• Nenhum resultado encontrado

Chapter 11 gives special attention to the issue of air quality “Air quality, exposure and health, as indicators of development and quality of life in cities: the case of Estarre-

5. Conclusões: o desafio da M.A.I.S Estarreja

Ao longo deste capítulo foi possível discutir algumas questões– o que são IDS? Porque precisamos deles? Para que servem efetivamente? Como construí-los? Como têm sido implementados em Portugal? –, importantes para a perceção do enorme poten- cial que os IDS têm a nível local, não somente como uma ferramenta técnica ou com uma ferramenta promotora de participação pública, mas sobretudo como uma ferramenta que capacita a governação local, os seus vários atores, estratégias e ações para o complexo desafio do desenvolvimento sustentável.

Foi igualmente possível perceber que os IDS são ferramentas ainda muito inci- pientes no território Português, cujo aparente desinteresse contrasta com a exponencial velocidade e o crescente volume que a informação vem adquirindo nos dias de hoje. A oportunidade, para os munícipios portugueses, de encarar este desafio como uma pedra basilar do desenvolvimento local para um futuro mais sustentável, não deve descurar os princípios de Bellagio e toda a aprendizagem em torno dos IDS pelo mundo fora.

Nesse sentido, a semente de um projeto como o M.A.I.S. Estarreja deve ser encarada, como a própria Estratégia “Cidades Sustentáveis 2020” (Resolução do Con-

selho de Ministros  n.º 61/2015, de 16 de julho) o enfatiza, como uma oportunidade para

promover sistemas locais de indicadores que ajudem a promover “a produção sistemá- tica, integrada e atualizada de informação sobre as cidades”, assegurando “uma base local sólida e atualizada de informação”, indipensável para “aprofundar o conhecimento e aprender a gerir melhor, de modo mais eficiente e integrado, os recursos territoriais existentes; tornar o território mais resiliente, promovendo a sua adaptação face à cres- cente exposição das dinâmicas da globalização e aos choques externos, sejam eles económicos ou climáticos; e prosseguir um modelo de desenvolvimento territorial mais sustentável” (p.5705). Numa perspetiva bem mais desafiadora, pretendemos reforçar uma ideia essencial que advém da necessidade de consolidar, nestes sistemas de in- dicadores, múltiplos saberes e tipos de conhecimento. Terminando com as palavras do

Papa Francisco (2015: p.49-50) em L’Audato Si: “se tivermos presente a complexidade

da crise ecológica e as suas múltiplas causas, deveremos reconhecer que as soluções não podem vir de uma única maneira de interpretar e transformar a realidade. É neces- sário recorrer também às diversas riquezas culturais dos povos, à arte e à poesia, à vida interior e à espiritualidade...nenhum ramo das ciências e nenhuma forma de sabedoria pode ser descurada”.

Dedicatória:

Ao Paulo Rosa, pelo exemplo de vida sustentável que nos deixa e que nos deve inspirar a continuar a zelar pelo ambiente, pela família, pela comunidade, por todos. A ele dedico todo o meu trabalho neste livro.

73

Referências bibliográficas

APA (Agência Portuguesa do Ambiente) (2007) Sistema de Indicadores de Desenvolvi-

mento Sustentável de Portugal, Lisboa: APA, Ministério do Ambiente e do Orde-

namento do Território.

Astleithner, A.; Hamedinger, A.; Holman, N.; Rydin, Y. (2004) Institutions and indicators – The discourse about indicators in the context of sustainability, Journal of Housing

and the Built Environment, 19, pp.7-24.

Bell, S.; Morse, S. (2003) Measuring Sustainability: Learning from doing, Londres: Earth- scan.

Bossel, H. (1999) Indicators for Sustainable Development: theory, methods, applications, Manitoba, Canada: International Institute for Sustainable Development.

Braat, L. (1991) The predictive meaning of sustainability indicators, in O. Kuik and H. Ver- bruggen (eds) In Search of Indicators of Sustainable Development, Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, pp.71-88.

Brugmann, J. (1997) Is there a method in our measurement? The use of indicators in local sustainable development planning, Local Environment, 20 (1), pp. 59-72.

Dryzek, J. (2005) The Politics of the Earth: Environmental Discourses, Oxford, UK: Oxford University Press, 2nd edition.

