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PREPARAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO NO ASSENTAMENTO

No documento EDUC A ÇÃO DO CAM PO E F (páginas 168-172)

a perspectiva da agroecologia

PREPARAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO NO ASSENTAMENTO

As bases teórico-metodológicas O ASSENTAMENTO SEPÉ TIARAJÚ

O Assentamento Sepé Tiarajú localiza-se na mesorregião de Ribeirão Preto, estado de São Paulo, a qual possui mais de 500 mil habi- tantes (543.885 habitantes, segundo a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – SEADE, 2007), dispostos numa área de 642 km2 (área

urbana: 274,08 km2 e rural 376,92 km2). Ele faz limite com os municípios

de Serrana e Serra Azul, acerca de 40 km da cidade de Ribeirão Preto e 317 km da capital do estado. Está inserido numa área onde há o predomí- nio absoluto da grande agroindústria sucro-alcooleira, considerada nacio- nalmente como região referência do agronegócio brasileiro.

Segundo Ramos-Filho e Pellefrini (2006) os dados do Censo Agropecuário/1996 apontaram que aproximadamente 98% da área agrí- cola da região estavam ocupadas com cana-de-açúcar, o que confi gura a região como a maior região sucro-alcooleira do mundo. Em 1996, foi responsável por aproximadamente 26% da produção de álcool do País e em torno de 20% da produção nacional de açúcar.

Esse grandioso agronegócio se apóia no modelo tecnológico proposto na revolução verde: alta mecanização, especialização em tecnologia de ponta, monocultura agro-exportadora, grande concen- tração de terra e uso de insumos químicos. Além disso, baseia seu discurso de sucesso na alta rentabilidade e na contribuição no superá- vit primário do país, transitando grandes montantes monetários na economia brasileira.

Porém, os dados objetivos, mostrados por Ramos-Filho e Pel- lefrini (2006), apontam para uma realidade preocupante:

(i) a maior parte da população migrou do campo para a cidade (no município de Ribeirão Preto apenas 0,4 % da população encontra-se no campo);

(ii) houve aumento da concentração da pobreza nos centros urbanos com o aumento das favelas;

(iii) grande parte das fl orestas foi destruída, incluindo áreas de preservação permanente e reservas que por lei deveriam ser preservadas;

(iv) os recursos hídricos foram degradados nos aspectos quali- tativos e quantitativos;

(v) os solos foram degradados pelos muitos anos de cultivos intensivos com maquinário pesado e grande carga de agroquímicos;

(vi) a demanda de trabalho temporário da colheita da cana é suprida por trabalhadores recrutados em regiões mais pobres e distantes, especialmente do Vale do Jequetinhonha (Minas Gerais) e de estados do

lógicas previamente construídas, e que se estendeu pelo período de um ano, entre 2005 e 2006.

O grande eixo metodológico de orientação da atuação foi a pesquisa-ação, que segundo Thiollent (2000) nesse tipo de pesquisa busca- se dar aos pesquisadores e grupos de participantes os meios de se tornarem capazes de responder, de forma efi ciente, a problemas da situação concre- ta em que vivem sob a forma da ação transformadora.

No campo das metodologias participativas utilizou-se técni- cas mais específicas: a observação participante, que, segundo Gelfius (1997), consiste na “imersão” do pesquisador na rotina do grupo com quem realiza o trabalho. Participa-se das atividades que compõem o cotidiano desses coletivos como forma de promover a compreensão mais profunda da realidade e obter informações de forma mais orgâni- ca, oportuna e espontânea. A outra parte da metodologia de campo foi o diagnóstico com foco na produção, baseado na técnica de diálogo com grupos focais (GELFIUS, 1997), que visa conduzir a discussão e tomada de postura segundo a óptica de determinados coletivos específi cos, como grupos de mulheres, lideranças ou crianças. Utiliza-se, então, diálogos e não entrevistas e opta-se pelo uso de temas condutores a serem dis- cutidos e não perguntas fechadas, o que torna o campo informacional menos restritivo.

