que possua diplomação universitária específica, ainda assim a assessoria tem suas características próprias que a diferenciam de outras áreas da comunicação social como um todo. Pode-se dizer que enquanto ferramenta de comunicação, a assessoria de imprensa entrou no seu momento de consolidação somente no início do século 21 (KOPPLIN, FERRARETTO, 1996). Esse fato, de ser uma área ainda não tão “madura” quanto outras da comunicação social, faz com que, comumente, seja deixada de lado tanto por profissionais quanto por acadêmicos das áreas sociais. Não é incomum que assessores de imprensa sejam confundidos com profissionais de relações públicas, ainda que semelhanças possam existir, as funções são bem diferentes.

Outro ponto-chave a ser destacado versa sobre o fato de que, muitas vezes, o profissional que exerce a função de assessor de imprensa é confundido com jornalista e, de forma nenhuma o é, enquanto assessor de imprensa sua função será sempre dar suporte à empresa que representa. Esse suporte será sempre enquanto assessor de imprensa, nunca como jornalista.

Para Elisa Kopplin e Luiz Artur Ferraretto (1996, p.25) o conceito de assessoria de imprensa pode ser inserido em:

[...] Dois aspectos fundamentais: a necessidade de se divulgar opiniões e realizações de um indivíduo ou grupo de pessoas e a existência daquele conjunto de instituições conhecidas como meios de comunicação de massa.

Com base nas definições até aqui expostas, cremos que dentre as funções-chave do profissional de assessoria de imprensa, destaca-se a necessidade de informar a sociedade sobre algum acontecimento empresarial, privado ou estatal, que seja de interesse público. Esse profissional terá também como função laboral orientar toda a imprensa local, regional ou nacional sobre os acontecimentos da empresa que ele assessora. O assessor de imprensa é a porta de entrada para a mídia externa em qualquer empresa que disponha desse profissional.

Ainda segundo Elisa Kopplin e Luiz Artur Ferraretto (1996, p.20) o assessor de imprensa tem como atividades chave:

[...] Relacionamento com os veículos de Comunicação Social, abastecendo- os com informações relativas ao assessorado (através de releases, press-kits, sugestões de pautas e outros produtos), intermediando as relações de ambos e atendendo às solicitações dos jornalistas de quaisquer órgãos de imprensa; controle e arquivo de informações sobre o assessorado divulgadas nos meios de comunicação, bem como avaliação de dados provenientes do exterior da organização e que possam interessar aos seus dirigentes; organização e constante atualização de um mailing-list (relação de veículos de comunicação, com nomes de diretores e editores, endereço, telefone e fax); edição dos periódicos destinados aos públicos externo e interno (boletins, revistas ou jornais); elaboração de outros produtos jornalísticos, como fotografias, vídeos, programas de rádio ou de televisão; participação na definição de estratégias de comunicação.

Já no esporte, o assessor de imprensa tem a mesma função que teria em uma empresa estatal ou privada, vale dizer que clubes de futebol ou de outro esporte, quase sempre, são entidades sem fins lucrativos, porém, mesmo tendo essa razão social, ter um assessor de imprensa é crucial para o sucesso. No futebol as crises são muito constantes, haja vista que quase sempre jogadores se envolvem em polêmicas, dentro e fora dos campos, treinadores são demitidos e outros são contratados, em resumo, no futebol quase tudo é notícia. Porém, o responsável por filtrar e trabalhar essa informação dentro dos clubes de futebol, da melhor maneira possível, é o assessor de imprensa. É ele o profissional responsável por escolher, muitas vezes junto à equipe técnica, quem dará a entrevista ou quem não dará. O fator crise faz com que, pelo menos no esporte, o assessor de imprensa seja um profissional de grande importância dentro dessas instituições. Wilson Bueno (2009) fala que as crises empresariais nem sempre podem ser previstas e, quando ocorrem, podem desestruturar o andamento normal de uma corporação. Ainda com base em Bueno (2009), uma empresa não pode prever quando uma crise irá estourar, porém pode se preparar e, no caso do esporte, ter um bom departamento de assessoria de imprensa, com um ou mais profissionais, pode ser a chave para sair da crise com a imagem ilesa ou menos abalada.

No esporte, muitas das crises não são gerenciadas da maneira correta, isso faz com que a imprensa local, regional ou até nacional, dependendo do tamanho da crise, seja ainda mais criteriosa, apurativa e investigativa em relação ao fato. Isso ocorre porque boa parte dos dirigentes esportivos de nosso país são amadores no que tange a gestão de clubes ou entidades esportivas. Em alguns casos, são esses dirigentes que acabam por tentar maquiar a informação e, às vezes, acabam por ser desmascarados pela própria imprensa. Dentre os principais erros que se podem cometer durante uma crise empresarial, no esporte ou fora dele, destacam-se: esconder a informação e mentir para a imprensa. Segundo a pesquisadora Dorothy Doty (1999, p.256):

[...] Dizer tudo de uma vez é uma tática que atinge vários objetivos. Primeiro, você reduz a duração da cobertura: sai tudo na primeira notícia, restando pouco ou nada a ser acrescentado no dia seguinte. Segundo, reduz o temor criado na mente dos leitores: todo mundo sabe que, quanto menos se conhece de uma situação perigosa, mais medo se tem. Finalmente, dizer logo tudo o que há para dizer faz sua empresa ser vista de maneira mais favorável possível em circunstâncias difíceis.

As entidades esportivas, sejam elas de qualquer natureza e/ou esporte, têm dado uma maior atenção para a formação dos departamentos de assessoria de imprensa. Até meados da década de 90, a assessoria de imprensa era mais comum no futebol, porém, nos dias de hoje é possível encontrar boas estruturas departamentais de assessoria em esportes como voleibol ou basquetebol, por exemplo. Infelizmente, esse fenômeno ainda não faz parte do handebol brasileiro, esporte de alto rendimento, mas que ainda é tido como amador em suas bases conceituais e, também em seu regimento. O fato de o handebol ser um esporte amador e ter bem menos mídia a seu favor faz com que seja muito mais caro e difícil a criação de departamentos de assessoria de imprensa. Consequentemente, sem assessores de imprensa remunerados, a chance das boas histórias do esporte chegarem a grande mídia se torna bem menor. Pozzi (1998) descreve em seu livro, ‘A grande jogada’, a importância da mídia para que qualquer esporte possa se tornar massivo, ou seja, que chegue ao grande público.

A esta altura, parece inegável que a mídia foi a grande responsável pela popularização do esporte, expandindo o interesse pelas diversas modalidades, que antes se restringiam aos aficionados. Desse modo, a mídia passou a atender melhor aos interesses de seus dois públicos: os consumidores de esporte e o mercado anunciante (patrocinador dos eventos). Visto que o esporte atinge audiências inigualáveis, o interesse do anunciante em se comunicar com essa grande audiência também aumenta. (POZZI, 1998, p.101).

Um esporte que tenha grande penetração na mídia, ou seja, que disponha de um bom espaço nos jornais, telejornais e internet, por exemplo, deve indubitavelmente ter também bons assessores de imprensa, porque quanto maior for o espaço na mídia maior será a necessidade de abastecer esse setor com notícias de relevância e qualidade.

Por fim, as empresas que investem em qualquer modalidade esportiva, tanto as mais midiáticas quanto as de menor expressão, precisam levar em consideração qual é o grau de relacionamento de seu futuro patrocinado com a mídia, pois, crises podem ocorrer e, caso sejam mal gerenciadas por clubes ou entidades esportivas, a marca da empresa estará também exposta nesses momentos de tensão de imagem.

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