EEA (European Environmental Agency) (2015) The European environment — state and

outlook 2015: synthesis report, Copenhagen: European Environment Agency.

ESDN (European Sustainable Development Network) (2013) Planetary Boundaries for SD

– From an international perspective to national applications. ESDN Quarterly Re-

port Nº30, Vienna, Austria: European Sustainable Development Network (ESDN), available at: http://www.sd-network.eu/quarterly%20reports/report%20files/pdf/ 2013-October-Planetary_Boundaries_for_SD.pdf

Fraser, E.; Dougill, A.; Mabee, W.; Reed, M.; McAlpine, P. (2006) Bottom up and top down: Analysis of participatory processes for sustainability indicator identification as a pathway to community empowerment and sustainable environmental manage- ment, Journal of Environmental Management, 78, pp. 114-127.

Gahin, R.; Veleva, V.; Hart, M. (2003) Do Indicators Helps Create Sustainable Communi- ties?, Local Environment, 8 (6), pp. 661-666.

Gallopin, G. (1997) Indicators and Their Use: Information for Decision-Making. Part One – Introduction, in B. Moldan, S. Billharz and R. Matravers (eds) Sustainability Indica-

tors: report of the project on indicators of sustainable development, Chichester:

John Wiley and Sons, pp. 13-27.

Giovannini, E. and Linster, M. (2005) Measuring Sustainable Development: Achievements

and Challenges, paper presented at the Expert Group Meeting on Indicators of

Sustainable Development, United Nations Division for Sustainable Development, New-York, December 2005, available at: http://www.un.org/esa/sustdev/natlinfo/ indicators/egmIndicators/crp5.pdf

74

Gudmundsson, H. (2003) The policy use of environmental indicators—learning from evalua- tion research, Journal of Transdisciplinary Environmental Studies, 2(2), www.jour- nal-tes.dk

Guy, G. and Kibert, C. (1998) Developing indicators of sustainability: US experience, Buil-

ding Research and Information, 26 (1), pp. 39-45.

Hammond, A.; Adriaanse, A.; Rodenburg, E.; Bryant, D.; Woodward, R. (1995) Environmen-

tal Indicators: A Systematic Approach to Measuring and Reporting on Environ- mental Policy Performance in the Context of Sustainable Development, Washin-

gton, DC: World Resources Institute.

Hardi, P. and Zdan, T. (eds) (1997) Assessing Sustainable Development: principles in prac-

tice, Winnipeg: IISD (International Institution for Sustainable Development).

Hart, M. (1999) Guide to Sustainable Community Indicators, 2nd Ed., North Andover, MA: Hart Environmental Data.

Hezri, A. (2004) Sustainability indicator system and policy processes in Malaysia: a fra- mework for utilisation and learning, Journal of Environmental Management, 73, pp. 357-371.

Hezri, A. and Dovers, S. (2006) Sustainability indicators, policy and governance: Issues for ecological economics, Ecological Economics, 60, pp. 86-99.

Hoernig, H. and Seasons, M. (2004) Monitoring of indicators in local and regional planning practice: concepts and issues, Planning Practice and Research, 19 (1), pp. 81-99. Holman, N. (2009) Incorporating local sustainability indicators into structures of local gover-

nance: a review of the literature, Local Environment, 14 (4), pp. 365-375.

IISD (International Institute for Sustainable Development) (2000) City of Winnipeg Quality

of Life Indicators, Winnipeg: IISD.

Innes, J. E. (1990) Knowledge and Public Policy: The Search for Meaningful Indicators, 2ª Ed., New Brunswick: Transaction Publishers.

Innes, J. E. and Booher, D. (2000) Indicators for Sustainable Communities: A Strategy Buil- ding on Complexity Theory and Distributed Intelligence, Planning Theory and

Practice, 1 (2), pp. 173-186.

IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) (2013). Climate Change 2013: The

Physical Science Basis. Contribution of Working Group I to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change [T. F. Stocker, D. Qin,

G.-K. Plattner, M. Tignor, S. K. Allen, J. Boschung, A. Nauels, Y. Xia, V. Bex and P. M. Midgley (Eds.)]. Cambridge: Cambridge University Press, 1535 pp.

