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Objetivos Específicos

110 CAMINHOS PARA A SUSTENTABILIDADE

2.5 Agenda 21 Escolar

Quando se estuda a génese da A21 Local como processo é inevitável abordar-se a Agenda 21 Escolar (A21E)11, não só por esta se constituir como uma adaptação dos princípios e objetivos da própria A21L, como, sendo esta virada para a comunidade jovem e sabendo-se do importante papel das novas gerações para o sucesso das políticas de sustentabilidade, se revestir como um inegável contributo para a consciencialização e preparação dos jovens para os desafios futuros da sustentabilidade.

O capítulo 36 do documento da A21 reconhece a educação como valor fundamental no processo de sustentabilidade: “Educação, incluindo educação formal, a sensibilização e formação deve ser reconhecida como um processo pelo qual os seres humanos e as sociedades podem alcançar o seu pleno potencial (I) Tanto a educação formal como a não formal são indispensáveis para mudar as atitudes das pessoas para que elas tenham a capacidade de avaliar e analisar as suas preocupações de desenvolvimento sustentável. Também é indispensável para alcançar a sensibilização ambiental e ética, valores e atitudes, competências e comportamentos compatíveis com o desenvolvimento sustentável e com uma efetiva participação pública na tomada de decisão” (Agenda 21 - Cap.36, alínea 36.3 Nações Unidas, 1992).

Aliás, já em 1977, os princípios de educação ambiental (EE), conforme estipulado na Declaração de Tbilisi, incluíam os elementos fundamentais do desenvolvimento sustentável. A importância da educação ambiental é evidenciada, na página 24 dessa Declaração, quando é referida “como uma educação abrangente, sensível às alterações num mundo em rápida mutação. Deve preparar o indivíduo para a vida através de uma compreensão dos principais problemas do mundo contemporâneo, e da prestação de habilidades e atributos necessários para desempenhar um papel produtivo no sentido da melhoria de vida e protegendo o meio ambiente com a devida atenção dada aos valores éticos” (UNESCO/UNEP, 1977: 24).

Como referem Jacobi, Granja, e Franco (2006: 2), “atualmente, o avanço rumo a uma sociedade sustentável é permeado de obstáculos, na medida em que existe uma restrita consciência na sociedade a respeito das implicações do modelo de desenvolvimento em curso”. Neste âmbito, é urgente que haja um compromisso com o futuro, sendo prioritário investir na educação e formação dos cidadãos que passa, indubitavelmente, pela premência de elevar os níveis de sensibilização e consciencialização, das gerações mais novas, para os perigos de se negligenciarem as questões ambientais. Não se pode descurar o facto que, como refere o próprio documento da A21 no seu artigo 25.º, a “ população mundial é constituída por quase 30 por cento de população jovem”. Assim sendo, “o envolvimento da juventude de hoje no ambiente e no desenvolvimento de tomadas de decisão e na implementação de programas é essencial para o sucesso a longo prazo da Agenda 21” (UNCDE, 1992a: artigo 25º).

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Só com um claro apelo aos jovens, à sua mobilização, criatividade, coragem e ideais de juventude, a nível mundial, se pode organizar uma parceria global com a finalidade de garantir um futuro melhor para todos, até porque “a sustentabilidade, como novo critério básico e integrador, coloca em pauta permanentemente as responsabilidades éticas, na medida em que a ênfase nos aspetos extraeconómicos serve para reconsiderar os aspetos relacionados com a equidade, a justiça social e a ética dos seres vivos” (Jacobi et al., 2006: 2).

A importância do papel das crianças neste processo e a necessidade da sua participação ativa, segundo Buckingham-Hatfield e Percy (1999: 69-70), advém do reconhecimento das “implicações da não compreensão do papel das crianças e das suas perspetivas [visto que] a sua própria qualidade de vida pode não melhorar no futuro e o seu desenvolvimento pode ser mais comprometido do que ajudado. Elas são, afinal, futuras mães, pais e decisores”. Acresce Gadotti (2000: 77) que a “sensação de se pertencer ao universo não se inicia na idade adulta nem por um ato de razão. Desde a infância, sentimo-nos ligados com algo que é muito maior do que nós. Desde criança nos sentimos profundamente ligados ao universo e nos colocamos diante dele num misto de espanto e respeito. E, durante toda a vida, buscamos respostas ao que somos, de onde viemos, para onde vamos, enfim, qual o sentido da nossa existência”.

A educação para a sustentabilidade tem de estar no centro e deve ser parte integrante de todos os programas escolares cuja responsabilidade de fomentar a consciencialização, valores, habilidades e conhecimentos necessários no futuro compete aos professores, devendo estes desenvolver um “importante trabalho através da sua quotidiana interação com os estudantes” (Hucke and Sterling, 1996:xvi). O processo de uma A21Escolar não é mais que o reconhecimento do papel relevante das gerações mais novas na condução do legado “sustentabilidade”, que as anteriores e presentes gerações pretendem deixar. Neste contexto, já em 1989 a Convenção sobre os Direitos da Criança, no seu artigo 12º, proclamava que os “Estados...devem assegurar às crianças que são capazes de formar a sua própria opinião o direito de as expressar livremente em todos os assuntos que as afetam e os seus pontos de vista devem ser considerados de acordo com a sua idade e maturidade” (UNICEF, 1989: artigo 12º). Segundo Malone (2001: 3), “a própria Convenção dos Direitos das Crianças, revela que o bem-estar de uma criança e a sua qualidade de vida são os derradeiros indicadores da existência de um ambiente saudável, de uma boa governação e desenvolvimento sustentável. Se as metas de sustentabilidade não são atingidas, consequentemente, as crianças serão as mais, profundamente, afetadas do que outros membros da comunidade global. Existe uma clara convergência e em muitos aspetos uma relação simbiótica entre os princípios do desenvolvimento sustentável e os direitos da criança”. Após a adoção do paradigma de desenvolvimento sustentável era, formalmente, assumida a importância das crianças como indivíduos preponderantes para o desenvolvimento sustentável. Aliás, esse reconhecimento viria a ser reforçado, quatro anos depois, em 1996, (na segunda United Nations Conference on Human Settlements) com a apresentação do relatório “Children’s Rights and Habitat: working towards child-friendly cities”, pela UNICEF “As crianças têm um interesse especial

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