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154 AGENDA 21 LOCAL COMO INSTRUMENTO PROMOTOR DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL assistir a uma iniciativa denominada “Passos rumo ao Desenvolvimento Sustentável” Foram as

Objetivos Específicos

154 AGENDA 21 LOCAL COMO INSTRUMENTO PROMOTOR DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL assistir a uma iniciativa denominada “Passos rumo ao Desenvolvimento Sustentável” Foram as

conclusões extraídas desta iniciativa que conduziram ao designado documento “Rascunho para um programa de Política Ambiental” que estaria na base da criação da Agência Federal do Meio Ambiente, responsável pela elaboração da Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável que, apenas em abril de 2002, viria a ser aprovada (ver Moralejo et al., 2007).

Porém, e como foi anteriormente referido, só se pode falar em processos de A21L na Alemanha, a partir de 1998. Tal situação é documentada e fundamentada, tendo em conta as circunstâncias específicas do próprio país e pela atitude assumida pelo Governo Central.

Indo por partes, e relativamente à especificidade do país, convêm relembrar que, na Alemanha, a estrutura federal divide o poder em pelo menos 3 níveis de governação. De acordo com os autores Lafferty e Coenen (2001b: 273), “as autoridades locais são as mais pequenas e o seu tamanho e autoridade variam consoante a federação em que estão integradas. Significa que o poder local, apesar de historicamente e tradicionalmente gozar de uma enorme autonomia local permanece intimamente ligado aos poderes cedidos pela sua federação”. Desta forma, as autoridades locais precisam sempre da colaboração e anuência para desenvolver as suas A21L. Não é então de estranhar que entre o Norte e o Sul do país se registasse um tal grau de heterogeneidade na implementação das A21L, resultado das claras diferenças regionais.

Por outro lado, o enorme atraso no início das Agendas é referenciado por outros autores como sendo da responsabilidade do Governo Federal que “ confiou no princípio da autonomia local como característica base para o desenvolvimento dos programas da A21L, não dando início (o governo federal) a iniciativas até ao ano de 1998 ” (Moralejo et al., 2007: 119). Todavia, a inércia das Agendas levou o estado a refletir e a decidir por ações mais ativas nos processos, contribuindo para melhorar o trabalho desenvolvido entre este e as federações. A partir de então, ao longo dos anos, a Alemanha tem registado alterações significativas no número de Agendas em curso. Como mencionam os autores Grönholm et al. (2001: 12), “desde 1997 a 1998 verificou-se um triplicar de A21L nos municípios e nas autoridades regionais” (...), no entanto, os números revelam uma “percentagem muito pequena quando se compara 350 municípios locais com A21L, em 2001, para cerca de 18.000 governos locais e regionais” que constituem o total do território alemão.

A Áustria evidencia-se como um caso singular e, até, paradigmático. Como referem Michael Narodoslawsky e Andrea Grabher (2001), o caso austríaco “é um caso raro de um país em que muitos fatores, considerados, verdadeiramente importantes para o sucesso, imediato, dos processos de A21L existiam mas onde este país acabou por ser definido como um dos retardatários” (Narodoslawsky e Grabher, 2001: 206). Acrescentam os mesmos autores que, como “moral” da história das A21Locais na Áustria “não basta a Agenda 21Local cair em terreno fértil mas para a sua implementação (...) necessita, igualmente, de uma estratégia coerente para atingir

o sucesso” (idem, ibidem). O mais surpreendente é que a Áustria, quer internamente, quer externamente, é encarada como um país de referência no que à matéria de desenvolvimento sustentável diz respeito. Portanto, não é de estranhar que este país tenha tido um papel crucial na fase principal de preparação da Cimeira da Terra e que tenha, de igual forma, contribuído ativamente para a integração de aspetos regionais e locais no próprio documento da A21L.

De acordo com Narodoslawsky (2001), o facto de a Áustria surgir como um país que se posicionou na “linha da frente”, antes da Cimeira da Terra, e tenha terminado no grupo dos países mais retardatários em termos de políticas de A21L prende-se, sobretudo, com o conceito político designado por “ Okosoziale Marktwirtschaft”, termo que significa “mercado económico ecossocial” (ver Narodoslawsky, 2001). O mencionado conceito, que vigorava, na prática, na política austríaca, integrava já os aspetos ecológicos que se procuravam no moderno sistema social e económico de desenvolvimento. Todavia, no início, julgou-se ser um enorme trunfo, devido à retrospetiva, deste país, em conviver com este modelo de desenvolvimento há já alguns anos, mas tal constituir-se-ia no futuro como o seu maior contratempo. Tal, facilmente se percebe, quando o conceito de desenvolvimento sustentável no discurso político austríaco era entendido como sinónimo de mercado ecossocial, conceito que emergiu em meados dos anos 80, do século passado, derivado do debate sobre o papel da agricultura na questão da estabilidade ambiental que se realizou na Áustria. Como refere e reforça Moralejo et al. (2007: 119-120), a Áustria “deu prioridade ao conceito de economia de mercado ecossocial em detrimento dos conteúdos de desenvolvimento sustentável”. Ora, viria a ser bem claro que o conceito de desenvolvimento sustentável não se restringe a um mero regulamento das atividades agrícolas. Como acrescenta o mesmo autor, “apesar de muitas comunidades austríacas se envolverem em ambiciosos programas baseados nos princípios de Desenvolvimento Sustentável, e que foram apresentados como A21L, nem sempre estas tiveram uma ligação clara com ela” (idem, ibidem).

Tardiamente, o Governo Austríaco percebeu as falhas que afastavam os processos de A21L da sua real natureza e, como forma de compensar o atraso verificado, constituiu, em 2000, um Comité formado pelos nove Länders (estados que compõem a república federal da Áustria) coordenados por um organismo federal que se encarregava de fazer evoluir as estratégias de Desenvolvimento Sustentável nos diferentes Länders. Dois anos mais tarde, em abril de 2002, desenvolveu a “Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável coordenada por um Comité para uma Áustria Sustentável (CSA, sigla em Inglês) e um painel de consultadoria, formada por peritos (através do Fórum para a Sustentabilidade Austríaca (FSA, sigla em inglês) sendo, em 2003, aprovado um Programa de Ação Nacional em matéria de A21L” (Moralejo et al. (2007: 120). Se, numa primeira fase, as A21L evoluíram muito lentamente, após desfeito o erro os processos evoluíram em larga escala.

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