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A Ansiedade na Performance Musical APM no espetáculo WC+

A APM pode ser definida como a experiência de persistência, apreensão angustiante e/ou prejuízo real de habilidades de desempenho num contexto público, a um grau injustificado dado a aptidão musical individual, treinamento e nível de preparação do performer (Salmon 1990).

Muitos performers, incluindo atores, músicos, palestrantes, professores, entre outros, sentem-se ansiosos ao subirem ao palco para se apresentarem.

O WC+1 foi um espetáculo músico-performático que proporcionou aos músicos apresentarem-se tocando e atuando. Para alguns, foi a primeira experiência extramusical.

A ansiedade esteve presente antes e durante a apresentação, provocando sintomas como: palpitações cardíacas, mucosas secas, transpiração nas mãos e pés. Mas por ter sido uma apresentação extramusical, alguns músicos sentem-se menos ansiosos que numa apresentação ordinária de música erudita. Questionada sobre essa experiência, uma artista do grupo relatou que: Apesar de ter sido um espetáculo onde toquei violino, houve também toda uma parte teatral que, apesar de nunca ter feito, me descansou, pois não havia um júri e o público sabia que não éramos atores, mas sim músicos. [...] O que me deixa mais nervosa é sem dúvida tocar o violino em público, por mais anos de experiência que tenha. Comparando o WC+1 a uma performance “tradicional”, alguns integrantes relataram que se sentiram menos ansiosos. Ao refletir sobre o espetáculo, pensei em indícios de alguns fatores determinantes para a diminuição da APM dos participantes:

1) Expetativa do público – Ao frequentar um concerto de música erudita, o público já sabe como a performance irá ocorrer, o ritual é conhecido: músicos vestidos de preto sobem ao palco, recebem aplausos, tocam, recebem aplausos ao fim de cada obra, e assim por diante. Ao assistir um espetáculo que foge ao guião tradicional, o público não sabe o que os aguarda. Esta falta de protocolo de como se portar perante uma situação inusitada acarreta numa maior expetativa por parte do público (o que será que vai acontecer neste espetáculo?). Os performers, em contrapartida, sentem-se mais à vontade em apresentar algo que ninguém assistiu, e a cobrança por tocarem de forma mais perfeita possível é dissipada num contexto deliberadamente aberto a improvisos.

2) Espetáculo coletivo/multimédia – O WC+1 é constituído por cenas dinâmicas e vários performers, o que faz com que a atenção dos espetadores seja distribuída. Por outras palavras, o fato de não ter toda a atenção voltada para uma única pessoa, faz com que o performer se sinta mais à vontade. Num espetáculo como o WC+1, cada performer desempenha um papel único que dialoga com os recursos extramusicais ali inseridos: projeções, iluminação, atuação cênica, figurino... Estes recursos extramusicais enriquecem o espetáculo, dialogam com os artistas e chamam a atenção do público.

3) Identificação com o espetáculo – O WC+1 foi criado pelos próprios performers. Isto lhes tornou parte integrante da

Personal Cinema to Artistic Collaboration. Leonardo, 40(5), p.469– 474.

Lino, R., 1992. Casas portuguesas - alguns apontamentos sobre o arquitectar das casas simples, Lisboa: Edições Cotovia.

Plautz, D., 2005. New Ideas Emerge When Collaboration Occurs. Leonardo, 38(4), p.302–309.

Salmon, P. 1990. A psychological perspective on musical performance anxiety: A review of the literature. Medical Problems of Performing Artists, 5(1), 2-11.

