A LUA NEGRA NA CASA VII
Se consideramos a Casa I como a que representa o eu, aquela onde o indiví duo diz "eu", temos toda a razão para considerar a casa oposta e complemen tar como o domicílio do outro ou, mais exatamente, a idéia que a pessoa em questão faz do outro.
Ora, nunca podemos nos esquecer que a Lua Negra revela as características fun damentais do ser, condicionando quase sempre seu comportamento, sem que a pessoa o saiba.
N o entanto, ao longo de sua vida, ma nifestam-se com tal constância, que se convertem em instrumentos valiosos e, poderíamos dizer, evidentes e úteis para certas conscientizações.
Não queremos falar de atitudes e reflexos inconscientes no sen- tido psicanalítico do termo, já
que tivemos a oportunidade de observar que o indivíduo nunca os ignora. Trata-se antes de mais nada de forças psíquicas essenciais que o levam a agir de uma certa maneira, a viver determina das circunstâncias, a conhe cer certas pessoas em lugar de outras, até que esteja consciente de suas decisões, desejos, pro jeções e atos. Sem dúvida que se
o ser em questão não integra as forças em sua vida, estas podem tender a in
fluenciá-lo, mesmo contra sua vontade. Podemos então admitir que as relegou para seu inconsciente. Mas a priori não é este o caso. Por isso, é surpreendente constatar que o indivíduo com a Lua Negra na Casa VII procura quase sem pre uma revelação no outro, no seu par ou alter ego. Pousa seu olhar então em um ser com caráter intenso, marcado e forte, com quem viverá uma relação passional. Ao mesmo tempo, acontece muitas vezes que recusa viver a união, a vida de casal, bem como a associação dentro das normas. Há nele uma ten dência para a rejeição de toda a pers pectiva de dependência, desejando-a ao mesmo tempo. Escolherá uma com panheira ou companheiro que será o oposto a ponto de pô-lo em uma si tuação totalmente reveladora de sua re
jeição visceral do outro. Por isso sua vida de casal e suas relações com os ou tros estão quase sempre cheias de cri ses ou rupturas, até que tome cons ciência que o outro, seja quem for, é o instrumento da reconciliação consigo mesmo.
A LUA NEGRA NA CASA VIII
O indivíduo com a Lua Negra nesta Casa em seu mapa astral aspira ao de sapego absoluto. É uma configuração que revela quase sempre uma dificul dade fundamental para se integrar se renamente na vida material, pois in dica uma rejeição latente, mais visceral, de toda a posse. Possuidor de uma
mentalidade obsessiva, o nativo . nunca consegue estar em paz ^V nem com os outros nem consi-
go mesmo. Aspira a uma fu são com o outro, profunda,
essencial, mas não consegue vivê-la de forma serena e tranqüila, sem considerar uma destruição ou uma ex posição da causa funda mental e completa dos valores que lhe foram in culcados. Tenta algo novo,
' mas nunca o encontra à sua
volta. Deste modo, suscita ou provoca situações extremas, cir cunstâncias difíceis, que o obrigarão a ir até o fim de si mesmo, de suas
forças e de seus recursos. O na tivo desta casa, que é associada com a morte, ao viver uma experiência tão única e iniciática, pode ter uma atitude suicida latente. Também pode ser que a morte de certas pessoas do seu meio tenha uma influência primordial sobre seu desenvolvimento pessoal.
A LUA NEGRA NA CASA IX
A Lua Negra situada neste setor apre senta-nos um ser que, de uma forma ou de outra, tentará distinguir-se, sair dos caminhos trilhados, opor-se de iní cio às idéias recebidas, aos tópicos, às convicções e até ao saber. Mas o con trário também é possível. Neste caso, encontraríamos um nativo preocupado em superar os limites dos conheci mentos adquiridos por seus congêne res, em busca de uma verdade mais pura, essencial e absoluta. Assim, pode existir nele uma recusa sistemática de sair de suas fronteiras, para o estran geiro, para tudo que existe fora dos li mites em que vive; ou, pelo contrário, terá tendência para se evadir, para par tir para a aventura, para procurar um mundo desconhecido ou perdido, uma ilha deserta que ainda ninguém pisou, de expatriar-se, se é que as circunstân cias a isso o obrigam. Trata-se quase sempre, neste caso, de uma configu ração de exílio.
