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A TRANSIÇÃO DE PARADIGMAS E A LUTA SOCIAL NO CAMPO

No documento EDUC A ÇÃO DO CAM PO E F (páginas 189-195)

Residência Agrária

A TRANSIÇÃO DE PARADIGMAS E A LUTA SOCIAL NO CAMPO

Teorias, doutrinas e ideologias costumam tecer entre si intrin- cadas relações, a partir das dinâmicas sociais de onde emergem, e para onde retornam as concepções por elas forjadas. Estes sistemas de idéias apresentam nuances específi cas ao resistirem ou aderirem às forças trans- formadoras que colocam novas questões e desafi am os paradigmas cien- tífi cos, revelando seus limites ou possibilidades, ao reafi rmar ou superar os próprios erros e ilusões.

Pela inserção social que apresentam, é comum que teorias se trans- formem em doutrinas, ou seja, em sistemas de idéias fechados sobre si mes- mos, há muito mais interessados em se adequar às regras dos jogos de poder dominantes do que em reconhecer os pontos cegos de suas verdades.

Na luta política por um reconhecimento da importância do campo num projeto de nação, a necessidade de uma razão científi ca aber- ta às contradições da dinâmica social é fundamental para que o pensamen- to político possa dialogar entre a ideologia e a ciência, na direção da construção de novas referências de pensamento e ação.

A construção de um novo paradigma implica numa transforma- ção profunda nas regras de organização das relações sociais e nas relações de sentido que fundamentam os projetos de sociedade (Cf. MORIN, 1992).

Uma das pré-condições para que um processo de transição para um novo paradigma de desenvolvimento rural se ponha em curso é a formação de sujeitos capazes de visão crítica a respeito do padrão subja- cente que se quer transformar: o modelo de desenvolvimento social do- minante, que pauta as prioridades para a pesquisa científi ca, para a lógica da produção econômica, para o mercado de trabalho e de produtos, e para as relações de inserção no mercado globalizado. Este modelo implica em algumas escolhas e premissas anteriores que determinam o padrão pelo qual se defi nem os projetos, organizando a forma com que se pensam as categorias que constroem as propostas de ação.

Tal visão crítica só pode emergir da confl uência entre as con- tradições da luta social e o desafi o de projetar uma visão de transformação social. A função do pensamento crítico é precisamente identifi car o modo oculto com que as regras do paradigma dominante organizam nosso pen-

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tões rurais iriam desaparecer do âmbito de preocupação dos pesquisado- res. Essa tendência, que remonta à sociologia clássica, Marx inclusive (cf. Godelier, 1969, 1973), fundamenta-se no princípio paradigmático evolu- cionista que orientou as ideologias e teorias sobre o avanço linear das forças produtivas, sobre a hierarquização entre o urbano e o rural, a des- qualifi cação e superação do arcaico, e a hegemonia desenvolvimentista do industrialismo e da urbanização capitalistas em escala planetária.

A partir da década de 1990 uma modifi cação nessa tendência aponta para um interesse renovado do sistema do capital na revitalização do espaço rural, tendo em vista colocá-lo numa nova embalagem (o “novo rural”), mais palatável à expansão do mercado capitalista. Nesse sentido, começa a emergir uma valorização da especifi cidade do modo de vida rural e o reconhecimento das diferenças e complementaridades entre o rural e o urbano, porém sempre atreladas aos modelos da expansão capi- talista do primeiro mundo.

É assim que nos países avançados a ruralidade é dissociada das questões estritamente agrícolas e re-signifi cada de diferentes formas, como lugar de residência, como espaço de atividades não-agrícolas (fala-se da “pluriatividade” dos agricultores, no sentido de que eles já não preci- sam dedicar-se apenas à agricultura), e como paisagem natural e cultural, re-valorizada diante da forte degradação ambiental causada pela agricul- tura capitalista138.

