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Objetivos Específicos

74 CAMINHOS PARA A SUSTENTABILIDADE

principais necessidades da maioria das pessoas; as nações devem legislar e desenvolver leis nacionais para resguardar as vítimas de poluição e outros danos ambientais. As nações devem avaliar as atividades propostas de acordo com os seus prováveis impactos adversos sobre o meio ambiente”.

Neste sentido, não posso deixar de referenciar outro princípio que, de forma redundante, identificava as pretensões almejadas pela comunidade internacional. “Os países devem reduzir e eliminar os processos não sustentáveis de produção e consumo e promover apropriadas políticas demográficas” (princípio 8).

Por último, mas não menos relevante, destaco o princípio da precaução e o princípio do poluidor- pagador pela sua riqueza funcional. Ambos, apesar de atuarem em momentos distintos (um a montante e outro a jusante dos problemas de cariz ambiental, respetivamente) revelam ser de uma extrema utilidade para a defesa e preservação dos ecossistemas: As nações devem usar o princípio da precaução para proteger o ambiente. Onde existam sérias ameaças ou danos ambientais irreversíveis, a incerteza científica não deve ser usada para adiar medidas que previnam a degradação ambiental (princípio 15). O poluidor deve, em princípio, ser responsabilizado pelo custo da poluição provocada (princípio 16).

Neste enquadramento, a Declaração constituiu-se como um pacto global sobre o ambiente e assume-se, por isso, como um documento fundamental para a concretização dos objetivos de manutenção do equilíbrio ecológico do planeta e de desenvolvimento sustentável à escala global.

Desta Cimeira, iria sair um dos mais relevantes instrumentos de desenvolvimento sustentável, com base nestes princípios, a A21. Este instrumento impõe-se como um plano de ação para ser adotado global, nacional e localmente, por organizações do sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana interfira com o meio ambiente. Constituiu-se na mais abrangente tentativa de orientação para um novo padrão de desenvolvimento para o século XXI, cujo alicerce é a sinergia da sustentabilidade ambiental, social e económica, perpassando em todas as suas ações propostas. Desta forma, a A21 configura-se como um processo de planeamento participativo que resulta na análise da situação atual de um país, estado, município, região e setor, tendo em vista o futuro de forma sustentável. Deve envolver toda a sociedade na discussão dos principais problemas e na formação de parcerias e compromissos para a sua solução a curto, médio e longo prazo. A análise do cenário atual e o encaminhamento das propostas para o futuro devem ser realizadas dentro de uma abordagem integrada e sistémica das dimensões económica, social, ambiental e político-institucional da localidade.

O próprio termo “Agenda” foi concebido no sentido de intenção, desígnio, desejo de mudança, para um modelo de civilização em que predominasse o equilíbrio ambiental e a justiça social entre

as nações. Dos 40 capítulos que compõem o documento da A21, destaca-se o capítulo 28 que introduz a Agenda 21Local como instrumento de sustentabilidade a nível local. “Cada poder local deve entrar em diálogo com os seus cidadãos, organizações locais e empresas privadas e adotar uma “Agenda 21 Local” (A21, Capítulo 28, 1992). Como refere o ICLEI, “A Agenda 21 Local é um processo participativo, multissectorial, que visa atingir os objetivos da A21 ao nível local através da preparação e implementação de um Plano de Ação estratégico de longo prazo dirigido às prioridades locais para o desenvolvimento sustentável” (ICLEI, 2002c: 3). Com a A21L é atestado, oficialmente, o papel das autoridades locais na iniciação dos processos necessários para obter o desenvolvimento sustentável visto que, como é reconhecido, “muitos dos problemas e soluções referidos na A21 têm origem em problemas locais, [pelo que] a participação e a cooperação das autoridades locais constitui um fator determinante no cumprimento desses objetivos. São as autoridades locais que constroem, operam e mantém em funcionamento as infraestruturas económicas, sociais e ambientais; são também elas que supervisionam os processos de planeamento, estabelecem os regulamentos ambientais locais e implementam as políticas ambientais nacionais e subnacionais. Sendo as autoridades locais o nível de governo mais próximo das populações, desempenham um papel vital na educação, mobilização e interlocução com o público, com vista ao desenvolvimento sustentável” (UNCED, 1992b: Cap. 28). Como acrescenta Schmidt et al. (2006: 123), a Agenda 21 Local tornava-se num importante “programa de ação elaborado de uma forma participativa que visa um maior envolvimento entre poder local e agentes locais nas dinâmicas de desenvolvimento económico, social e ambiental de escala autárquica (infra ou supra municipal). Implica, por isso, além da administração autárquica, a participação ativa de movimentos cívicos, de grupos de interesse, de empresas, de organizações não governamentais (ONGs), ou seja, dos múltiplos setores que constituem a sociedade civil (mais ou menos organizados)”.

Concluindo, a A21 e a sua “expressão” a nível local (A21L) traduzem, na prática, a operacionalização do conceito de desenvolvimento sustentável. Estava “encontrado” o instrumento que, supostamente, torna exequível a passagem, da sua teoria à prática, do paradigma de sustentabilidade. Como referem Silva Filho, Nascimento e Daroit (2000: 2), a Agenda 21Local constitui-se como um “plano geral que integra todas as ações a serem tomadas pela comunidade internacional, a fim de assegurar o desenvolvimento sustentável ao longo do século XXI”.

A par desta iniciativa, outros documentos importantes foram redigidos com o objetivo primordial de promover a sustentabilidade no Mundo: a) “A Carta da Terra” e firmados quatro importantes acordos: Declaração do Rio (já referida); b) a Convenção Quadro sobre a Diversidade Biológica; c) Convenção Quadro sobre Mudança Climática; d) a Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas:

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