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visualização do material captado. Segundo a American Psychiatric Association (2002), em âmbito clínico o voyeurismo é considerado como uma psicopatologia ou parafilia. Freud (1996b) utilizou o termo escopofilia para tratar de questões relativas ao voyeurismo sob a ótica da psicanálise. O autor chama de escopofilia a pulsão de tomar o outro como objeto, submetendo-o a um olhar fixo e curioso. Desta maneira, o indivíduo voyeur tende a eleger um objeto de desejo: uma única pessoa, várias pessoas ou mesmo uma parte específica do corpo de uma pessoa, e varre todo o campo visual com seu olhar até que esteja satisfeito. Freud (1996a) afirma que a finalidade da pulsão escópica é a satisfação final - neste caso a satisfação visual. Bauman e Lyon (2013, p. 24) abordam que no mundo das relações eletronicamente mediadas o “anonimato já está em processo de auto-erosão no Facebook e em outras mídias sociais. O privado é público, é algo a ser celebrado e consumido tanto por incontáveis ‘amigos’ quanto por usuários casuais”. O olhar atencioso e curioso (voyeurista) de milhares de usuários on-line “varre” intermitentemente a rede mundial de informações em busca de imagens íntimas alheias que satisfaçam uma pulsão escópica estabelecida na mediação eletrônica de telas e interfaces. Este é um entre vários outros tipos possíveis de fenômenos voyeuristas contemporâneos que ocorrem diária e continuamente por meio do uso de dispositivos mediadores do olhar humano e dos serviços a estes vinculados. O atual mundo capitalista global e consumista lança mão de produtos e serviços culturais, utilitários e de entretenimento onde o “olhar para a intimidade alheia” se faz presente em diversos níveis. Em face disto, um “novo” tipo de voyeurismo, interativo e tecnológico, se instaura numa recíproca relação de trocas ininterruptas com outras questões decorrentes do exibicionismo e da vigilância. A interatividade tecnológica acaba por quebrar o cânone do anonimato do sujeito voyeurista, que neste momento ingressa de maneira ativa no jogo de sedução de ver e ser visto. Na ausência de um termo mais adequado, lançamos mão do conceito de “pós-voyeurismos” para abordar os desdobramentos deste voyeurismo “transmutado”, “quebrado” e “difuso” em uma sociedade escópica, tecnológica, exibicionista e vigilante.

2 POÉTICAS

A arte se apresenta como ferramenta extremamente importante para a reflexão crítica acerca de questões sociais em voga. De acordo com McLuhan (1974, p. 53), “somente o artista dedicado parece ter o poder de fazer frente à realidade presente”. Desta maneira, realizei um série de produções poéticas visuais3 na tentativa de levantar questões sobre os “pós-voyeurismos” contemporâneos. A seguir, apresentaremos sucintamente algumas destes poéticas autorais. Esperamos que as mesmas possam servir para a reflexão crítica acerca da realidade instaurada

RESUMO

Este trabalho objetiva-se a discorrer sobre produções poéticas visuais autorais, realizadas no âmbito da “arte e tecnologia” pelo artista-pesquisador autor principal deste artigo e originadas a partir de estudos tecidos sobre o voyeurismo. Para refletir sobre o “olhar contemporâneo”, este texto chamará de “pós-voyeurismos” os desdobramentos do conceito de voyeurismo que se fazem presentes e se perpetuam no âmbito social, e afetam, por conseguinte, todo o contexto sócio-psíquico-cultural global, a partir da necessidade de ver e de ser visto valendo-se de dispositivos tecnológicos mediadores do olhar humano. Para tratar criticamente destas questões no nível poético, alguns trabalhos em “arte e tecnologia” foram produzidos ao longo dos últimos sete anos e hoje compõem um repertório de poéticas visuais, exibidas em diversas ocasiões no Brasil e em outros países, que apresentam reflexões acerca da cultura digital contemporânea e prospectam sobre o que está por vir.

Palavras-Chave: Pós-voyeurismos; voyeurismo; arte;

tecnologia; poética.

1 “PÓS-VOYEURISMOS”

A incontrolável necessidade de ver e ser visto na contemporaneidade decorre de questões sócio-culturais globais que vêm tomando forma ao longo das últimas décadas. É fato que esta necessidade se instaura e se perpetua em ritmo diretamente proporcional à evolução dos dispositivos técnicos que mediam o olhar e a comunicação humana - tecnologias, hoje, onipresentes na paisagem urbana. Talvez possamos utilizar a palavra onividência para descrever a sensação que todos têm ao se conectar eletronicamente em rede - mas trata-se uma onividência de mão dupla, ou de “muitas mãos”, pois ao mesmo tempo em que eu vejo “tudo o que quiser” eu também sou visto por mais pessoas do que somente aquelas que de fato eu penso que estão me vendo. Em decorrência disto, instaura- se um “jogo de olhares” onde o voyeurismo se apresenta como elemento fundamental.

