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148 AGENDA 21 LOCAL COMO INSTRUMENTO PROMOTOR DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL forma para resolver maioritariamente questões de índole ambiental, negligenciando as restantes

Objetivos Específicos

148 AGENDA 21 LOCAL COMO INSTRUMENTO PROMOTOR DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL forma para resolver maioritariamente questões de índole ambiental, negligenciando as restantes

questões e desvirtuando o processo de sustentabilidade. Apesar de se verificar um início algo conturbado das Agendas, acreditou-se no desenvolvimento dos processos de forma mais promissora e rigorosa. Com este propósito “o (então) Primeiro-ministro Tony Blair, alcançava em 1998 um Acordo com os governos locais para ajudar a desenvolver as suas estratégias de A21L (I) sendo que “Em contrapartida, as autoridades locais comprometiam-se a desenvolver a sua própria A21L para o ano de 2001, destinando o tempo para alcançar os recursos humanos e financeiros para este fim” (Moralejo et al. 2007: 113). De acordo com o que se seguiu, verifica-se que as perspetivas sairiam frustradas, devido, não só à falta de articulação financeira entre Governo Central e Local, mas também pelo “pecado original” de não existir legislação que obrigasse à implementação da A21L pelos poderes locais. Todavia, regista-se que a maioria dos governos locais desenvolviam A21L, mas, como acrescenta Jonas, While e Gibbs (2004), esses processos não se destacavam pela qualidade das suas estratégias (ver Jonas et al. 2004). Pode- se então “afirmar que o Reino Unido, foi igual a maioria dos governos europeus, demonstrando um notável compromisso nominal em relação à 21L que nem sempre se transformou num compromisso prático” (Moralejo et al., 2007: 114). Presentemente, a A21L parece estar a ser afastada do plano político por numerosas autoridades locais, motivado, em parte, pela adoção de programas substitutos e pela ausência de uma legislação consistente para o cumprimento das A21L (ver Jonas et al. 2004).

Neste contexto, centramo-nos no caso da Holanda, país que reconhecidamente tem uma grande tradição na elaboração de Políticas Ambientais e da consciencialização em torno do Desenvolvimento Sustentável, não sendo negligenciável o facto de este ter sido o “primeiro país do mundo a introduzir o conceito de Desenvolvimento Sustentável com o objetivo especifico de o introduzir no seu Plano Nacional de Ambiente, de 1988” (Moralejo et al., 2007: 114).

Pode afirmar-se que, relativamente aos processos de A21L, este país se caracterizou por sucessivos arranques e recuos no ritmo da adoção das A21L. Num primeiro momento, viveu-se uma forte aceitação face “à forma como os municípios holandeses encaram a A21L, como uma questão importante por ser um instrumento inovador, por servir para vários propósitos e encorajar a um maior envolvimento em matéria de políticas ambientais” (Andringa, 1998: 109). Acrescenta, Coenen (2001a: 153), que “o terreno fértil da implementação da A21L deveu-se, igualmente, às condições primárias que eram muito promissoras. Os munícipes Holandeses encontravam-se na vanguarda das políticas ambientais; o desenvolvimento sustentável tornou-se uma questão essencial; as experiências com a participação em políticas de ambiente tinham já sido ganhas, em tempos anteriores (...) Por exemplo, munícipes holandeses já estiveram a trabalhar em mais políticas para a consecução de integração intrassectorial e em esforços para aumentar o nível de envolvimento das comunidades”. Contudo, o ritmo da implementação das A21L foi marcado, até 1994, por uma certa lentidão e inconstância dos processos “não evoluindo de acordo com o planificado” (Moralejo et al., 2007: 114). Contudo, a partir “do momento em que criou a Comissão

Nacional da A21L e se estabeleceu um apoio financeiro para que os municípios instaurassem a A21L”, os processos correram de forma mais fluida para, quatro anos volvidos, em 1998, e com a entrada do terceiro Plano Nacional de Política Ambiental, se verificar uma inflexão na implementação das A21L, na Holanda, como resultado da redução do financiamento aos municípios.

Deixando de parte este ziguezaguear das A21L, reconhece-se que as A21L se constituíram como processos que marcaram a agenda das atividades municipais, tendo o mérito de “aprofundar a cultura do diálogo e do consenso” na tomada de decisões políticas (Moralejo et al., 2007: 115). Aliás, o que se destaca desde logo na análise à participação do público neste grupo de países é, regra geral, os elevados números de participação pública. Tomando o caso Inglês, como exemplo, e de acordo com um relatório das autoridades locais sobre a participação pública, verificou-se, na consulta de 2001, que estiveram envolvidos com os governos locais cerca de “14 milhões de pessoas através de iniciativas de participação e consulta” (ODPM, 2002: 47). No entanto, tal não significa que os cidadãos sejam plenamente envolvidos nos processos políticos. Aliás, existe uma cultura interiorizada em que se acredita que as “questões são demasiado complexas para serem comentadas por não-especialistas, (...) tornando-se, até os processos demasiado dispendiosos e demorados (I) não se entendendo efetivamente os benefícios da participação pública” (EIPP, 2009: 11). Para chegar aos cidadãos são, sobretudo, promovidas pelas autoridades locais estratégias corporativas e projetos departamentais, surgindo, em terceiro lugar, a importância das iniciativas do próprio poder central que funciona como um importante motor de promoção da participação cívica (ver ODPM, 2002). Acresce o reconhecimento que os tradicionais métodos de consulta e participação pública começam a dar sinais de terem atingido o seu “pico” e a “forma de consulta de documentos, de reuniões públicas e esquemas de reclamação e sugestão estão em declínio sendo necessário incrementar novas formas de aproximação baseado, por exemplo, na interatividade de websites, painéis de cidadãos e grupos específicos de trabalho” (ODPM, 2002: 47), métodos já implementados no caso deste país e que justificam, em parte, os níveis de participação registados. Contudo, esta situação revela uma outra que tende a ser esquecida e que resulta na pouca confiança e fadiga dos cidadãos nos políticos face “à falta de coerência entre o que governo diz e que ele faz” (EIPP, 2009: 11). Neste campo, releva-se para o exemplo da Suécia, onde prevalece um certo grau de confiança entre cidadão comum e poder político que resulta, em grande parte, da postura e da atitude dos políticos perante os seus eleitores. Assim, verifica-se que o papel dos partidos políticos da Suécia passa por receber ideias de cariz popular e formular programas para as promover, dando “voz” à população; Recrutar cidadãos comuns e integrá-los em atividades políticas; nomear candidatos para as eleições que, não raras vezes, não tem qualquer tipo de ligação à política e por último, mas não menos importante, a preocupação em realizar e cumprir ideias, programas e promessas eleitorais (ver Synnerholm, 2009), medidas que convergem para o alicerçar os laços que unem cidadão e poder político e que reflete a vontade do cidadão em interagir e envolver-se nos destinos da sua comunidade.

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