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Chapter 11 gives special attention to the issue of air quality “Air quality, exposure and health, as indicators of development and quality of life in cities: the case of Estarre-

5. A limitação do segredo estatístico conclusões

O Estado tem hoje o dever de manter um Sistema Estatístico Nacional.

Uma tal informação tem por objetivo dotar os poderes públicos de dados rele- vantes para uma decisão eficiente, eficaz, e munir os privados de coordenadas que lhes permitam fazer opções, mas também participar na vida pública. Entre os fins privados relevantes encontram-se a investigação científica, pelo interesse público que também lhe subjaz.

A informação, já trabalhada, enquanto informação estatística, deve ser livremen- te disponibilizada, no cumprimento da função estadual de fornecimento de informação relevante a cidadãos e empresas, sendo, igualmente, livremente acessível aos diversos atores públicos, para o exercício de funções, incluindo de investigação científica.

Por outro lado, a divulgação da informação estatística administrativa deve ter lugar realizando o dever que impende sobre as entidades públicas de libertar informa- ção relativa à sua organização, procedimentos e atividade, tornando transparente a sua actuação, e possibilitando um exercício esclarecido de participação aos administrados, nomeadamente em matéria ambiental.

Significa isto que a invocação do segredo estatístico não pode servir para coarc- tar o direito de informação relativo, por exemplo, a registos estatísticos atinentes a enti- dades públicas que, identificando a entidade coletiva pública, não identifiquem pessoas singulares ou coletivas.

Estes deveres de transparência, concretizadores do direito de informação adminis- trativa, de receber e de dispor de informação, das pessoas singulares e das pessoas co- letivas privadas, esbarram, todavia, em certa medida, com o dever de segredo estatístico. Mas o dever de segredo a que estão obrigadas as entidades estatísticas, que

43 Ohm refere-se a 5 factores: “data-handling techniques”, “private versus public release”, “quantity”, “motive”,

“trust”. Ohm, P. (2010). Broken Promises of Privacy: Responding to the Surprising Failure of Anonymization,

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obriga a que não seja divulgada a identidade das pessoas singulares titulares dos dados que tenham servido de base às operações estatísticas, ou das pessoas coletivas priva- das, não pode ser entendido como limite absoluto ao acesso à informação, mas apenas na estrita medida em que implique o conhecimento das unidades estatísticas.

E mesmo nestes casos, circunstâncias há, como vimos, que justificam que possa ser levantado o segredo estatístico, cumpridos que sejam requisitos especiais de proteção.

A evolução tecnológica, e a crescente importância e necessidade de informação, também identificadora de unidades estatísticas, determinarão, no futuro, que venha a ser necessário procurar critérios que se revelem operacionais para o necessário equilí- brio entre segredo e utilidade da informação, nomeadamente para fins de investigação científica.

Neste campo, as soluções europeias, nos casos em que não sejam, ainda, dire- tamente aplicáveis às estatísticas internas, deverão servir de guia em futuras reformas do segredo estatístico.

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1. Introdução

O conceito de Desenvolvimento Sustentável (DS) é complexo e envolve diferen- tes objetivos, conteúdos, abordagens, contextos, aspirações e desejos. A sustentabilida- de para poder ser gerida e comunicada necessita de ser avaliada. Existem muitas formas de medir e avaliar o DS, dependendo do objeto de avaliação e do público alvo, incluindo decisores, técnicos, académicos e público em geral. Apesar de terem proliferado diferen- tes métodos e abordagens, os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS) têm sido um dos instrumentos de avaliação mais utilizados no contexto internacional, diri- gindo e apoiando o processo de recolha, processamento e utilização da informação; os indicadores têm facilitado a monitorização da sustentabilidade, desde a escala do indiví- duo, passando pela escala local, organizacional, nacional até à escala global, bem como apoiado a comunicação com as partes interessadas e apoiado os processos de decisão associados a políticas, planos, programas, projetos e atividades económicas setoriais.

Contudo, os conceitos e métodos associados a IDS anda são alvo de controvér- sia e manipulação, existindo frequentes utilizações e interpretações abusivas e inade- quadas, a par com poucos esforços de validação (Meul et al., 2009), incluindo análise de robustez e de sensibilidade dos resultados. É assim imperioso questionar a eficiência e eficácia dos IDS, num esforço de avaliação da avaliação produzida pelos indicadores – a meta-avaliação –, apoiando a análise dos resultados e impactes atingidos versus os objetivos pré-definidos.

O principal objetivo deste trabalho foi propor um modelo concetual para desen- volver e avaliar o desempenho de sistemas de indicadores de sustentabilidade. Os siste- mas de IDS não incluem normalmente a avaliação da eficácia deles próprios, e os seus resultados e impactes reais são frequentemente desconhecidos. O modelo desenvolvido é apoiado por uma lista de fatores-chave e indicadores de meta-desempenho, que per- mite implementar na prática o instrumento proposto. Este trabalho corresponde a uma versão adaptada para português e atualizada de um artigo publicado pelos mesmos autores (Ramos e Caeiro, 2010).

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2. Revisão de iniciativas de meta-avaliação do desempenho de indica-

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