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164 AGENDA 21 LOCAL COMO INSTRUMENTO PROMOTOR DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL justifica a discrepância com Portugal, país que permaneceu num estado letárgico neste

Objetivos Específicos

164 AGENDA 21 LOCAL COMO INSTRUMENTO PROMOTOR DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL justifica a discrepância com Portugal, país que permaneceu num estado letárgico neste

domínio.

4. A falta de informação sobre a natureza das A21L e implicações subjacentes na sua aplicação prática. Este ponto justifica, em grande parte, a apatia verificada na ação (ou falta dela) do poder político local e que é descrita no ponto supracitado. Aliás, a fraca difusão destes instrumentos no panorama nacional é retratado por vários autores, como Farinha et al., 1998; Fidélis, 2001a; Vasconcelos, 2001a; Guerra, 2004a; Schmidt, 2006a; Pinto, 2006) que reconhecem a falta de informação como um dos obstáculos mais relevantes para o atraso verificado no arranque deste instrumento. Neste âmbito, Portugal identifica-se, em parte, com o caso Norueguês. Em Portugal, as primeiras tentativas de implementar processos de Agendas, no ano de 1996, resultaram em fracasso. Tal situação também se identifica no caso da Noruega (ver caso norueguês) em que poucos processos de A21L se podiam qualificar como verdadeiros planos de sustentabilidade. Neste contexto, os escassos processos iniciais de A21L, em Portugal, tiveram o mesmo problema, verificando-se, mais tarde, que não retratavam casos de A21L, mas sim puros casos de Planos de Ambiente, com pouca ou nenhuma sustentabilidade integrada. Assim sendo, semelhanças entre estes dois países, no tratamento das Agendas, restringem-se a este ponto, visto que a forma e o tempo como os países viriam a lidar com a situação evidenciaria comportamentos opostos.

5. A articulação de financiamento por parte dos governos nacionais é, igualmente, um dos fatores que condiciona a difusão das A21L. Na verdade, se observarmos os países que não tiveram financiamento do Estado, quer diretamente, quer sob a forma de programas, verifica-se que, à exceção do Reino Unido, todos os outros se encontram no grupo que apresentou mais atrasos e dificuldades para a execução das A21L, como são exemplo Portugal e Espanha (ver Moralejo et al., 2007). Nestes países, onde é mais notória a falta de apoio do governo, em matéria de financiamento, verifica-se um menor vigor e afirmação das A21L. No entanto, o caso do Reino Unido, apesar de se mostrar diferente, revela, igualmente, esses mesmos problemas. Se nos lembrarmos, neste país (e como já foi referido), a falta de articulação financeira constituiu-se como um dos principais entraves no arranque das A21L. Já as Agendas de França e da Itália tiveram financiamento dos governos nacionais, embora se reconheça que estas ajudas foram insuficientes, mas, contudo, tiveram a virtude de servir como estímulo ao poder local.

6. A lentidão com que foram sendo implementadas as A21L. Neste aspeto, as estatísticas portuguesas aproximam-se das finlandesas, país em que se aponta, igualmente, o atraso e a morosidade da difusão destes processos com, inclusive, interrupções que promoveram descontinuidades temporais e que comprometeram o avanço das suas Agendas. O retrato da evolução destes processos na Finlândia confunde-se, então, com as tentativas individuais, isoladas e desorganizadas dos municípios locais portugueses, ao pretenderem dar início a estes “instrumentos”. Todavia, a Finlândia demarcar-se-ia desta realidade face

ao um poder local mais persistente e audacioso por inovar nas formas de fazer política, enquanto, em Portugal, não se iria registar significativas alterações.

7. A ausência de uma cultura cívica e pró-ambiental da sociedade portuguesa. Verifica-se um défice de participação dos portugueses no que à vida política diz respeito, não sendo exceção a intervenção (ou falta dela) em políticas de índole ambiental. Tal situação é documentada por Benavente, Mendes e Schmidt (1997) que referem existir uma espécie de divórcio entre o quotidiano dos cidadãos, os partidos e os políticos, que resulta, aos olhos do cidadão comum, num sentimento de incompreensão perante o ‘mundo da política’, em que o constante conluio com interesses menos públicos que privados e as situações pouco transparentes, que parece estar mergulhado o poder político promovem o distanciamento dos cidadãos face ao poder político (ver Almeida, 2004; CNADS, 2003; Schmidt (2007). Neste caso, a Holanda prefigura-se como um país com uma cultura vincadamente diferente da nossa. Este país revelou o quão importante é ter uma longa tradição na elaboração de politicas ambientais e o contributo desta dinâmica na espontaneidade na execução das A21L. Como prova disto é o que se verifica na maioria dos seus municípios, ao identificarem-se como estando na vanguarda das iniciativas de cariz ambiental, a nível europeu. Este fator é um dos entraves ao desenvolvimento da A21L em Portugal, se não mesmo o principal, sendo a sua relevância motivo da análise que se seguirá, com o intuito de compreendermos melhor o que tem sido feito nesta matéria e como se caracteriza o comportamento atual dos cidadãos no nosso país.

Ao nível da participação pública em Portugal, a Convenção sobre Acesso à Informação, Participação do Público no Processo de Tomada de Decisão e Acesso à Justiça em matéria de Ambiente, assinada em Aarhus, em 25 de junho de 1998, veio trazer novas responsabilidades a Portugal que se repercutem na efetivação de medidas de vária ordem.

No que respeita a medidas tomadas para assegurar que os funcionários e as autoridades apoiem e orientem o público, os organismos do MAMAOT criaram Centros de Informação e Documentação que auxiliam e orientam os cidadãos na procura de informação. De igual modo, as autarquias, instituições de ensino superior e outras entidades dispõem de Centros de Documentação ou Bibliotecas orientadas para o público em geral ou para interesses específicos. Os organismos do MAMAOT aderiram às novas tecnologias, possibilitando consultas através de websites, a partir dos quais é disponibilizada informação ao cidadão, e de correio eletrónico que permite esclarecimentos e respostas a solicitações via Internet. O próprio MAMAOT tem apoiado ações desenvolvidas pela sociedade civil, concretamente ONGs, que promovem a capacitação dos cidadãos para matérias no âmbito da Convenção Aarhus. Para zelar pelo cumprimento da lei do acesso aos documentos administrativos, foi criada a Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA), entidade pública independente a quem compete “apreciar as reclamações que lhe sejam apresentadas pelos interessados; dar parecer sobre o acesso aos documentos

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