É muito importante que se possa identifi car a origem sócio- histórica desses discursos, se se quer construir alternativas contra-hege- mônicas aos impactos do desenvolvimento capitalista no campo. Ao dis- seminar o paradigma do capitalismo avançado, os processos da globaliza- ção tendem à homogeneização e à destruição das especifi cidades socioe- conômicas e culturais, regionais e locais, e essas intencionalidades se projetam nos discursos teóricos e ideológicos como idéias que passam a circular como verdades científi cas.

Da mesma forma que as idéias sobre o rural, também o con- ceito de campesinato apresenta uma tendência histórica a prever a sua extinção, na subjugação pelo sistema do capital. Existem, porém, reto- madas contemporâneas signifi cativas no âmbito do pensamento social, no sentido de uma revisão crítica dessas tendências139. Todos estes estu-

dos apontam para uma tentativa de captar o sentido de uma racionalida- de de organização sócio-econômica própria do campesinato, a partir de

138. Para maiores detalhes sobre esse histórico ver Ferreira, 2002.

139. Para uma referência minuciosa sobre as tendências do campo de estudos da questão camponesa, consultar, entre outros, Carvalho, 2005.

avance na transição de paradigmas, no projeto de campo e de sociedade no Brasil.

As experiências desencadeadas nas diversas Universidades pú- blicas mobilizadas pelo PRA devem ser entendidas, pois, a partir dos confl itos e contradições que fazem circular entre o contexto da luta social no campo e o contexto de produção do pensamento científi co.

Primeiro porque, em si mesmas, elas acontecem na continui- dade de momentos anteriores em que muitas dessas Universidades já atuaram como parceiras na construção do campo acadêmico da Educação do Campo. E, também, porque a realização do PRA interfere e transforma esse fl uxo histórico, acrescentando novas questões teórico-práticas, e potencializando a relação entre as Universidades e o contexto da luta so- cial no campo.137

Essa confi guração teórica e política impõem uma revisão crítica da relação entre as teorias científi cas e a prática social onde se forjam e se fortalecem ideologias contra-hegemônicas, e a construção de conceitos- chave capazes de ter efi cácia como instrumentos de luta político-ideoló- gica na academia e na prática social.

Um desses conceitos-chave é, sem dúvida, a noção de campe- sinato, que remete a uma história de transformações sociais pelas quais chegamos contemporaneamente à constatação da continuidade histórica da questão camponesa, transmutada em “Agricultura Familiar”. Neste sentido, a discussão sobre os diversos aspectos levantados no debate sobre esse conceito e a construção de uma compreensão crítica sobre sua perti- nência para a luta social no campo seria uma contribuição relevante na continuidade das experiências do PRA.

É com essa intencionalidade que trazemos aqui a discussão da questão camponesa, destacando a centralidade do conceito de campesina- to para a compreensão do papel da luta dos povos do campo, na dinâmica das relações sociais que o sistema do capital vem impondo à lógica da produção rural.

Entre as décadas de 1970-80, a idéia que circulava no pensa- mento social dos países de capitalismo avançado a respeito do rural era a de seu progressivo desaparecimento, em função dos processos de urbani- zação e da industrialização da agricultura. Nas Ciências Sociais praticadas nesses países, pensava-se que a industrialização viria a autonomizar a produção de alimentos em relação à sua base natural direta, e que as ques-

137. Para uma referência sobre a produção acadêmica na área da Educação do Campo, vejam-se os resultados do I Encontro Nacional de Pesquisa em Educação do Campo, realizado em 2005 em Molina (2006), e os documentos produzidos no II Encontro, realizado em agosto de 2008, na Universidade de Brasília.

específi co com que, em cada situação histórica, eles se articulam com os de- mais domínios da organização social (cf. Godelier, 1966).

Em sentido estrito, o econômico corresponde às relações sociais entre os homens na produção de suas condições materiais de existência141.

Todas as demais relações daí decorrentes, como as relações de mercado, por exemplo, são secundárias, não no sentido de menos importantes, mas no sentido de logicamente subordinadas.

