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uando estudamos u m mapa as tral, não devemos nunca perder de vista que nos encontramos no cam po das probabilidades. N o decorrer de nossa existência, nos vemos diante de uma série de escolhas que orientam nossa vida em uma direção ou outra. Estas escolhas só dependem de nós mesmos e só correspondem a nós. N o entanto, é preciso saber que as cir cunstâncias nas quais elas nos encon trarão e os momentos nos quais elas nos serão impostas são legíveis em um mapa astral.Como veremos, temos à nossa dispo sição numerosos métodos de pesquisa que nos permitirão prevê-las Dissemos bem: prever e não "predizer". Em ter mos absolutos, podemos empregar tanto um como o outro verbo, indife rentemente.
N o entanto, deram a "predizer" e principalmente a "predição" uma co notação pejorativa que acentua a fa talidade e nos deixa passivos e im potentes; como se um fato ou u m acontecimento devesse produzir- se ou manifestar-se inexoravel mente em nossa vida cm u m momento ou outro, sem que fôs semos os responsáveis nem pu déssemos modificar.
E evidente que não é assim que devemos abordar nem empregar a astrologia. Prever nos parece, por tanto, mais justo, mais apropriado, pois se trata de ver um fato ou um acontecimento ocasional, antes de que tenha lugar, e estar prevenido para pode antecipá-lo. Da mesma forma, dizer que, ao entrar no universo de um mapa astral — que é o reflexo da
personalidade de um ser —, entramos no campo das probabilidades , nos pa rece mais justo que fazer alusão às pos sibilidades. Pois o que é provável pode provar-se com os fatos e as circuns tâncias da vida do indivíduo em ques tão, mas também, e principalmente, com seus atos; enquanto uma possibi lidade não deixa de ser mais que uma eventualidade. Sabemos que aquilo que está inscrito em um mapa astral não é mais que a informação relativa à natu reza do ser e à estrutura de sua persona lidade. São as probabilidades — mais que as possibilidades — inerentes à vida do ser em questão que submetemos à análise.
A CASA IV
A partir de agora sabemos que a cúspide da Casa IV indica o Fundo do Céu, isto é, os fundamentos do ser. Por isso, a Casa
IV é o lugar, o marco, o meio, a terra onde se enraizou, onde sua personali
dade se estruturou, onde cresceu. N o entanto, hoje em dia, temos ten
dência a pensar ou a crer que a in fância e a adolescência se acabam
em uma idade certa, influenciados pelas observações médicas. Em nosso entender, nos parece que se o ser — seja o que seja, venha de onde vier e viva onde viva —, deixa fisicamente de se desenvolver e sai do período de crescimento, em uma determinada idade, para tornar-se adul to, também continua um crescimento menos visível, menos espetacular, em bora nem por isso menos fundamen tal e que talvez não tenha fim. Trata-se do crescimento psíquico e espiritual que se manifesta no decorrer de sua existência,
cia, a golpes, em forma de trans tornos e transformações, que o forçam a evoluir.
A Casa IV nos informa sobras as condi ções deste crescimento, infantil antes de mais nada — como e em que meio fami liar, material, moral, social, cultural, o indivíduo em questão viveu e cresceu du rante sua infância —, e a maneira como, mais tarde, este tem lugar na idade adulta. Esta Casa é tanto um refúgio, um lugar de retiro, para onde voltar para retornar às raízes quando sentimos a necessidade, como um trampolim, um apoio, os fun damentos mesmos de sua existência e sua vida. Por esta mesma razão a assi milamos tanto às circunstâncias do co meço da vida — a infância c a juventude —, como às condições nas quais um ser viverá no final de sua vida.
Assim, de certo modo, em um mapa as tral, a Casa IV é o lugar do princípio e do fim da vida. Este é o lugar do Z o díaco onde crescem as raízes do ser, on de se torna adulta c igualmente ali onde regressa depois de ter desempenhado seu papel, ter cumprido sua tarefa ou seu destino. N o entanto, este retorno não é forçosamente uma peregrinação a um lugar onde vivemos nem uma re
gressão, mas sim que pode tratar-se de um regresso ao ser, a suas origens pro fundas, humanas e espirituais. O cresci mento continua, mas já não é aparente. Não se mede com instrumentos cientí ficos.
A CASA X
Antes de empreender este regresso, o ser em questão deve merecer as asas. Pois, se na Casa IV encontra todas as re ferências de que necessita para trans formar-se em si mesmo — o qual, sem dúvida, nem sempre é tão simples, pois depende do meio e das condições nas quais viveu sua infância, do modo como as percebeu —, na Casa X corresponde a ele criar suas próprias referências, suas marcas, diferenciar-se de seus seme lhantes para adquirir uma independên cia moral e social, material também, ganhar sua liberdade e sair do ninho, como costumamos dizer. Para proceder da maneira mais serena e harmoniosa possível, deve ter sólidas raízes. Ou, se prefere, quanto mais profundas forem as raízes psicológicas, afetivas, morais, tanto melhor será o crescimento e mais facilmente sairá do ninho em um meio diferente do seu.
Se não for assim, ou cede à vertigem das alturas e, alimentando um complexo de superioridade, sempre quer elevar-se, dominar, reinar, triunfar social ou mate rialmente, ou não chega nunca a cum prir suas ambições e a crescer, por falta de confiança em si mesmo, de audá cia, de vontade, de valor. Mas é preci so compreender que o desejo, a vontade ou a necessidade de autonomia revela das pela Casa X não são as mesmas para todos. Seja como for, esta Casa nos in forma sempre sobre o grau de responsa bilidade de um ser, isto é, sua capacida de potencial de assumir seus atos e da importância que concede ao reconheci mento social e ao sucesso, que se tor nam então em uma espécie de símbo los ou recompensas que confirmam sua independência e sua realização. Onde, quando, como é ou será o indi víduo, se dependente ou desapegado de seu meio familiar, de suas origens, de suas raízes e se se transformará em um ser livre, independente, responsável ou, pelo contrário, irresponsável, influen ciável ou submetido às circunstâncias ex teriores e coletivas, estas são as preciosas informações que obtemos ao estudar as Casas IV e X em um mapa astral.