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1.a FORMA: VERBO NA 3.a PESSOA DO SINGULAR + SE {índice de indeterminação do sujeito).

Essa primeira forma só dá certo com verbos que não possuam objeto direto (verbos intransiti­ vos, verbos transitivos indiretos, verbos de ligação), porque o pronome SE com verbos TD ou TDI formam VO Z PASSIVA e não SUJEITO INDETERMINADO. Como temos aqui um verbo TD (discutir alguma coisa), essa forma não atende.

2.a FORMA: VERBO NA 3.a PESSOA DO PLURAL

Essa forma dá certo com qualquer transitividade verbal. Então, é essa que iremos usar.

Como o verbo originalmente estava no PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO, devemos

manter esse tempo e modo.

Na voz ativa, teríamos: "Chegaram a discutir o voto feminino na Constituinte de 1890”.

O examinador sugere a forma “A Constituinte de 1890 chegou a discutir o voto feminino".

O problema é que, ao contrário do que fizemos, foi incluído um sujeito inexistente nessa oração. Isso não seria possível, já que a expressão “a Constituinte de 1890” não exercia a função de agente da passiva, mas de adjunto adverbial. Portanto, a sugestão da banca estava ERRADA. Item errado.

Difícil essa questão!

Antes de encerrarmos o capítulo relativo a VERBOS, precisamos observar um caso muito especial de fiexão verbai em que surge o pronome “se”, apresentado em um concurso de 2008. H a (UnB CESPE/STF - Analista Judiciário/2008)

1 Hoje o sistema isoia, atomiza o indivíduo. Por isso seria importante pensar as novas formas de comunicação. Mas o sistema também nega o indivíduo. Na economia, por 4 exemplo, mudam~se os valores de uso concreto e qualitativo

para os valores de troca geral e quantitativa. Na filosofia aparece o sujeito geral, não o indivíduo. Então, a diferença 7 é uma forma de crítica. Afirmar o Indivíduo, não no sentido

neoliberal e egoísta, mas no sentido dessa idéia da diferença é um argumento crítico. Em virtude disso, dessa discussão 10 sobre a filosofia e o social surgem dois momentos

importantes: o primeiro é pensar uma comunidade auto-refíexiva e confrontar-se, assim, com as novas formas de

13 ideologia. Mas, por outro lado, a filosofia precisa da sensibilidade para o diferente, senão repetirá apenas as formas do idêntico e, ass/m, fechará as possibilidades do 16 novo, do espontâneo e do autêntico na história. Espero que

seja possível um diálogo entre as duas posições em que ninguém tem a última palavra.

Miroslav Milovic. Comunidade da diferença. Relume Oumará, p. 131-2 (com adap­ tações).

Com referência às idéias e às estruturas lingüísticas do texto acima, julgue o item a seguir:

Preservando-se a correção gramatical do texto, bem como sua coerência argumenta- tiva, a forma verbal “mudam-se” (R.4) poderia ser empregada também no singular. Acordo Ortográfico: registram-se, agora, as paiavras “ideia”, “lingüísticas” e “autorreflexiva” (esta sem hífen e com “r” dobrado, para manter o fonema).

Vimos até agora que o pronome SE, junto a um verbo transitivo direto ou direto e indireto, forma construção de voz passiva, devendo o verbo concordar com o sujeito paciente, não foi? Também vimos que, quando o pronome SE acompanha um verbo que não possui objeto direto, forma construção de sujeito indeterminado.

Originalmente, no texto, o verbo MUDAR, por estar acompanhado do pronome SE e apresen­ tar transitividade verbal direta, flexionava-se no plural para concordar com o núcleo do sujeito paciente representado pelo substantivo piurai “valores”.

Acontece que o examinador afirma que poderia também ser apresentada a forma verbal no singular (muda-se), preservando-se a correção gramatical e a coerência argumentativa. Esse é um posicionamento doutrinário bastante específico, minoritário; mas seguido peios examinadores da banca da UnB Cespe.

Ressaite-se que, de acordo com a doutrina majoritária, consideramos que o pronome seria apassivador, e não índice de indeterminação do sujeito.

O posicionamento da banca ao considerar o item correto baseia-se na doutrina de M. Said Ali, que destaca a possibilidade de um verbo TD, mesmo com pronome SE, formar a indefinição do agente da ação verbal. Casos assim ocorrem, segundo este autor, quando prevalece essa ideia de indefinição, em detrimento da passividade.