O conceito de modo de produção, no sentido estrito, nos permi- te compreender as relações técnicas e sociais que determinam a forma pela qual as forças produtivas de uma dada sociedade são apropriadas no proces- so de produção. São essas relações que determinam a produção e circulação dos bens materiais numa sociedade, num dado momento histórico.

Vemos assim que, no sentido estrito, o domínio do econômico diz respeito às relações dos homens entre si, em dois níveis: em sua rela- ção com a natureza, mediada por um conhecimento técnico específi co (relações de trabalho) e a partir do acesso aos meios de produção e ao produto fi nal do trabalho (relações de produção).

Mas, como o econômico, no sentido estrito, aparece apenas como um dos domínios ou instâncias da vida social, tudo isso deve ser visto, também, em sua intima conexão com outros domínios de relações (políticas, ideológicas, religiosas, jurídicas, familiares, etc.). O conjunto dessas articulações forma o conceito de modo de produção no sentido amplo, ou seja, a lógica das relações pelas quais os homens produzem a totalidade de sua existência coletiva, a qual, por sua vez, materializa-se numa formação social histórica e territorializada.

É por isso que, para compreendermos o sentido das relações econômicas, não basta considerar apenas o seu sentido estrito. Nas socie- dades ocidentais onde o sistema do capital se desenvolveu historicamente como a lógica econômica dominante, esta aparece, como demonstrou Marx, como uma instância determinante das demais relações sociais.

Isto faz com que exista uma tendência no pensamento ociden- tal a tratar como natural e inevitável a determinação da dimensão econô- mica sobre o conjunto da sociedade, aceitando-se como inquestionáveis a lógica e os valores daí decorrentes. Porém, podemos constatar que, entre todas as formas históricas de produção social já vividas pela espécie hu- mana, o sistema do capital é o único onde as relações de produção apare- cem como puramente econômicas, já que aí o acesso aos meios de pro-

141. A construção teórica da discussão da questão camponesa aqui apresentada utiliza conceitos da teoria marxiana, no sentido da abordagem do próprio Marx (1973 e 1975). Os pontos levantados mais adiante sobre a lógica camponesa tomam como referência as obras de Tepicht (1973), Galeski (1972), Shanin (1971) e Chayanov (1966 e 1974).

situações muito particulares e específi cas, histórica e territorialmente constituídas.

A noção de campesinato pode ser rastreada num continuum his- tórico que vai desde os debates sobre a dinâmica agrária da pré-revolução russa, sobre as relações entre campesinato e capitalismo (ver as posições divergentes de Kautsky, 1974 e Chayanov, 1974 a esse respeito), passando pelos estudos da sociologia francesa das décadas de 1970 e 1980 sobre o campesinato europeu, e os estudos de Tepicht (1973) sobre o campesina- to polonês na década de 1970, até as tipologias recentes baseadas em cri- térios de viabilidade econômica e social, que adotam os termos “Agricul- tura Familiar”, “agricultor de subsistência”, ou “pequeno produtor” para designar as formas que essa agricultura assume nas sociedades modernas (cf. WANDERLEY, 1999).

O esforço de discussão da questão camponesa não se refere, por- tanto, a uma intenção de identifi car na realidade brasileira um grupo social que encarne perfeitamente a abstração construída no conceito de campesi- nato, nem de negar a sua existência dentro da precisão que o conceito indi- ca. Refere-se à necessidade política, ideológica e teórica de uma clareza conceitual a respeito da racionalidade que desejamos impor ao processo de construção da sociedade brasileira, por meio da luta dos povos do campo. Esta é a intencionalidade da discussão teórica da questão camponesa.

A multiplicidade de sentidos e de situações concretas de orga- nização socioeconômica que a questão camponesa abrange na realidade rural brasileira integra, desde as formas tradicionais de campesinato que surgiram no processo de formação histórica, até as formas recentes decor- rentes da luta pela terra, como os acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária.

