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Sem-Corte

No documento Changeling - Os Perdidos (páginas 34-36)

Ne m todos os changelings se juntam a uma das Cortes. As razões varia m, mas a ma ioria deles tem alguma cone xão co m o fato de que cada Corte tem seu método específico de evitar a recaptura pelas Fadas e tem u ma cone xão especial co m u ma

emoção específica. Ne m todos os changelings podem se associar com u m modus operandi do jeito que eles percebem como demandas da Corte. Ou talvez e les não sintam um laço real co m qualquer uma das quatro emoções defendidas pelas Cortes. Algumas vezes os piores conflitos vêem quanto um refugiado se encaixa no método de uma das Cortes, mas na emoção dominante de outra – indivíduos que não podem reconcilia r os dois podem pular de Corte e m Corte algumas vezes antes de se tornarem Se m-Corte. Alguns changelings que

despreza m as Cortes o faze m não porque não se encaixa m, ma r porque algo sobre as Cortes é de ma l gosto para eles. Talvez o conceito é muito pró ximo a uma Corte Feérica para que um novo refugiado contemple (apesar de que ele pode se juntar à Corte mu itos anos depois). Um changeling pode se opor politica mente ou filosofica mente com corpos governantes de um modo geral. Ele simples mente pode não se dar bem co m pessoas lhe dizendo o que faze r e como fa zê-lo, ou grupos sociais sempre significa ra m problemas para ele. Talve z as Cortes pareçam muito insinceras ou muito destrutivas. Normalmente, u m de cada seis ou sete changelings se recusa a se juntar a uma Co rte. Em regiões onde as Cortes são fortes e recrutam sempre, ou onde os Outros são ma is agressivos, os Sem-Corte são menos freqüente. Regiões com Cortes fracas, ou Cortes que são muito corruptas e divididas, têm u ma maio r incidência de fadas Sem-Corte. Líderes particularmente caris máticos de qualquer um dos lados também au menta m os números, seja e m direção da Corte (ma is provável) ou em direção da independência, quando é nisso que o líder acredita. Até mesmo co m boas razões para evitar as Cortes, a promessa de uma estrutura de apoio e o poder do pacto de uma Corte convence muitos. Os

Se m-Corte não são, de u m modo gera l, u ma facção política. Eles são definidos por um desejo de permanecere m livres das Grandes Cortes, mas isso não implica u m objetivo organizado ou promoção de interesses de changelings fora das Cortes. Mas em algumas áreas, os Se m-Corte protestam. Eles podem ser um grupo de Perdidos individualmente motivados, liderados por alguém caris mático que insiste em dá- los uma voz na propriedade livre.

Eles podem se conduzir como u m sindicato, recrutando abertamente outros changelings para uma v ida fora das intrigas das Cortes. A efetividade dessas reuniões varia amp la mente, mas em alguns lugares o líder Se m- Corte te m u ma influência polít ica e habilidade tão grande quanto a de um nobre de qualquer Corte. Mesmo se u m líder Se m-Corte não puder se sentar no trono sazonal, ele ainda pode manter poder atrás do trono.

Ameacas

Um changeling que encontra as Cortes tem muito que fazer. É fác il ser pego na política de u m grupo underground de sobreviventes. Um mundo longe de seus captores, os prisioneiros refugiados das fadas pode esquecer que elas estão lá, e podem esquecer os quão perigosos elas são. Da mesma forma, ne m todos os changelings realmente de ajustaram ao mundo humano. Alguns ficara m loucos. Alguns deixa ra m suas almas para trás em Faerie. E a lguns estão trabalhando para o inimigo. Um mandado de um changeling, do outro lado, é um le mbrete constante de o que o changeling é. A existência do mandado força mais ou menos o changeling a fazer as pazes consigo mesmo, com o que ele passou e com o que ele é. É o destino do changeling encarar um cô mputo com o substituto Feérico que roubou sua vida, mas o que quer que isso seja – reconciliação ou assassinato – é impossível dize r.

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O Mandado

Seu bebê é lindo. Ele é uma criança brilhante, sorridente e bochechuda que te ama e te aperta bem forte antes de você colocá-lo na cama a noite, que balbucia pequenos sons doces que parecem co m ―mama‖ ou ―papa‖. Então de onde veio essa coisa verme lha, enrugada e chorona, essa coisa que esperneia e chuta e recla ma, essa coisa de nariz escorrendo que se vira de costas quando você sorri, que joga os brinquedos pelo quarto, que tosse e cospe e que odeia você? Esse não é o seu bebê. Alguém veio e levou o seu belo bebê embora, e deixou essa coisa feia e chorona no seu lugar. Seu irmão é atencioso e honesto e sábio, e ele te ama com carinho. Ele sempre esteve lá para te deixa r seguro de crianças ma iores e ma is assustadoras, e ele te contou piadas e algumas vezes te deu doces e contrabandeou gibis para o seu quarto quando a Mamãe e o Papa i não estavam olhando. Mas quem é esse, que não quer ma is fala r co m você, qu e não quer que você ande na rua com ele, que senta no quarto se vestindo de preto e ouve músicas altas, raivosas e que xinga a Ma mãe e o Papai? Esse não é o seu irmão. Algué m veio e levou ele embora, e deixou esse estranho amargo e sarcástico no seu lugar. Sua mãe é agradável e doce e co zinha mu ito bem, mas u m dia você cresce e pensa: quem é essa velha, essa bruxa de cara ama rga que nem pode ma is cozinhar? Po rque ela é tão ríg ida e tão cheia de ra zão? Essa não é a sua mãe . Ela fo i e mbora, e essa mulher miserável e fora de seu lugar foi deixada e m seu lugar. É assim que muita gente se sente. Quase todos os pais olham para seus bebês e pensam, Você é realmente meu filho? Conforme as re lações mudam e as pessoas crescem, as crianças vêem seus iguais de maneiras diferentes, e conforme e las fica m