A palavra voyeur tem origem na língua francesa e significa “aquele que vê”. No senso comum, ela se refere a uma pessoa que obtém prazer ao observar os atos sexuais ou a intimidade de outra(s) pessoa(s). Este indivíduo apenas observa, sem participar ativamente da relação sexual pois, para que o voyeurismo seja pleno, não deve haver consentimento do observado - o voyeur deve manter-se oculto. Quando há o consentimento o voyeurismo se desfaz dando lugar ao seu referente oposto: o exibicionismo. Na maioria dos casos, o indivíduo voyeurista registra o que vê através de fotografias ou vídeos e consegue prazer erótico por meio da masturbação realizada na ocasião da

1 Aldo Luís Pedrosa da Silva é professor de Arte, Comunicação e Cinema no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro - Campus Uberaba/Brasil. Doutorando em Artes Visuais pela UNICAMP (Campinas/Brasil) com orientação do Prof. Dr. José Eduardo Paiva. Mestre em Artes pela UFU (Uberlândia/Brasil). E-mail: aldoluispedrosa@hotmail.com. Contato: (55 34) 98878-3407

2 José Eduardo Ribeiro de Paiva é graduado em Música, mestre em Artes e doutor em Multimeios. Atua como professor no Departamento de Multimeios, Mídia e Comunicação e dos PPGs em Artes Visuais e Música do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas/Brasil (UNICAMP). E-mail: eduardopaivacampinas@gmail.com.

mini-telescópio real, alterado e programado eletronicamente para se comunicar diretamente com o vídeo na forma de um joystick. Este dispositivo permite ao observador a possibilidade de re-enquadrar a cena no vídeo de acordo com os movimentos exercidos sobre o telescópio real. Por meio do software de programação interativa para artistas MAX MSP, desenvolvi este sistema de interação em tempo real para possibilitar um jogo voyeurista que permite acompanhar, à distância e ocultamente, o movimento das pessoas que transitam pelo parque. No entanto, este jogo voyeurista torna-se frustrante pois o ato de re- enquadrar a imagem deve ser muito preciso - tal qual quando usamos um telescópio para observar cenas não estáticas. Um movimento brusco no tripé pode ser suficiente para se perder todo o enquadramento e frustrar a experiência voyeurística do observador-interator.

2.3 JANELA

Na produção “Janela”, o jogo voyeur está presente novamente, mas de forma invertida. Ao entrar na galeria, uma câmera ocultamente registra a movimentação do observador e, após um tempo (delay) de cinco minutos, a imagem deste observador é projetada em uma tela. No entanto, a projeção não corresponde à imagem tal qual ela foi gravada há pouco, ela é transformada e inserida (inscrustrada com uso do artifício de Chroma Key) como uma silhueta por detrás da imagem de uma janela (pré- gravada) que possui uma cortina semi-transparente. A princípio, quando o observador se depara com a produção ele pensa estar novamente desempenhando o papel de um voyeur, mas em pouco tempo ele percebe que a imagem observada trata-se de sua própria imagem captada a poucos minutos atrás. Neste momento, instaura-se um jogo auto-voyeurista involuntário e não consentido. A partir do momento em que o observador descobre-se como o observado e, além do mais, é pego de surpresa em sua atividade marginal de espiar ou espionar, ele se vê entregue à vergonha de ser descoberto.

O automatismo de “Janela” cumpre o seu papel de enganar o voyeur, pois, de acordo com Assoun (1999, p. 179), a janela “prende o olhar e o configura [...] em seu enquadramento, recorta a relação entre dentro e fora, de que o olhar faz o contorno”, num jogo invertido que traz aquele que deveria estar fora (o voyeur/vigilante) para dentro (exibicionista/ voyeur descoberto). Estes conceitos são aproximados e confrontados à medida que o papel ativo do observador é invertido em papel passivo, e nas possíveis novas inversões que podem acontecer a partir deste jogo escópico.

2.4 À ESPREITA

Na proposta “À Espreita” um voyeur-vigilante tem acesso à uma multidão por meio de uma visão privilegiada: um campo amplo de observação e numa posição superior que também permite ver sem ser visto. O princípio deste vídeo é simples: da janela da sala do meu apartamento, captei em vídeo imagens do movimento da rua. Pessoas, veículos, animais, passaram durante um dia todo. Foram 10 horas de gravações ininterruptas, mostrando a movimentação de um dia comum. Para possibilitar que o observador acompanhe a cena de um dia todo, tal qual faz o espião ao poder ver - em velocidade alta - imagens captadas previamente em vídeo, editei o material bruto em “câmera rápida” (alta velocidade) e o resultado se deu por meio de um vídeo com 1 hora e 38 minutos de duração. O que se espera do observador diante desta produção é que o mesmo ative seu olhar voyeurista e que desperte a curiosidade e o desejo de ver as cenas exibidas, mesmo diante de uma suposta banalidade de e sobre o que está por vir.