Notas

i O vídeo apresentado no tablet pode ser acedido em: https://www. youtube.com/watch?v=- 0xaIY kzzd0

ii Esse tipo de looping perpétuo pode ser visualizado nessa animação feita a partir da litogravura “Galeria de Impressão” (1956), de Escher: htt ps://www.yout ube.com/watc h?v=9WHdyG9mJaI

iii “Higiene e comodidade merecem iguais atenções no instalar do quarto de banho. Não vai longe a época em que as abluções totais do corpo só eram consideradas à luz da terapêutica; serviam-se os banhos a domicílio, quando o facultativo os receitava; fora isto era, para efeito de simples lavagem, bastante parcimonioso o uso da água. E pensar-se no que foram os banhos romanos e orientais!... Felizmente, hoje o banho diário já não serve de ‘expoente’ aos que presumem de muito civilizados; já ninguém se impressiona com esta boa prática, considerada até há poucos anos por muita gente como exageração; pelo menos nós assim o desejamos poder acreditar.” (Lino 1992, p.44)

iv “Na verdade, a porcelana esmaltada não é feita de porcelana, nem de esmalte, mas sim de um revestimento vítreo – em essência, um tipo de vidro. A superfície esmaltada da banheira seria transparente, se não fosse acrescentado ao composto vítreo um branqueador ou outro corante.” (Bryson 2011, p.398)

patenteou o que se poderia chamar de a primeira sanita moderna. Anos depois, Thomas Crapper criou o modelo que ainda é bastante comum nos dias de hoje, “com uma cisterna elevada qua solta água quando se puxa uma corrente” (2011, p.384). Apesar de já ser conhecida, foi somente após a Grande Exposição de 1850 que esse autoclismo ganhou destaque e transformou-se em febre nas casas mais ricas de Londres, ao mesmo tempo em que começou a levantar problemas enormes para toda a cidade, que não tinha um sistema de esgotos preparado para receber os resíduos. Num mundo com pouca higiene e sem antibióticos, as epidemias eram rotina. Grandes surtos mortais de cólera, gripe, febre tifoide e reumática, escarlatina, difteria e varíola matavam anualmente milhares de pessoas nas grandes cidades, especialmente a população mais pobre.

Nos Estados Unidos, as epidemias não eram tão frequentes quanto na Europa, especialmente porque as cidades estadunidenses eram normalmente construídas em áreas mais abertas, o que diminuía as possibilidades de contaminação e infeções. Outro aspeto que os diferenciava era a quantidade de casas de banho privadas, especialmente em hotéis. “O primeiro hotel do mundo a oferecer um banheiro para cada quarto foi o Mount Vermon Hotel, na cidade-balneário de Cape May, em Nova Jersey. Isso ocorreu em 1853 [...].” (2011, p.396)

Nas casas particulares, até quase o fim do século XIX, encontrava-se encanamento de água na cozinha e algumas vezes uma sanita, mas raramente uma casa de banho devido, principalmente, às dificuldades técnicas. Construir uma banheira numa só peça, que fosse resistente e suportasse sucessivos banhos com água quente, era um grande problema, somente contornado depois da invenção da porcelana esmaltadaiv, por volta de 1910. Na Europa, um dos problemas para a disseminação do uso da banheira era a falta de espaço nas casas. “Na França, em 1954 apenas uma em cada dez residências tinha chuveiro ou banheira.” (2011, p.398)

Conclusão

Na verdade, não há uma conclusão geral. Cada uma das seções do artigo poderia ser lida como um texto separado, com começo, meio e fim, mas que apresentados em conjunto esboçam um pouco da multiplicidade de leituras que o espetáculo proporciona. Neste final, talvez seja importante reforçar exatamente isso.

Bibliografia

Brandão, L. de L., 2002. A casa subjetiva : matérias, afectos e espaços domésticos, São Paulo: Editora Perspectiva.

Bryson, B., 2011. Em uma casa – Uma breve história da vida doméstica, São Paulo: Companhia das Letras.

Cavarero, A., 2011. Vozes plurais: filosofia da expressão vocal, Belo Horizonte: Editora UFMG.

Coli, J., 1995. O Que é Arte 15a edição., São Paulo: Editora Brasiliense.

Hofstadter, D.R., 2013. Gödel, Escher, Bach: laços eternos - uma fuga metafórica sobre mentes e máquinas, no espírito de Lewis Carroll 2a edição., Lisboa: Gradiva Publicações S.A.

Human Connection Project 2014 e o haiku expandido, vjing e