Na Casa II, o indivíduo diz: tomo, produzo, acumulo, conservo.
Na Casa VIII, diz: jogo fora, destruo, semeio, disperso.
L
embremos que as 12 Casas de um mapa astral nos informam sobre a existência física, material e social de um indivíduo. Ao obter e interpretar as in formações inerentes às Casas nos sig nos do Zodíaco, aos regentes destas Casas e a seus astros e pontos fictícios, compomos um quebra-cabeças com in dicações sobre o que hoje chamamos a psicologia de um ser, isto é, sobre os comportamentos adquiridos e não ina tos, sobre a influência que exercerão nele os acontecimentos e o meio social, cultural, geográfico, os costumes e mentalidades que lhe cercarão desde sua mais tenra infância.Por isso que uma atenta leitura de tal informação, procedente dos elemen tos citados, requer uma
"vidência dedutiva". Gra ças à associação, intuição, e dedução, segundo as po sições dos astros nas Casas, as Casas nos signos e o su til jogo de regências, o as trólogo sagaz obterá uma interpretação tão precisa, que revelará fatos e aconte cimentos concretos já pro duzidos na vida de um ser ou que puderam ter sido produzidos.
Dissemos de forma correta: acontecimentos que pude ram ter sido produzidos, por paradoxo que pareça, pois quando falamos de as trologia, a fatalidade não existe.
De fato o que entendemos por fatalidade designa qua se sempre fatos ou aconte
cimentos adversos que padecemos sem poder evitá-los. N o entanto, o desen volvimento das circunstâncias e a lei de causa e efeito, que são quase sempre a origem de situações fatais, nunca se devem ao acaso e não funcionam sem nossa intervenção, direta ou indireta. Em outras palavras, isto significa que nossos atos, inclusive às vezes nossos pensamentos, desejos e sentimentos, formam, apesar de nós, correntes in visíveis que se transformam em ondas e que podem chegar a criar maremotos em nossa vida, no momento adequado. Estes fenômenos não são imprevisíveis. U m atento estudo de um mapa astral pode nos permitir compreender em que circunstâncias, segundo que mecanis
mos de comportamento e em que momento um ser se sente inclinado a atuar ou a reagir de uma ou outra ma neira, criando ele mesmo uma situação que, vista desde fora e sem tentar compreen der as causas e origens, se atribuirá à fatalidade. Para conseguir isto, é preciso levar em conta, evidente mente, certo número de fa tores presentes no mapa as tral.
Entre estes fatores são muito reveladores as Casas, sua si tuação nos signos, as posições de seus regentes, astros, pontos
Todo o adquirido, possuído e acumulado pertence ao domínio
fictícios e os trân sitos destes últimos, Nodos lunares e a Lua Negra parti cularmente.
A CASA II
Se o eixo entre a Casa I e a Casa VII pode ser resumido esquematicamente na fór mula "eu e os demais" — o "eu" revelado pela posição do ascendente no mapa astral e "os demais", ou mais exata mente minha relação com os demais, indicada pela si tuação do descendente —, o eixo da Casa II e da Casa VIII pode ser conjugado na pri meira pessoa singular do pre sente dos verbos tomar e jogar fora: "eu tomo e eu jogo fora".
De fato, seja qual for sua si tuação no mapa astral, a Casa II nos informa sobre a inte gração ou a maneira como um ser se apropria de seu meio natural e, por asso ciação, de seus bens adqui ridos, seu haver e, por ex
tensão, os frutos de seus esforços e seu trabalho, portanto seus benefícios, juros, ganhos, etc. "Tomar, ter, adquirir, ga nhar" são os verbos que o indivíduo da Casa II conjuga.
Mas, de onde provém a necessidade de tomar, ter, adquirir, ganhar, possuir, acu mular e conservar?
Não estamos justamente aí, no campo do instinto de sobrevivência e conser vação comum a todos os seres que, se gundo parece, compartimos também com o reino animal?
A maioria das vezes, deve-se a uma an gústia básica e instintiva ante o desco nhecido, do despojo, a desapropriação, a morte.
Não podemos esquecer que, no que se refere às 12 Casas, nos encontramos no domínio da existência individual, da qual acreditávamos, erroneamente que precedia ou suplantava a essência do ser. A origem etimológica de «existir»
era "estar de pé". Mais tarde, isto sig nificou «estar situado» antes de perder o significado de «mostrar-se, manifes tar-se».
Onde estamos de pé, onde nos encon tramos, nos mostramos e nos manifes tamos na vida atual, senão em nossa vida física, material, social e existencial? É assim como coexistimos, cada um em seu lugar, desempenhando seu papel. Seguindo as tendências e características reveladas por cada uma das Casas, ve mos como u m ser se mantém em seu lugar. Na etapa da Casa II, julgamos por tanto sua capacidade para integrar-se em seu meio natural, suas faculdades para adquirir e conservar, isto é, tomar. Por outro lado, na Casa VIII, que se en contra evidentemente no eixo da Casa
II, destaca as tendências en frentadas, opostas e com plementares.
A CASA VIII Neste caso o indivíduo já não toma, mas sim pode jogar fora c recusar ou então
semear e sacrificar-se para uma colheita.
Na Casa II, o indivíduo produz, se entrega, acu mula.
Na Casa VIII, o ser destrói, se solta e se dispersa. Por isso, enquanto a Casa II está em relação com o instinto de sobrevivência e conser vação, a Casa VIII apresenta associações muito evidentes com o instinto e impulso de morte.
Mas não é preciso apressar- se em concluir que é exclu sivamente a casa da morte. Em primeiro lugar, repre senta a capacidade de um ser para desprender-se dos bens materiais e o que pa radoxalmente pode obter desprendendo-se deles.
Na Casa II, satisfaz as suas próprias ne cessidades. É um pouco como um pás saro que não se preocupa em saber se encontrará algo para comer no dia se guinte.
Desta forma, esta Casa se transformou também na casa das heranças, isto é, a casa dos bens que são obtidos sem ne nhum esforço.
Mas de qualquer forma, no caso que exista uma herança (e sempre existe porque cada um de nós temos uma Casa VIII inscrita em nosso mapa as tral), é preciso compreender que tanto pode se tratar de bens materiais como espirituais.
Mas o mais importante desta Casa não é que mostra o que se fará com as pos síveis heranças ou heranças potenciais, mas sim que nos faz bem visíveis o fato de herdar ou a própria natureza dos bens herdados.
Tudo que tem a ver com a destruição e a dispersão pertence à Casa VIII.