Jesinghaus, J. (1999) Indicators for Decision Making, European Commission, JRC/ISIS/ MIA, TP361, 1-21020 Ispra (VA), Italy.

Kline, E. (2000) Planning and Creating Eco-cities: indicators as a tool for shaping develop- ment and measuring progress, Local Environment, 5 (3), pp. 343-350.

Lyytimäki, J., Gudmundsson, H., SØrensen, C.H. (2014) Russian Dolls and Chinese Whis- pers: Two Perspectives on the Unintended Effects of Sustainability Indicator Com- munication. Sustainable Development. 22, 84-94.

75

MacAlpine, P. and Birnie, A. (2005) Is there a Correct Way of Establishing Sustainability Indicators? The Case of Sustainability Indicator Development on the Island of Guernsey, Local Environment, 10 (3), pp. 243-257.

Magalhães, P.; Aragão, A.; Bosselmman, K.; Steffen, W. (Eds.) (2016) The S.O.S. (Safe

Operating Space) Treaty – A New Approach to Managing the Earth System Use,

Cambridge Scholars Publishers.

Martins, R. C. (2013) O Ponto Cego do Direito: The Brazilian Lesson, São Paulo: Atlas, 3ªEd.

Miller, C. A. (2007) Creating Indicators of Sustainability: A Social Approach, Draft version, Winnipeg: IISD.

Moldan, B.; Billharz, S.; Matravers, R. (eds) (1997) Sustainability Indicators: report of the

project on indicators of sustainable development, Chicester: John Wiley and

Sons.

Moreno Pires, S. (2001) Sustainability Indicators and Local Governance in Portugal. Un- published PhD Dissertation, University of Aveiro, Portugal, http://ria.ua.pt/han- dle/10773/3647

Moreno Pires, S. (2012) Medir a Desmaterialização e o Desenvolvimento Sustentável: Os Indicadores e os seus Dilemas, REVCEDOUA, 29, pp. 9-37.

Moreno Pires, S. (2014) Indicators of Sustainability, in: Michalos, A.C. (Ed.) Encyclope- dia of Quality of Life and Well-Being Research. Springer, Dordrecht, Netherlands: Springer, pp. 3209-3214. ISBN 978-94-007-0752-8.

Moreno Pires, S. & Fidélis, T. (2012) ‘A proposal to explore the role of sustainability indi- cators in local governance contexts: the case of Palmela, Portugal’, Ecological

Indicators, 23, pp. 608-615. DOI: 10.1016/j.ecolind.2012.05.003

Moreno Pires, S.; Fidélis, T. (2014) Local Sustainability Indicators in Portugal: assessing implementation and use in governance contexts, Journal of Cleaner Production, DOI: 10.1016/j.jclepro.2014.08.002.

Moreno Pires, S., Fidélis, T. & Ramos, T.B. (2014) ‘Measuring and comparing local sustain- able development through common indicators: constraints and achievements in practice’, Cities, 39, pp. 1-9. DOI: 10.1016/j.cities.2014.02.003

Moreno Pires, S.; Magee, L.; Holden, M. (2016) Learning from community indicators move- ments: toward a citizen-powered urban data revolution, Environment and Planning

C: Government and Policy, Submitted for Publication.

Munda, G. (2005) ‘Measuring Sustainability’: A Multi-criterion Framework, Environment, De-

velopment and Sustainability, 7, pp. 117-134.

Niemeijer, D. and de Groot, R.S. (2008) Framing environmental indicators: moving from causal chains to causal networks, Environment, Development and Sustainability, 10 (1), pp. 89-106.

OCDE (1998) Towards Sustainable Development – Environmental Indicators, Paris: OECD. Papa Francisco (2015) Carta Encíclica Laudato Si’ do Santo Padre Francisco Sobre o

Cuidado da Casa Comum, http://w2.vatican.va/content/dam/francesco/pdf/en-

76

PASTILLE (2002) Indicators into Action – Local Sustainability Indicator Sets in Their Con-

text, PASTILLE Consortium, London: London School of Economics and Political

Science.

