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RESULTADOS ALCANÇADOS

No documento EDUC A ÇÃO DO CAM PO E F (páginas 107-109)

O projeto piloto do Residência Agrária da Universidade Federal

RESULTADOS ALCANÇADOS

Uma das dimensões de resultados a ser considerada refere-se à internalização da problemática da Reforma Agrária e da Agricultura Fa- miliar no âmbito da Universidade. Neste sentido, ao prever e instrumen- talizar (com bolsas) a participação permanente de professores orientado- res, o Projeto favoreceu a vinculação de um grupo de docentes da UFSM com a problemática. O Projeto procurou incentivar a participação de di- versos cursos e departamentos (especialmente na composição do grupo de orientadores) para que fosse possível dar suporte adequado às ações de ATER e os Planos de Estudo.

Assim, pode-se dizer que o Projeto resultou na formação de um grupo interdepartamental de professores do Centro de Ciências Rurais da

O Núcleo dos Assentamentos de Sarandi

Esse núcleo atuou junto aos sete Assentamentos de Reforma Agrária atendidos pela COPTEC Regional Sarandi (300 famílias). Carac- teriza-se como o local de surgimento dos assentamentos de Reforma Agrária no estado do Rio Grande do Sul, na década de 1960 e pela forte presença de agricultores familiares. O assentamento mais velho desta regional, assistido pela COPTEC, é o Assentamento Holandês ou Encru- zilhada Natalino Fase I (15 anos), que se constituiu a partir da desapro- priação de parte da então Fazenda Anoni que após sua desapropriação integral, deu origem a outros assentamentos: Encruzilhada Natalino Fase II, Passo Real, Encruzilhada Natalino Fase III, Rio Bonito e Encruzilhada Natalino Fase IV e Fazenda Anoni. Todos estes são ligados e se localizam entre os municípios de Sarandi, Pontão e Coqueiros do Sul. Os outros assentamentos assistidos pela COPTEC são Tarumã II, 11 de maio e Tarumã III, que surgiram após a desapropriação da Antiga Fazenda Ta- rumã, no município de Sarandi e, por último, o Assentamento Bom Recreio, que é fruto da desapropriação de uma parte da fazenda Bertol, localizada a 8 km da cidade de Passo Fundo.

As condições e estratégias econômico-produtivas predominan- tes estão voltadas para o gado de corte, produção de leite, grãos, erva-mate, hortigranjeiros e pomares. Na produção de grãos constam os cereais de inverno (como o trigo a aveia) e também milho e soja. Todos estes são produzidos principalmente para comercialização. A comercialização dos grãos, produzidos se dá via Cooperativa Regional de Desenvolvimento Auo Sustentável - CODASUL, Cooperatica Tritícola de Sarandi Ltda - COTRISAL, Bunge, Procampo, Agroronda, Agrocereais. Na produção de leite existe um direcionamento para o método de Pastoreio Racional Voisin - PRV. Esta produção é comercializada através da CODASUL, Elegê, Laticínio Sarandi, COTRISAL e Bom Gosto.

O Quadro 5 apresenta a demanda das organizações parceiras, interesses dos alunos, atividades de ATER e Plano de Estudos do Projeto Piloto da UFSM no núcleo de Sarandi/RS.

Educação do Campo e Formação Profi ssional: a experiência do Programa Residência Agrária Capítulo 3 Matrizes Locais

A forma interativa dos espaços reservados à discussão, o privi- légio dado ao debate, ao diálogo, à construção conjunta do conhecimento (refl etindo coletivamente sobre as diferentes realidades e condições am- bientais, socioeconômicas e tecnológicas vivenciadas durante as diferentes etapas de consecução do Projeto) mostrou-se uma alternativa efetiva para a qualifi cação do processo de formação.

Outra dimensão dos resultados refere-se às contribuições às organizações parceiras e aos agricultores na resolução de seus problemas. Cabe salientar que, no caso do Projeto da UFSM, as organizações parcei- ras revelaram uma preocupação com a questão da infra-estrutura para os serviços de ATER, especialmente para o deslocamento nas atividades de campo em virtude da restrição no número de veículos que dispõem. De modo geral, as difi culdades de deslocamento foram minimizadas e os estudantes passaram a contribuir com as organizações no desenvolvimen- to de suas atividades diárias, incluindo estas ações em seu “Plano de Tra- balho”. Foram 13 Planos de Trabalho (de Assistência Técnica) junto às comunidades de agricultores familiares e assentados de Reforma Agrária abrangidos pelo Projeto, atendendo, no total, a aproximadamente 600 famílias. No que se refere à diversidade temática dos Planos de Estudos inicialmente propostos, pode-se afi rmar que tal refl ete, assim, a própria diversidade da Agricultura Familiar e das áreas de Reforma Agrária e suas múltiplas diversidades.

As experiências evidenciaram que as demandas de ATER, em geral, cobrem uma grande diversidade temática e, dadas as características do público de interesse, é necessário que as condições locais e desejos das famílias sejam o ponto de partida de qualquer trabalho. Assim, evidencia- se a complexidade do processo de formação de competências para atuação em ATER em uma realidade específi ca. De modo geral, o estudante pas- sa por outros processos simultâneos (inserir-se no grupo, na comunidade) antes de tratar especifi camente da aquisição de competências. Como se insere num “grupo novo”, “comunidade nova” e “área de atuação” distin- ta daquela de sua origem e experiência profi ssional prévia, precisa estar disposto a enfrentar este conjunto de desafi os para poder contribuir na solução dos problemas dos agricultores e assentados (como requer o Pro- jeto). O tempo de duração do Projeto (a continuação) constitui uma das preocupações manifestadas pelos estudantes que entendem necessário que o trabalho de ATER seja pensado em médio e longo prazos para re- sultar em contribuições mais efetivas para a população local.

