A PARTE DA FORTUNA NA CASA VII
Se tomarmos o significado desta Casa e o sentido deste ponto fictício ao pé da letra, chegaremos a dizer que a sorte virá do outro e dos outros. Na verdade, é quase isso, pois se a felicidade e a ple nitude não vierem ou não dependerem dos outros ou de outro em particular, por que razão teríamos de estar ama rrados pela união, o casamento, pela vida em comum, pelas relações, cola borações, associações, acordos privile giados com os outros? N o entanto, a grande qualidade potencial do indiví duo que possui a Parte da Fortuna nesta posição em seu mapa astral é, princi palmente, entregar-se a agir para os outros c com os outros em qualquer circunstância. Suas qualidades de me diador também são grandes e podemos estar certos de que fará todo o possí vel para contentar e satisfazer os outros, pelo menos em seu meio, seu parceiro ou seu cônjuge em particular. Pode ainda representar um papel importante e protetor, em caso de litígio e conflito entre certas pessoas com as quais se re laciona ou não, ou com as quais está as sociado ou não. De fato, não consegue intrinsecamente evitar sentir-se afetado, direta ou indiretamente, pelos laços mais sutis, profundos, reais ou fictícios, que unem os seres entre si. Este fato afeta-o sinceramente. Tem a intuição segura de que existe um laço invisível
entre os seres, e que só eles podem tecê-lo, estreitá-lo e torná-lo indestru tível.
A PARTE DA FORTUNA NA CASA VIII
Para este ponto fictício, estar situado nesta Casa é uma posição curiosa, pois se abordarmos o setor VIII de um ponto de vista do comportamento face à morte, que é um de seus significados — e não sob o da Casa da morte, como se diz freqüentemente sem razão —, existe a tentação de deduzirmos que o indivíduo afetado por tal configu ração em seu mapa astral não será feliz até o instante de sua morte ou, mais exatamente, terá um comportamento feliz face à morte.
Na realidade, é ao mesmo tempo mais simples e complexo do que tudo isso. Para compreender em sua totalidade o sentido desta posição da Parte da For tuna, é necessário que nos remetamos às características da Casa II e às da Casa VIII, que se lhe opõe, e portanto é sua complementar. Recordemos que a Casa II é, entre outras coisas, a dos lu cros e dos bens adquiridos graças ao trabalho e ao suor do rosto, ao passo que a Casa VIII é a dos benefícios ou dos bens herdados. Por outro lado, a Casa II é a do apego aos bens deste mundo e a seus costumes, enquanto a Casa VIII é a do desapego, o corte do cordão umbilical que nos une a tudo
que é conforme, normal, duradouro, constante e imutável. Graças a estas in dicações, podemos concluir que a Parte da Fortuna na Casa VIII quase sem pre dá ao indivíduo em questão a sorte de lhe outorgar bens, benefícios e lu cros, provenham eles dos outros ou das próprias circunstâncias. Mas, além dis so, podemos também garantir que sen tirá uma verdadeira alegria em desligar- se de tudo que não seja absolutamente vital, necessário e imprescindível para ele e para sua vida.
Suas idéias, crenças, valores ou con vicções, então, se revelarão totalmente pessoais, originais, singulares e fora do comum.
jBÊk.