2.1 OLHO MÁGICO

A videoarte intitulada “Olho Mágico” foi a primeira das poéticas visuais que realizei no âmbito do Mestrado em Artes. Esta proposta foi a responsável por “abrir o caminho” para todas as demais poéticas que produzi para discutir os “pós- voyeurismos” contemporâneos. Por conseguinte, ela foi significativamente importante em minha trajetória, sendo minha produção visual com maior número de exibições até o momento.

O vídeo “Olho Mágico” parte de uma cena de caráter documental, pois trata-se da real visão a partir do olho mágico da porta do meu apartamento. As pessoas que ali passam não sabem que estão sendo gravadas e a nítida distorção na perspectiva visual da imagem e o enquadramento arrendado são derivados da própria lente do dispositivo. O vídeo mostra um plano-sequência de quase uma hora de duração do interior do prédio e do ponto de vista do próprio olho mágico. Nele, vemos as escadarias do edifício e o movimento dos residentes e visitantes no local.

A produção tem o objetivo de colocar o observador na posição de um voyeur, diante da visão de um dispositivo que oferece uma experiência voyeurística privilegiada: permite ver sem ser visto. O olho mágico, uma pequena janela disposta em grande parte das residências, oferece uma visão quase “mágica” de acontecimentos bem próximos visualmente, porém com a impressão de estarem distantes devido à sua lente grande-angular. Diferentemente da televisão ou dos atuais sistemas de vídeo-segurança, o olho mágico acentua a experiência do voyeur pois ele está perto o bastante para poder sentir e ouvir os sons que advêm do ambiente externo e a porta oferece proteção contra a possível descoberta daquele que espia.

Dentre todas as exibições realizadas, merecem destaque as seguintes ocasiões: exposição “Do Local ao Lugar”, ocorrida na Galeria Lourdes Saraiva, em Uberlândia/ MG, em agosto e setembro de 2010; o “IV Seminário Nacional de Pesquisa em Arte e Cultura Visual” da Universidade Federal de Goiânia - UFG, ocorrido em junho de 2011, em Goiânia/ Brasil; a II Mostra SESI de Cinema de Uberaba ocorrida em outubro de 2011 no Centro de Cultura José Maria Barra em Uberaba/Brasil; a exposição individual “Panóptico” ocorrida na galeria de arte do Centro de Cultura José Maria Barra, em fevereiro de 2012 na cidade de Uberaba/Brasil; a exposição coletiva “En quête du lieu - Espaces Traversés”, realizada na Galerie Michel Journiac da Université Paris I - Panthéon Sorbonne em Paris/França, em novembro de 2012; e a exposição coletiva “EMmEIO 6.0‟, realizada no Museu Nacional da República, em Brasília/Brasil, em outubro de 2014.

2.2 TELESCÓPIO

O telescópio é uma figura emblemática da prática voyeur. Este mecanismo foi intensamente utilizado como tema no início do cinema. Machado (2008) menciona que os primeiros filmes, por volta dos anos 1900, utilizavam “máscaras circulares” nas imagens que sugeriam dispositivos de ampliação. Tal recurso era utilizado no início do desenvolvimento da linguagem do cinema, que não dispunha de outros artifícios simbólicos para apresentar o primeiro plano.

A proposta de “Telescópio” se compõe de duas importantes partes. A primeira refere-se a um vídeo de 50 minutos, que exibe imagens ininterruptas de um parque, avistado da janela do meu apartamento. A segunda parte confere ao vídeo um caráter de interatividade, sendo formada por um

CONCLUSÃO

É possível concluir que há vários desdobramentos de um suposto “pós- voyeurismo” arraigados à sociedade contemporânea. A partir do trabalho apresentado também se torna claro como as tecnologias de visão contribuíram significativamente para a instauração de uma constante psicossocial onde todos buscam satisfazer-se escopicamente através da observação da intimidade alheia. Neste âmbito, refletir criticamente sobre estas questões a partir de produções poéticas contemporâneas torna-se uma importante maneira de fazer frente à esta sociedade tecnocrática, midiática e globalizada. A arte é fundamental na prospecção sobre o futuro, à medida que propõe mecanismos para o enfrentamento das questões vindouras e das que já se fazem presentes.

REFERÊNCIAS

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (Ed. 4). DSM-IV – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Porto Alegre: ARTMED Editora, 2002. ASSOUN, Paul-Laurent. O olhar e a voz: lições psicanalíticas sobre o olhar e a voz. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 1999.