Superando o economicismo

Uma primeira questão na construção do conceito de campesinato é que ele não pode ser considerado como um conceito estritamente econô- mico140. Ao questionarmos o modo pelo qual o econômico costuma ser en-

tendido como um domínio autônomo da organização social, e ao perguntar- mos sobre sua articulação com outros domínios, podemos constatar que, na verdade, os sistemas econômicos nunca são autônomos. As transformações e variações das condições estruturais e históricas de surgimento, reprodução e desaparecimento dos sistemas econômicos são determinadas pelo modo

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acionadas para suprir a necessidade de trabalho temporário costumam basear-se nas relações de pertencimento comunitário que extrapolam a dimensão puramente econômica, como o próprio parentesco expandido para além do grupo doméstico, as relações de compadrio e de vizinhança, em formas culturais como o mutirão. Isto não impede, porém, que nas relações mais estritamente produtivas, a lógica de mercado seja utilizada como referência para regulamentar esse tipo de complementação da força de trabalho doméstica, como é o caso da chamada “troca de dias de traba- lho”, que pode ser traduzida numa lógica mercantil do valor da diária de trabalho, seja para a troca direta em trabalho ou simplesmente no paga- mento monetário.

A unidade familiar compartilha um modo de vida cultural com uma coletividade maior com a qual mantém laços sociais determinados por uma diversidade de códigos culturais: parentesco, vizinhança, base territorial, identidade ancestral, religiosidade, representações de mundo, ética e moral, etc. Assim, a reprodução do modo de produção camponês no sentido estrito depende da reprodução dessas regras.

Não se trata, portanto, de uma variação da lógica da relação entre capital e trabalho, lucro e salário. Trata-se de um grupo doméstico ancorado num fundamento cultural, que atua coletivamente no sentido de garantir sua reprodução física e social, obtendo os seus meios de sub- sistência com sua força coletiva de trabalho e seus meios de produção e, onde as decisões sobre a produção e o consumo são tomadas por esse mesmo coletivo.

Neste sentido, muitos autores enfatizam a importância de se com- preender a racionalidade do cálculo econômico camponês, diferenciando-o da racionalidade capitalista. Para a compreensão sobre o modo pelo qual a unidade familiar distribui o produto do trabalho coletivo, tem relevância discutir a relação entre subsistência e mercado (cf. GODELIER, 1966).

É necessário superar a noção corrente de subsistência, que apa- rece nas análises sobre o sistema camponês, já que é utilizada no sentido da lógica do capital como oposta ao mercado, que seria a relação determi- nante da economia. Ou seja, a idéia que aparece nas conclusões sobre um suposto “isolamento do campesinato”, é de que o produto só se realiza plenamente no valor de mercado. Esta visão não consegue perceber a racionalidade camponesa, onde autoconsumo e comercialização apresen- tam um outro modo de articulação: a subsistência não se opõe ao merca- do, mas signifi ca um cálculo econômico que prioriza as necessidades sociais de reprodução física e social do grupo doméstico, podendo incluir relações de mercado (Cf. GARCIA JR., 1983).

dução se dá por meio de relações estritamente econômicas, entre capital e trabalho, excluindo-se qualquer outro tipo de vínculo social entre os agentes econômicos.

A racionalidade camponesa

Mas, não é esse o caso do campesinato. Para além da diversida- de de situações com que o sistema camponês se apresenta, é importante que alguns pontos comuns possam ser detectados e permitam que a di- versidade seja compreendida na unidade do conceito de campesinato.

O modo de produção da economia camponesa, no sentido es- trito, tem por base relações de produção que não são originalmente eco- nômicas. Na maioria dos estudos que se dedica à construção desse con- ceito, considera-se como elemento básico necessário para uma defi nição rigorosa da especifi cidade da economia camponesa a existência de uma unidade de produção e de consumo composta pelo grupo doméstico. Este, por sua vez, está sempre integrado a uma organização social ou co- munidade específi ca que lhe confere o sentido cultural identitário e a base de relações coletivas para sua reprodução ampliada. Nesse sentido, a ra- cionalidade camponesa é um complexo de regras que atravessa as múlti- plas dimensões da vida coletiva.

