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Chapter 11 gives special attention to the issue of air quality “Air quality, exposure and health, as indicators of development and quality of life in cities: the case of Estarre-

3. A Avaliação Ambiental Estratégica de Planos

A AAE é aplicada em muitos tipos de planos e programas em todo o mundo. Abrange diferentes escalas (por exemplo, nacional, regional, local), sectores (planea- mento territorial, transportes, agricultura, silvicultura, pescas, energia, gestão de resí- duos, recursos hídricos, turismo, entre outros) ou questões específicas (por exemplo, alterações climáticas ou biodiversidade) (Tetlow e Hanusch, 2012). Para garantir uma aplicação coerente, sistemática e transparente, alguns países criaram legislação espe- cífica para a implementação da AAE, enquanto outros incorporaram a AAE na legisla- ção existente ou adoptoram novas orientações (Dalal-Clayton e Sadler, 2005; Chaker et al, 2006). A diversidade de abordagens (Partidário, 2000; Partidário, 2007a; 2007b), métodos e metodologias (Finnvedens et al 2003; Garfì et al, 2011) tem contribuído para diferentes práticas e resultados. Em alguns contextos, a AAE é encarada como um ins- trumento dedicado à transformação dos contextos de decisão e à reformulação de inicia- tivas estratégicas, sejam políticas, planos ou programas e em outros, é sobretudo enca- rada como um procedimento pouco mais que burocrático, centrado na preparação de um relatório ambiental que culmina com o propósito fundamental de informar, e validar, uma decisão final (Vicente e Partidário, 2006).

Tem por objectivo último contribuir para a integração de preocupações ambien- tais no próprio processo de elaboração dos planos (Fischer, 2003; Bragagnolo e Genelet- ti, 2014). Assente no objectivo de analisar os efeitos socioeconómicos e ambientais antes da aprovação, a AAE contribui para que sejam devidamente tidos em conta nas fases iniciais do processo de planeamento, minimizando a geração de problemas e conflitos (Bina, 2007). A AAE também tem por objectivo aumentar a transparência dos processos de tomada de decisão que possam afectar o ambiente e o território (Chaker et al, 2006; Finnvedens et al, 2003). Entre os vários benefícios atribuídos à AAE destacam-se tam- bém os seguintes aspectos:

garantir o envolvimento da sociedade, em especial dos stakeholders relevantes, na discussão das questões estratégicas (Chaker et al, 2006; Fischer, 2003); • reforçar a consistência e compatibilidade entre os objectivos e as estratégias

dos planos (Tetlow e Hanusch, 2012);

• identificar alternativas e os respectivos factores críticos, suportando a esco- lha entre elas e recomendando medidas de mitigação e acompanhamento de potencias efeitos negativos (Finnvedens et al, 2003);

• integrar as questões de sustentabilidade nos processos de tomada de de- cisão, avaliando as oportunidades e os riscos associados às alternativas (Partidário, 2007b);

melhorar a comunicação entre os diferentes stakeholders, facilitando a discus- são independentemente dos respectivos papeis e percepções, enriquecendo o contexto em que as decisões são tomadas (Vicente e Partidário, 2006).

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No contexto português o regime a que fica sujeita a avaliação dos efeitos de de- terminados planos e programas no ambiente está prevista no Decreto-Lei n.º 232/2007 de 15 de junho (alterado pelo Decreto -Lei n.º 58/2011, de 4 de maio), que transpõe para a ordem jurídica interna as Directivas 2001/42/CE e 2003/35/CE. No caso dos PDM este quadro legislativo é complementado com o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial publicado através do Decreto-Lei n.º 80/2015 de 14 de maio. A implementação deste instrumento de política de ambiente pressupõe, a par da elaboração dos planos pela entidade responsável, a elaboração de “um relatório ambiental no qual identifica,

descreve e avalia os eventuais efeitos significativos no ambiente resultantes da apli- cação do plano ou programa, as suas alternativas razoáveis que tenham em conta os objectivos e o âmbito de aplicação territorial respectivos (art 6º) no qual se inclui uma

descrição das medidas de controlo conforme previsto no artigo 11º. Adicionalmente, após aprovação do plano ou programa a entidade responsável pela elaboração do plano e do relatório ambiental (RA) elabora também uma declaração ambiental (DA). Contam desta declaração os seguintes elementos (art. 10º):

• a forma como as considerações ambientais e o relatório ambiental foram integrados no plano ou programa;

• as observações apresentadas durante a consulta das entidades com respon- sabilidades ambientais específicas e os resultados da respectiva pondera- ção, devendo ser justificado o não acolhimento dessas observações; • os resultados das consultas realizadas no âmbito da consulta pública; • as razões que fundaram a aprovação do plano ou programa à luz de outras

alternativas razoáveis abordadas durante a sua elaboração; • as medidas de controlo previstas.

Por último, este regime prevê também que as entidades responsáveis pela elabo- ração dos planos e programas avaliem e controlem os efeitos significativos no ambiente decorrentes da respectiva aplicação e execução, verificando a adopção das medidas pre- vistas na declaração ambiental, a fim de identificar atempadamente e corrigir os efeitos ne- gativos imprevistos (art. 11º). Refere ainda que os resultados do controlo devem ser divul- gados através de meios electrónicos e actualizados com uma periodicidade mínima anual.

No âmbito dos PDM, as medidas de controlo referidas na alínea v) e previstas no artigo 11º, são constituídas ou acompanhadas por um conjunto de indicadores que permitam monitorizar os efeitos resultantes da implementação do plano sobre os as- pectos considerados fundamentais. Assim sendo, a AAE poderá estar a contribuir para a adopção e implementação de um conjunto relevante de indicadores com enormes potencialidades para avaliar não apenas os efeitos dos PDM sobre o território e o am- biente mas, também, para avaliar a prossecução para a sustentabilidade. A Avaliação Ambiental Estratégica de PDM tem por objectivo analisar de que modo a formulação do modelo territorial, as normas de uso do solo e a localização dos investimentos estru-

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turantes contribuem para o desenvolvimento sustentável. É pois razoável esperar que os indicadores propostos para o acompanhamento da implementação do plano incluam indicadores de sustentabilidade, capazes de abranger perspectivas múltiplas como as de pressão estado resposta ou as principais temáticas relevantes como a biodiversidade e serviços dos ecossistemas, recursos hídricos, ar, ruido, energia, gestão de resíduos, mo- bilidade, entre outros. Será também razoável esperar que em contextos territoriais com valores ambientais partilhados, se encontre algum nível de articulação na estruturação e formulação dos temas e dos indicadores adoptados. Na secção seguinte procurar-se-á encontrar respostas a estas expectativas tendo por base os resultados de uma breve análise aos indicadores adoptados pelas DA dos PDM dos municípios envolventes à Ria.

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