Colocando em prática a pesquisa-ação e o diagnóstico participativo

Dentro da perspectiva de pesquisa-ação e diagnóstico participa- tivo ocorreu o primeiro contato com os assentados, que se deu em uma reunião inicial com coordenadores do Setor de Produção da Regional do MST, seguida de uma visita às famílias assentadas para ambientação e discussão da proposta e condução da ação no Assentamento. A partir deste momento realizou-se uma série de atividades de observação parti- cipativa, tendo como objetivo criar laços de confi ança com os atores locais e contextualizar mais ampla e profundamente a realidade onde se desen- volveria o trabalho. Concretamente a observação participativa ocorreu nos seguintes momentos:

Reuniões de Planejamento da Assistência Técnica do Assentamento

Reuniões realizadas com periodicidade variável. Participavam técnicos e representantes do INCRA-SP, técnicos da Cooperativa Central Realizou-se, inicialmente, um levantamento de bibliografi a

teórica de autores consolidados dentro da temática Agroecologia, (CAPORAL e COSTABEBER, 2002; ALTIERI, 1998 e GLIESSMAN, 2000), com o objetivo de balizar a construção da metodologia, das ferra- mentas de trabalho e das discussões a serem levadas a campo.

Segundo Altieri (1998) na América Latina a Agroecologia tem sido difundida como alternativa técnica-agronômica capaz de orientar o Desenvolvimento Rural Sustentável para a racionalização energética da produção agrícola, com o mínimo possível de impactos ambientais e efi - ciência econômica.

A Agroecologia fornece os princípios ecológicos básicos para o estudo e o tratamento de ecossistemas tanto produtivos quanto preservadores dos re- cursos naturais, e que sejam culturalmente sensíveis, socialmente justos e economicamente viáveis (ALTIERI, 1989).

Para Gliessman (2000), a Agroecologia proporciona o conheci- mento e a metodologia necessários para desenvolver uma agricultura am- bientalmente consistente, altamente produtiva e economicamente viável.

Caporal e Costabeber (2002) defi nem Agroecologia como ciência que estabelece as bases – princípios, conceitos e metodologias – para a construção de estilos de agricultura sustentável e de estratégias de desenvolvimento rural sustentável. A partir desta conceituação pro- põem uma metodologia de análise multidimensional da sustentabilida- de. A análise de múltiplas dimensões é necessária, pois, segundo Guz- man Casado (2000), a Agroecologia se alimenta de várias disciplinas acumulando suas refl exões teóricas e conceitos científi cos. Porém tam- bém têm base no conhecimento tradicional e empírico dos pequenos agricultores sobre o funcionamento da natureza, das ações climáticas, práticas agrícolas e etno-botânicas.

Desta forma, mais que um modelo de agricultura de base eco- lógica, a Agroecologia aborda a organização social, o comportamento econômico e a postura política que contribuem nas transformações sociais necessárias para gerar padrões de produção e consumo mais sustentáveis e eqüitativos (CAPORAL e COSTABEBER, 2002).

Constituída a base teórica que orientou a ação prática no Assen- tamento passou-se para o segundo momento do trabalho, que consistiu na aproximação e interação com a comunidade do Assentamento Sepé Tiarajú. É importante destacar que a inserção no Assentamento não se deu de forma aleatória e sim fundamentada em teorias e orientações metodo-

Educação do Campo e Formação Profi ssional: a experiência do Programa Residência Agrária Capítulo 4 Relato de Experiências

encontros gerais com cada um dos Núcleos. A realização desses encontros dentro do Assentamento, segundo a divisão dos Núcleos e nas áreas des- tes, teve, também, o objetivo de se trabalhar num coletivo reduzido, faci- litando as discussões e o desenvolvimento da atividade de diagnóstico.

Esta atividade se delineou em uma série de encontros com cada um dos Núcleos, nas quais os facilitadores108 inseriram temas geradores,

algumas vezes colocados na forma de perguntas, para promover a discussão no coletivo. Após este momento, a discussão acontecia abertamente. Cada Núcleo apresentou uma dinâmica própria; alguns tinham inscrição para fala e coordenador da discussão, outros realizavam intervenções aleatórias.