ma is velhas, as pessoas começa m a ver defe itos nos seus pais que eles nunca ma is notaram. A u m te mpo atrás, era razoável acred itar que o seu bebê, seu irmão, seu pai, sua esposa foram t rocados por um changeling. Em 1895, u ma jove m mu lher de Tipperary chamada Bridget Cleary ficou doente, e ficou de cama por algumas semanas. Seu marido Michael sabia o que havia acontecido. Ela foi trocada. Então por dias, ele a tocou várias vezes com u m atiçador e m brasas, e ele chamou todos os homens da vila para a segurarem enquanto ele mijava nela e mesmo e la imp lorando, ele encostava madeira e m brasa nos seus lábios e quando ela não conseguia dizer seu nome três vezes, ele jogava parafina nela e a queimava viva. E então ele foi para o forte arru inado onde ele passou dias esperando o Povo Justo trazer sua esposa de volta. Eles nunca vieram.

Estórias assim não acontecem mais, ou pelo menos não no Ocidente desenvolvido. Hoje e m dia, as pessoas sabem com certeza que esse é apenas um artifício psicológico, um estado mental que as pessoas entram. É pe rfe ita mente norma l. As pessoas superam isso, e quando elas não superam, e xiste uma patologia reconhecida atrás disso. Pais balançam a cabeça e se sentem culpados. Crianças superam isso, mas as suas relações com seus irmãos nunca se recuperam de verdade. E atrocidades como a morte de Bridget Cleary não acontecem ma is. E os mandados de verdade permanece m despercebidos. Eles são mais sutis do que suas vítimas são levadas a acreditar, e nem sempre sabem o que são. Eles são quase perfeitos, mas não mu ito perfeitos, impe rfe itos o suficiente para levantar suspeitas leves que rapidamente são descartadas por pessoas de bom senso. E eles vivem as vidas das pessoas que eles substituem. Enquanto isso, seus comparsas presos em Arcádia muda m, se torna m infundidos com as coisas Feéricas até que eles fiquem bem dife rentes. Enquanto mais tempo os changelings fica m e m Faerie, o ma is dife rente eles se tornam e ma is chances que seus mandados tem de viver sua vida por eles. E quando o changeling volta, o mandado, que pode até mesmo se considerar humano, viveu uma vida que o changeling não viveu, e o mandado se tornou essa pessoa, forjando relações, fazendo e rompendo amizades, trabalhando e vivendo e tomando parte de uma vida que o changeling não viveu. Assim co mo a estrela do cinema mudo que, como dizer por ai, ficou em terce iro e m u m concurso de sósias, o changeling encontra um impostor na sua casa que é melhor do que o changeling em ser ele mesmo. Um mandado sabe quando o changeling que eles substituiu está voltando. Ele sabe quando seu sósia está perto. Ele pode ver o aspecto feérico do changeling. Se o mandado sabe o que ele é, ou se ele se lembra subitamente, tendo se esquecido de Arcádia e se convencido de que é humano, ele estará pronto. Se ele não sabe o que é, ele encara o que vê com horror e descrença. De qualquer jeito, u m mandado vai, em algu m ponto, ter que encarar a verdade do que ele é. Todos vêem algué m que se parece exatamente com ele . Ele vê algo diferente: chifres, olhos estranhos, pelos, garras, pele de gelo ou fogo ou água ou terra. Ele vê as Fadas, vire m para pegar ele de volta, ou o changeling que ele sempre te meu viria para roubar sua vida. Ele viveu essa vida como se fosse a sua por mu ito tempo agora, e e le tornou-a sua própria, a dirigiu de seu jeito. O changeling pode não reconhecê-la, e ele provavelmente nãotem idé ia do que faze r co m e la se ele a to mar de volta. O antigo dono da vida tem alguma propriedade

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para cla má -la de volta? ― Era minha prime iro‖ ne m sempre é u m argu mento convincente. A possessão pode não ser nove décimos da lei, mas é uma parte grande da discussão. O mandado tem magia. O reaparecimento do changeling original fa z co m que poderes se manifestem no mandado, começando com uma espécie de sexto sentido, uma habilidade de saber quando o changeling está vindo, até mes mo se o mandado não sabe o que é o changeling. Todos os mandados podem ver aspectos feéricos, quer ele saiba o que são ou não. Um mandado sabe e aguarda; outro reage com horror, ou começa a pensar que está ficando louco. Então, os outros poderes vêm. Um mandado corre de uma briga com seu original, e se encontra arrancando as sombras das pessoas e as comendo sem ter nenhuma idéia do que está fazendo. O changeling usa magias estranhas; seu mandado as joga de volta para ele. E a lguns se tornam armadilhas vivas, capazes de gritar e chamar as Fadas Ve rdadeiras para vire m e buscares suas propriedades.

No documento Changeling - Os Perdidos (páginas 34-36)