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Chapter 11 gives special attention to the issue of air quality “Air quality, exposure and health, as indicators of development and quality of life in cities: the case of Estarre-

1. A informação estatística oficial

1.1. A informação estatística oficial – constituída por informações quantitativas e qualitativas, agregadas e representativas que caracterizam um fenómeno coletivo numa

dada população4 - é produzida pelo Sistema Estatístico Nacional, de que o Instituto

Nacional de Estatística (INE) é a entidade principal, seguindo um conjunto de métodos, técnicas e procedimentos para produção e difusão de estatísticas5.

2 Veja-se, por exemplo, o que se refere no artigo 18.º, n.º 3, alínea f), da LSEN. O Eurostat é a autoridade

estatística europeia. A Decisão da Comissão 504/2012, de 17 de setembro de 2012, fixa o seu papel e respon- sabilidades. O Regulamento (CE) do Parlamento Europeu e do Conselho 223/2009, de 11 de março, respeita às estatísticas europeias, e foi modificado pelo Regulamento (UE) 759/2015 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de abril.

3 A Diretiva do Parlamento e do Conselho 2007/2/CE, de 14 de março, conhecida por Diretiva Inspire (INfras-

tructure for SPacial InfoRmation in Europe), criou a infraestrutura de informação geográfica. Foi transposta pelo

Decreto-Lei n.º 180/2009, de 7 de agosto, modificado pelo Decreto-Lei n.º 84/2015, de 21 de maio. Sobre o assunto pode ler-se: Aragão, A. (2014). Uma Europa Inspiradora: Sustentabilidade e Justiça Territorial através dos Sistemas de Informação Geográfica. Boletim de Ciências Económicas, Vol. LVII, Tomo I, Coimbra, p. 493 e ss..

4 Na noção do artigo 3.º, n.º 1, do Regulamento (CE) 223/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de

março, relativo às estatísticas europeias, modificado pelo Regulamento (UE) 759/2015 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de abril.

5 O INE pode delegar as suas competências para produção e divulgação de estatísticas oficiais noutras entida-

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O serviço público de produção e divulgação de estatísticas tem como objetivo fundamental de interesse público servir a decisão política e administrativa, mas também apoiar a realização das atividades, designadamente económicas e científicas, por parte dos operadores privados.

As informações estatísticas nacionais alimentam, também, sistemas estatísticos supranacionais (como o Eurostat, serviço de estatísticas da União Europeia), nomea- damente, dando cumprimento às cada vez mais exigentes obrigações estatísticas euro- peias, com peso no desenvolvimento das políticas europeias6.

No estudo global em que este texto se insere, interessa-nos olhar para os dados estatísticos pela sua importância enquanto elementos a ter em conta na construção de indicadores de desenvolvimento sustentável. Estes indicadores são ferramenta para a gestão, monitorização e avaliação da sustentabilidade, e de grande importância para diferentes níveis de decisão estratégica.

O objetivo da recolha e tratamento da informação a ser utilizada na definição dos indicadores de desenvolvimento sustentável, de significativo interesse público, é o da melhoria da qualidade das decisões estratégicas na gestão da sustentabilidade, com reflexo nas políticas, planos e programas, auxiliando a decisão a níveis variados.

1.2. A par da informação estatística oficial, um outro importante conjunto de in-

formações estatísticas resulta de investigações científicas variadas, designadamente as produzidas em meio universitário ou outras instituições de ensino superior, bem como em organizações de investigação científica reconhecidas. A atividade de investigação científica requer, ela própria, frequentemente, acesso a dados estatísticos oficiais para realização de concretos projectos científicos. Importa, por isso, verificar em que con- dições podem as informações estatísticas ser libertadas para esta outra finalidade de interesse público.

1.3. Os dados utilizados na construção da informação estatística oficial são dire-

ta ou indiretamente obtidos para fins estatísticos. Podem ser dados recolhidos com um fim estatístico primário, pelas diversas entidades que compõem o Sistema Estatístico Nacional. Noutros casos, os dados que vêm a ser tratados para fins estatísticos foram, primariamente, recolhidos por entidade diversa, para finalidades distintas, não estatísti- cas, sendo, posteriormente, comunicados e tratados para fins estatísticos, pelo Sistema Estatístico Nacional. Estes fins estatísticos são considerados como sendo não incom- patíveis com as finalidades de tratamento inicialmente previstas para as informações7. 6 O Código de Conduta para as Estatísticas Europeias, adotado pelo Comité do Sistema Estatístico Europeu,

em 28 de setembro de 2011, estabelece princípios institucionais e organizacionais importantes para a eficiência e credibilidade do Sistema Estatístico: independência profissional, mandato para recolha de dados, adequa- ção de recursos, compromisso de qualidade, confidencialidade, imparcialidade e objetividade da informação estatística.

7 Assim, por exemplo, na legislação europeia de proteção de dados (art. 5.º, n.º 1, alínea b), do Regulamento

(UE) 2016/679, de 27 de abril, relativo à proteção de pessoas singulares no que diz respeito ao tratamento de dados pessoais e à livre circulação desses dados). Para esta outra finalidade as características do tratamento podem variar, por exemplo, quanto ao período de conservação (Regulamento, artigo 5.º, n.º 1, alínea e).