BAUMAN, Zygmunt; LYON, David. Vigilância Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2013.

FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre a sexualidade. In: Obras psicológicas completas: edição standard brasileira - Vol. VII. Rio de Janeiro: Imago, 1996a.

______________. Os instintos e suas vicissitudes. In: Obras psicológicas completas de Freud: edição standard brasileira - Vol. XIV. Rio de Janeiro: Imago, 1996b.

MACHADO, Arlindo. Pré-cinemas e pós-cinemas. Campinas: Papirus, 2008.

MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo: Editora Cultrix, 1974.

NOTAS

3 As produções artísticas apresentadas neste trabalho foram realizadas pelo primeiro autor deste artigo: Aldo Luís Pedrosa da Silva. Ressaltamos que o segundo autor, José Eduardo Ribeiro de Paiva, é orientador da pesquisa de doutorado do primeiro e, por conseguinte, tem papel significativamente importante no processo de fundamentação teórica e poética para estas produções. A maioria destas poéticas, assim como outras, podem ser visualizadas no canal: http://youtube.com/aldoluispedrosa/videos

acontecimentos. Para tanto, propus um sistema de registro de fatos por meio de anotações que o observador pode fazer no momento em que vê o vídeo. Algumas fichas em papel são dispostas próximas à tela de exibição e, nestas fichas, algumas perguntas relativas a possíveis fatos que poderão ser vistos na imagem possibilitam ao observador anotar suas respostas. Estas informações têm como fim estimular a curiosidade diante do trabalho, esperando-se que o observador-espião tenha pleno conhecimento de tudo o que se passou ali. No final da exibição do vídeo são apresentadas as respostas para as indicações informadas nas fichas. Cabe ao observador aceitar ou não as respostas para as perguntas que ele se dedicou a responder. O ato ver, mesmo com intensa atenção, é permeado por questões subjetivas que podem influenciar na “verdade”. Talvez uma tentativa de estupro vista por mim não corresponda de fato a isso para o observador, e vice-versa. Desta forma, ao final suas curiosidades poderão ser saciadas ou mais uma vez frustradas. Este é o jogo para aquele que está à espreita.

2.5 MAGIC MIRROR ON THE WEB

O trabalho “Magic Mirror on the Web” traz uma produção inédita, realizada para ser exibida pela primeira vez na exposição “EMmEIO 7.0‟, vinculada ao encontro para o qual este artigo foi submetido. O vídeo exibe imagens apropriadas da internet que trazem fotografias “selfies” femininas que mostram o corpo da pessoa autorretratada com extrema sensualidade a partir de imagens captadas diretamente de espelhos. Dentre os vários tipos de “mirror selfies”, há milhares de imagens dispostas na web que exibem os corpos nus ou semi-nus dos autorretratados. Na maioria, estas imagens pertenciam a bancos de dados privados das pessoas fotografadas ou de seus parceiros, mas que acabaram “vazando” pela internet e hoje se espalham e “viralizam” por diversos sítios on-line. Quando a intimidade se dissolve na rede e se torna pública vários problemas sociais decorrem disto, principalmente nos inúmeros casos de adolescentes que se exibem sem refletir sobre as consequências de seus atos.

Para tratar destas questões no âmbito poético, o seguinte trabalho propõe uma analogia entre as “mirror selfies” sensuais femininas com o “Espelho Mágico” (“Magic Mirror”) utilizado pela personagem da “Rainha Má” na famosa fábula “Branca de Neve e os Sete Anões”, escrita pelos irmãos Grimm. O “Espelho Mágico”, na fábula, se apresenta como dispositivo que legitima a beleza da rainha; mas esta, na verdade, é uma bruxa transformada. A partir disto, as imagens “selfies” apropriadas foram reeditadas, substituindo o rosto das mulheres fotografadas por rostos disformes de bruxas (com aparência próxima às bruxas da cultura pop). As imagens serão apresentadas em um vídeo que simulará o funcionamento do mais famoso serviço de compartilhamento fotográfico: Instagram (nomeado nessa produção como “Mirror Mirror”) que apresentará a interação de um usuário deste sistema (“@magic_mirror”) que “curtirá” e comentará todas as fotografias exibidas na imagem. O vídeo será acompanhado por áudio retirado do filme animado “Branca de Neve e os Sete Anões” (“Snow White and the Seven Dwarfs”) de 1937, com produção dos estúdios Disney. Este áudio apresenta um fragmento do famoso diálogo da “Rainha Má” com o “Espelho Mágico”, onde ela indaga: “Magic mirror on the wall, who’s the fairest one of all?” (na versão em português do Brasil: “Espelho, espelho meu, existe no mundo alguém mais bela do que eu?”). O áudio também rodará em loop, acompanhando quase todo o vídeo.