Este ponto indica a necessária autonomia de auto-organização do grupo doméstico, que planeja segundo sua capacidade de controle direto da unidade produtiva, para combinar os recursos disponíveis no sentido de sua auto-reprodução, segundo necessidades de consumo so- cialmente defi nidas.

Dessa forma, no padrão de reprodução do grupo doméstico está embutida a reprodução de formas culturais e saberes específi cos, gerados e transmitidos no seio de uma cultura e de uma rede de relações sociais, ter- ritorializada num domínio ecológico de recursos naturais compartilhados. A unidade doméstica é um grupo corporado que articula a ati- vidade produtiva e o atendimento às necessidades de consumo. Não coincide, necessariamente, com a família nuclear, mas pode assumir for- mas diversas, mais ou menos extensas, dependendo das regras de paren- tesco específi cas de cada sociedade. É o sistema de parentesco que deter- mina as relações internas da unidade econômica, a força de trabalho dis- ponível e as regras de divisão do trabalho segundo o número de membros e a composição por sexo e idade.

Quando o processo técnico inclui etapas que exigem maior esforço de trabalho do que o disponível no grupo doméstico, as regras

comportando tendências de proletarização e/ ou capitalização crescen- tes, de acordo com as transformações na divisão social do trabalho na sociedade global e o modelo de desenvolvimento rural adotado nas políticas públicas para o campo.

O ponto-chave desta questão é a distinção entre o controle di- reto dos meios de produção (basicamente terra, no sentido de ecossiste- ma, os chamados “recursos naturais”), condição essencial para caracterizar o modo de produção camponês, e as formas possíveis de relações sociais de produção que fazem a mediação para o acesso a esses meios.

No caso em que a apropriação desses meios passa pela submis- são ao sistema do capital (latifúndio, grandes empresas multinacionais, etc.), uma parte das decisões no processo produtivo é delegada à lógica do capital, que passa a subsumir e, em alguns casos, a se impor totalmente sobre a lógica camponesa.

Talvez, muitos casos aparentemente considerados como cam- poneses possam, na verdade, ser vistos como empreendimentos original- mente camponeses que foram subjugados por uma organização capitalis- ta de grande porte, que suprimiu a autonomia de decisão do grupo do- méstico, desarticulou as formas de solidariedade e pertencimento sócio- cultural, e subordinou a subsistência doméstica e coletiva à lógica do mercado capitalista.

A contribuição do PRA

As demandas e propostas de políticas públicas colocadas pelos movimentos sociais decorrem das contradições emergentes da luta de classes no campo brasileiro, e só podem ser avaliadas criticamente a partir da compreensão sobre as dinâmicas e transformações sócio-econômicas, políticas e culturais que estão emergindo dessas contradições.

É por isso que, para se pensar um projeto de sociedade que con- temple a presença do modo de produção camponês, é preciso um trabalho interdisciplinar onde os olhares sobre os diversos domínios da organização social permitam estabelecer a forma desejada dessa articulação.

Esta seria, talvez, a principal contribuição que o PRA pode ofe- recer para a luta social no campo: desenvolver o estudo das especifi cidades regionais, dos contextos em que acontecem as disputas territoriais entre os modelos de desenvolvimento vigentes no campo e esclarecer as poten- cialidades do modo de produção camponês para um projeto de desenvol- vimento contra-hegemônico onde a produção alimentar e a proteção ambiental possam harmonizar-se.

A realização do valor de parte de sua produção no mercado é, para o camponês, um modo complementar de garantir a reprodução do grupo doméstico e, consequentemente, do sistema coletivo ao qual per- tence. Comercializam-se mercadorias que devem converter-se em bens de consumo e não necessariamente em capital. O fi m último da atividade econômica situa-se fora da esfera da circulação, ou seja, a fi nalidade é a garantia da reprodução social, basicamente a autonomia das decisões sobre

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