Essa explicação se apresenta melhor nas palavras do próprio Said Alt, a seguir reproduzidas: “Ações praticadas por seres humanos não podiam ser enunciadas peia linguagem sem a indicação do agente. Quando, porém, o agente humano era desconhecido ou não convinha mendoná-ío, a linguagem servia-se deste expediente: personalizava o objeto se era ente inanimado, e fingia-o a praticar a ação sobre si mesmo. Certa mercadoria, por exemplo, devia ser vendida, ignorando-se o vendedor; dizia-se simplesmente: tal mercadoria vende-se ^ a si própria. Pouco a pouco, porém, a mera forma reflexa em casos deste gênero começou

a sugerir a idéia de um agente humano indeterminado. Não foi preciso alterar profundamente o enunciado; mas o substantivo, que até então figurava na categoria de sujeito, teve de abandonar este posto e passar para o lugar de objeto, que já agora lhe era designado. O pensamento não comportava dois agentes; a ação de vender não podia ser praticada por £ certa pessoa e, ao mesmo tempo, pela própria coisa”. ;T Com base em tal posicionamento doutrinário, a banca considerou que o verbo, ainda que ;::y transitivo direto e acompanhado do pronome “se", poderia ficar no singular, configurando não uma ideia passiva, mas uma indeterminação do agente da ação verbal. Ressalte-se que essa §í foi uma prova de 2008 e que esse entendimento, porventura presente em um dos próximos | concursos, pode ser alterado, voltando a banca a aceitar a posição majoritária, qual seja, a a de considerar que verbos transitivos diretos (ou diretos e indiretos), quando acompanhados de % pronome “se”, formam construção de voz passiva. Item considerado certo.

0 3 (UnB CESPE/DFTRANS - Analista/2008)

linguagem. S . f . 1. o uso da palavra articulada ou escrita como meio de expressão e de comunicação entre as pessoas. Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Novo dicionário da língua portuguesa, p. 1.035 (com adaptações). 1 Acho que se compreenderia melhor o

funcionamento da linguagem supondo que o sentido é um efeito do que dizemos, e não algo que existe em si, 4 independentemente da enunciação, e que envelopamos em

um código também pronto. Poderiam mudar muitas

perspectivas: se o sentido nunca é prévio, empregar ou não 7 um estrangeirismo teria menos a ver com a existência ou não

de uma palavra equivalente na língua do falante. O que importa é o efeito que palavras estrangeiras produzem.

PORTUGUÊS - Questões comentadas - CESPE

10 Pode-se dar a entender que se viajou, que se conhecem iinguas. Uma palavra estrangeira em uma placa ou em uma propaganda pode indicar desejo de ver-se associado a outra 13 cultura e a outro país, p or seu prestígio.

Sírio Possenti. A cor da língua. Mercado de Letras, 2002, p. 37-8 (com adapta­ ções).

A partir da leitura dos dois textos acima, julgue os itens a seguir.

- Para se manter o paralelismo com o primeiro e o úitimo períodos sintáticos do texto, o segundo período também admitiria uma construção sintática de sujeito indeterminado, podendo ser alterado para Poderia se mudar muitas perspectivas.

O gabarito dessa questão deixa claro que a banca do Cespe segue autores que admitem a construção de sujeito indeterminado com verbos transitivos diretos acompanhados do clítico “se”, já que foi considerada correta a forma “poderia se mudar muitas perspectivas’’, em que o verbo MUDAR, na posição de principal da locução, se faz acompanhar pelo pronome “se” sem que seu auxiliar modal - o verbo PODER - se flexione no plural para concordar com “perspectivas”.

De forma a melhor ilustrar essa posição doutrinária, transcrevemos a argumentação do mestre Said Aii.

Coloque-se na frente de um prédio um escrito com a primeira das frases [“Aluga-se ca­

sas"], e na frente de outro ponha-se o escrito contendo os dizeres esta casa é alugada. Os pretendentes sem dúvida encaminham-se unicamente para uma das casas, convencidos

de que a outra já está tomada. O anúncio desta parecerá supérfluo, interessando apenas

aos supostos moradores, que talvez queiram significar não serem eles os proprietários” Com base no exposto, a banca considerou válida a concordância em “poderia se mudar mui­ tas perspectivas”, aceitando o fato de que, ali, o que se deseja é indeterminar o sujeito que praticou o ato e não atribuir à coisa a ação verbal.

O tal “paralelismo" mencionado pelo examinador remete às construções “se compreenderia melhor o funcionamento da linguagem” e “desejo de ver-se associado”, item certo.

Alertamos, mais uma vez, que essa foi uma posição da banca em 2008. Tome, portanto, todo o cuidado antes de marcar “certo” ou “errado” em relação a uma afirmação como essa. Analise a possibilidade de o examinador estar fazendo menção a essa posição doutrinária minoritária.

GABARITO

1. Certo 2. Errado 3. Certo 4. Certo 5. Errado

6. Errado 7. Errado 8. Errado 9. Errado 10. Certo

11. Certo 12, Errado 13. Certo 14. D 15. Errado

16. Certo 17. Errado 18. Certo 19. Certo 20. Certo 21. Certo 22. Errado 23. Errado 24. Certo 25. Certo

26. Certo 27. Certo 28. Certo 29. Errado 30. A

31. Certo 32. Errado 33. Certo 34. Errado 35. C

36. Errado 37. Item

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