A PARTE DA FORTUNA NA CASA IX
Mesmo sem conhecê-lo, fará seu lema o verso do poema de Arthur Rimbaud: "A verdadeira vida está em outra parte." Mais cedo ou mais tarde, na teoria ou na prática, terá a oportunidade de ter acesso a uma verdadeira e profunda ple nitude ampliando, seus horizontes, saindo de seus limites ou fronteiras, su¬ perando-se a si mesmo. Provavelmente procurará durante muito tempo, e em outra parte, novos pontos de referência, mentalidades diferentes, modos de vida e de pensamento mais verdadeiros, mais autênticos, paisagens maravilhosas, te rras longínquas por explorar; mas, no final das contas, sua verdadeira busca
será a sabedoria. Ora, esta sabe doria só se encontra em si mesmo. Sendo assim, acabará sempre por voltar a si mesmo, regressará para transmitir uma última mensagem e descobrir que tudo estava nele próprio, ao alcance de sua mão, momento em que já terá de corrido toda sua vida. Embora o astró logo saiba o que ele sabe, graças à pre sença da Parte da Fortuna situada nesta Casa em seu mapa astral, quase sem pre terá de correr, visto que se não co rrer fisicamente para cumprir sua busca, nunca encontrará a sabedoria. É neces sário animá-lo a fazê-lo; mas, princi palmente, sem lhe anunciar que no final voltará ao ponto em que se encontra. Aqui convém advertir que o astrólogo nunca deve ser intervencionista. Deve limitar-se a transmitir sua leitura e sua interpretação de um mapa astral.
A PARTE DA FORTUNA NA CASA X
A Parte da Fortuna situada nesta Casa revela um indivíduo que se encontra em plena harmonia consigo mesmo, de sempenhando um papel de destaque e de primeiro plano em sua vida social. Expor-se, tomar e assumir pesadas res ponsabilidades, realizar uma vocação, envolver-se em uma missão social, er guer o estandarte bem alto, trará sem pre êxito e o fará feliz com a condição de que possa continuar a ser honesto, correto e íntegro, pois, ao mínimo des vio ou inconveniência, corre o risco de perder todos os benefícios do que teria adquirido graças unicamente aos seus méritos. Nesta configuração, assistimos quase sempre à manifestação de uma sede de honestidade e de verdade levada ao extremo. E esta a situação na qual o indivíduo às vezes poderá se compor tar de maneira exagerada em relação a este assunto, até que tenha compreen dido que o que tem por verdadeiro ou falso é quase sempre subjetivo.
A PARTE DA FORTUNA NA CASA XI
Este indivíduo encontrará sua felicidade e o ponto de harmonia que lhe permiti rão vibrar ao som do mundo que o ro deia. Também vislumbrará o seu futuro, que já conhece, ao distinguir-se de seus semelhantes, ao singularizar-se e ao afir mar sua originalidade. De fato, poten cialmente, o indivíduo cuja Parte da For tuna está situada na Casa XI é um visionário. Sabe intuitivamente o que acontecerá amanhã e, por pouco que se aplique e por pouca atenção que dê às suas impressões, às suas especulações in telectuais espontâneas e às suas deduções intuitivas, poderá fazer revelações, mar car um achado, apontar um princípio ou um fenômeno que terá passado desper cebido para todas as pessoas e que pos sivelmente mudará sua vida ou a daque les que lhe são chegados. Pelo mesmo fato de que os visionários não são to mados muito a sério, se sentirá segu ramente deslocado durante grande parte de sua vida. Mas se perseverar e for tenaz, acabará por se fazer ouvir, e os ou tros compreenderão quanta razão tinha.
A PARTE DA FORTUNA NA CASA XII
A felicidade pode coabitar com a so lidão, a introspecção, o retiro do mundo e a reclusão? Quase sempre nos parece estranho, pouco convencional e até as sociai e, no entanto, é uma situação pos sível. Existem muitos indivíduos que aspiram isolar-se para mergulhar em si mesmos e se lançarem à descoberta de suas riquezas interiores.
E o caso do indivíduo cuja Parte da For tuna se situa na Casa XII. N o entanto, isso exclui qualquer forma de egoísmo de sua parte. Às vezes, inclusive, nin guém suspeitará de que tem uma vida interior tão rica. Ele mesmo necessitará de um certo tempo antes de se dar conta de seu dom: o de nunca desesperar e estar em condições de se regenerar em suas emoções, fazendo total abstração dos outros e da vida exterior.
N o entanto, quando esta pessoa tiver tomado consciência de sua força, po demos dizer que terá acesso à autêntica plenitude que, quase sempre, o com prometerá a fazer com que o próximo beneficie disso.