Pinfield, G. (1996) Beyond Sustainability Indicators, Local Environment, 1 (2), pp.151-163. Pintér L, Hardi P, Martinuzzi A, Hall J, 2012, “Bellagio STAMP: Principles for sustainability

assessment and measurement” Ecological Indicators 17 20-28

Planetary Boundaries Initiative (2015) http://planetaryboundariesinitiative.org/about-2/about- pbs/.

Pulselli, F. M.; Moreno Pires, S.; Galli, A. (2016) ‘The need for an integrated assessment

framework to account for humanity’s impact on the Earth System’, In: Magalhães,

P.; Aragão, A.; Bosselmman, K.; Steffen, W. (Eds.), ‘The S.O.S. (Safe Operating Space) Treaty – A New Approach to Managing the Earth System Use’, Cambridge: Cambridge Scholars Publishers, Ch10.

Rametsteiner, E.; Pülzl, H.; Alkan-Olsson, J.; Frederiksen, P. (2009) Sustainability indi- cator development – Science or political negotiation?, Ecological Indicators, doi:10.1016/j.ecolind.2009.06.009.

Ramos, T. (2009) Development of regional sustainability indicators and the role of aca- demia in this process: the Portuguese practice, Journal of Cleaner Production,

17(12), pp. 1101–1115.

Ramos, P. (2013) Torturem os números que eles confessam – Sobre o mau uso e abuso

das estatísticas em Portugal, e não só. Coimbra: Almedina.

Reed, M.; Fraser, E.; Morse, S.; Dougill, A. (2005) Integrating Methods for Developing Sus- tainability Indicators to Facilitate Learning and Action, Ecology and Society, 10 (1): r3.

Reed, M.; Fraser, E.; Dougill, A. (2006) An adaptive learning process for developing and applying sustainability indicators with local communities, Ecological Economics, 59, pp. 406-418.

Resolução do Conselho de Ministros  n.º 61/2015 , de 16 de julho, Estratégia «Cidades

Sustentáveis 2020», Diário da República n.º 155/2015, Série I, de 11 de Agosto. Disponível em: https://dre.pt/application/file/69977523.

Rockström, J.; Steffen, W.; Noone, K.; Persson, Å.; Chapin III, F. S.; et al., (2009) A safe operating space for humanity, Nature, 461, pp. 472–475.

Rosenström, U. (2006) Exploring the policy use of sustainable development indicators: In- terviews with Finnish politicians, Journal of Transdisciplinary Environmental Stu-

dies, 5 (1-2).

Rosenström, U. (2009) Sustainable Development Indicators: Much wanted, less used?, Monographs of the Boreal Environment Research, 33, Helsinki, Finland: Finnish Environment Institute.

Rosenström, U.; Mickwitz, P.; Melanen, M. (2006) Participation and empowerment-based development of socio-cultural indicators supporting regional decision-making for eco-efficiency, Local Environment, 11(2), pp. 183-200.

77

Rosenström, U and Kyllönen, S. (2007) Impacts of a participatory approach to developing national level sustainable development indicators in Finland, Journal of Environ-

mental Management, 84, pp. 282–298.

Sawicki, D.S. (2002) Improving Community Indicator Systems: Injecting More Social Scien- ce into the Folk Movement, Planning Theory and Practice, 3(1), pp. 13-32.

SCBD (Secretariat of the Convention on Biological Diversity) (2014). Global Biodiversity

Outlook 4. Montréal, Canada, 155 pages. ISBN- 92-9225-540-1.

Schlossberg, M. and Zimmerman, A. (2003) Developing Statewide Indices of Environmen- tal, Economic and Social Sustainability: a look at Oregon and the Oregon Ben- chmarks, Local Environment, 8 (6), pp. 641-660.

Scipioni, A.; Mazzi, A.; Zuliani, F.; Mason, M. (2008) The ISO 14031 standard to guide the urban sustainability measurement process: and Italian experience, Journal of Cle-

aner Production, 16 (12), pp.1247-1257.

Singh, R. K.; Murty, H. R.; Gupta, S. K.; Dikshit, A. K. (2009) An overview of sustainability as- sessment methodologies, Ecological Indicators, 9 (2), pp. 189-212.

Steffen, W., Broadgate, W., Deutsch, L., Gaffney, O., & Ludwig, C. (2015). The Trajectory of the Anthropocene: The Great Acceleration. The Anthropocene Review, 1–18. doi: 10.1177/2053019614564785.

