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Objetivos Específicos

78 CAMINHOS PARA A SUSTENTABILIDADE

As repercussões da Eco 92 também se fizeram sentir, a nível europeu, mais concretamente ao nível da União Europeia (UE). Assim, no ano de 1992, com o Tratado da União Europeia, também conhecido como Tratado de Maastricht, os países membros da UE reveem o próprio conceito de sustentabilidade, introduzindo alterações ao Tratado que institui a CEE, alterando o seu artigo n.º 2, em que é reforçado o elevar da exigência em termos de desenvolvimento sustentável pela União Europeia: “promover, em toda a Comunidade, o desenvolvimento harmonioso e equilibrado das atividades económicas, um crescimento sustentável e não inflacionista que respeite o ambiente, um alto grau de convergência dos comportamentos das economias, um elevado nível de emprego e de proteção social, o aumento do nível e da qualidade de vida, a coesão económica e social e a solidariedade entre os Estados-membros” (Tratado da União Europeia, 1992: artigo 2º). Em 1997, com o Tratado de Amesterdão, este artigo seria reformulado com a introdução de novos elementos na sua definição de desenvolvimento sustentável, com a seguinte menção “um elevado nível de proteção e de melhoria da qualidade do ambiente” (Tratado de Amesterdão, 1997, artigo 2º).

Saindo do contexto europeu, e do “balanço inconclusivo” da Eco 92, como definiu Soromenho- Marques (1994), surgiu no “desafio da sustentabilidade ao nível local, uma nova dimensão depois da Cimeira do Rio (...) com a primeira fase do Projeto de Cidades Sustentáveis (1993-96) lançado pela, presentemente intitulada, Comunidade Europeia - Direção Geral do Ambiente” (Vasconcelos, 2001b: 1). Deste modo, e apesar dos críticos e críticas à CNUMAD, surge uma nova dimensão de encarar os desafios da sustentabilidade que não se pode escamotear e que remete para a escala local, isto é, existe o reconhecimento internacional que os problemas de sustentabilidade devem ser avaliados e combatidos a partir da sua fonte, o que se traduz numa maior exigência e responsabilidade de cada país, na abordagem às questões ambientais, sem porém colocar em causa as responsabilidade comuns que integram a verdadeira cooperação internacional. Acresce, neste novo discurso de sustentabilidade, a inevitabilidade de se abordar o meio ambiente urbano, visto que, atualmente, as cidades são espaços que se constituem como os maiores desafios à vontade humana de aliar o desenvolvimento social e económico à preservação do meio ambiente. No que se refere ao meio urbano, como refere Moreno (2009: 11), “chegámos à Era Urbana” (...) em que a população urbana do mundo superou o número de habitantes das zonas rurais” e segundo os cálculos do programa das Nações Unidas para Assentamentos Urbanos [UN-Habitat], no ano de 2030 as cidades irão abrigar cerca de 60% da população mundial. As cidades instituem- se, desta forma, como “uma matriz complexa de atividades e efeitos que nos permitem ter uma (...) compreensão das relações e impactes (Homem/Natureza) ao nível local e global. Desta forma têm um papel importante na concretização de objetivos de várias estratégias e na solução para a sustentabilidade global” (Gomes, 2009, prefácio). Assim sendo, o projeto das cidades sustentáveis reveste-se na forma sustentável de pensar a cidade, isto é, segundo Gomes e Gomes (2004: 3), “pensar no seu planeamento e ordenamento, (...) numa perspetiva de desenvolvimento sustentável (...) que a torne economicamente viável, socialmente aceitável e ambientalmente

respeitável”. Neste contexto, realça-se, de seguida, a importância das Reuniões Europeias sobre Cidades Sustentáveis, dando-se maior ênfase à de “Aalborg (1994), donde saiu a carta de Aalborg assinada por 650 entidades de 32 países europeus comprometendo-se a implementar a Agenda 21 ao nível local; a de Lisboa (1996) que produziu o Plano de Ação identificando os objetivos operacionais a serem implementados e (...) a de Hannover onde foi divulgada uma Declaração (2000) que avaliava o progresso das cidades Europeias rumo à sustentabilidade” (Vasconcelos, 2001b: 1-2).

A Conferência Europeia sobre Cidades Sustentáveis (CECS, 1994), realizada em Aalborg, em 1994, resultou no acompanhamento ao capítulo 28 da Agenda 21, saído da ECO 92. A Internacional Council on Local Environmental Initiatives (ICLEI), trabalhando em estreita colaboração com organizações como United Nations Environment Programme (UNEP), a União Internacional de Autoridades Locais (IULA) e a Comissão Europeia (CE) teve uma clara e decisiva liderança, desde a Cimeira da Terra, no patrocínio e promoção das atividades da Agenda 21 Local. Duas das suas iniciativas tiveram um impacto decisivo para a compreensão daquilo que se designou como A21Local. A primeira resultou (como já foi mencionado anteriormente) na CECVS e a segunda, que se inscreve na realização de um inquérito que iria fornecer os dados que serviram de base ao trabalho desenvolvido na Cimeira da Terra +5, que se realizou em 1997. No âmbito da primeira iniciativa, o resultado da Conferência Europeia sobre Cidades Sustentáveis (também chamado de Carta de Aalborg) caracteriza-se, segundo Lafferty (2001a: 3), por um “documento tripartido descrevendo os valores fundamentais e opções estratégicas para o desenvolvimento sustentável em áreas urbanas europeias (...) e que lança uma ampla campanha de sustentabilidade para as cidades na Europa”. Neste documento, é feito um compromisso específico para o acompanhamento do capítulo 28 da Agenda 21 (Parte III).

Em matéria de sustentabilidade, a Carta de Aalborg procura cumprir o mandato estabelecido, a nível local, para o capítulo 28 do documento da Agenda 21,centrando a sustentabilidade local para as cidades como principais espaços geográficos a intervir. Tal facto decorre do reconhecimento de que os maiores problemas ambientais e de insustentabilidade advêm desta forma de organização em que se concentra, na sua larga maioria, a espécie humana “Compreendemos que o atual modo de vida urbano, particularmente as nossas estruturas - repartição do trabalho e funções, ocupação dos solos, transportes, produção industrial, agricultura, consumo e atividades recreativas - nos responsabiliza maioritariamente pelos numerosos problemas ambientais com os quais a humanidade se confronta. Este facto é extremamente relevante, pois 80% da população europeia vive nas zonas urbanas” (Carta de Aalborg, 1994: Parte I).

Outro grande objetivo é o de contribuir e acompanhar a implementação das A21L, de forma a garantir e fomentar a sua operacionalidade no terreno, “[devendo-se desenvolver] todos os esforços para atingir um consenso nas comunidades locais, relativamente aos Planos de Ação

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