O registro foi feito de modo a garantir a integridade e a coerên- cia frente à posição colocada individualmente ou pelo coletivo quando visualizada de forma consensual. Buscou-se, também, sistematizar os resultados junto ao grupo que participava, o que foi inviabilizado na maior parte das vezes devido à falta de infra-estrutura nos locais onde os encon- tros se realizavam109.

Como o importante do trabalho era o foco no ponto de vista do Núcleo, buscou-se incentivar e mediar consenso nas posturas dentro dos encontros, porém este não foi considerado obrigatório como resultado, e as- sim não inviabilizou a contraposição de posições individuais diferenciadas.

Os temas abordados nesses encontros foram: Difi culdades enfrentadas no Assentamento

Sonhos dos assentados para os sistemas de produção futuros Levantamento de informações sobre a safra em produção (2005/2006)

Levantamento de princípios e práticas agroecológicas: técni- cas de manejo, máquinas e ferramentas; insumos, energias utilizados, e formas de organização do trabalho.

As temáticas discutidas nas atividades de campo foram aborda- das, e posteriormente analisadas, tanto no sentido das expressões indivi- duais quanto coletivas, buscando-se, assim, traduzir as posições dos Núcleos e até do Assentamento como um todo, porém sempre destacan- do as diferenciações individuais.

O uso de ferramentas participativas para a ação junto à comu- nidade do Assentamento foi extremamente produtiva, uma vez que per-

108. Os facilitadores foram Wilon Mazalla Neto, pesquisador e autor deste artigo, e Thaís Lima, técnica CCA com atuação direta no assentamento. Essa parceria foi possível, pois a pesquisa foi defi nida dentre as atividades de desenvolvimento do Sepé Tiarajú.

109. Os espaços utilizados foram o Assentamento Sepé Tiarajú, com defi ciências de estrutura para reuniões e o Centro de Formação do MST-Regional Ribeirão Preto, com boa estrutura, mas que exigia o deslocamento dos participantes.

de Reforma Agrária de São Paulo - CCA107 da região de Ribeirão Preto,

coordenadores gerais do Assentamento, coordenadores do Setor Regional de Produção do MST e outros parceiros. No período de trabalho deste projeto o parceiro mais assíduo foi o Centro Nacional de Pesquisa de Monitoramento e Avaliação de Impacto Ambiental – CNPMA da Empre- sa de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA de Jaguariúna/SP. Nestas reu- niões foram discutidos o planejamento do Assentamento, as atividades da Assistência Técnica, a infra-estrutura e a produção, entre outros temas.

Reuniões Gerais do Assentamento

Este espaço se destinava às discussões e deliberações sobre as questões relevantes para o coletivo dos assentados, como infra-estrutura, produção, saúde, educação. Delas participavam os coordenadores de Nú- cleo, os assentados, a equipe técnica e parceiros.

Acompanhamento das atividades da equipe técnica

Esta atividade consistiu em acompanhar as tarefas e atividades rotineiras da equipe de Assistência Técnica, como dias de campo, ofi cinas de produção agropecuária e meio ambiente e reuniões com os assentados.

Paralelamente às atividades de observação participante cons- truiu-se o diagnóstico com foco na produção. A partir da interação com a equi- pe técnica e as lideranças do Assentamento e da presença nos espaços de debate pertinentes, identifi cou-se a demanda a ser trabalhada com a co- ordenação do Assentamento, coordenadores do Setor de Produção e equipe técnica. Tanto a ferramenta quanto os temas abordados partiram da confl uência de interesses colocados pelo grupo do Assentamento e os objetivos da proposta de pesquisa.

