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Objetivos Específicos

84 CAMINHOS PARA A SUSTENTABILIDADE

estabelecidos com o Programa de Ação de Lille (2000), o Urban Acquis de Roterdão (2004) e o Acordo de Bristol (2005), os Ministros responsáveis pelo ordenamento do território e desenvolvimento urbano da União Europeia adotaram a Agenda Territorial e a Carta de Leipzig, em maio de 2007. A Agenda Territorial baseia-se nos três objetivos fundamentais do EEDEC que ainda se encontram em vigor:” Desenvolvimento de um sistema urbano equilibrado e policêntrico e de uma nova relação entre espaço rural e urbano; garantia da igualdade de acesso a infraestruturas e conhecimentos e Desenvolvimento sustentável, gestão prudente e proteção da natureza e do património cultural (CDR, 2007: 2). A adoção da Agenda Territorial constitui-se, desta forma, como um instrumento que pretende reforçar a dimensão territorial e enquadrar-se nos esforços tendentes a definir e organizar melhor o esquema de coesão territorial. Por sua vez, a "Carta de Leipzig sobre as Cidades Europeias Sustentáveis" tem como objetivo “estabelecer nas áreas urbanas e metropolitanas uma parceria equitativa entre zonas urbanas e rurais e entre cidades pequenas, médias e grandes. As (I) cidades deverão ser os pilares do desenvolvimento das áreas metropolitanas, cabendo-lhes também responsabilidades em matéria de coesão territorial. Será útil, pois, que a cooperação em rede entre elas seja intensificada à escala europeia” (UE, 2007: 3).

Concluindo, desde 1992, momento marcado pela institucionalização da A21, observou-se uma agenda preenchida de eventos que evidencia o esforço da comunidade internacional para operacionalizar o modelo teórico de sustentabilidade, saído da década anterior. Vários foram os encontros institucionais que tentaram pôr em prática o paradigma de sustentabilidade discutindo- se estratégias e políticas. Da revisão da literatura, são evidentes os recuos e avanços que refletem hesitações e dificuldades da comunidade internacional em avançar em matéria de sustentabilidade. Muitas foram as críticas relativas aos confrontos das diferentes perspetivas quanto à eficácia dos documentos elaborados e também à retificação e adiamento da retificação de documentos estruturantes que evidenciam a fragilidade das politicas sustentáveis e as dificuldades na operacionalização do modelo de desenvolvimento sustentável. Todavia, todas as etapas percorridas, e aqui analisadas, constituem-se como partes integrantes de um todo, sendo que mesmo as “falhas” ou objetivos menos conseguidos que encontramos neste processo contribuíram, de algum modo, para o aperfeiçoamento do seu todo, isto é, para se tentar atingir o desígnio da sustentabilidade a nível mundial. Para se atingir este desígnio, os processos de natureza sustentável têm de ser suportados por elevados níveis de participação pública, condição intrínseca à natureza dos mesmos. Assim, o sucesso dos processos de A21L depende do nível de participação cívica. Nesse sentido, foram implementadas as ações que refletem o esforço internacional para impulsionar este projeto que será responsável, ou não, pelo sucesso de instrumentos de sustentabilidade. De seguida, e de acordo com a relevância do tema, será apresentada uma breve análise ao mesmo.

2.3.3.1 Participação Pública

A importância da participação pública nas decisões ambientais é bem expressa no décimo princípio da Declaração do Rio (UN, 1992: 1), que proclama que “a melhor forma de tratar as questões ambientais é assegurar a participação de todos os cidadãos interessados ao nível conveniente” e conclui que “ao nível nacional, cada pessoa terá acesso adequado às informações relativas ao ambiente, detidas pelas autoridades, incluindo informações sobre produtos e atividades perigosas nas suas comunidades, e a oportunidade de participar em processos de tomada de decisão”. Este princípio procura, desde logo, redefinir prioridades para alterar decisões ambientais e colocar a participação pública na agenda dos decisores políticos. Para tal, deverão ser encontradas formas de melhorar o sistema de participação pública, sensibilizar os cidadãos de oportunidades para obter informações e participar nas decisões, planear e realizar atividades para estimular a participação das populações. Compete a cada país garantir os meios para um verdadeiro exercício de cidadania, assegurando que os cidadãos têm direitos de acesso à informação, à justiça e à participação em instâncias de decisão relacionadas com o meio ambiente. Neste sentido, no campo da política internacional têm sido desenvolvidos esforços que vão ao encontro da exequibilidade do proclamado princípio.

Em 1998, na Convenção das Nações Unidas sobre o Acesso à Informação, Participação Pública no Processo de Tomada de Decisão e Acesso à Justiça em Matéria de Ambiente (Convenção Aarhus) é reconhecido no seu preâmbulo que, “em matéria de ambiente, a melhoria do acesso à informação e à participação dos cidadãos no processo de tomada de decisão aumenta a qualidade e a implementação das decisões, contribui para o conhecimento do público sobre as questões ambientais, dá oportunidade aos cidadãos de expressar as suas preocupações e permite às autoridades públicas considerar tais preocupações”. É, igualmente, considerado (no respetivo preâmbulo) que, para defender o “direito a viver num ambiente adequado à sua saúde e bem- estar”, e cumprir o “dever de proteger e melhorar o ambiente (...), os cidadãos devem ter acesso à informação, ter direito a participar no processo de tomada de decisão e ter acesso à justiça em matéria de ambiente, reconhecendo que a este respeito os cidadãos possam necessitar de ajuda a fim de poder exercer os seus direitos”.

Em novembro de 2000, após um encontro mundial de representantes da sociedade civil e organizações internacionais, governos e académicos foi lançada a Iniciativa de Acesso4 (ver Petkova et al., 2003a). Esta iniciativa promove a articulação global de grupos de sociedade civil5 que, igualmente, procuram contribuir, a nível nacional, para a implementação dos compromissos

4

Consultar The Access Initiative em http://www.accessinitiative.org/

5

Atualmente são parceiros do TAI os seguintes grupos nacionais: Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA); Instituto Marquês Valle Flor (IMVF); Intercooperação e Desenvolvimento (INDE); Luso-American Foundation (FLAD); Liga para a Proteção da Natureza (LPN) OIKOS - Cooperação e Desenvolvimento; Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza.

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