A LUA NEGRA NA CASA X
Neste caso, a rejeição marcada por se in tegrar na vida social e profissional de forma normal e convencional impõe-se como uma realidade flagrante no indi víduo que aspira a adquirir uma inde
pendência paradoxal. Prefere quase sem pre renunciar a uma situação do que sa crificar sua integridade, suas convicções e sua independência de espirito. N o fundo, sua sede de poder c de supre macia é tanta que não suporta que os ou tros exerçam sobre ele a mínima in fluência. Uma vez mais, o nativo põe-se muitas vezes em situação de crise ou re jeição, no âmbito de sua vida social, pois
no seu íntimo se sente marginal, dife rente e indiscutível. Possui quase sem pre um certo carisma que faz dele um líder potencial. N o entanto, seu gosto pelo poder solitário e absoluto é tal que acaba sempre por isolar-se e por en frentar uma série de circunstâncias que o forçarão à marginalidade, no momento em que chega ao auge de sua carreira, de suas possibilidades ou de sua capa cidade.
Citemos os exemplos de Charles de Gaulle e François Mitterrand, dois es tadistas franceses de carisma indiscutí vel, ambos nascidos sob o signo de Escorpião com ascendente no signo de Libra e que tinham a Lua Negra em Leão e na Casa X em seus respectivos mapas astrais.
A LUA NEGRA NA CASA XI
Sem dúvida que é o equilíbrio psico lógico e moral do indivíduo que aqui se questiona. Neste nível, aspira a uma harmonia perfeita que o torna particu larmente exigente e seletivo em suas relações. Com ele a amizade se trans forma em algo raro, em uma expe riência excepcional. As pessoas que es colhe para amigas são encontradas ao acaso. Se se sente ferido, decepcionado ou traído, renuncia definitivamente, de u m dia para o outro, à companhia das pessoas que agora, a seus olhos, são in dignas de manter relações com ele. Às vezes, tem a impressão de que um des tino injusto o proíbe de cultivar laços
de amizade. Por isso, deve estar cons ciente de sua exigência, pois quase sempre é ele quem cria o vazio à sua volta. N o campo das idéias e dos pro jetos, que também é o desta Casa, re vela-se tão perfeccionista que se au¬ toproíbe muitas vezes de levar a bom termo os planos que sabe elaborar tão bem. No fundo, está atormentado pelo medo do fracasso e teme comprome ter-se até o fim em um caminho ou em uma criação.
Assim, em um mapa astral onde a Casa V está carregada, por exemplo, ao re velar um grande potencial de criativi dade, a presença da Lua Negra na Casa XI pode transformar o indivíduo em questão em um ser estéril.
A LUA NEGRA NA CASA XII
Em termos absolutos, o indivíduo cuja Lua Negra foi fixada nesta Casa no seu nascimento vai em busca do impossí vel, da inacessível estrela de um poeta ou de um místico. Provavelmente é em si mesmo, onde deve procurá-la e en contrá-la. Mas antes de chegar a este ponto, indaga os mistérios da vida, pe netra na consciência dos outros, quer conhecer a verdade c não consegue con formar-se com as aparências. Vive a so lidão como uma experiência iniciática. Às vezes, com o objetivo de superá-la provoca inconscientemente circuns tâncias extremas, adversas ou dramáti cas, ou vai em frente, entregando-se a uma causa nobre e generosa, a seres de sarmados ou que sofrem. N o entanto, a Lua Negra na Casa XII pode indicar simplesmente uma rejeição da realidade, uma tendência para querer fugir de todos, da vida social e dos outros, para se isolar, colocar-se cm uma situação de entrega a si mesmo, para se movimen tar na sombra, em segredo, para fazer buscas essenciais, para descobrir pos sivelmente uma verdade diferente.