UFSM. Além disto, outros professores (desta e outras Universidades) foram engajados no Projeto à medida em que foram convidados a dar aulas no “Tempo Escola” da Especialização, o que ampliou o alcance do Projeto junto ao corpo docente. A divulgação das ações no âmbito da Uni- versidade e da região mediante o uso de canais de comunicação formais e informais possibilitou o reconhecimento público da urgência, relevância e seriedade da temática. De qualquer modo, tendo em vista o interesse de ressaltar a relevância desta temática, torna-se importante que projetos des- ta natureza busquem constantemente ampliar o alcance do Projeto, per- meando a problemática para além do grupo diretamente envolvido.

Uma segunda dimensão dos resultados refere-se às relações de proximidade e confi ança decorrentes do estabelecimento de parcerias com organizações vinculadas aos movimentos sociais. Neste sentido, o presen- te Projeto implicou formação/articulação de um conjunto de instituições/ entidades que formam o Comitê Gestor do Projeto (GATS, NARA, COPTEC, COOESPERANÇA, MST, FEAB). A constituição de parce- rias para gestão do Projeto permite o reconhecimento mútuo das organiza- ções (das suas potencialidades e limites), o que favorece as interações pre- sentes e futuras. Embora aspectos como a proximidade geográfi ca entre as organizações parceiras e disponibilidade de tempo para deslocamento e reuniões sejam fatores importantes, a identidade de propósitos e gestão democrática também demonstraram condicionar a qualidade das relações.

Entende-se que a formação de turmas mediante editais faz com que o trabalho de ATER com este público alvo passe a ser visto como uma opção profi ssional concreta para estudantes Ciências Agrá- rias. Assim, embora o processo de seleção valorizasse a experiência prévia na temática, alguns alunos descobriram um novo campo de atuação profi ssional ao participar do Projeto. Este trouxe para os alunos o desafi o de integrar-se no grupo, estabelecer relações com os agricul- tores (nas comunidades onde atuam com ATER e desenvolvem seu Plano de Estudos) e formar as competências nas temáticas onde passa- ram a atuar e pesquisar. Entende-se que a superação dos desafi os rela- tivos à ATER foi facilitada pelo trabalho dos orientadores de campo que, por serem técnicos que já atuavam no local há certo tempo, têm proximidade com os agricultores e domínio das especifi cidades da ATER no local. A aquisição de competências específi cas, por outro lado, requer estruturas curriculares fl exíveis (no “Tempo Escola”) e grande disposição na busca por novos conhecimentos por parte do aluno e do orientador (o que às vezes foi difi cultado pela localização geográfi ca isolada das áreas de atuação do estudante).

Aqui nos ateremos à experiência e percepção dos estudantes da UFPR.

Para nós, estudantes, o Programa começou com um processo seletivo, para a escolha dos participantes, iniciado no segundo semestre do ano de 2004. Como critério de seleção os futuros participantes deveriam possuir compromisso/experiência com Movimentos Sociais do Campo e/ou Reforma Agrária, além de disponibilidade de horários em alguns dias da semana e nos fi nais de semana.

Outro ponto a ser destacado é que este processo visava selecio- nar dois perfi s diferentes de participantes; o primeiro, composto por profi ssionais recém-formados ou estudantes com previsão de conclusão de Curso no fi nal do primeiro semestre de 2005. O segundo, por profi s- sionais que já possuíssem experiência em Assistência Técnica e/ou Agro- ecologia e que trabalhariam como técnicos de campo na fase do Estágio de Vivência (fase esta que antecedeu o Curso de Especialização em Agri- cultura Familiar e Camponesa e Educação do Campo).

Os técnicos tinham como função organizar vivências que se- riam realizadas, tendo a responsabilidade de selecionar os locais a serem visitados, agendar as visitas, auxiliar no deslocamento dos estudantes, ou seja, atuarem como facilitadores da relação entre estudantes e comunida- de, propiciando aos participantes a oportunidade de vivenciar o maior número de experiências possíveis.

Uma comissão de seleção com a participação de representantes do MST/INCRA/ATES se pautou por um roteiro de entrevistas, análise de currículos e histórico escolar, entre outros, para a seleção dos estudan- tes. Apesar desse processo seletivo, uma parte signifi cativa dos primeiros selecionados mostrou-se desestimulada, pelos mais diversos motivos (pro- postas de trabalho, falta de intimidade com a temática da Reforma Agrária, atraso na disponibilização dos recursos, entre outras), a continuar no Cur- so, sendo prontamente substituída por outros estudantes interessados.

Ao fi nal estavam selecionados e participaram do Programa 18 pessoas (5 técnicos e 13 recém-formados/estudantes). Ressalta-se que esta diferenciação entre técnicos e recém-formados/estudantes somen- te existiu na fase do Estágio de Vivência, e foi abolida ao iniciar o Curso de Especialização.

A divulgação dos primeiros selecionados ocorreu somente nos meses de março e abril de 2005 e a primeira reunião com todos os parti- cipantes do Programa aconteceu dia 30 de abril de 2005. Durante três dias foram debatidos diversos assuntos como: a estrutura do Curso, sua ope- racionalização, status dos trâmites burocráticos, liberação de recursos,

No documento EDUC A ÇÃO DO CAM PO E F (páginas 107-109)

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