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Exemplo importante de dados inicialmente tratados para fim diverso dos fins es- tatísticos - por isso, diferente da finalidade original de recolha e tratamento - é o dos da- dos administrativos, obtidos junto de entidades do sector público, sobre pessoas singu- lares ou coletivas, por exemplo no âmbito de procedimentos administrativos variados8. A sua utilização para fim estatístico tem a vantagem de libertar o titular dos dados do dever específico de resposta à entidade estatística, diminuindo a carga sobre o respondente, e constitui um dos grandes objetivos da simplificação administrativa. Porque estes dados, em princípio, na ausência de disposição legal, ou de autorização da Comissão Nacional de Protecção de Dados (no caso de respeitarem a pessoas singulares), só poderiam ser tratados para a finalidade previamente estabelecida, o n.º 2 do artigo 4.º da Lei que cria o Sistema Estatístico Nacional fixa uma autorização genérica, determinando que o apro- veitamento de dados administrativos para fins estatísticos oficiais deve ser considerada uma (outra) finalidade determinante da sua recolha.

1.4. A informação estatística constitui-se mediante recolha e tratamento, de acor-

do com métodos, técnicas e procedimentos estatísticos, da informação obtida junto de pessoas singulares, bem como de entidades públicas e privadas.

Os dados utilizados na produção das estatísticas resultam, em grande parte, do cumprimento de deveres de prestação de informação, ou de contas, das pessoas singulares ou demais entidades privadas, perante as autoridades estatísticas ou outras entidades públicas.

São muito diversificados os exemplos de deveres legais de prestação de infor- mação perante entidades públicas que oneram privados, para os mais variados efeitos, mas também para fins estatísticos. No caso dos indivíduos, pense-se, desde logo, na obrigatoriedade de resposta aos inquéritos de recenseamento da população, exemplo de dados directamente recolhidos para fins estatísticos. Relativamente a pessoas cole- tivas privadas, é exemplo o dever de transmissão dos dados que integram a Informação Empresarial Simplificada, que agrega num único acto o cumprimento de obrigações de prestação de contas, bem como de comunicação de informação contabilística, fiscal, e informação especificamente recolhida para fins estatísticos9.

Em qualquer caso, uma norma genérica, prevista no artigo 4.º da LSEN determi- na que as autoridades estatísticas nacionais “podem exigir o fornecimento, com carácter obrigatório e gratuito, a todos os serviços ou organismos, pessoas singulares e coletivas, de quaisquer elementos necessários à produção de estatísticas oficiais e estabelecer a recolha de dados que, ainda que não relevantes para a atividade específica das entida- des obrigadas ao seu fornecimento, revistam importância estatística”.

8 O aproveitamento estatístico dos dados administrativos também está previsto na legislação europeia. Veja-se

a Decisão da Comissão 504/2012, de 17 de setembro, relativa ao Eurostat, no artigo 9.º, acerca do acesso aos registos administrativos da União.

9 O Decreto-Lei n.º 8/2007, de 17 de janeiro, alterado pelos Decretos-Lei n.os 73/2008, de 16 de abril, 116/2008,

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As respostas a todas estas obrigações legais de prestação de informação cons- tituem matéria prima para fins estatísticos.

A obrigatoriedade do fornecimento desta informação tem como contrapartida, como observámos anteriormente, um dever de sigilo por parte de quem a recolhe e trata para fins estatísticos. Estes deveres legais de prestação de informação, cujo incumpri- mento pode, nos termos da lei, dar lugar à aplicação de sanções10, são justificados pelos interesses relevantes prosseguidos com a informação estatística divulgada.

1.5. Parte da informação estatística tem por objetivo auxiliar os poderes públicos

no exercício eficaz e eficiente das suas tarefas. A eficácia ou efectividade da acção ad- ministrativa (a concretização do fim previsto), e racionalização de meios a utilizar pela Administração em função do fim (benefício) procurado, integram os princípios constitu- cionais estruturantes orientadores da Administração Pública11.

É, por exemplo, o que sucede quando as informações contribuem para uma cui- dada ponderação tendo em vista a decisão em matéria de relevo para o desenvolvimento sustentável, a protecção do ambiente e dos recursos naturais. Tais desideratos estão também, aliás, constitucionalmente previstos12.

A produção e divulgação de estatísticas, quando relativas à atividade pública, é, igualmente, uma forma transparente de exercício da função administrativa, ao serviço dos administrados que, em virtude dela, podem conhecer, e assim participar activamen- te, na definição das políticas públicas e na formação das decisões administrativas13.

Mas a estatística, ao serviço dos cidadãos e das pessoas coletivas privadas, é, também, crucial para o desenvolvimento da atividade privada, com ou sem fins lucrativos. Neste âmbito, a utilização da informação estatística – não apenas dos resultados, mas, muitas vezes, de dados relacionados com cada uma das unidades estatísticas – cumpre, ainda, uma importante função ao alimentar a investigação e o progresso científicos.

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