Conforme apontado anteriormente, o Assentamento Sepé Tiarajú apresenta organização social interna bem estruturada. É com- posto por Núcleos de 20 famílias, sendo que esta divisão tem função espacial – cada núcleo ocupa uma área distinta do Assentamento – e também função organizativa, já que cada Núcleo tem reuniões periódicas próprias para discutir questões pertinentes à comunidade, como estrutu- ra, difi culdades, relações com entidades presentes e produção. Seguindo a direção da pesquisa-ação, e tendo por objetivo visualizar posturas gerais do Assentamento, respeitando a organização já existente, organizou-se

107. Cooperativa Central de Reforma Agrária – CCA, de São Paulo é uma cooperativa formada por profi ssionais das ciências agrárias e das ciências humanas que trabalham em Assentamentos de Reforma Agrária buscando seu desenvolvimento. Atualmente sua atuação se dá através de convênios com o INCRA-SP.

a partir do diálogo entre a revisão bibliográfi ca em Agroecologia e as ati- vidades de campo.

A base de discussão teórica originou-se na Análise Multidimen- sional da Sustentabilidade a partir da Agroecologia, sugerida por Caporal e Costabeber (2003) e que apresenta dimensões de sustentabilidade eco- lógica, social, econômica e política e suas características desejáveis. Apro- veitou-se a estrutura de categorias proposta por esta metodologia e incor- poraram-se contribuições de outros autores coerentes com esse enqua- dramento (ALTIERI, 1998 e GLIESMANN, 2000), chegando-se às di- mensões adotadas neste trabalho.

Sintetizando, estabeleceu-se um diálogo entre as dimensões de sustentabilidade proposta pelos autores citados e os dados levantados nas atividades de campo, dando origem a um processo de defi nição de crité- rios de sustentabilidade sobre o enfoque Agroecológico, como consta no Quadro Referencial 1. Tinha-se, então, construído os critérios de identi- fi cação de práticas e princípios agroecológicos para atuação no Assenta- mento Sepé Tiarajú.

QUADRO 1: Referencial de critérios de sustentabilidade sob o enfoque agroecológico adaptado de Caporal e Costabeber (2003), Altieri (1998) e Gliesmann (2000) com as observações de campo no Assentamento Sepé Tiarajú, município de Serra Azul (SP), 2006

DIMENSÃO ECOLÓGICA

Uso de biomassas animais Adubação verde Não uso de agrotóxicos e defensivos químicos Uso de máquinas e ferramentas leves para o manejo das culturas Minhocário Alimentação da

criação totalmente produzida no local Uso de máquinas leves para aração do solo Capina e roçadas Quebra-vento Policultivo Plantio consorciado Irrigação por gotejamento Diversidade

de Culturas vegetais Variedades locais de culturas vegetais Diversidade de criações animais Não uso de antibióticos na criação animal Espécies tradicionais de criação animal Guarda de

sementes para próximas safras Plantio de mudas de árvores frutíferas e nativas Sistema agrofl orestal Recuperação fl orestal Plantios sombreados Sistema silvipastoril Reserva Legal

e Áreas de Preservação Permanente

DIMENSÃO SOCIAL

Organização de setores temáticos (educação, saúde, produção) para discutir assuntos pertinentes ao desenvolvimento do Assentamento Trocas de dia de trabalho Áreas de produção coletiva

Grupos de afi nidade de produção conjunta Titulação coletiva da terra Uso coletivo de crédito Associativismo Uso da produção agropecuária para alimentação da família

Continua

mitiu certa liberdade na condução da discussão, especialmente por serem os próprios assentados que conduziram a conversa na maior parte das vezes. Esta estratégia culminou em uma riqueza de dados e em argumen- tações melhor fundamentadas que possivelmente um método de análise mais fechado como, por exemplo, o questionário estruturado ou semi- estruturado.

Por outro lado, esta liberdade de rumos na condução das ativida- des gerou uma gama muito variada e não padronizada de dados, o que causou certa difi culdade na organização e sistematização dos mesmos nas etapas seguintes, tornando o trabalho do facilitador/pesquisador mais mo- roso. Da mesma forma, esta maneira de condução ocasionou algumas la- cunas de dados que não foram abordados. A implementação da metodolo- gia também sofreu difi culdades dado o contexto de problemas de infra- estrutura enfrentados pelo Assentamento, o qual desmotivou a participação de algumas pessoas e ocasionou esvaziamento em alguns encontros.

Ainda assim, num contexto não tão favorável, as ferramentas utilizadas foram muito importantes na construção do diálogo e confi ança entre os assentados e o técnico.

