s
E
freqüente ouvir-se dizer que o que distingue o h o m e m dos demais animais é que o primeiro se sustenta sobre duas pernas e os demais sobre quatro patas; um fala enquanto os de mais só fazem emitir sons muito ca racterísticos ou gritar; o primeiro sorri, ri e chora, os outros não possuem estas faculdades.N o entanto, poderíamos acrescentar que o homem tem sentimentos, en quanto os outros animais contam so bretudo com seu instinto para saber o que é preciso fazer. E assim, embora os homens se empenhem em ver ou en contrar nos comportamentos de seus amigos selvagens, como são chamados, atitudes e reações afetivas tipicamente humanas.
Em conseqüência, temos todo o direito a nos perguntar até que ponto nossos sentimentos estão em relação com nos sa inteligência, e se não há uma grande confusão no uso do verbo amar.
A CASA V, O AMOR, O SENTIMENTO
E O DESEJO
Por outro lado, como vimos graças às múltiplas situações de Vênus no Z o díaco, dispomos de uma paleta de emoções, de motivações e sentimen tos que confirmam que cada um de nós tem sua maneira de amar. N o entanto, enquanto Vênus revela a expressão e a manifestação das emo ções, motivações e sentimentos de um ser, é a Casa V em seu mapa astral que nos ensina em que contexto se mani festarão, de que maneira o indivíduo em questão os viverá em sua realidade social e material.
N o entanto, curiosamente, esta Casa é considerada tanto a que informa so bre o amor que sentimos por outra pessoa em particular, como a que ajuda a compreender os sentimentos que al guém sente por seus possíveis filhos. Alguns querem fazer pensar inclusive que, estudando com atenção a situação desta Casa no mapa astral do Zodíaco, podemos estabelecer com segurança se o ser em questão terá filhos ou não. Na realidade, com respeito a isso, deve mos levar em conta outros elementos do mapa astral.
Além disso, sempre é bom sublinhar que em um mapa astral, da mesma for ma como as características essenciais e as bases da personalidade de um ser es tão presentes e podem ser lidas como em um livro aberto, nunca podemos sa ber de antemão o uso que ele ou ela fa rão de suas qualidades potenciais e pos sibilidades. Em conseqüência, devemos desconfiar sempre da interpretação defi nitiva ou fatalista que tenhamos a tenta ção de obter.
Neste caso, devemos nos fixar prin cipalmente no fato de que o que atri buímos superficialmente ao amor, no que se refere a esta Casa, é, na verdade, a expressão prática e real de nossos sen timentos de posse, que poderíamos qualificar de egoístas porque sempre têm um sentido gratificante, valori¬ zante, exaltante para cada um de nós. Mas, os sentimentos dos quais trata mos aqui não são gratuitos. Resultam do desejo, da ânsia, da busca de con solo ou de reconhecimento admirativo, da necessidade de gostar e satisfazer, da sede de conquistar, dominar, pos suir, dos impulsos, etc. Assim, teríamos
mos a tentação de dizer que o amor de que falamos nesta Casa é do tipo do desejo, e que esta expressão particular e original do desejo é a ori gem de nossos sentimentos e não o contrário.
A CASA XI, 0 AMOR E A AMIZADE O amor sensato, reflexivo, sereno, equilibrado, que nos torna generosos, be névolos e solidários, é o que comumente chama mos hoje em dia amizade. Mas não esqueçamos que o amigo ou amiga podem ser também o amante ou a amante, e que são os no vos princípios morais — que tiveram primeiro uma influência religiosa que escondemos —, isto é, nossos costumes atuais, que fazem do amigo um ser assexuado.
Não era assim nas civiliza ções antigas, que foram a base da astrologia, onde o amor e a amizade se con fundiam, de maneira que
eram indissociáveis na mente de nos sos antepassados.
Podemos nos perguntar, mais uma vez, sobre o amor tal e como o concebemos e vivemos atualmente, principalmente quando observamos, por exemplo, que centenas de divórcios têm lugar nos países avançados e que esta guerra aberta entre dois seres, que no entanto estavam tão convencidos de se ama rem, afeta, portanto, a milhares de pes soas ao ano.
Não existiria um mal-entendido, uma confusão em nossas mentes e nossos costumes no que se refere ao amor, tal como o enfocamos hoje em dia? An tigamente era muito diferente. Na mente e no coração de nossos ante passados, que estabeleceram o sistema astrológico, a Casa V era o universo de Eros, os instintos puros, os desejos e os prazeres sensuais. Enquanto que na
Casa XI, complementando suas ne cessidades vitais que não tinham nada de perverso, pois eram manifestações naturais do ser, encontravam uma es pécie de sublimação intelectual e espi ritual do amor, que dava ao ser a pos
sibilidade de expressar este acréscimo da alma que só pertence a ele e que o distin gue do reino animal. Por outro lado, como o ins tinto e o desejo estão sem pre relacionados com a to mada de posse, o fato de comprometer-se ou ser in
dependente é também uma qualidade humana inerente à Casa V.
N o entanto, as faculdades de inde pendência afetiva, moral, intelectual, social, a sede de liberdade, desta vez, são qualidades que se encontram na Casa XI.
Da mesma forma, enquanto o apego implica uma certa forma de influência sobre o presente, e enquanto o desejo e o instinto são manifestações ins tantâneas, às vezes irreprimíveis para o ser, que o aproximam ao animal —
todas as características que se reve lam através da Casa V —, na Casa XI, nos encontramos no universo da es perança e dos projetos que levam o in divíduo a abandonar o presente, a in ventar seu futuro, a desprender-se do que o condiciona.
Isto é, o impulsionam a rebelar-se con tra sua natureza ou contra tudo que seria suscetível de impedir-lhe ser o mesmo, de coagi-lo ou limitá-lo. Re
sumindo, poderíamos dizer que o eixo da Casa V e da Casa XI nos situa entre dois pólos do amor: o amor, desejo e prazer de um lado, e o amor, dom e li berdade por outro.
Sabemos que o homem é um ser do tado de inteligência, mas também está dotado de amor.
Entretanto, tanto um dom como o outro não servem de nada se não são cultivados. Parece que ainda falta muito por fazer na área da cultura do amor.