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2.1 PREVENÇÃO E CONTROLE DA POLUIÇÃO NO MEIO AMBIENTE

2.1.2 Controle da poluição – Decreto-Lei n 1.413/1975

As iniciativas de controle da poluição provocada por atividades industriais têm como marco inicial o disposto no Decreto-Lei n. 1.413, de 14 de agosto de 1975, promulgado com o objetivo principal de promover ações preventivas de preservação do meio ambiente industrial e de reparação dos danos causados pelos agentes envolvidos na atividade.

Na dicção do artigo 1º do citado decreto-lei: “As indústrias instaladas ou a se instalarem em território nacional são obrigadas a promover as medidas necessárias a prevenir ou corrigir os inconvenientes e prejuízos da poluição e da contaminação do meio ambiente”.

Dessa disciplina, extrai-se a obrigatoriedade das indústrias de prevenir e corrigir os prejuízos e inconvenientes da poluição ao meio ambiente por elas sejam produzidos, bem como a imputação da responsabilidade aos órgãos gestores quanto aos incentivos governamentais, que sempre devem considerar a necessidade de não agravamento das situações de áreas já críticas, nas descisões sobre localização industrial.

Confiram-se, a respeito, os comandos dos artigos 3º e 4º do decreto-lei em comento, in verbis:

Art. 3º Dentro de uma política preventiva, os órgãos gestores de incentivos governamentais considerarão sempre a necessidade de não agravar a situação de áreas já críticas, nas decisões sobre localização industrial.

301 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA. Educación para el desarrollo sostenible. Disponível em: <http://www.unesco.org/new/es/unesco/themes/education-for-sustainable-development/>. Acesso em: 6 fev. 2014.

Art. 4º Nas áreas críticas, será adotado esquema de zoneamento urbano, objetivando, inclusive, para situações existentes, viabilizar alternativa adequada de nova localização, nos casos mais graves, assim como, em geral, estabelecer prazos razoáveis para a instalação dos equipamentos de controle da poluição.

Celso Antonio Pacheco Fiorillo considera que o controle da poluição da atividade industrial e a definição da localização dessas empresas são imprescindíveis, devem situar-se em áreas que possam assimilar a respectiva poluição e onde sejam criados “anéis verdes”, de modo a fazerem um isolamento com as regiões vizinhas.302

A propósito, invocando o retrocitado artigo 4º do Decreto-Lei n. 1.413/1975, as zonas destinadas à instalação de indústrias são definidas em esquema de zoneamento urbano e o objetivo é compatibilizar a atividade com a proteção ambiental. Essas zonas são classificadas por categorias de uso estritamente industrial303 (empresas de alto potencial poluidor), de uso

predominantemente industrial e de uso diversificado.

Para as áreas já existentes, fora das referidas zonas industriais, está prevista a instalação de equipamentos especiais de controle da poluição. Para os casos de poluição muito graves, a necessária relocalização (Lei n. 6.803/1980) – é o caso de empresas que estejam localizadas em meio ambiente comprovadamente saturado. Nestas situações, não caberá nenhum tipo de indenização à empresa localizada, entretanto, ser-lhe-ão proporcionadas condições especiais de

302 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro, p. 2. Capítulo XX.

303 Lei n. 6.803/1980, art. 2º: “As zonas de uso estritamente industrial destinam-se, preferencialmente,

à localização de estabelecimentos industriais cujos resíduos sólidos, líquidos e gasosos, ruídos, vibrações, emanações e radiações possam causar perigo à saúde, ao bem-estar e à segurança das populações, mesmo depois da aplicação de métodos adequados de controle e tratamento de efluentes, nos termos da legislação vigente; § 1º As zonas a que se refere este artigo deverão: I - situar-se em áreas que apresentem elevadas capacidade de assimilação de efluentes e proteção ambiental, respeitadas quaisquer restrições legais ao uso do solo; II - localizar-se em áreas que favoreçam a instalação de infra-estrutura e serviços básicos necessários ao seu funcionamento e segurança; III - manter, em seu contorno, anéis verdes de isolamento capazes de proteger as zonas circunvizinhas contra possíveis efeitos residuais e acidentes; § 2º É vedado, nas zonas de uso estritamente industrial, o estabelecimento de quaisquer atividades não essenciais às suas funções básicas, ou capazes de sofrer efeitos danosos em decorrência dessas funções; Art . 3º As zonas de uso predominantemente industrial destinam-se, preferencialmente, à instalação de indústrias cujos processos, submetidos a métodos adequados de controle e tratamento de efluentes, não causem incômodos sensíveis às demais atividades urbanas e nem perturbem o repouso noturno das populações. Parágrafo único. As zonas a que se refere este artigo deverão: I - localizar-se em áreas cujas condições favoreçam a instalação adequada de infra-estrutura de serviços básicos necessária a seu funcionamento e segurança; II - dispor, em seu interior, de áreas de proteção ambiental que minimizem os efeitos da poluição, em relação a outros usos.”

financiamento e incentivos fiscais, assim fixou o legislador no parágrafo único do art. 4º do Decreto-Lei n. 1.413/1975: “Para efeito dos ajustamentos necessários, dar-se- á apoio de Governo, nos diferentes níveis, inclusive por financiamento especial para aquisição de dispositivos de controle”.

Os programas de controle da poluição e o licenciamento para instalação, operação ou ampliação de estabelecimentos industriais, em áreas críticas de poluição, nos termos da lei de zoneamento industrial, serão objeto de normas diferenciadas, segundo o nível de saturação, para cada categoria de zona industrial.

O licenciamento, por sua vez, dependerá do atendimento das normas e padrões ambientais definidos pelo Instuto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

Essas determinações legais, vale salientar, não desoneram as empresas de atuar sustentavelmente; com elas apenas se busca a diminuição dos impactos ambientais.

2.1.3 Medidas de prevenção e controle da poluição industrial - Decreto-Lei n.