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Objetivos Específicos

112 CAMINHOS PARA A SUSTENTABILIDADE

na criação de um padrão de crescimento humano que irá suportar a sua própria vida e das gerações futuras. Eles exigem oportunidades para participar e contribuir para um futuro urbano sustentável” (UNICEF, 1997: 28). Competia saber qual o seu grau de participação e poder de influência na tomada de decisões, a nível local. Neste sentido, Hart (1992) elaborou um estudo, para a UNICEF, abordando o papel das crianças na democracia e qual o nível de participação destas nos seus países, reafirmando-se, mais uma vez, não só que a participação dos cidadãos se vai adquirindo com a prática, sendo que, desde cedo, os indivíduos devem ser parte integrante nas tomadas de decisão como conferindo um crescente reconhecimento dos direitos das crianças a serem ouvidas. Neste estudo, identifica-se um número de níveis de participação das crianças através de uma escada, sendo que cada degrau dessa mesma escada representa um nível diferente de participação (Quadro 2.4).

Segundo Hatfield e Percy (1999: 72), para que exista uma significativa participação das crianças, os degraus superiores da escada devem ser ocupados e não “os dos níveis inferiores ao tokenistic12”. Neste enquadramento, as crianças têm a oportunidade de fazer uma grande diferença no Mundo. No entanto, é necessário ensiná-las para que os seus comportamentos futuros de sustentabilidade passem a ser uma norma. Mudar é difícil para a maioria dos adultos, mas, se as crianças aprenderem, podem ajudar a criar um ambiente sustentável, agindo de forma mais natural e mais madura.

As escolas, ao implementarem uma A21E, estão a contribuir para a integração do paradigma de sustentabilidade na sociedade, iniciando-se os primeiros esforços no campo escolar. Como refere Pinto (2004b: 57), as escolas viraram “espaços onde educadores e educandos (tendo como parceiros imprescindíveis os restantes membros da comunidade educativa: auxiliares da ação educativa e pessoal administrativo, pais, representantes do poder local, representantes da sociedade civil nomeadamente associações locais e setor económico) devem assumir uma postura crítica, criativa e interventiva, traduzida na definição e implementação de atividades que lhes interessem e sejam localmente significativas. Estamos a reportar-nos a um modelo pedagógico que reconhece que o aluno é coconstrutor do seu processo de aprendizagem, a uma conceção do professor que, como profissional, assume-se como agente de inovação e mudança, e as escolas entendidas como unidades organizacionais de decisão”. Acresce que a implementação da Agenda 21 na Escola pode tornar-se determinante para a sustentabilidade local, visto que as próprias crianças e jovens envolvidos num projeto desta natureza “transportarão para junto das suas famílias o à vontade com processos participativos o que, pelo menos em parte, servirá para levar os pais a contribuir de igual modo para a construção de uma comunidade com mais qualidade de vida ao nível local” (GEA, 2004: 10).

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Tokenistic –É um termo usado para descrever aquelas situações em que aparentemente as opiniões das crianças são auscultadas mas, na realidade, estas têm pouco ou nenhum relevo na proposta de temas a discutir, no debate de ideias ou na oportunidade de formular as suas próprias opiniões(Hart, 1992:9).

Degraus da

escada Ação

Grau de participação

1. Manipulação

As crianças fazem ou dizem o que os adultos sugerem, não possuindo qualquer entendimento sobre as questões. As opiniões das crianças são auscultadas, mas estas não sabem qual a sua influência nas decisões posteriormente tomadas.

Sem qualquer tipo de participação 2. Decoração

As crianças fazem parte do processo através de várias atividades que desenvolvem, mas continuam sem perceber as questões de sustentabilidade.

3. Tokenism

Às crianças são feitas perguntas sobre várias questões, mas estas têm reduzidas hipóteses de as suas ideias serem devidamente potencializadas e aproveitadas para decisões futuras.

4. Voluntários mas

informados

Os adultos decidem sobre os projetos e as crianças, voluntariamente, ajudam. Neste caso, as crianças compreendem o projeto, sabem quem decide e o porquê do seu envolvimento. Os adultos respeitam os seus pontos de vista, mas impõem as suas decisões.

- Degraus De Participação + 5. Auscultados e informados

Os projetos são criados e desenvolvidos pelos adultos, mas as crianças são consultadas. Estas têm o conhecimento total do processo e as suas opiniões são seriamente tidas em linha de conta.

6. Iniciativa adulta com partilha de decisões com as crianças

Os adultos têm as ideias iniciais, mas as crianças estão envolvidas em cada passo de desenvolvimento e implementação do processo. Não só são auscultadas as suas opiniões como entram nas tomadas de decisão.

7. Iniciativa das crianças e projeto dirigido por estas.

As crianças têm a ideia inicial e decidem como o projeto se irá desenvolver. Os adultos estão disponíveis, mas não tomam parte.

8. Iniciativa das crianças com partilha de decisões com os adultos

As crianças têm as ideias, elaboram o projeto e dirigem-se aos adultos para receber sugestões e debater ideias. Os adultos não interferem diretamente, mas facultam o seu conhecimento como auxilio aos projetos.

Quadro 2.4 – A escada da participação das crianças nos processos de DS.

Fonte: Adaptado de Hatfield e Percy, (1999)

Deste modo, se bem que em diferentes escalas, a escola pode realizar um processo comparável e relevante face ao que decorre no concelho ou região onde esta se encontra e que se traduz no assumir da “sua responsabilidade nas questões sócio-ambientais escolares (...) integrando-as na gestão da escola, analisando o seu estado e assumindo compromissos com ações concretas visando a sua melhoria” (idem, ibidem) para, desta forma, contribuir para a concretização de

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