Tasser, E.; Sternbach, E.; Tappeiner, U. (2008) Biodiversity indicators for sustainability mo- nitoring at municipality level: an example of implementation in an alpine region,

Ecological Indicators, 8 (3), pp. 204-223

UN (United Nations) (1992) Agenda 21, https://sustainabledevelopment.un.org/content/ documents/Agenda21.pdf

UN (United Nations) (2015) Transforming our world: the 2030 Agenda for Sustain-

able Development, http://www.un.org/ga/search/view_doc.asp?symbol=A/

RES/70/1&Lang=E

UNEP (United Nations Environment Programme) (2012). Global Environmental Outlook 5

(GEO5). ISBN: 978-92-807-3177-4.

Vaz, P; Coelho, P; Mascarenhas, A.; Beja, I.; Subtil, E.; Dores, A.; Calixto, V.; Ramos, T. (2007) Indicadores de Desenvolvimento Sustentável do Algarve – um sistema baseado na participação pública, presentation at the International Seminar on

Sustainable Development Indicators, October 2007, Algarve.

Wong, C. (2006) Indicators for Urban and Regional Planning: The interplay of policy and

methods, Oxon, UK: Routledge.

Yli-Viikari, A. (2009) Confusing messages of sustainability indicators, Local Environment, 14 (10), pp. 891-903.

78

1. Introdução

Aquilo que procuraremos demonstrar neste capítulo é que o dever de prosseguir o desenvolvimento sustentável enquanto objetivo social coletivo, que incumbe tanto aos poderes públicos como aos atores sociais, evoluiu de uma fase inicial de mera proclama- ção legal para a fase atual, em que o grau de cumprimento do dever de contribuir para o desenvolvimento sustentável é suscetível de controlo e o incumprimento do dever pode até ser sancionado. Neste contexto, as ações instauradas contra os governos, em nome das gerações futuras, na Europa1 e nos Estados Unidos2 mostram que algo está a mudar. O dever jurídico3 de controlar o cumprimento da obrigação de promover ativa- mente a sustentabilidade4 materializa-se através do recurso a ferramentas de monito- rização aplicáveis a diferentes níveis de governação, e muito especialmente ao nível local. Mostraremos como a monitorização com certas características (sistematicidade, objetividade, comparabilidade, etc.) e com recurso a indicadores adequados, é já um dever transversal ao ordenamento jurídico.

Apesar de não existir no ordenamento jurídico português, uma lei geral de en- quadramento das ações de monitorização do desenvolvimento sustentável, verificámos, a partir da análise legislativa, que a monitorização é um dever omnipresente, regulamen- tado com elevado grau de detalhe na legislação ambiental.

Por fim, através de um processo indutivo, partindo da legislação ambiental, sis- tematizaremos o conteúdo ideal do dever de monitorização ambiental5, as vantagens da monitorização6 e os princípios7 inerentes à monitorização.

1 Mais concretamente na Holanda, onde em 2015 o Tribunal de Haia condenou o governo dos Países Baixos

por não fazer o suficiente para combater as alterações climáticas (mais informações em http://www.urgenda. nl/en/climate-case/). Uma análise mais detalhada do caso pode ser encontrada em Alexandra Aragão, “O ABC da justiciabilidade do dever de prevenir as alterações climáticas. Início do fim da irresponsabilidade coletiva?”,

RevCEDOUA, n 35, ano XVIII, 1, 2015, p.109 a 126.

2 A descrição do processo judicial instaurado por jovens contra o governo Norte-americano, em 2016, no Tribu-

nal de Oregon (ainda sem decisão final), pode ser encontrada em http://ourchildrenstrust.org/us/federal-lawsuit.

3 Sobre o contributo do Direito para a sustentabilidade ver a obra editada por Benjamin J. Richardson e Stepan

Wood, Environmental Law for Sustainability, Hart, Oxford, 2006.

4 No contexto do presente trabalho utilizaremos “desenvolvimento sustentável” e “sustentabilidade” como

sinónimos.

5 Sub-capítulo 6.1. 6 Sub-capítulo 7.1. 7 Sub-capítulo 7.2.

79

Outline

Documentos relacionados