A interação com os assentados e outros atores participantes da dinâmica do Assentamento Sepé Tiarajú se constituiu numa imersão na realidade dessas famílias muito relevante. Acompanhar de perto a rotina, o árduo trabalho agrícola cotidiano, os momentos da família e os espaços de interação cultural contribuíram para entender, de forma mais geral, a dinâmica e as lógicas familiares e sociais, confl itos, problemas e motiva- dores dentro deste universo. Assim, derrubando preconceitos e cons- truindo pontes de solidariedade e confi ança, busca-se o horizonte do desenvolvimento.

Por outro lado, fi cou evidente que no Assentamento, como em qualquer outro espaço social, os grupos de interesses e infl uência muitas vezes interagem de forma cooperativa, mas em muitas outras situações di- vergem e disputam espaços. Neste contexto fi ca patente que a forma como se é introduzido neste espaço e quem são os atores que constroem pontes de comunicação pode criar problemas de rejeição e relacionamento.

Defi nição da matriz para análise dos princípios e práticas Agroecológicas

Para se identifi car a presença de princípios e práticas agroecoló- gicas na organização social e de produção no Assentamento Sepé Tiarajú foi necessário criar um grupo de critérios de análise. Esse processo se deu

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simples como enxadas, matracas e facões. Não se utiliza maquinário de grande porte.

Nas áreas com emprego de quebra-vento, policultivo e plantio consorciado são evidências de práticas importantes de manejos de prote- ção de solo.

Quanto à dimensão social, pôde-se observar, em todos os Nú- cleos, práticas de trocas de dias de trabalho e a presença viva de grupos de afi nidade de produção coletivos, em que todas as decisões e manejos ne- cessários eram feitos de forma coletiva dentro de uma perspectiva de produção unifi cada. Observou-se, também, o hábito de reuniões organi- zadas por setores temáticos de discussão e planejamento de assuntos fundamentais para o Assentamento como educação, produção e saúde. Essa forma de organização de discussões se assemelha muito à praticada pelo MST.

Além disso, elementos como a criação de uma associação de produção (a Agrosepé), a titulação coletiva da terra, o uso coletivo do crédi- to rural e o manejo das áreas de produção, também coletivamente, apontam no sentido de um projeto social baseado na eqüidade, na busca e estabele- cimento de igualdade de chances, benefícios e responsabilidades dentro dos processos de organização das comunidades do Assentamento.

No Sepé Tiarajú a produção agropecuária é destinada priorita- riamente à alimentação da família. É também forte a prática de troca de pequenos animais dentro do Assentamento, que além de reduzir os gastos com fatores externos, permite ganhos não monetários para a família e garantias de segurança alimentar. Há, ainda, a troca de produção agrope- cuária com vizinhos e a comercialização dentro do Assentamento e em localidades próximas. São esses elementos da sustentabilidade econômica que mostram avanços das famílias na independência em relação ao mer- cado tradicional, e no estabelecimento de trocas segundo princípios mais orgânicos e solidários.

No âmbito político percebe-se o surgimento de novos espaços onde se discute os rumos do Assentamento de forma democrática e parti- cipativa. Espaços como a coordenação geral do Assentamento, reuniões de núcleo, presença de setores temáticos, identifi cam a participação política dos assentados na organização interna e na inserção externa do Assentamento.

Observou-se, por outro lado, problemas pontuais, como o uso de agrotóxico nas lavouras e administração de antibióticos aos animais. Ou seja, alguns assentados chegaram a utilizar esses tipos de substâncias sintéticas, porém os números não são expressivos e este assunto é tema de discussão com os coletivos do Assentamento. O não emprego de técnicas Com os critérios estabelecidos, voltou-se a debruçar sobre os

dados obtidos nos levantamentos de campo, nos encontros com os assen- tados, no diagnóstico com foco na produção, nas atividades de observação participante e buscou-se verifi car a existência das práticas e princípios agroecológicos sistematizados nos critérios.

AGROECOLOGIA NO SEPÉ TIARAJÚ:

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